Porto do Rio Grande em 1908

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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O BOXEADOR - HQ


KLEIST, Reinhard (roteiro e arte).  O Boxeador: a história real de Hertzko Haft. Porto Alegre: 8 INVERSO, 24 x 17cm, capa flexível, p&b, p. 198, 2013.  


Resenha da Editora 8INVERSO:

"Narrada por Alan Scott Haft, a partir das memórias de seu pai, a obra conta a história real do polonês Hertzko Haft, e como ele sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e aos campos de concentração, como pugilista em combates entre os prisioneiros para a distração dos oficiais alemães. Finda a guerra, A fera judia , como Hertzo ficou conhecido, emigra para os Estados Unidos, onde se torna pugilista profissional, enfrenta adversários lendários e até chega a lutar com Rocky Marciano".


Esta é a terceira HQ do alemão Reinhard Kleist que faço a leitura. Já divulguei no blog "Berlinoir" e "Johnny Cash". 

Em "O Boxeador" o direcionamento é biográfico, desenvolvendo a trajetória de vida contextualizada no projeto histórico europeu das décadas de 1930 e 1940: ascensão do nazismo e políticas de perseguição e extermínio dos judeus. 

A brutalização do meio não remete apenas a alguns personagens, mas, se difunde em diferentes setores sociais e etnias. Práticas de exploração, de sadismo, de violência cotidiana, de mecanismo de sobrevivência estão explícitos e não poupam nem o personagem principal: uma tensão ética frente aos limites da civilidade sempre estão presentes. Seja no Velho Mundo ou quando da vinda para o Novo Mundo, nos Estados Unidos, onde as máfias estão infiltradas inclusive no box. 

Interessante é trazer a discussão deste tema: os boxeadores judeus (a maioria não profissionais) que eram obrigados a lutar nos campos de concentração para não serem executados. Matar ou morrer é a dualidade permanente num ambiente doentio, sádico e de extermínio sistemático. 

Kleist é um roteirista que pesquisa historicamente os temas e busca trazer a veracidade para a trama enquanto referencial historiográfico (contextualiza o período histórico e investe na biografia) conduzido por pinceladas ficcionais. Ao fazer isto, ele deixa uma grande margem para reflexões sobre as temáticas levantadas e reflexões existenciais sobre os sentidos das práticas individuais e coletivas humanas. 

Estou adquirindo mais duas biografias escritas por Kleist: "Fidel" e "Elvis".

 Outro aspecto que quero destacar é um autor com esta qualidade narrativa e pictórica ter sido pela primeira vez no Brasil publicado em Porto Alegre pela Editora 8INVERSO.  


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