Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

TITAN EM 1912



Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 

Desenho da atuação do Titan no Molhe Leste (em São José do Norte). 

A expectativa era positiva pelo avanço das obras conforme se depreende da matéria no jornal Echo do Sul de 31 de outubro de 1912. 

Os trabalhos se estenderiam até o ano de 1915 quando da inauguração das obras dos Molhes e do Porto Novo. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

JOSÉ PROENÇA BROCHADO

 

Acervo:  Biblioteca Rio-Grandense. 



Aleatoriamente, encontrei, este documento numa gaveta da Biblioteca Rio-Grandense. Tenho o hábito de quando encerro a pesquisa em jornal abro uma gaveta para respirar outros ares intelectuais. Não resisti ao olhar para uma gaveta com o número 521 e encontrei esta preciosidade em seu interior.  

O autor da monografia é José Justiniano Proença Brochado uma referência na Arqueologia e Antropologia do Rio Grande do Sul. Muito aprendi com ele sobre culturas ceramistas. 

A surpresa foi encontrar a dedicatória à Biblioteca Rio-Grandense e a assinatura do renomado arqueólogo. A data é 27 de fevereiro de 1963. Ou seja, hoje completam 60 anos. 

Encontrei o documento no dia 24 de fevereiro. Portanto, há 3 dias de completar seis décadas da assinatura. É como se fosse uma sugestão para lembrar da atuação deste pesquisador, natural da cidade do Rio Grande e frequentador da Biblioteca, que tive a felicidade de conhecer. E que por detalhes não foi o orientador de minha dissertação de Mestrado. 



No livro Os Ceramistas Tupiguaranis: sínteses regionais, editado por André Prous & Tania Andrade Lima, um capítulo foi dedicado a José Justiniano pelo arqueólogo Francisco Silva Noelli. 

Alguns trechos desta biografia elaborada por Noelli são reproduzidos a seguir: 

"Brochado nasceu na cidade de Rio Grande, estado do Rio Grande do Sul, em 7 de março de 1936. Iniciou na Arqueologia por acaso, em 1958, como amador, integrando o Centro Excursionista Rondon, fundado em 1942 por jovens estudantes do Colégio Estadual Lemos Jr. para explorar a bela e arenosa região de Rio Grande (Brochado, 1962, 1969c; Almeida, 1993). Além de ter companheiros interessados no passado indígena e de viver num município com rico patrimônio arqueológico (atualmente com 105 sítios registrados), Brochado frequentava assiduamente a Biblioteca Riograndense, instituição com grande acervo de livros e periódicos sobre Arqueologia e Etnologia publicados do final do século 19 aos meados do século 20 (onde também leu Literatura e História Grega e Romana em inglês, francês, espanhol e italiano desde jovem). Ao ingressar na universidade, Brochado já era servidor público federal, datilógrafo do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis (DNPV), onde trabalhou dos 20 aos 29 anos. Nesse período, como autodidata em busca de subsídios científicos para suas atividades amadoras, leu na Biblioteca Riograndense obras de Arqueologia e Etnologia sobre o Brasil, Argentina e Uruguai e outros lugares, com foco direcionado para a Região Sul do Brasil. O resultado das leituras apareceu na monografia Arqueologia descritiva das jazidas páleo-etnográficas da Região Sul do Brasil, concluída em 1961 e impressa no ano seguinte, em edição limitada, pela Faculdade Católica Sul-Riograndense de Pelotas, atual PUC de Pelotas (Brochado, 1962). Em 1960, ingressou no curso de História da Faculdade Católica de Pelotas, mantendo seu trabalho no DNPV e viajando 100 km diariamente para estudar. No início de 1962 foi para Porto Alegre, ingressando na Universidade do Rio Grande do Sul, atual Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para continuar a graduação, e transferindo-se para o escritório do DNPV na capital gaúcha, onde trabalhou até 1967. A experiência de campo e o conhecimento da bibliografia, aliadas a uma eloquência erudita e descontraída, atraíram a atenção do jovem catedrático, então um arqueólogo amador em via de profissionalização, Pedro Inácio Schmitz, que promoveu Brochado, ainda graduando, a instrutor de ensino da cátedra de Etnologia.
(...)
A vida acadêmica de Brochado teve três fases importantes. Primeiro temos a transição da prática amadora para a formação acadêmica. O amador autodidata que elaborou uma monografia supreendente, se comparada aos textos brasileiros publicados no começo da década de 1960, que mudou de cidade em busca de uma formação melhor e acaba aceito pelo jovem catedrático e passa a lecionar na melhor instituição da sua região. A seguir a possibilidade de ir mais adiante, com a oferta de uma posição como pesquisador de um grande projeto liderado por dois eminentes arqueólogos, na melhor oportunidade de pesquisa da época. Depois, mudando novamente o rumo, passando a pesquisar e militar no campo do “adversário”, em um momento em que a polarização marcava a vida acadêmica e política no Brasil. As mudanças intelectuais, totalmente gravadas nas suas publicações, são a demonstração da mais genuína vocação científica, da contínua busca pelo aperfeiçoamento, da marca indelével de um pesquisador de ponta. O seu maior feito foi transcender o contexto paroquial que dominava o meio acadêmico brasileiro nas décadas de 70 e 80, deixando fluir para o texto uma série de hipóteses e teorias à frente do seu tempo, à margem das perspectivas dominantes. Brochado teve o mérito de rever e reordenar o que já existia, de propor um novo quadro orgânico para os processos que resultaram nas sociedades ceramistas do leste da América do Sul, e de introduzir uma perspectiva que procurava os meios para estabelecer a continuidade entre os contextos arqueológicos e culturais. Mesmo que novas pesquisas modifiquem profundamente suas proposições, com requer o avanço da Ciência, Brochado entra para a História da Arqueologia como uma personagem que elaborou uma sólida teoria do processo de ocupação do leste da América do Sul pelas sociedades ceramistas, e que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento de métodos para a compreensão dos estilos tecnológicos e da funcionalidade das cerâmicas Guarani e Tupinambá. Estes dois feitos, dentre os vários temas que ele pesquisou e obteve resultados em sua longa carreira, deixariam qualquer arqueólogo profissional com o sentimento do dever cumprido".
Endereço de acesso ao livro: 
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/os_ceramistas_tupiguarani_vol1_sinteses_regionais.pdf

domingo, 26 de fevereiro de 2023

CHUVA DE VERÃO

 

Laranjal, 25-02-2023. 

Laranjal, 25-02-2023. Fotografias: Luiz Henrique Torres. 

O tempo mudou rapidamente no Laranjal neste sábado por volta de 13h. O vento chegou com intensidade e garantiu o sumiço nas ruas em poucos minutos. A chuva de curta duração também se estendeu até Rio Grande. 

Na parte da tarde Rio Grande recebeu a segunda instabilidade do dia que despejou por curto período alguns dadivosos milímetros de chuva. 

Foi apenas uma pitada de esperança nesta persistente estiagem. Provou que a torneira dos céus não está totalmente lacrada. 

Rio Grande, 25-02-2023, 16h. Vento intenso despenteou a palmeira. 

Rio Grande, 25-02-2023. 




VAPOR ITALIANO

http://memoria.bn.br

 
Anúncio no Almanak Laemmert para 1891 divulga a empresa La Veloce - navigacione italiana. Possuíam oito vapores que cruzavam o Mediterrâneo e o Oceano Atlântico trazendo imigrantes para as Américas. 

Entre 1884 a 1893 510 mil italianos chegaram ao Brasil. 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

SANTA MARIA EM 1914

Acervo: http://memoria.bn.br/pdf/313394/per313394_1914_B00070.pdf

 






Estas três fotografias foram publicadas no Almanak Laemmert para 1914. 

Neste ano, a estimativa de população do município de Santa Maria era de 42 mil habitantes. Na cidade viviam apenas 13 mil pessoas. 

O município de Santa Maria compreendia Porteirinha S. Pedro, Colônia Silveira Martins, Arroio do Só e São Martinho. 

Atualmente o município possui 296 mil habitantes e 95% vivem no centro urbano. 


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

IGREJA DO CARMO

 

Fotografias: Luiz Henrique Torres. 



Alguns detalhes da Igreja do Carmo, inaugurada em 1938, na cidade do Rio Grande. 

A arquitetura neogótica do prédio religioso teve por inspiração a Igreja de Burgos construída na Espanha no século XIII.

ESTIAGEM 2023

 

A estiagem no município do Rio Grande parece não ter fim! 

O município decretou situação de emergência e já teve perdas superiores a R$45 milhões. Pecuária leiteira, de corte, milho (perdeu mais de 60% da área plantada) são algumas das atividades mais atingidas. O baixo nível da Lagoa dos Patos tem prejudicado o trabalho dos pescadores no acesso das embarcações nos valos. 

No Estado do Rio Grande do Sul a estiagem já provocou prejuízos de R$12 bilhões. 

É o terceiro ano seguido de La Niña e as chuvas tem sido escassas. Entre a primavera e especialmente no verão as chuvas tem sido insignificantes. 

Áreas alagadiças estão secando como se observa nestas fotografias obtidas junto as áreas alagadas que existem na margem do Canal da Corsan (altura do Corredor dos Pinheiros). 

Até "a vaca ir para o brejo" está difícil pois o brejo secou na maioria das áreas. 

Locais onde a profundidade era de 1 metro a 1,5 metros está seco ou com uma lamina de água com poucos centímetros. Os peixes morreram por falta de oxigênio ou devorados pelas aves que que facilmente os pegam. 

Estas fotografias do dia 23 de fevereiro de 2023 evidenciam um pouco deste cenário. 


Fotografias: Luiz Henrique Torres. 











quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

LOBO EM PELE DE CORDEIRO

 

Acervo: http://latin.bestmoodle.net/media/wolfsheepsclothingbarlow.jpg

A xilogravura de Francis Barlow (1687) mostra um lobo que foi enforcado pelos aldeões. Ele ainda está usando uma pele de ovelha. 

A primeira referência a expressão "lobo com pele de cordeiro" está na Bíblia, no Novo Testamento: "Cuidado com os falsos profetas, que vem até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores" (Mateus, 7:15). Ou seja, não acredite apenas nas palavras mas foque na coerência das ações. 

A primeira fábula com este tema remete ao século XII escrita pelo grego Nicéforo. Trata de um lobo que se disfarça de cordeiro para devorar os outros cordeiros. O lobo é malfeitor e hipócrita! 

No século XV o italiano Lourenço Abstêmio escreve uma versão desta fábula: "um lobo, vestido em pele de carneiro, misturou-se com o rebanho de ovelhas e a cada dia, matava uma das ovelhas. Quando o pastor notou que isso estava acontecendo, ele enforcou o lobo em uma árvore muito alta. Os outros pastores perguntaram por que ele tinha enforcado uma ovelha, a que o pastor respondeu: A pele é de uma ovelha, mas as ações eram as de um lobo". 

Desde a antiguidade greco-romano (certamente antes) os lobos se tornaram um problema para as sociedades que se dedicam ao pastoreio. Uma mitologia mais ampla se criou e,  inclusive os humanos, se transformavam em lobos: eram os lobisomens. 

A relação com os lobos se tornou tensa e a história de chapeuzinho vermelho evidenciava o medo das pessoas (ainda mais crianças e adolescentes) de serem devorados pelos famintos frequentadores dos bosques medievais e da Idade Moderna. 

Compreendo o que significa o "lobo em pele de cordeiro" e não entendo o que seria um "cordero con piel de lobo". 

Este Malbec de Mendoza é uma preciosidade que instigou a reflexão, porém, não interpretei o que se buscou dizer no rótulo. 

Se o lobo só traz o temor, um cordeiro que se veste como lobo tem a alma deste último.  Deseja ser temido e esconder sua fragilidade. O recurso faz com que ele seja uma dupla farsa: enquanto lobo e enquanto cordeiro. Eis uma questão filosófica... 



CINEMA RIO BRANCO

 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Entre os inúmeros Cinemas e casas de espetáculos que funcionaram em Rio Grande, teve destaque, em 1913, o "Cinema Rio Branco". O estabelecimento foi inaugurado em 1912 e seu nome foi dado em homenagem ao Barão de Rio Branco.

O anúncio do jornal Echo do Sul do dia 15 de março de 1913 possibilita conhecer alguns detalhes deste "centro de diversão para frequência exclusiva das exmas. famílias". 

Cinema era muitas vezes uma chamada que além da projeção de filmes também oferecia performances de artistas, apresentações teatrais, shows musicais etc. As sessões iniciavam às 18 horas e se estendiam até às 23 horas. 

Em que local funcionava? A entrada do "Cinema Rio Branco" ficava na Rua Marechal Floriano e a saída era pelo Beco do Afonso. Possivelmente, era um dos prédios na esquina entre estas duas ruas. 



O cartão-postal com datação hipotética de 1905-1907 mostra -no lado direito -, a esquina das ruas Marechal Floriano (onde está o trilho do bonde urbano) com o Beco do Afonso. O "Cinema Rio Branco" só ocupou um dos prédios da esquina a partir de 1912. 

*Curiosidade: o Beco do Afonso é a denominação de logradouro mais antiga ainda utilizada na cidade. Já estava no mapa urbano de 1829. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

BAZAR FRANCÊS

Echo do Sul, 7-7-1922. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 

No ano do centenário da Independência do Brasil estavam atuando em Rio Grande estas duas casas comerciais. 

O Bazar Francês, que recebia seus produtos da "Alemanha" comercializava de louças a brinquedos. 

A Pêndula Rio-Grandense era uma casa radicada na cidade desde o século XIX e atuava com ouriversaria e relojoaria. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

CASSINO em 1912

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

A cobertura de eventos sociais ocorridos no Cassino era um espaço recorrente na imprensa de Rio Grande e Pelotas. 

O Intransigente (de Rio Grande) do dia 5 de março de 1912 faz referência a queima de fogos de artifício e a não realização de um baile infantil. Os bailes adultos já eram uma atração que conduzia integrantes das elites de Rio Grande e Pelotas para o Balneário Cassino. 

O jornal também informa que iria trafegar um novo vagão de passageiros iluminado por luz elétrica. Esta era uma novidade para a época, pois, se usava lampiões ou velas para iluminar o trem a noite. 

Outra informação é está surgindo a ideia de construir uma nova estação ferroviária no Cassino. A original era muito precária e não garantia conforto aos usuários. O embrião para o surgimento da estação que hoje está edificada no Cassino surgiu neste período. 
 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

SAHARET

Echo do Sul, 5-4-1913. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 

O filme com a dançarina australiana Saharet (1878-1964) "Na Prisão Dourada" (1912) estreou em Rio Grande no Cinema Rio Branco no dia 7 de abril de 1913. Saharet atuou como atriz e dançarina em sete filmes. Neste ano de 1913 ela se casou com um  banqueiro e milionário americano que era obcecado por ela. A exigência era dela largar a vida artística. O resultado foi o casamento ter durado apenas quatro dias. 

https://live.staticflickr.com/5598/15609916192_754cf798b9_b.jpg


Jornal do Commercio, Manaus, 14-3-1913. Acervo: http://memoria.bn.br


domingo, 19 de fevereiro de 2023

TREM PARA O CASSINO



Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 

O Intransigente do dia 12 de abril de 1912 faz críticas a Viação Férrea que era a responsável pelos deslocamento dos trens até o Balneário Cassino. 

A mudança no horários dos trens foi recebida com indignação pelos moradores. O argumento da empresa era de que o novo horário contemplava o recolhimento do leite que era levado pelos produtores para embarque nas estações Bolaxa, Senandes e Vieira, seguindo com o trem para entrega na cidade.  

sábado, 18 de fevereiro de 2023

CARNAVAL MARAGATO

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 

No dia 19 de fevereiro de 1912, no contexto do carnaval, o jornal O Intransigente que era um veículo em Rio Grande do Partido Republicano Rio-Grandense, publica uma matéria ironizando os maragatos (federalistas que eram opositores do governo de Borges de Medeiros). Os confrontos verbais eram ácidos e por vezes jocosos, como neste caso. 

Este clima de acirramento não era ficção: entre 1893-1895 os republicanos castilhistas lutaram contra os federalistas, na "revolução da degola". Voltariam a se enfrentar numa guerra, chimangos versos maragatos, no ano de 1923.  

O versinho criado para debochar de integrantes do Partido Federalista (maragatos) faz referência ao Zé Pereira, um personagem difundido no Brasil desde meados do século XIX e que pode ter tido origem no mesmo período em Portugal. Zé Pereira se refere a um carnaval de rua desorganizado e espontâneo, valendo a bagunça e a espontaneidade dos foliões desafinados. Nesta época em que se buscava disciplinar o carnaval, é uma referência a uma prática carnavalesca de baixo nível.   

CARNAVAL - GRUPO ARARA

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

 

O Intransigente de 8 de março de 1912 noticia que já havia sido escolhida a nova rainha para representar o Grupo Carnavalesco Arara no carnaval de 1913. 

A expectativa era a inauguração do prédio do Clube Caixeiral para realizar o coroamento da nova rainha. 

O Grupo Arara foi um dos mais tradicionais e elitizados do carnaval da cidade do Rio Grande.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

FRENTE FRIA DE FEVEREIRO

Fotografia: Luiz Henrique Torres. 

 

Depois de derreter no início desta semana vamos congelar ao final dela!

Praia do Cassino no dia 17 de fevereiro com mar revolto e fortes rajadas de vento sul. A frente fria está ingressando com furor como se estivéssemos no outono ou no inverno. Na Província de Buenos Aires chegou a nevar no Cerro Três Picos. Somente documentando para acreditar... 

CLUBE CAIXEIRAL

 

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

Na primeira observação visual pensei que era um urubu pela flexibilidade do pescoço. O bom senso fez pensar que não é comum ver esta ave de rapina no centro da cidade. 

A fotografia sugere outra ave mesmo que não consegui uma identificação, pois, não sou um ornitólogo. 

Porém a impressão é que o Deus do Comércio Hermes (mitologia grega) ou "Mercúrio" (mitologia romana), em meio as ruínas do Clube Caixeiral, será a próxima refeição do carniçal.

 Hermes/Mercúrio está resistindo no frontispício do prédio desde a sua inauguração em 1912. 

Passados 111 anos ele sabe que a fachada aos seus pés está cansada demais para segurá-lo. 

BROMBERG E OS LAMPIÕES

 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 


Neste anúncio do Echo do Sul de 23 de abril de 1913 são vários os modelos de lampiões que estão à venda na loja Bromberg em Rio Grande. 

Os lampiões eram essenciais para a iluminação das casas até surgir o fornecimento de luz elétrica nas cidades. Isto ocorreu lentamente a partir dos primórdios dos 1900, no caso do Rio Grande do Sul. Porém, muitas áreas urbanas e, especialmente, na zona rural, a luz elétrica demorou ainda muito mais tempo para chegar. 

Além da produção de luminosidade os lampiões eram verdadeiras obras-primas com design sofisticados e, por vezes, com inspiração na antiguidade greco-romana. Ao lado da funcionalidade se buscava a ornamentação das residências.   

Os livros escritos por intelectuais como Goethe, Hegel, Darwin ou Nietzsche tiveram a companhia de lampiões ou candelabros. Parte da inteligência humana se constituiu a partir da luz tênue dos lampiões projetada no papel onde deslizava o "bico de pena" com as ideias de um escritor.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

AS DUAS CIDADES NA LAGOA DOS PATOS

Fotografia: Luiz Henrique Torres. 
 

Três cenários se destacam nesta fotografia: em primeiro plano detalhe da Igreja do Carmo em Rio Grande; a lancha de passageiros fazendo a travessia da Lagoa dos Patos no sentido Rio Grande-São José do Norte; e ao fundo o perfil da área portuária da cidade de São José do Norte com o destaque para as torres da Igreja Matriz. 

LIVRARIA AMERICANA

 

Etiqueta em obra de 1892. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

As livrarias foram essenciais para a publicação e difusão de obras literárias, técnicas ou das mais diferentes áreas ou assuntos. 

A Livraria Americana foi uma das mais destacadas do Rio Grande do Sul atuando em Pelotas a partir de 1871, com filiais em Porto Alegre (1879) e Rio Grande (1885).

Um dos trabalhos editoriais da Livraria Americana era as etiquetas de divulgação da própria empresa que eram colados nos livros ou revistas. 

Aqui reproduzidas estão algumas etiquetas que estavam afixadas em almanaques franceses da década de 1890. A garimpagem foi feita no acervo da Biblioteca Rio-Grandense.  

A Livraria Americana marcou época e deixou inúmeros vestígios materiais de sua passagem. 

Etiqueta em obra de 1894. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Etiqueta em obra de 1898. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Etiqueta em obra de 1896. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

LAURO CALLIARI

 No jornal Agora coluna Memória & História (2018) publiquei uma matéria sobre a viagem do navio oceanográfico Almirante Saldanha no mês de abril de 1973. Um dos estudantes do Curso de Oceanologia que estavam a bordo era Lauro Calliari.

 Algumas semanas depois da publicação encontrei o professor Calliari na saída de uma reunião na FURG e ele comentou da satisfação em ter recordado a sua trajetória inicial nas pesquisas oceanográficas. 

Já em 1976 ele se tornara docente do Curso de Oceanologia e teve uma carreira brilhante que me desperta o maior respeito e admiração. Com tristeza recebo a notícia do seu passamento neste dia 15 de fevereiro de 2023. Ele será sempre um grande profissional, pesquisador e professor. E será lembrado no que ele agora se converteu: Memória & História. 

 Segue abaixo a matéria "Os Primórdios da Oceanologia" publicada no ano de 2018:


"O jornal “Folha da Tarde” (Porto Alegre) do dia 11 de abril de 1973 publicou uma matéria de cinco páginas com a cobertura de uma viagem de pesquisa realizada no navio Oceanográfico Almirante Saldanha (Marinha do Brasil). Pesquisadores a bordo realizavam pesquisas de biologia e geologia da costa litorânea do Rio Grande do Sul. Os repórteres do jornal cobriram parte destas atividades científicas e divulgaram ao público rio-grandense temas relativamente desconhecidos. O interessante é que a bordo do navio, além de pesquisadores de outras cidades brasileiras, estavam estudantes do Curso de Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande que se destacariam nas décadas seguintes como profissionais conceituados neste campo do conhecimento. Eles eram integrantes da primeira turma do primeiro Curso de Oceanografia criado em todo o Brasil. 
Um dos estudantes citado e entrevistado pelo jornal “Folha da Tarde” ainda está na ativa: é o colega da FURG professor Lauro Julio Calliari. O tempo é repleto de experiências e a matéria do periódico é um depositório de memórias.








CASSINO EM 1913

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 O anúncio publicado no Echo do Sul do dia 19 de março de 1913 é um chamamento aos "viajantes" para conhecer o Balneário Cassino. 

Conforme o texto "mesmo de passagem, recomenda-se visitar a mais bela praia balnear na costa do mar grosso distante 20 quilômetros da cidade do Rio Grande, notável pela vegetação que ali se admira nas pitorescas quintas frutíferas e arborização frondosa". 

E continua: "ide gozar o ar puro do campo e o tonificante do mar. Hotel de primeira classe com 140 quartos, a preços inferiores aos dos melhores do Estado. As refeições são acompanhadas de excelente orquestra. Muitas atrações, jogos e divertimentos".

Na sequência estavam os horários de trem ligando Rio Grande ao Cassino.  

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

NAVEGAÇÃO NA LAGOA DOS PATOS

Jornal Echo do Sul, 19 de fevereiro de 1937. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Antes das estradas de rodagem assumirem o controle do fluxo de passageiros e mercadorias entre Rio Grande e Porto Alegre, o meio de transporte utilizado era as embarcações que conduziam "passageiros, cargas e encomendas entre os portos de Rio Grande, Porto Alegre e Pelotas". 

Na década de 1930 a Sociedade de Navegação Cruzeiro do Sul se destacava realizando duas viagens por semana entre Rio Grande e Porto Alegre. O "Jenny Naval" marcou época pelo conforto na viagem de 250 quilômetros pela Lagoa dos Patos.