No Halloween entre a turma das bruxas, vampiros, múmias ou caveiras, eu ainda prefiro as travessuras de Baco.
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A proposta deste blog é instigar a leitura, o conhecimento e a investigação dos processos históricos. Livros com temas ligados a História do RS e Hist. do Município do Rio Grande estão disponíveis para leitura ou baixar (basta clicar em cima da imagem da capa do livro ou copiar o link com o botão direito do mouse). Também serão abordados temas de "História e Terror", "Literatura Fantástica", "Graphic Novel-HQ" etc. Administradora: Rejane Martins Torres. Facebook: Professor Torres
Publicado originalmente na Itália em 1992 a HQ Drácula de Bram Ratoker recebeu uma edição luxuosa e com extras na coleção Graphic Disney da Panini Comics.
A festa foi dos ratos e cavalos (Mickey, Minie, Pateta e Clarabela) que assumiram papéis de personagens criados por Bram Stoker. Adaptação da obra literária tem méritos, pois, manteve uma agilidade narrativa e buscou a irreverência no máximo de cenas possíveis. Confesso que devido a rabugentice da idade há um certo travamento para rir da comicidade Disney, especialmente, na versão dos mouses (sempre tive um problema com estes ratos...). Estou com vários volumes de Carl Barks e espero ainda ter a sensibilidade para apreciar histórias que considerava inteligentes e de humor infalível. O tempo passa e alguns conceitos mudam. Tomara que não todos...
A arte foi um dos pontos altos que vale a pena observar com vagar pelo detalhismo, textura e contrate de cores. Enfim, qualidade gráfica para encher os olhos.
A coluna Pinceladas escrita por Floriano Beirão no jornal Rio Grande do dia 5 de fevereiro de 1954, enfatizou o papel da natação para a saúde física e mental.
Destacou a grande frequência de praticantes de natação no Clube de Regatas Rio Grande.
Jornal Rio Grande, 5 de fevereiro de 1954. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Resenha da Editora 8INVERSO:
"Narrada por Alan Scott Haft, a partir das memórias de seu pai, a obra conta a história real do polonês Hertzko Haft, e como ele sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e aos campos de concentração, como pugilista em combates entre os prisioneiros para a distração dos oficiais alemães. Finda a guerra, A fera judia , como Hertzo ficou conhecido, emigra para os Estados Unidos, onde se torna pugilista profissional, enfrenta adversários lendários e até chega a lutar com Rocky Marciano".
Esta é a terceira HQ do alemão Reinhard Kleist que faço a leitura. Já divulguei no blog "Berlinoir" e "Johnny Cash".
Em "O Boxeador" o direcionamento é biográfico, desenvolvendo a trajetória de vida contextualizada no projeto histórico europeu das décadas de 1930 e 1940: ascensão do nazismo e políticas de perseguição e extermínio dos judeus.
A brutalização do meio não remete apenas a alguns personagens, mas, se difunde em diferentes setores sociais e etnias. Práticas de exploração, de sadismo, de violência cotidiana, de mecanismo de sobrevivência estão explícitos e não poupam nem o personagem principal: uma tensão ética frente aos limites da civilidade sempre estão presentes. Seja no Velho Mundo ou quando da vinda para o Novo Mundo, nos Estados Unidos, onde as máfias estão infiltradas inclusive no box.
Interessante é trazer a discussão deste tema: os boxeadores judeus (a maioria não profissionais) que eram obrigados a lutar nos campos de concentração para não serem executados. Matar ou morrer é a dualidade permanente num ambiente doentio, sádico e de extermínio sistemático.
Kleist é um roteirista que pesquisa historicamente os temas e busca trazer a veracidade para a trama enquanto referencial historiográfico (contextualiza o período histórico e investe na biografia) conduzido por pinceladas ficcionais. Ao fazer isto, ele deixa uma grande margem para reflexões sobre as temáticas levantadas e reflexões existenciais sobre os sentidos das práticas individuais e coletivas humanas.
Estou adquirindo mais duas biografias escritas por Kleist: "Fidel" e "Elvis".
Outro aspecto que quero destacar é um autor com esta qualidade narrativa e pictórica ter sido pela primeira vez no Brasil publicado em Porto Alegre pela Editora 8INVERSO.
Cartão-postal R. Strauch, 1902. Acervo: https://www.delcampe.net/ |
Cartão-postal R. Strauch, 1902. Acervo: https://www.delcampe.net/ |
Um dos maiores editores do Brasil foi Ricardo Strauch da Livraria Rio-Grandense. Não conhecia este cartão-postal da série "Costumes Rio-Grandenses - Chimarrão e Um pouso". O cartão foi enviado de Rio Grande para Budapeste no mês de agosto de 1902.
O verso e o anverso do cartão foram reproduzidas da página https://www.delcampe.net/postcards/ onde se encontra a venda.
Alfredo R. Costa. O Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria Globo, vol. 2, 1922. |
Resenha da Editora V & R:
Os argentinos Diego Agrimbau (roteirista) e Dante Ginevra (ilustrações) realizaram uma incursão gráfica da trajetória musical e político/religiosa de Bob Marley.
O texto flui bem e enfatiza o papel político de Marley que através da música difundiu fundamentos da cultura Rastafári e da valorização e união dos povos africanos. Temáticas sobre a escravidão, o preconceito e o uso espiritual da maconha são recorrentes na HQ. Portanto, pautas contemporâneas com outras roupagens estão presentes. Frente a tantas demandas de temas relevantes e atuais, o músico Bob Marley, o "rei do reggae", chega a ocupar um lugar secundário frente a sua atuação mais ampla.
LEPAGE, Emmanuel (roteiro e arte). Primavera em Tchernóbil. Barueri: Novo Século Editora, 33 x 23cm, capa dura, couchet, p. 168, julho de 2020.
Resenha da Novo Século Editora:
"O mundo seguiu seu curso, mas muitas pessoas ficaram para trás. Descubra o que aconteceu com elas neste documentário em quadrinhos sobre tragédia e morte, pessoas e terra. E sobre o que resta depois de um desastre.
26 de abril de 1986.
Os quadrinhos franceses continuam me surpreendendo!
Tive a satisfação de conhecer Emmanuel Lepage na HQ Primavera em Tchernóbil. Apresentação gráfica e formato que são só elogios. Desenho e roteiro espetaculares!
Os tons sépias vão se colorizando ao longo da história e se faz a inversão: do fantasmagórico e chuvoso do início ocorre uma explosão de cores das naturezas em seu final.
O texto é um relato em primeira pessoa e pontuado por reflexões existenciais: o megaevento de Tchernóbil caminha junto com a busca de sentidos da trajetória humana, de desconstruções e construções.
Lepage trabalha com a ambiguidade dos rostos da morte e da vida frente a um mal não visível a olho nu e que a natureza reciclou mas não anulou a letalidade. Mas onde está este mal se a paisagem se recria constantemente?
A máscara utilizada para o defesa contra o "mal invisível da radiação" faz lembrar da nossa situação atual em que o "mal invisível do vírus" nos envolve e traz a apreensão frente ao potencial de perigo.
Numa passagem o roteirista reflete: "A beleza radiante do lugar? A expressão não seria inapropriada, inconveniente, indecente até, para falar de Tchernóbil? Beleza radiante? Mas... eu fui encarregado por uma associação de testemunhar a catástrofe... Beleza radiante? Achei que vinha roçar o perigo, a morte... e a vida se impõe sobre mim!
Publicado na França em 2012 e no Brasil em 2020, considero que estamos diante de um clássico das HQs.
Desde o início do século XX começaram a surgir salas de cinema em Rio Grande. Teatros passam a ser adaptados para apresentações cinematográficas. Grandes salas de cinema são construídas (nas décadas de 1940-50) como é o caso do Cine Sete de Setembro e Cine Glória.
Esta matéria do "Corujando" publicou a carta de um leitor reclamando da firma Cupello que era proprietária do "Sete" e do "Glória", as maiores salas da cidade. Era distribuído aos frequentadores um jornalzinho, Cinelândia, que divulgava os próximos lançamentos. Porém, nem sempre a divulgação refletia o filme projetado ou ocorriam problemas técnicos com as péssimas fitas.
Não era um problema específico de Rio Grande: em Santa Maria, com frequência, a fita rompia e as luzes eram acesas várias vezes ao longo da projeção.
Cinéfilos presenciais: quem recorda destas ocorrências?
Jornal Rio Grande, 11 de junho de 1956. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
http://ihgrgs.org.br/index.html |
Neste ano de 2020 o Instituto está completando o seu centenário de fundação. Além de seu acervo, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do RS é uma fonte fundamental de consulta para quem pesquisa temáticas e trajetórias historiográficas referentes a história Rio-Grandense.
Como o meu projeto de doutoramento era sobre Historiografia do Rio Grande do Sul eu muito pesquisei no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
Reproduzo texto retirado da página do Instituto e que trata do seu Centenário:
Jornal Rio Grande, 7 de junho de 1956. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Prédio da Biblioteca Rio-Grandense em 1922. Acervo: Alfredo R. da Costa, O Rio Grande do Sul (vol. 2). Porto Alegre: Livraria Globo, 1922. |
Este prédio foi construído em 1850 para sediar a Câmara Municipal. Foi adquirido no final do século 19 pela Biblioteca Rio-Grandense e recebeu, por volta de 1910, obras que modificaram o seu estilo arquitetônico.
Esta fotografia mostra a fachada da Biblioteca Rio-Grandense em 1922.
Necessitando ampliar o espaço frente ao seu crescimento de acervo e de consulentes, a partir de 1927, a Biblioteca iniciou novas obras que levaram a edificação do atual prédio.
Jornal Rio Grande, 25 de fevereiro de 1954. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Acervo: Arquivo Histórico Ultramarino - Projeto Resgate. |
Mapa das Fazendas povoadas de gados no Rio Grande de São Pedro (com nome dos proprietários e quantidade de animais).
Documento datado de 13 de outubro de 1741.
Está organizado em Fazendas da parte do Norte (da Barra) e Fazendas da parte do Sul (da Barra) atualmente municípios do Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
São 32 fazendas no Norte (atual São José do Norte e outros municípios) e 12 na parte do Sul. O Mapa está dividido em baios, éguas e ovelhas. A soma total entre o Norte e o Sul foi de 22.380 baios, 24.220 éguas e 1.000 ovelhas. Um detalhe: ao Sul da Barra do Rio Grande, no ano de 1741, não havia o registro de nenhuma ovelha nas fazendas.
Acervo: Fototeca Municipal Ricardo Giovaninni. |
O calçadão da General Bacelar é uma das ruas mais movimentadas da cidade (ou a mais movimentada).
Esta fotografia dos primórdios dos anos 1980 evidencia a sazonalidade do comércio que perdura alguns anos ou algumas décadas e sucumbem frente a novas razões sociais ou empresas.
Na esquina observamos a Casas Buri e a poupança Fin-Hab (da formiguinha). Quem recorda?
Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande. |
Alfredo R. Costa. O Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria Globo, vol. 2, 1922. |
A foto foi feita de uma torre de observação que propicia uma grande angular entre o Porto Velho e o centro da cidade.
O que atualmente funciona neste prédio?
É o prédio que sediava as obras dos Molhes da Barra na década de 1890 e que depois foi ocupado pela Companhia Francesa do Porto do Rio Grande a partir de 1908. Nas últimas décadas, aí funciona a Polícia Federal.
Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Em 16 de julho de 1865 quando da chegada de D. Pedro II a Rio Grande, cerca de 6.000 pessoas se aglomeraram junto ao Cais da Boa Vista (atual Riachuelo) para receber o Imperador.
Esta fotografia mostra alguns detalhes dos participantes no momento do desembarque de D. Pedro II. O local é o Cais da Boa Vista (atual esquina das Ruas Benjamin Constant com Riachuelo). A fotografia mostra a linha de prédios entre a esquina da Rua Benjamin Constant com Riachuelo em direção a Rua Ewbank.
Vejamos alguns detalhes:
Receber com música era fundamental. A banda não podia faltar numa solenidade em que Rio Grande passa a ser a capital do Brasil durante a permanência do Imperador. |
As sacadas com adornos de ferro estavam lotadas, especialmente de mulheres com seus chapéus parisienses. |
Lampião a óleo que iluminava o entorno do Cais da Boa Vista. |
Carruagem era um veículo essencial para o transporte de visitantes e autoridades. Andar a cavalo não era para todos, especialmente, aqueles vindos do Rio de Janeiro. |
Molhes da Barra. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande. |
Jornal Rio Grande, 20 de fevereiro de 1954. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
https://www.marciopinho.com.br/peca.asp?ID=3077824 |
Esta seistilha de selos "Almirante Tamandaré" está com o carimbo da "VARIG" e a data de 7 de maio de 1957. No carimbo está escrito "VARIG a pioneira da aviação comercial no Brasil" e a imagem do avião Atlântico e de um avião quadrimotor dos anos 1950.
O carimbo é comemorativo aos 30 anos da VARIG.
Portanto, esta peça filatélica faz duas referências a cidade do Rio Grande.
Aqui nasceu o Almirante Tamandaré em 1807 e Rio Grande teve um papel fundamental na criação da primeira empresa de aviação comercial do Brasil no ano de 1927.
Esta seistilha foi leiloada por "Marcio Pinho Leiloeiro Público" em setembro de 2017.
Interior da Biblioteca Rio-Grandense. Alfredo R. Costa. O Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria Globo, vol. 2, 1922. |
Nada como uma pesquisa numa biblioteca repleta de preciosidades bibliográficas.
As mesas estão repletas de jornais selecionados para a realização desta fotografia. Afinal, o primeiro Gabinete de Leitura/Biblioteca do Rio Grande do Sul precisa caprichar pois o livro vai circular por todo o Brasil.
E circulou e sobreviveu.
Estamos olhando para membros da Diretoria da Biblioteca Rio-Grandense que pousaram para a fotografia em 1922. E a imagem nos traz a vida que circulava pelas estantes da Biblioteca e que atraía inúmeras pessoas para seu interior. Gerações leram jornais, pesquisaram livros e estudaram na Biblioteca Rio-Grandense que oferecia cursos de formação escolar. Inclusive, as primeiras aulas do Ensino Superior em Rio Grande foram realizadas na Biblioteca. Velhos tempos...
*Me chamou a atenção o relógio no canto esquerdo ao fundo. Na Biblioteca existe um relógio muito parecido com este... Boa pesquisa é investigar se é o mesmo relógio da foto...
Acervo: Alfredo R. Costa. O Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria Globo, vol. 2, 1922. |
Esta turma sobreviveu a Gripe Espanhola de 1918 e está aproveitando tudo o que pode do veraneio de 1922.
A pergunta que faço: são veranistas no Cassino ou em outra praia do Rio Grande do Sul?
Respondendo: aquela rocha não é dos Molhes! Não é a Praia do Cassino! É o litora norte: a Praia de Torres.
Esta turma sobreviveu a Gripe Espanhola de 1918 e está aproveitando tudo o que pode do veraneio de 1922.
A pergunta que faço: são veranistas no Cassino ou em outra praia do Rio Grande do Sul?