Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

A CRIATURA DO BANHADO DO TAIM

 

Trecho do Banhado do Taim. Acervo: Autor. 


Estamos em 2020 e uma história continua a ser repetida, com casos novos e esporádicos, algumas vezes aumentados e outros inventados, mas, sua persistência indica que algo estranho vive no banhado do Taim! Como historiador, já li nos documentos dos séculos XVIII, XIX e XX tantos registros sobre este assunto, que não posso ignorar que algo ainda inexplicável tem ocorrido a mais de trezentos anos no que hoje é atual Reserva Ecológica do Taim!

Como não tenho explicação faço apenas o relato de um mínimo destas fontes que tratam deste assunto insólito.

Lá pelos idos de 1690, os primeiros tropeiros que cruzaram pela área do Taim ficavam apreensivos ao passar pelos alagadiços com o gado. O caminho utilizado desviava do alagadiço cruzando por uma pequena faixa de terra entre a Lagoa Mirim e o início dos banhados, na altura da atual capela do Taim.

Porém, sempre havia o gado desgarrado que exigia uma saída da rota para buscá-lo.   

E este era o temor: adentrar nos alagadiços da atual reserva ecológica do Taim!

Anoitecer no Taim. Acervo: Autor. 

Os tropeiros que passaram pela região relatavam sons estranhos e vultos não identificáveis que vagavam durante a noite. Muito pior que estas estranhezas era quando o tropeiro adentrava o banhado e não retornava. Normalmente não era mais visto, pois, não faltava jacarés para desaparecer com um corpo no fundo das águas. Às vezes que o tropeiro foi encontrado ele estava virado num punhado de ossos e esvaziado de seu conteúdo líquido: fora drenado por algum animal! Mas que animal seria este que vivia naqueles amplos banhados que faziam com que o olhar se estendesse até o horizonte do Oceano Atlântico?

No Taim, algo chamava a atenção destes condutores do gado chimarrão da Vacaria del Mar: este gigantesco viveiro de gado selvagem  que não se restringia ao extremo sul do Brasil, mas, que adentrava na atual Província de Rocha e se estendia até a fortaleza lusitana da Colônia do Sacramento do Rio da Prata.

Este algo era escabroso: capivaras mortas e cujo corpo parecia ter sido sugado, desaparecendo a sua tradicional gordura e o seu líquido vital. Isto era assombroso, pois lembrava muito a aparência que ficavam os míseros tropeiros que também foram encontrados neste estado. Que animal fazia isto com humanos e capivaras? Deveria ser muito forte, pois o óleo de capivara era um fortificante já conhecido da gauderiada. Imagine, sugar uma capivara inteira?

Os primeiros comentários sobre estas ocorrências chegam a São Paulo por volta de 1700 e era uma conversa distante em quilômetros, mas, que deixava tensa às horas do jantar a beira do fogo de chão. Seriam apenas histórias tocadas a goles compassados de cachaça, porém, tinham algo em comum: estavam se repetindo de forma desagradavelmente persistente por décadas a fio, de pai para filho. O garoto paulista que com 15 anos faz sua primeira incursão no mundo das tropas, aos 45, já um ancião, continuava a escutar estas histórias e a ver coisas estranhas demais até para serem ditas em voz alta.

 Inclusive, os soldados dos Dragões do Rio Grande que tinham uma bateria no Taim, faziam de tudo para não irem servir neste local. Mais de um soldado que adentrou o banhado foi encontrado morto, ou, para ser mais exato, foi encontrada uma farda portadora de ossos que reluziam quando expostos ao sol.

Jacaré nadando lentamente num canal do Taim. Acervo: Autor. 

Aos poucos, se tornou um lugar comum conversar sobre as últimas aparições de corpos naquele estado esvaziado de conteúdo, ou, falar em quem desapareceu para nunca mais ou foi encontrado morto. E sempre havia alguém que conhecia o defunto para acrescentar mais alguns detalhes mórbidos à ocorrência insólita.

Um fato não explicado pode gerar uma lenda que será alimentada com novos fatos não explicados, com a inclusão de novos elementos imaginativos e ficcionais. Mas como explicar estes fatos tão persistentes por mais de dois séculos?

Mantenha-se distante dos banhados do Taim! Este era o conselho sempre dado pelos mais experientes nestas perigosas andanças tropeiras. Melhor perder algumas cabeças de gado do que a vida naqueles pântanos onde algo sobrenatural habita.

Este ser desconhecido sugava o líquido de quem adentrava no seu mundo: o banhado. Seria algum bicho que ao sentir fome se acostumou a se alimentar desta forma? Afinal, tantos bichos estranhos foram encontrados neste Novo Mundo que o português foi descobrindo neste infindável Brasil: o que impediria de existir um animal desconhecido e canibal? Até algumas tribos de índios consumiam a carne de seus inimigos!

 Porque não matar para sugar o sangue e a gordura? Depois de 1780 era exatamente o que se fazia com o gado numa charqueada: se drenava até o tutano do pobre vacum! Seria alguma tribo desconhecida que no passado vivera naqueles montículos, ou cerritos, que ainda são visíveis nestes banhados?

Que ser estranho era este que vivia da drenagem das capivaras e que usava os parcos humanos que aí cruzavam como um complemento ou uma sobremesa em sua dieta? Seria só um ou seriam muitos?

O que a natureza terá produzido no banhado do Taim que conseguiu ser ainda mais agressivo do que os seres humanos?

FUTEBOL EM 1911

 O chargista Thadio Alves do Amorim desenhou um lance de uma partida de futebol e publicou em seu jornal Bisturi no dia 21 de maio de 1911. 

O esporte era muito violento devido as fraturas ocasionadas pelos "sapatos" que se usava nas partidas. Muitas canelas quebradas nas divididas e cabeças avariadas quando da disputa aérea pela bola (que tinha a costura externa e pesava excessivamente). 

Na legenda é feita uma referência ao futebol como sendo o "jogo do ponta-pé".  

Bisturi, 21 de maio de 1911. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

PINTURA E DESENHO EM 1906

Os amantes da arte da pintura e do desenho, ao visitarem o Rio de Janeiro, não poderiam de deixar de conhecer a "Antiga Casa Cavalier" na Travessa S. Francisco de Paula.  A loja era especializada em produtos franceses. 

Almanaque Laemmert para 1906. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 

domingo, 30 de agosto de 2020

ÓLEO DE CAPIVARA

 Alguém conhece o óleo de capivara? 

Neste anúncio do jornal pelotense A Opinião Pública do dia 3 de dezembro de 1910, este produto era vendido nas "pharmacias do Estado". Isto foi a 110 anos no passado. 

Fui verificar e o produto ainda é comercializado no Brasil. O motivo: a caça da capivara é proibida, mas, a sua criação para abate é regulamentada. 

A Opinião Pública, Pelotas, 3 de dezembro de 1910.

VISTA DO PORTO VELHO

 A lente de Amílcar Fontana flagrou esta imagem do Porto Velho. A fotografia foi obtida das proximidades da Rua Riachuelo com da Barroso. Tempo em que junto ao centro da cidade se avistava inúmeros navios a vela ou a vapor. Era o ano de 1909...

Porto Velho do Rio Grande, Atelier Fontana, 1909. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 

TRABALHO OPERÁRIO

A empresa Leal, Santos & Cia., que foi criada na última década do século XIX, apresentava uma forte divisão e setorização do trabalho. 

A empresa beneficiava alimentos e tinha uma distribuição em nível regional e nacional. 

A maioria do operariado era constituído por mulheres que estavam ligadas de forma mais direta a produção e ao empacotamento. Os homens atuavam na construção das embalagens, como caixas, na latoaria e no carregamento das matérias-primas e dos produtos finais.

Na fotografia se observa um setor específico formado por homens que produzem as caixas onde diferentes produtos serão transportados e/ou comercializados.     


Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

sábado, 29 de agosto de 2020

FESTA PRIVADA NO CASSINO

Bisturi 6 de março de 1892. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.  

 As festas sociais privadas no Balneário Vila Sequeira (Cassino) foi um dos recursos mais usados para atrair a elite econômica da cidade do Rio Grande e região. 

No ano de 1892, o terceiro ano de existência do Balneário, se manteve a orientação de que a praia de banhos foi edificada visando os segmentos econômicos privilegiados do Sul do Estado e de Porto Alegre. Era esta a identidade que se desejava fortalecer quando das primeiras iniciativas em 1885, para criar uma Companhia e construir a estrutura física do Cassino que foi inaugurada em janeiro de 1890. 

 As festas eram realizadas no Hotel Cassino e, por vezes, eram tão fechadas, que até a imprensa não tinha acesso para realizar a cobertura. 

O redator do Bisturi, Thadio Alves do Amorim, se retratando como um burro que está sentado com o olhar perdido, foi "barrado no baile" e soltou o verbo para alfinetar a "aristocracia do Cassino", a "fina essência Rio-grandense" e "todo o sangue azul" que confraternizava enquanto a plebe ficava do lado de fora.  

A CEIFADEIRA E A EPIDEMIA

O Bisturi, 6 de março de 1892. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 Neste desenho está representada a epidemia, que foi chamada pelo chargista de "velha senhora", pois, a muito tempo ela frequentava/frequenta a sociedade humana. 

Não havia uma epidemia específica neste ano de 1892, mas, as maiores apreensões eram com a febre amarela (que era endêmica, cujos surtos é que preocupavam) e com a peste bubônica que estava fazendo centenas de vítimas na Argentina. 

Numa cidade de porto marítimo como Rio Grande, o medo da chegada de um navio com pessoas contaminadas era uma realidade e não uma ficção. 

A população sabia disso e ao mesmo tempo mantinha a sua vida cotidiana, pois, a economia parada seria uma ruína ainda maior que traria o espectro da fome para a maioria dos moradores. O que se desejava é para que os casos fossem poucos e os sintomas amenos e restritos. Algumas poucas semanas de preocupação e tudo voltava ao caráter endêmico: esperando o próximo desembarque mais impetuoso desta "velha senhora" que ceifava a vida sem compaixão.  

Mas a representação da epidemia com sua ceifa não se voltava apenas a doença concreta. Era um recurso usual da imprensa para promover ataques a administração pública e suas mazelas e dificuldades na higienização urbana. Ainda mais que a teoria dos miasmas ainda tinha fôlego para considerar a falta de asseio e a emanação oriundas da decomposição e sujeira (esgotos na praia e nos quintais, pântanos, águas paradas em valetas ou canaletes, restos de animais em decomposição etc) era a forma de contaminação e difusão mais eficiente para as doenças.  Hoje sabemos que não era o ar corrompido a transmitir doenças e sim, a água e os alimentos contaminados pela ausência de esgoto, de refrigeração e de asseio na manipulação da comida; a falta de cuidados pessoais de higiene e de manejo de animais e de seus produtos derivados etc; locais insalubres (no trabalho e em casa) e práticas culturais que facilitavam a proliferação de doenças infecto-contagiosas. Estes, ao lado de ausência de tratamentos profiláticos e medicamentosos, eram os fatores mais efetivos para as doenças. 

Este campo de reflexão sobre as epidemias, como neste período do jornal em 1892, é muito interessante para pensar a pandemia que nos assola no presente. 

Parece um assunto do passado, mas, há muitos paralelos que nos remetem do presente às práticas antigas. Os jornais e os médicos da época, ressaltavam como era difícil convencer as pessoas a mudarem seus hábitos de higiene e cuidados pessoais. 

Como é difícil, pensando de forma ampla no presente, conseguir disciplinar uma parte da população para  cuidados intensivos buscando conter a proliferação de um agente patológico, como o coronavírus. 

Se não fosse a difusão da vacinação, continuaríamos a ser dizimados aos milhões pela ação de várias doenças que hoje estão sob aparente controle. No século XIX, com exceção da varíola, não havia vacinas para combater os vírus, bactérias, vibriões etc. Um exemplo é o bacilo de Kock, a tuberculose, que entre 1700 e 1900 matou aproximadamente 1 bilhão de pessoas. E onde a vacinação começar a ser abandonada, como estamos assistindo, os micro-organismos vão retomando sua caminhada de contágio como é o caso do sarampo e também da tuberculose, que tem proliferado pelo abandono do tratamento pelos contaminados. 

E quando me referi a reflexão é comparando o passado e o presente, as notícias e crônicas jornalísticas que enfatizavam a dificuldade em fazer avanços na mudança de hábitos do convívio em sociedade. E estas leituras que me refiro remetem a um longo período de 1855 (cólera) a 1918 (gripe espanhola). 

Sempre se soube que a cidade portuária não poderia parar por muito tempo. E estas epidemias/pandemias foram "clementes", se pronunciando de forma aguda e ceifante de vidas, mas se esgotando num período de dois meses. A contaminação foi tanta que criou a "imunidade de rebanho"? O vírus não suportava mais ver tantos enfermos? Como se o vírus tivesse esta consciência... ou será que tem alguma...

E a civilização tropeçou e continuou caminhando nos anos seguintes e que aprendizado deixou como legado? Da gripe espanhola ficou o silêncio e o esquecimento até a sua redescoberta nos anos 1980: pelos historiadores... os escavadores dos vírus que ainda dormitavam nos documentos da gripe... e daí se percebeu quanto esquecimento o assunto teve... E hoje faz falta ela não ter sido lembrada e acalentada nos braços como um sonho ruim do tempo dos nos avós e bisavós. 

Ter nos braços e embalar esta ceifadeira poderia ter nos trazido lições de que muitos cuidados e atenção ela merece. Que ela não pode ser desprezada e que será preciso continuar vivendo sob a sombra perene dela por muito tempo. Que ela poderá voltar a qualquer momento até porque não terá ido embora. Que será preciso conviver e conhecer; modificar alguns hábitos para podermos sobreviver.  

O SACO DA MANGUEIRA EM 1892 - CARL LINDMAN

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Carl_Axel_Magnus_Lindman_-_from_Svenskt_Portr%C3%A4ttgalleri_II.png

      O botânico sueco Carl Axel Magnus Lindman visitou, com uma bolsa de pesquisa, o Brasil e o Paraguai. No ano de 1892 passou por Rio Grande e deixou este registro do Saco da Mangueira e arredores. 

      “Perto da cidade do Rio Grande, por alguns quilômetros, o passeio pelos campos de areia movediça é muito cômodo; porém, o resto do caminho é mais difícil por causa das imensas planícies de areia movediça, onde se caminha por sobre uma areia fina e solta, que a vegetação psamófila torna desigual como um campo recentemente lavrado. 

       Mas esta natureza singular, que para o sul e o leste parece continuar sem limites, era – para o norte da direção da barra, que aí se alarga em forma de saco, Saco da Mangueira, limitado por um barranco comprido de pequenos montes de areia movediça, cheios de moitas, entre os quais pequenos corredores ensombrados convidavam a uma visita, oferecendo novas vistas. Conduziam para baixo a uma planície verdejante, um ou dois metros abaixo do terreno deixado para trás e além avista-se a água azul da barra”.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

TARTARUGA GIGANTE

 

O Bisturi, 21 de fevereiro de 1892. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

No Brasil existem cinco espécies de tartaruga marinha. A maior delas é a tartaruga-de-couro que pode chegar a 1 metro e 82 centímetros de comprimento e pesar 700 kg.

A charge do jornal O Bisturi, de 21 de fevereiro de 1892, afirma que uma tartaruga de dois metros foi encontrada na Praia da Mangueira (Balneário Cassino) e arrastada por vinte homens até o Parque (atual Praça do Trabalhador), onde ficou em exposição. No Parque ficava a sede da Companhia de Bondes Suburbanos que ligava Rio Grande até o Cassino.  Pelo local referido, a tartaruga deve ter sido trazida de bonde e não “arrastada” até o local.

O seu tamanho pode estar “superfaturado”, mas, possivelmente era um espécime avantajado.  Porém, na charge -e este é o papel da imprensa caricata de  exagerar um fato e dar uma dimensão quase sobrenatural-,  a tartaruga mais parece uma descoberta pré-histórica de uma Archelon ishyros que atingia cerca de 4 metros e foi extinta há 65 milhões de anos. A proporção da tartaruga para os homens mostra que é uma “espécie hipotética” de Archelon turbinadus ou então, apenas o fruto do puro exagero típico de uma caricatura oitocentista.

ALFAIATARIA

Uma revolução na indústria da moda ocorreu  quando as roupas passaram a ser feitas em grandes quantidades e com a numeração P, M, G, GG. 

Isto otimizou a produção e reduziu os custos finais das roupas. 
No tempo destes anúncios, a maioria das roupas (quase a totalidade) eram feitas a partir da escolha do tecido e do trabalho do alfaiate ou da costureira. Eram as roupas sob medida. 
O anúncio da "Alfaiataria do Povo" prometia entregar as roupas entre 12 e 24 após a escolha do tecido e de realizada as medidas. Um grande número de pessoas ganhou a vida atuando na alfaiataria ou como ajudantes.  


Almanaque Laemmert, 1906. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 
 

A ARQUITETURA DO HOSPITAL BENEFICÊNCIA

 O Hospital Beneficência Portuguesa é fotografado no ano de 1904. 

Os traços arquitetônicos de sua fachada, atraiam como ponto turístico da cidade para ser divulgado no exterior, no caso, no livro do italiano Vittorio Buccelli.  
BUCCELLI, Vittorio. Un Viaggio a Rio Grande del Sud. Milão: L. F. Pallestrini, 1906.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

MÁQUINA DE COSTURA

 Esta empresa trabalhava com o que havia de mais sofisticado no campo das máquinas e artigos técnicos no início do século XX. 

Entre os produtos comercializados estava as máquinas de costura. É uma peça clássica que acompanhou gerações desde o século XIX. 

Guia Bemporat, 1908. 

CONFEITARIA UNIÃO

Almanak Laemmert para 1907. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 

Alguém recorda do Armazém e Confeitaria União localizada na Rua 24 de Maio esquina com a Rua General Victorino? 

Acredito que não! 

Afinal, este comércio estava atuante no distante ano de 1907... 

CARVÃO DE PEDRA

A exploração de carvão em São Jerônimo teve início em 1883. Em 1889 foi criada para a exploração de carvão a "Companhia Estrada de Ferro e Minas de São Jerônimo" que perdurou até 1964. 

Conforme o anúncio do Almanach de Porto Alegre para 1920 a Companhia tinha escritório e depósito em Rio Grande. 
Acervo: https://digital.bbm.usp.br

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

EDIÇÕES BIBLIOTECA RIO-GRANDENSE



A Biblioteca Rio-Grandense conquistou o seu espaço para a produção intelectual em endereço eletrônico! É o surgimento das "Edições Biblioteca Rio-Grandense". 

Duas coleções que estão saindo com o seu selo em parceria com outras instituições já estão disponíveis para consulta: a Coleção Rio-Grandense e a Coleção Documentos. Cinquenta e nove livros já estão disponíveis para leitura e a produção continuará crescendo...

Os esforços do professor Francisco das Neves Alves em estabelecer convênios e estimular a produção historiográfica e o belíssimo design realizado pelo diagramador Marcelo França de Oliveira contribuíram para a construção/efetivação deste espaço que está sendo socializado. 
Conforme resenha na página da "Edições Biblioteca Rio-Grandense", a "Cátedra Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização e a Biblioteca Rio-Grandense reuniram esforços para editar a Coleção Rio-Grandense. Mais meridional unidade político-administrativa brasileira, o Rio Grande do Sul, tem uma formação prenhe em peculiaridades em relação às demais regiões do Brasil, estabelecendo-se uma sociedade original em vários de seus fundamentos. Da época colonial à contemporaneidade, a terra e a gente sul-rio-grandense foram edificadas a partir da indelével posição fronteiriça, resultando em verdadeira amálgama entre os condicionantes luso-brasileiros e platinos. A Coleção Rio-Grandense tem por intento fundamental a divulgação da produção intelectual acerca de variadas temáticas versando sobre o Rio Grande do Sul, com preferência para as abordagens de natureza cultural, histórica e literária".

Em relação a Coleção Documentos esta tem por "intento trazer ao público fontes manuscritas ou impressas, e ainda bibliográficas cujas edições estejam esgotadas ou se encontrem em difícil acesso. Seu fulcro são os documentos voltados à cultura em geral e, especificamente, aos fundamentos históricos e literários, com especial atenção às temáticas de cunho luso-brasileiro. Por meio desta Coleção, o CLEPUL e a Biblioteca Rio-Grandense unem forças para disponibilizar na rede mundial uma série de documentos que poderão fomentar pesquisas e/ou estimular a leitura de textos originais".

Para conhecer as coleções basta acessar: https://www.edicoesbibliotecariograndense.com/

NOVIDADE - LIVRO IMAGENS DO BRASIL MERIDIONAL EM WENDROTH

O volume 22 da Coleção Documentos da Biblioteca Rio-Grandense em convênio com o CLEPUL (Lisboa) se voltou ao campo das representações visuais e do diálogo com gravuras/imprensa. 

Os autores conhecem o trabalho artístico do alemão Hermann Rudolf Wendroth desde a década de 1990. Várias capas de livros publicados em parceria já estampavam as belas paisagens do Rio Grande do Sul oitocentista realizadas pelo mercenário brummer que abandonou as armas para se dedicar a outras "lidas". 

Dialogar com as imagens e suas representações sociais, dos espaços e das temporalidades do Rio Grande do Sul de meados do século XIX foi um exercício muito satisfatório. A iconografia de um artista desconhecido como Wendroth tem uma elevada qualidade histórica de registro documental de um passado distante. 

Este livro foi uma daquelas viagens realizadas em tempos tensos de pandemia que valeram todo o esforço. 

Este livro pode ser acessado para leitura (não permite download) no seguinte endereço:




NOVIDADE - LIVRO O ARQUIVO MONTENEGRO: RETRATOS E BIOGRAFIAS

Este é o volume 21 da "Coleção Documentos", parceria da Biblioteca Rio-Grandense com o CLEPUL/Lisboa. 

É o quinto e último livro dedicado a Guerra do Paraguai nos documentos do "Arquivo Montenegro" que pertence ao acervo da Biblioteca Rio-Grandense. 

Esta documentação garimpada por José Arthur Montenegro reuniu fontes documentais, impressas, iconográficas e fotográficas do maior conflito da história sul-americana. 
Os leitores já devem ter constatado da dimensão do esforço realizado por Montenegro, com seus poucos recursos financeiros, para obter e organizar um volume tão grande de documentos. Muitos personagens que lutaram no conflito ainda estavam vivos o que possibilitou estabelecer contatos para constituir este acervo. 
 
Este volume se dedica aos retratos e biografias. 

Este livro pode ser acessado para leitura (não permite download) no seguinte endereço:



 

NOVIDADE - GUERRA DO PARAGUAI: COLABORAÇÕES NA IMPRENSA PERIÓDICA E DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Este é o volume 20 da "Coleção Documentos", parceria da Biblioteca Rio-Grandense com o CLEPUL/Lisboa. 

É o quarto livro dedicado a Guerra do Paraguai nos documentos do "Arquivo Montenegro" que pertence ao acervo da Biblioteca Rio-Grandense. 

Esta documentação garimpada por José Arthur Montenegro reuniu fontes documentais, impressas, iconográficas e fotográficas do maior conflito da história sul-americana. 
Este volume se dedica as colaborações na imprensa periódica e documentação fotográfica. 

Este livro pode ser acessado para leitura (não permite download) no seguinte endereço:


NOVIDADE - LIVRO A GUERRA DO PARAGUAI E ALÉM: ESTUDOS HISTÓRICOS, GEOGRÁFICOS E LITERÁRIOS

Este é o volume 19 da "Coleção Documentos", parceria da Biblioteca Rio-Grandense com o CLEPUL/Lisboa. 

É o terceiro livro dedicado a Guerra do Paraguai nos documentos do "Arquivo Montenegro" que pertence ao acervo da Biblioteca Rio-Grandense. 

Esta documentação garimpada por José Arthur Montenegro reuniu fontes documentais, impressas, iconográficas e fotográficas do maior conflito da história sul-americana. 

O volume se dedica aos estudos históricos, geográficos e literários. 

Este livro pode ser acessado para leitura (não permite download) no seguinte endereço:





NOVIDADE - LIVRO GUERRA DO PARAGUAI: FRAGMENTOS HISTÓRICOS E FOTOGRÁFICOS

Este é o volume 18 da "Coleção Documentos", parceria da Biblioteca Rio-Grandense com o CLEPUL/Lisboa. 

Este é o segundo número dedicado a Guerra do Paraguai nos documentos do "Arquivo Montenegro" que pertence ao acervo da Biblioteca Rio-Grandense. 
O tema tratado são os fragmentos históricos e uma incursão nas fotografias. 

Quem já acessou o volume 17 já compreendeu a relevância da documentação coletada exaustivamente por José Arthur Montenegro entre as décadas de 1880-1890 até o início do século XX. 

Este livro pode ser acessado para leitura (não permite download) no seguinte endereço:




NOVIDADE - LIVRO GUERRA DO PARAGUAI: REGISTROS TEXTUAIS E ICONOGRÁFICOS

Este é o volume 17 da "Coleção Documentos", parceria da Biblioteca Rio-Grandense com o CLEPUL/Lisboa. 

Neste número tem início uma série de cinco livros sobre a Guerra do Paraguai nos documentos do "Arquivo Montenegro" que pertence ao acervo da Biblioteca Rio-Grandense. 
Esta documentação coletada exaustivamente por José Arthur Montenegro é uma das maiores "preciosidades" mundiais em se tratando de Guerra do Paraguai. 

Este livro pode ser acessado para leitura (não permite download) no seguinte endereço:

  


terça-feira, 25 de agosto de 2020

CASA LANDGRAFF

No ano de 1907, chapelaria e casa de modas tinha um endereço certo: Henrique Landgraff com matriz na Rua dos Andradas e filial na Rua General Bacellar.   


Almanak Laemmert para 1907. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 

FERRO DE PASSAR

 Quem já passou roupa utilizando um destes "pesados ferros?" 

A aparência não ajuda e a peça lembra o prolongamento de uma ferraria medieval, pois, ainda exige a colocação de carvão ou cinzas para manter o seu interior aquecido. Porém, foi uma peça essencial para manter as roupas sem a aparência de terem dormido na garrafa. As roupas sintéticas demoraram muito para surgirem e se difundirem, o algodão era o tecido base e exigia peso e calor. Mas que parece um objeto de tortura, parece... 

Almanaque Laemmert para 1906. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 

CRÔNICAS MARCIANAS - HQ


CALERO, Dennis. As Crônicas Marcianas: a graphic novel autorizada por Ray Bradbury. São Paulo: Globo, 2012, p. 154.

Crônicas Marcianas, Globo, 2012. 


Ray Bradbury (1920-2012) é um dos criadores da literatura distópica. O livro As Crônicas Marcianas foi publicado em 1950, a partir de contos escritos a partir de 1946, evidenciando a crise civilizatória e a crença na humanidade que se seguiu a II Guerra Mundial.

 Especialmente, além da destruição e do morticínio, esta Guerra deixou um legado que marcou a literatura e o cinema nos anos seguintes a 1945: o início da Era Atômica e  o medo da destruição em massa. A existência de um artefato capaz de destruir cidades influenciou muito os escritos de ficção que se voltaram à cenários de descrença terrestre e busca de outros caminhos civilizatórios em outros planetas. 

Historicamente, além da Lua, Marte foi um dos mais atraentes astros a receberem leituras ficcionais de invasores ou de colonização, recuando ao século XIX estas leituras. 

As Crônicas Marcianas trazem elementos de descrença na civilização, de não aceitação da morte e da desconstrução afetiva dos laços com os familiares, de ganância e poder moldando a civilidade extra-terrestre e reflexões sobre os erros cometidos na Terra e repetidos em outro planeta.

 Especialmente, persegue a ideia de começar tudo de novo a 80 milhões de quilômetros de distância da Terra deixando o passado para trás. Será possível esta fuga ou fantasmas terrestres/marcianos continuarão a ganhar vida?

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O DUELO

A Federação do dia 23 de maio de 1906 noticia um duelo ocorrido no Rio de Janeiro envolvendo o Senador Pinheiro Machado e o redator do jornal Correio da Manhã Edmundo Bittencourt. A Praia de Copacabana foi o palco do duelo que resultou em... 

Para saber mais desta patética ocorrência é só ler a notícia: 

CÂMARA DO COMÉRCIO EM 1922

 No livro O Rio Grande do Sul autoria de Alfredo da Costa (Livraria do Globo, vol. 2, 1922), foi publicada uma matéria sobre a Câmara do Comércio da cidade do Rio Grande. 

Duas fotografias mostram a parte externa do edifício e uma interna da sala de sessões da Câmara.  Este prédio se localizava na Rua General Osório no mesmo local onde está construído o atual prédio desta Associação. 


Câmara do Comércio In: Rio Grande do Sul - Alfredo da Costa, 1922. 

EPOPÉIA: O FIM DO CAMINHO - HQ

Epopéia, vol. 73, EBAL, 1987. http://guiaebal.com/epopeia5.html
 

O Fim do Caminho (publicada em outubro de 1987) é a última história da série Epopéia lançada pela Editora Brasil-América (EBAL) em novembro de 1970. Esta série de western foi criada na Itália em 1967 por Gino D'Antonio e Renzo Calegari, sendo publicada pela Araldo Editore (atual Sergio Bonelli Editore). 

O Fim do Caminho é o volume 73 (último) da série que se estendeu no Brasil por 17 anos totalizando mais de 7.200 páginas. 

O pano de fundo é a história do povoamento do Oeste Americano (na Itália o título é Storia del West) tendo por base o ano de 1803 quando tem início a expedição naturalista e geográfica de Lewis & Clark que pela primeira vez cruzou o território americano do Atlântico até a costa do Pacífico. 

Ao longo das histórias, inúmeras referências a acontecimentos históricos ou a personagens reais são feitas. A narrativa é ficcional, mas, com contextualização na suposta veracidade do enredo em que se desenvolve eventos ocorridos entre 1803 e 1890. 

É um romance gráfico de muito folego, longo período de elaboração e descontinuidades por fatores vários, inclusive de captação financeira. As primeiras revistas apresentam uma qualidade gráfica invejável para a época, enquanto uma grande parte da coleção recebeu a impressão num papel jornal de baixa qualidade. Em países como o Brasil com crises econômicas endêmicas e períodos de elevada inflação como na virada dos anos 1970 para 1980, as séries de longa duração acabam sofrendo vários reveses.

Guardo como relíquia os primeiros 21 números da série. Perdi o contato com a Epopéia e agora fiz a leitura deste último exemplar. Os filhos dos primeiros personagens já estão envelhecidos e cansados de suas trajetórias de pioneiros. Há um forte amargor sobre os rumos que a sociedade americana seguiu e também sobre as novas gerações que carregariam a herança. As Guerras Indígenas chegaram ao ocaso dos "aldeamentos forçados" das últimas nações rebeldes enquanto o Oeste estava sendo "domesticado" e construído nos referenciais do capitalismo americano-europeu.

Uma ótima notícia é que fiz a leitura do material em "meio digital e totalmente de graça". Toda a coleção Epopéia está disponível para download no endereço  http://guiaebal.com/epopeia5.html 

Além desta coleção muitas outras estão disponíveis neste endereço eletrônico que é voltado a preservar e divulgar a produção da EBAL. Já são 5.490 revistas digitalizadas. 

Nota dez para este grupo do "guiaebal" que tem realizado um trabalho tão árduo e relevante para as HQs!     

domingo, 23 de agosto de 2020

OPERÁRIOS E MÁQUINAS

 Esta imagem lembra o filme Tempos Modernos! 

Era um cenário muito comum na cidade do Rio Grande desde a década de 1870 quando a indústria têxtil aqui se instala. 

Máquinas com diferentes funcionalidades e operários adaptados a trabalhar com elas como se suas mãos fossem um prolongamento do maquinário. 

Espaços perigosos e muitas vezes insalubres. 

Trabalho infantil e trabalho senior. Tanto faz: importava conversar com a máquina e entendê-la.  

Esta fotografia é o símbolo de uma cidade operária onde a revolução industrial chegou num aporte intenso regado pela expectativa de se estar junto a um porto marítimo que escoa-se a produção com agilidade e lucratividade.

Por cerca de sete décadas a "cidade das chaminés" manteve o fôlego que foi sendo perdido pela maioria das empresas na década de 1950. 

Sobreviveu apenas a indústria do petróleo (criada em 1937) que redobrou seu desejo de expansão para além dos limites do município.

A indústria do pescado, especialmente a partir dos anos 1960 deu uma sobrevida a geração de emprego. Em meados dos anos 1980 também esgotou este setor industrial. 

O que restou no presente foi basicamente o impulso dado nos anos 1970 para a indústria de fertilizantes no Distrito Industrial. 

A indústria naval também ficou como um breve impulso fugidio...

O tempo da diversidade industrial ficou encoberto na neblina poluidora que se tornou a única matriz industrial relevante enquanto projeto de futuro. 

 

Oficina da Leal, Santos & Cia. Alfredo Costa (1922). 

VERTICALIDADE DO CENTRO URBANO

 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Os resultados positivos da visita da empresa paulista FotoPostal Colombo a Rio Grande continuam perdurando. Devemos agradecer a estes profissionais pela realização das melhores fotografias aéreas já feitas na cidade. Um monomotor sobrevoava, por vezes, rasante as cidades com um fotógrafo agarrado à porta aberta do avião. 

Aqui estiveram por volta de 1955 e esta é uma das imagens da cidade vista de cima, que remete a outra perspectiva para o olhar urbano. A verticalidade traz elementos que a horizontalidade não consegue trazer, e vice-versa. 

A Praça Xavier Ferreira é a centralidade do Centro Histórico do Rio Grande. Nesta espacialidade e em seu entorno se originou o Rio Grande do Sul luso-brasileiro.  

A TEMPESTADE - HQ

 

SHAKESPEARE, William. A Tempestade. São Paulo: Lafonte, 27,5 x 17,5cm, 2012, p. 144. Adaptação de John McDonald, arte Jon Haward e colorização Nigel Dbbyn. 


A Tempestade é considerada a única peça de William Shakespeare (1564-1616) que foi um trabalho solo. Foi apresentada pela primeira vez em 1611 sendo muito bem recebida pelo rei Jaime I que era mecenas de Shakespeare e de sua trupe desde 1603. 

A HQ busca captar alguns elementos da peça do grande dramaturgo: o recurso a mitologia grega; as forças ocultas que interagem e criam realidades paralelas; a punição aos traidores e aos mau-caráter; a ação de seres sobrenaturais e ações mágicas que mudam o rumo dos eventos; paixões fulminantes e eternas; lutas pelo poder e dissimulações; a vitória do bem e da verdade. 

sábado, 22 de agosto de 2020

O EXERCÍCIO DO MASCOTE

 A pergunta que não cala é: "onde anda o Mascote?"

Anda se exercitando... Ele tenta se arrastar de um lugar confortável para outro mais confortável. 

Às vezes fica no meio do caminho e se atira ali mesmo...



Mascote no alongamento. 

DILIGÊNCIA


Senhores passageiros do itinerário Bagé a Livramento!
 
A Diligência "Alliança" está mantendo o serviço regular entre estas cidades, passando pelos confins do Uruguai e possibilitando ligação com Montevidéo. 

Tudo em apenas um dia e meio de "confortável" viagem.
Nosso lema é que distância nunca foi problema para a "Empreza Alliança". 

Quem estiver em Rio Grande é só pegar o trem para Bagé. 

 (*Não nos responsabilizamos por colunas deslocadas e problemas musculares ou ósseos). 
 

Guia Bemporat, 1908.