Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

BANDEIRAS NO PORTO

 

Hermann Wendroth, Porto Velho do Rio Grande, 1852. Acervo: Autor. 

Uma imagem pode nos dar muitas informações sobre as técnicas, modalidades de trabalho, arquitetura, urbanidade, fluxo econômico etc. 

Ao olhar para estas bandeiras no mastro das embarcações me questionei se seriam apenas representações artísticas. O pintor Hermann Wendroth demonstrou ser um rigoroso descritor das paisagens que observou. De fato, as bandeiras  correspondem aos países que estão comercializando produtos no Porto Velho do Rio Grande. 

Nesta amostragem, é possível saber a procedência das embarcações que estavam no porto em algum dia do ano de 1852. Neste dia não estava presente o maior parceiro comercial deste período que é a Inglaterra.

Chegar a estas conclusões exigiu muita pesquisa... Uma das bandeiras, quebrei a cabeça e não consegui identificar. 

Vejamos alguns exemplos:


Estados Unidos da América.


Duas embarcações com bandeira do  Império Brasileiro.


A bandeira vermelha com dístico no centro e âncora é de Hamburgo.


Bremen. (atual Alemanha).


França. 


Países Baixos ou Luxemburgo. 


Danish Merchant (comerciante dinamarquês) – Dinamarca. 

ARSÈNE ISABELLE E O PORTO DO RIO GRANDE


O viajante francês Arsène Isabelle visitou Rio Grande no ano de 1834. Uma parte de suas observações foi publicada na obra Emigração e Colonização (Editora Souza, 1950, p. 67-68). O livro original foi publicado em Montevidéu em 1851. 

As informações reproduzidas abaixo, são referentes as informações e observações de Isabelle no ano de 1834, portanto, na véspera da eclosão da Revolução Farroupilha.
 
Rio Grande teria 6.638 habitantes sendo 2.772 escravos. A situação de Rio Grande e de São José do Norte estava "longe de ser agradável", pois, foram construídas "sobre dunas de areia", porém, ambas são "bastante comercias e bem edificadas e possuem cais e diques". Ou seja, devido ao comércio marítimo e fluvial, as cidades tinham boas perspectivas de desenvolvimento.      


Arsène Isabelle, Emigração e Colonização, 1950. Acervo: Autor. 

BATMAN 80 ANOS - HQ

Batman 80 anos: Detective Comics Especial. Barueri SP, Panini Comics, capa dura, color, 28 x 19 cm, p. 176, dezembro de 2019.

Na comemoração dos 80 anos do Batman e da edição mil de Detective Comics, foi feito este lançamento que é constituído por histórias de vários roteiristas e artistas. 

Além da presença de personagens clássicos e contemporâneos, foi reproduzida a primeira história de Batman publicada em maio de 1939. Qualidade gráfica impecável e uma galeria de arte com variantes de capas e reprodução de capas de Detective Comics. Aos fãs do octogenário morcego é um belo souvenir

terça-feira, 29 de setembro de 2020

BONDE VIA AQUIDABAN

Observamos um bonde urbano com a placa de "via Aquidaban". 
Conforme legenda da fotografia, o bonde está estacionado na Rua Gen. Vitorino. Portanto, as árvores são da Praça Tamandaré. Datação aproximada: 1920. 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

O GUARANI - HQ

 José de Alencar. O Guarani. São Paulo: Ática, capa flexível, color, 25,8 x18,8 cm, p. 98, 2007. Roteiro e desenhos:  Luiz Gê; Ivan Jaf: adaptação e roteiro.  




O Guarani foi escrito por José de Alencar e foi publicado no formato de folhetim no ano de 1857. Quando publicado em formato de livro O Guarani se tornou o primeiro grande romance brasileiro. 

A obra se insere no esforço literário em construir uma identidade para os brasileiros distinta da formação lusitana colonialista.  A referência étnica e cultural buscada por José de Alencar é o índio que foi associado a honra, lealdade e amor a terra (telurismo). O índio Peri (um Goitacá que não é um Guarani!) expressa seu amor por Cecília ou Ceci (filha de um grande proprietário português e mandante local), buscando protegê-la e dedicando sua própria vida para mantê-la em segurança. Essa relação amorosa entre Peri e Ceci enfatiza a construção do homem brasileiro a partir da miscigenação entre índios e brancos. 

O Guarani é um romance histórico, pois, recorreu a documentos e personagens reais (D. Antônio de Mariz) para construir sua trama. Alencar, a partir de sua imaginação,  direcionou os personagens para o ódio e também para a afetividade, buscando a interação do leitor com o tema do indigenismo. 

O espaço é a Mata Atlântica do interior do Rio de Janeiro (Rio Paraíba e afluentes) e o ano é 1604 durante a União Ibérica em que as fronteiras entre Portugal e Espanha desaparecem na América. O Tratado de Tordesilhas perde o seu efeito diplomático e o rei unificador é o espanhol Filipe II (1580-1598) seguido de Filipe III (1598-1621). Na construção do cenário em que os eventos transcorrem é muito marcante o recurso a um Brasil que vive as regras de honra (suserania e vassalagem) da Europa Medieval. 

A HQ busca captar este Brasil Colonial que dava os seus primeiros passos na formação de senhorios ligados a terra, a busca de riquezas minerais, a escravidão de índios e a defesa do catolicismo. Personagens decrépitos e honrados desfilam na pena de José de Alencar, numa fronteira brutalizada em que a morte é uma moeda corrente. 

O índio Peri e sua amada Cecília traduzem a expectativa de nascimento de outro projeto civilizatório: ela afirma que se sente filha da terra brasileira e que se sente forte para ir viver na floresta e longe da sociedade europeia. Aí reside o nascimento do povo brasileiro na visão do romantismo indigenista de meados do século XIX. 

A AVE - RESPOSTA


Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 

O nome desta ave é garça-moura (Ardea cocoi, Linnaeus, 1766), no Rio Grande do Sul também é chamada de garça-parda. Vive em beira de lagos, rios, manguezais e alagados. Se alimenta de peixes, sapos, rãs, moluscos e répteis.

Foi desenhada pelo alemão Hermann Wendroth em 1852 durante as andanças deste aventureiro pela Província do Rio Grande de São Pedro. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A AVE

 

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 

Quem conhece o meu nome?

BERLINOIR - HQ

 



MEISSNER, Tobias. Berlinoir. Porto Alegre: 8INVERSO, 16 x 24 cm, capa flexível, color, p. 160, 2015.  Ilustração: Reinhard Kleist. 


Esta graphic novel foi originalmente publicada em Hamburgo em 2013. A editora 8INVERSO de Porto Alegre nos brindou com esta primeira edição no Brasil. 

O roteiro de Tobias Meissner é magistral e traz muitas reflexões fundadas no comportamento humano e em eventos históricos. Coloca frente a frente os vampiros e os seres humanos: qual a clareza nas fronteiras que os distinguem? 

Várias analogias/referências são feitas a história da Alemanha como o Vampiro de Dusseldorf, o Muro de Berlim, o estalinismo, a perseguição aos judeus etc. 

A arte  de Kleist foi essencial para a potencialização do fluxo textual, utilizando mudanças de tons e cores coerentes com o ideário ou a ação que transcorre. Em relação ao roteirista alemão Tobias Meissner, foi uma grata surpresa conhecê-lo. E já estou buscando outras três obras de Meissner para leitura. Futuramente, quando tiver adquirido, farei a divulgação aqui no blog.   

O doutor em Literatura Comparada Erick Felinto, autor do prefácio, é a base para resenha publicada pela Editora:

"Berlinoir é onipresente. Os espelhos desta cidade não contêm nada além das nossas sombras. Dá para suportar a vida neste lugar? É possível entrar em acordo com os vampiros que reinam aqui? É possível prolongar sua existência em paz e segurança - ao preço do próprio sangue? Ou é necessário se rebelar, contestar, fazer a sorte pesar na balança, de modo a recuperar algo que há muito tempo se perdeu? Berlinoir é uma parábola rica e complexa, que costura temas temporal e espacialmente específicos com problemáticas de caráter absolutamente universal. Linhas temporais míticas se confundem com reais, passado e presente se mesclam, a Berlim imaginária se funde com a Berlim real. Em seu nível de leitura mais básico, Berlinoir é uma obra de ficção científica que imagina uma Berlim governada por vampiros. Mas as coisas não são tão simples como parecem à primeira vista. Nesse sentido, Berlinoir é uma história de pactos sombrios e de fraquezas humanas. Como afirma um dos personagens a certa altura, os mortais ainda não estão prontos para destituir seus deuses. Precisamos de nossos deuses para compensar nossas fraquezas. E precisamos contar histórias para entender melhor quem somos. Berlinoir é uma dessas histórias que vale a pena contar".

PAISAGEM URBANA - RESPOSTA

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 

Estamos olhando para Porto Alegre em meados do século XIX!

Entre seus desenhos o artista alemão Hermann Wendroth realizou duas pranchas dedicadas ao mesmo cenário: a Igreja Matriz e o Palácio do Governo. Sua percepção é de que neste local, lado a lado, estava o poder religioso e o poder administrativo-civil. Num Brasil católico e fundado no padroado, o alemão teve a sensibilidade de ver não apenas estruturas, mas, relações de poder estabelecidas nestes dois prédios vizinhos.

Este local permitia visualizar grande parte da cidade, em especial, em direção ao norte e ao sul da capital. Os dois prédios foram desenhados como se o artista estivesse posicionado nas proximidades da área frontal ao Teatro São Pedro – cujas suas obras haviam sido retomadas em 1850 e seria inaugurado em 1858.
Palácio do Governo.

O prédio acima é o Palácio de Governo (futuramente foi construído neste local o Palácio do Piratini) e está sendo vigiado por um guarda. Este foi o primeiro prédio de importância administrativa a ser construído na urbe e foi chamado de Palácio de Barro. Começou a ser erguido em 1773, quando a Câmara de Vereadores é transferida de Viamão para Porto Alegre, sendo destinado a sediar a administração geral da Capitania. Foi finalizado em 1789 e demolido em 1896. Este palacete de dois pisos era típico do Barroco colonial português.
Igreja Matriz.


A Igreja Matriz da Mãe de Deus começou a ser construída em 1779 e o corpo estava concluído em 1794. Porém, só em 1846, a mando do Marquês de Caxias, foi levantada a segunda torre, portanto, era um prédio que sofrera reformas pouco tempo antes de ser retratado por Wendroth em 1852. Desde 1848, com a criação da Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul, a Matriz passou a ser Catedral, mas, a população manteve a denominação primeva. Seu estilo arquitetônico era o barroco tardio ou rococó (simples). A Matriz foi demolida no final da década de 1920 para construção da Catedral Metropolitana.

domingo, 27 de setembro de 2020

PAISAGEM URBANA

 

Aquarela de Hermann Wendroth. 

Esta paisagem retratada pelo alemão Wendroth em 1852 remete a um dos espaços urbanos mais importantes na formação do Rio Grande do Sul. 

Que local é este e em que cidade se localiza?  

HISTÓRIA DO COMENDADOR SILVA

Bisturi, 10 de abril de 1892. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Divertida a história publicada pelo Bisturi no dia 10 de abril de 1892. 
Trata de um episódio envolvendo o Comendador Silva, garrafas de vinho do Porto e o silêncio reinante em seu quarto. Será que ele foi vítima de uma fatalidade?  

FAHRENHEIT 451 - HQ


 

BRADBURY, Ray. Fahrenheit 451 - a adaptação autorizada. Adaptação de HAMILTON, Tim. São Paulo: Excelsior - Book One, capa dura, color, 26.8 x 17.8 cm p.160, agosto de 2019. 


Resenha da editora: 
"Ao lado de Admirável Mundo Novo e 1984, Fahrenheit 451 é uma das maiores obras-primas de ficção-científica de todos os tempos. O título refere-se à temperatura em que os livros queimam – 451 graus Fahrenheit ou 233 graus Celsius. Em uma sociedade futura distópica em que ter opinião própria é considerado uma conduta criminosa, todos os livros são proibidos. E a função dos bombeiros não é apagar incêndios, mas sim destruir pilhas e pilhas de literatura para que a sociedade viva sem conflitos. Nessa brilhante adaptação para graphic novel, Tim Hamilton teve o aval de Ray Bradbury na introdução, que diz: “O que você tem diante de si agora é mais um rejuvenescimento de um livro que já foi um curto romance, que já foi um conto, que já foi uma caminhada ao redor do quarteirão, um levante do túmulo e uma queda final da casa de Usher. Meu subconsciente é mais complicado do que eu imaginava. Aprendi com os anos a deixá-lo correr sem limites e me oferecer suas ideias assim que surgiam, sem dar preferência e sem tratamento especial. Quando chega a hora certa, de algum jeito elas se juntam e entram em erupção, jorrando de meu subconsciente e se derramando nas páginas. No caso da versão final de Fahrenheit 451, ilustrada aqui, eu trouxe todos os meus personagens ao palco outra vez e os repassei pela máquina de escrever, deixando meus dedos contarem as histórias e desenterrarem os fantasmas de outras histórias e outros tempos.”

Adaptação autorizada por Ray Bradbury que escreveu a introdução. Publicada originalmente em 2009 com arte competente de Tim Hamilton. 

A HQ não decepcionou em relação ao livro que é um clássico da literatura distópica. Aos amantes dos livros é uma leitura obrigatória. 

sábado, 26 de setembro de 2020

TRABALHO NO PORTO EM 1852

Hermann Wendroth, Porto Velho do Rio Grande em 1852. Acervo: Autor. 

Esta vista do Porto do Rio Grande apresenta um ângulo de visão diferenciado. É como se da janela do segundo piso de uma das casas comerciais da Rua da Boa Vista se observa o cais e o trabalho de carregamento de mercadorias. 

Negros estão fazendo o trabalho de estivadores e um homem está vigiando os movimentos com as mãos para trás. Embarcações estão ancoradas e um vapor está passando em frente ao cais. No horizonte está a cidade de São José do Norte. 

A imagem evidencia uma atividade comercial frenética e apenas um navio está com a bandeira hasteada: da Dinamarca. Os volumes a serem carregados possuem uma numeração (9,12,50,51...). A movimentação portuária exige um acompanhamento contínuo para garantir o envio e recebimento correto dos produtos evitando prejuízos financeiros ou ações judiciais das partes prejudicadas. 

Um homem negro bem vestido com casaco e gorro vermelho conversa com um homem de cartola.  É um negro livre que deve ocupar um cargo de fiscalização do trabalho dos escravos ou até ser um proprietário/fornecedor de mão-de-obra escrava.

 O que se constata e Wendroth insiste com pertinência em ressaltar várias vezes em seus desenhos, é que o trabalho negro é essencial para movimentar os mais diferentes setores produtivos da sociedade Rio-grandense oitocentista. 

MISTER NO CALIFÓRNIA - HQ

 


Mister No Revolução - Califórnia. São Paulo: Panini Brasil, 30,6 x 22,6 cm, capa dura, colorido, vol. 2, p. 144, maio de 2020. Desaconselhável para menores de 18 anos. Roteiro: Michele Masiero; Arte: Alessio Avallone. 


O segundo volume da trilogia Mister No Revolução não decepcionou. O texto flui macio na dimensão gráfica do suporte de qualidade que enche os olhos por suas dimensões.

Enquanto o volume 1 se voltou a participação de Mister No na Guerra do Vietnã este número retrata a adolescência, o retorno da guerra e as experiências no período de eclosão da contracultura e, especialmente, do movimento dos panteras negras nos Estados Unidos. 

Conflitos familiares na infância e adolescência, traumas na guerra e busca de readaptação numa sociedade americana em transformação cultural e política são os temas tratados nesta graphic novel. Mister No Revolução - Califórnia é um dos pontos mais altos (dentre o que já li) deste anti-herói criado por Sérgio Bonelli. 

Mister No Revolução - Califórnia, Panini, 2020. 

CENA BUCÓLICA - RESPOSTA

 

Hermann Wendroth, Pelotas, 1852. 

Difícil imaginar mas estamos vendo um cenário de Pelotas!

A legenda na aquarela afirma que é a extremidade sul de Pelotas e a Serra dos Tapes é visível ao fundo. Sendo ao sul, deve ser nas proximidades do Canal São Gonçalo. 

 Em destaque está uma intensa vegetação cactácea e rasteira na trilha que se dirige para os prédios. Dois personagens estão no mirante do prédio observando o entorno. Dois negros estando pousando para o desenho: um homem carregando um grande jarro na cabeça e uma mulher com um tabuleiro na cabeça. O artista alemão retrata as múltiplas atividades desenvolvidas pelos escravos ou libertos negros.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

60.000

Mascote do blog. 

Chegamos aos 60 mil acessos no blog e mais de duas mil postagens (foram 1.600 postagens nos últimos doze meses). 

O mascote ficou feliz e sacudiu o rabo com os 60.000 acessos. Ele sabe o quanto malhamos para postar diariamente. Ufa... Na fotografia ele está esticando o esqueleto exaurido. 

Agradeço as visitas e espero trazer alguns momentos agradáveis de investigação de eventos e processos históricos e de outras narrativas (como as HQs). 

Neste blog as temáticas e abordagens não são ortodoxas, mas, multifacetadas nos diversos campos das narrativas da infinidade de objetos que constituem o nosso horizonte cultural planetário. 

A proposta é trazer temas e propor leituras. Despertar a curiosidade sobre assuntos diversificados. 

Para me defender da variedade de assuntos díspares tratados num blog de História (ou ficção? ou história também é ficção?) eu afirmo que não acredito que “tudo é História” e sim que “tudo é histórico”. 

Um seixo num rio dirá que estou errado, pois ele não tem história e nem quer ter. Tudo bem, o seixo está certo! 

Estou me referindo aos seres humanos, ao cérebro que nos dota de princípios cognitivos que possibilitam pensar o que está a nossa volta. Todo o ser humano tem um início, inúmeros meios e um fim. Isto é ser histórico: é ter uma trajetória de experiências culturais/sociais, influências genéticas e construções pessoais de mundo que formam as nossas personalidades e identidades. 

Muitos diálogos são possíveis entre os mais diferentes campos do conhecimento! As próprias narrativas históricas trazem elementos ficcionais e vice-versa. O histórico são os processos que abarcam todos os fazeres das sociedades humanas, inclusive dos povos já extintos. A Filosofia, a Matemática, a Física, a Biologia e qualquer campo do conhecimento já gestado, estão situados num processo histórico, pois, são resultados da ação de seres humanos no espaço e no tempo. 

Tudo o que instiga a curiosidade e conduz a reflexão é bem vindo aqui no blog. Inclusive o lúdico e o dark. Pois entre o riso e as trevas, os saberes produzidos pelo conhecimento sistematizado possibilitaram produzir narrativas que tentam tornar as experiências do mundo mais assimiláveis e leves aos nossos sentidos. 

CENA BUCÓLICA


 

Esta cena bucólica, desenhada em 1852 por Wendroth, foi realizada em que cidade próxima a Rio Grande?

ARTIGOS NAVAIS

Dos produtos mais comercializados em Rio Grande estavam aqueles de manutenção das embarcações que afluíam constantemente ao Porto. 

Artigos navais e artigos para pesca era um ramos promissor que estava estabelecido desde os primórdios do século XIX. É o caso da Loja de Cabos e Ferragens de Alvaro de Castro e Silva que, no ano de 1907, estava estabelecida na Rua Riachuelo.  

Almanak Laemmert para 1907. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

CORTEJO - RESPOSTA

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 

 As roupas e os adornos do cortejo fúnebre lembram segmentos privilegiados da Inglaterra ou de outros países europeus oitocentistas.

 As vestimentas dos integrantes que conduzem o carro fúnebre são sofisticadas e os cavalos estão com adornos. Os cavaleiros que acompanham o cortejo estão com roupas que denotam um padrão econômico superior e um dos cavalos ostenta arreios, possivelmente, de prata.

Só que este cenário é em Porto Alegre! 

As vestimentas, adornos e técnicas utilizados por segmentos de destaque econômico no Rio Grande do Sul, buscam a imitação de padrões europeus. Inclusive, na ritualização do enterramento. 

Esta era uma área de Porto Alegre que começava a ser desbravada: a Azenha e o seu complexo de cemitérios. Na época, para fugir das epidemias junto ao centro urbano, o local foi escolhido para a edificação de uma nova e distante "Cidade dos Mortos". O adensamento populacional atual comprimiu e cercou esta "Cidade".  

CICLONE ZUMBI

Imagem do Furacão Paulette. NOOA. https://metsul.com/wp-content/uploads/2020/09/75195E89-85EA-4105-A23B-BAED3DB42D39.jpeg


Os Zumbis passaram a ser lapidados literariamente a partir do livro A Ilha da Magia escrita pelo norte-americano William Seabrook em 1929. O escrito seriam relatos de observações colhidas no Haiti e ligadas as práticas do Vodu. O tema rapidamente vira uma peça teatral e surge o primeiro filme em 1932 (Zumbi Branco) estrelado pelo eterno Drácula, digo, pelo ator húngaro Bela Lugosi. 

Um marco basilar da epidemia zumbi que vivemos hoje se deve a George Romero e o seu filme A Noite dos Mortos Vivos em 1968. Lançado no mesmo ano basilar da contracultura os zumbis passam a ampliar o seu espaço na literatura, cinema e seriados, não esquecendo o referencial contemporâneo The Walking Dead

Zumbi é cultura pop em potencial! Porém, as coisas ficaram mais perigosas quando até o clima enveredou pelas práticas de revivência dos mortos-vivos. 

No dia 22 de setembro a Metsul Meteorologia (https://metsul.com/depois-de-ciclone-bomba-agora-ciclone-zumbi/) publicou uma matéria sobre o furação Paulette "um ciclone tropical no Atlântico que já estava se dissipando após ser rebaixado à categoria de depressão tropical e voltou a se intensificar, reassumindo o status de tempestade tropical". Este "renascimento" fez surgir a expressão "ciclone zumbi".  

O uso de uma expressão que não existe nos manuais de meteorologia foi uma licença poética dos meteorologistas. 

Complementando a matéria: o fato de Paulette ter “ressuscitado” hoje no Atlântico fez o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS), da NOAA, utilizar a expressão “tempestade zumbi”. Escreveu o órgão oficial de Meteorologia norte-americano em sua conta no Twitter: “Porque é 2020, agora temos tempestades tropicais zumbis. Bem-vinda de volta à terra dos vivos, tempestade tropical Paulette” (https://metsul.com/depois-de-ciclone-bomba-agora-ciclone-zumbi/).

Portanto, os zumbis neste icônico ano de 2020 conquistaram mais um espaço na cultura e na ciência contemporânea: no campo da Meteorologia. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

CORTEJO

 


Este cortejo fúnebre ocorreu na Inglaterra em meados do século XIX. 

Vocês concordam com esta afirmação?

PAISAGEM DO RIO TAQUARI

H. Wendroth, Vegetação da mata-virgem no Rio Taquari em 1852. Acervo: Autor. 

Paisagem natural do Rio Taquari a quase 170 anos. 

Os padrões de poluição do último meio século desfiguraram este tipo de cenário. 

A vegetação de mata-virgem se insere na tradição legada por Humbold em retratar as paisagens como representações fisionômicas da natureza. A presença humana não é explícita, pois, o barco com três pessoas (dois negros e um branco) está se confundindo com o cenário da exuberante vegetação e fazendo parte discreta da paisagem vegetal e das águas. Dois urubus-de-cabeça-vermelha (Catarthes aura, Linnaeus, 1758) estão num galho.

H. Wendroth, urubus-de-Cabeça-Vermelha. Acervo: Autor.

JOGO NO CASSINO

 O jornal A Opinião Pública (Pelotas) faz referência a proliferação da jogatina no Cassino durante a administração de Achylles Bemporat em 1910.

 Para o articulista, que defende o jogo no balneário, este é um salutar vício de encasacados, ou seja, dos mais ricos. Somente deveria ser coibido quando participam "indivíduos de baixa esfera e os que tem o desaforo de ser pobres". 


A Opinião Pública, 13 de janeiro de 1911.

HQ - O POÇO E O PÊNDULO


 Edgar Allan Poe. O Coração Delator. São Paulo: Farol Literário, Coleção Farol HQ, 25,8 x 16,2. 72 p., 2014. Adaptação de Sean Tulien e Ilustrações de J. C. Fabul. 

Um polêmico conto de Poe lançado no natal de 1842 trouxe a  pauta as torturas da Santa Inquisição. Mais uma vez a temática Poe explora as fronteiras da racionalidade: a narração é realidade ou sonho; os acontecimentos existem fora do pensamento do personagem que conduz a ação?

 A adaptação buscou seguir os passos originais e a arte interagiu com o leitor ao centrar-se nos gestos e expressões faciais do personagem. 

AQUARELA - RESPOSTA

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor 


Estamos olhando para o ano de 1852. 

Decididamente: não é a cidade do Rio Grande. 

A visão ao fundo é da capital da Província: Porto Alegre!

As dunas de fato são montanhas e a Lagoa dos Patos é o Lago (ou Rio) Guaíba.  

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

AQUARELA

 


Nesta aquarela estamos visualizando a cidade do Rio Grande vista a partir do Porto do Rei na Ilha dos Marinheiros. 

A impressão é que as dunas vão soterrar a cidade que se comprime contra as águas da Lagoa dos Patos. 

Esta afirmação está correta?

O CEMITÉRIO ESQUECIDO

 

Hermann Wendroth, Cemitério do Bonfim, 1852. Acervo: Autor. 

Esta imagem é realmente uma raridade! 

O único desenho conhecido (que não é fictício) do Cemitério do Bonfim foi realizado por Hermann Wendroth em 1852. Além da capela e das catacumbas, o pintor alemão também descreveu os dizeres em uma lápide e o modelo de um carro fúnebre popular da Santa Casa. 

A reprodução detalhada de Wendroth faz do desenho uma imagem que reflete um momento congelado do que era este cemitério que foi abandonado no final do ano de 1855.  

Parte deste cemitério esquecido se converteu numa praça infantil em frente a atual Igreja do Bonfim.  

MADAGASCAR NO RIO GRANDE

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 


Esta planta foi retratada no Rio Grande do Sul em 1852. O "cactus october" do pintor Hermann Wendroth nada mais é do que a "Coroa de Cristo". E ela veio de muito longe para chegar até o extremo-sul do Brasil: veio de Madagascar. 

Coroa de Cristo (Euphorbia milii) é uma planta de clima tropical ou subtropical original de Madagascar. Pode atingir até 2 metros de altura, com ramos suculentos e espinhos afiados de até 3 cm de comprimento. Possui um látex leitoso tóxico.

AVES NO LITORAL - RESPOSTA


Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 

Em área de formação de dunas, na planície costeira, dois homens estão espantando os pássaros para que levantem voo. É o ano de 1852. 

O cenário pode ter sido reproduzido em Rio Grande (ex: um trecho do Saco da Mangueira ou em sua passagem por Torres, no litoral norte). 

 Os pássaros, hipoteticamente, pode ser o João-grande ou maguari (Ciconia maguari, Gmelin, 1789) que habita zonas úmidas sazonais ao longo de grande parte da América do Sul. Se alimenta de invertebrados aquáticos, crustáceos, anfíbios, cobras aquáticas e peixes. 

O grande número de aves pode significar que seja o período de reprodução ou então, a inflação de indivíduos pode ter sido escolha artística por parte de Wendroth. 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

PELOTA

 

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 



Wendroth registrou, em dois momentos, uma das formas de atravessar os cursos de água: a pelota. As imagens remetem ao ano de 1852. 

Os dois desenhos realizados em locais diferentes, demonstra que o meio de transporte fluvial chamou a atenção do viajante alemão. Nos dois registros a pelota é utilizada por “bugres” um termo mais difundido no centro para o norte do Rio Grande do Sul. Não há indicação do local onde foram obtidas as imagens, mas, pode ter sido registrada quando de sua viagem ao planalto. Isto evidencia a difusão deste utensílio entre diferentes grupos indígenas e também sua utilização pelos europeus. 

Um exemplo, e talvez um dos mais antigos, foi feito no diário do Ten. General Heinrich Böhn em 1776. O Comandante do Exército do Sul em luta contra os espanhóis, descreveu a travessia do Arroio Taim (a 70 km de Rio Grande) utilizando uma “pelota”. O seu uso na região sul (para cruzar o Canal São Gonçalo e outros arroios) deixou o seu legado no nome da cidade de “Pelotas”. O mais importante escoadouro da produção charqueadora desta cidade desde o século XVIII foi o “Arroio Pelotas”. A pelota antes de virar sinônimo de bola de futebol era de fato uma embarcação primitiva. 

Mas um dos melhores relatos foi deixado pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, no ano de 1820: “Ao nascer do dia, começamos a descarregar a carroça, e minhas bagagens passaram para uma piroga improvisada, tão em uso na Capitania de Montevidéu e de Rio Grande, onde não há ponte. A pelota, nome dado a estas pirogas, é simplesmente um couro cru ligado nas quatro pontas e que, desse modo, forma um barco que se pode confundir, pela aparência, com as sacolas de papel onde se põem biscoitos. Enche-se a pelota de objetos, ata-se nela uma corda ou tira de couro; um homem, a nado, prende a corda entre os dentes e faz passar assim a piroga. Para facilitar o trabalho, meus homens estenderam uma corda de um lado a outro do rio, com a intenção de ajudá-los na travessia a nado. Eu mesmo atravessei o rio sentado numa pelota e cheguei felizmente à outra margem, bem como as minhas bagagens e a carroça"

H. Wendroth, Bugres na travessia de rio em couro de boi ou de tapir (anta). 

AVES NO LITORAL


Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 

Este cenário é característico da planície costeira do Rio Grande do Sul. A aquarela pode ter sido feita nas proximidades da cidade do Rio Grande.

Entre as áreas alagadas e as dunas, dois homens estão fazendo movimentos para que as aves levantem voo. 

Isto ocorreu em 1852. Mas as aves são encontradas no território Rio-grandense até hoje: qual o nome desta espécie de aves?