Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

terça-feira, 22 de setembro de 2020

PELOTA

 

Hermann Wendroth, 1852. Acervo: Autor. 



Wendroth registrou, em dois momentos, uma das formas de atravessar os cursos de água: a pelota. As imagens remetem ao ano de 1852. 

Os dois desenhos realizados em locais diferentes, demonstra que o meio de transporte fluvial chamou a atenção do viajante alemão. Nos dois registros a pelota é utilizada por “bugres” um termo mais difundido no centro para o norte do Rio Grande do Sul. Não há indicação do local onde foram obtidas as imagens, mas, pode ter sido registrada quando de sua viagem ao planalto. Isto evidencia a difusão deste utensílio entre diferentes grupos indígenas e também sua utilização pelos europeus. 

Um exemplo, e talvez um dos mais antigos, foi feito no diário do Ten. General Heinrich Böhn em 1776. O Comandante do Exército do Sul em luta contra os espanhóis, descreveu a travessia do Arroio Taim (a 70 km de Rio Grande) utilizando uma “pelota”. O seu uso na região sul (para cruzar o Canal São Gonçalo e outros arroios) deixou o seu legado no nome da cidade de “Pelotas”. O mais importante escoadouro da produção charqueadora desta cidade desde o século XVIII foi o “Arroio Pelotas”. A pelota antes de virar sinônimo de bola de futebol era de fato uma embarcação primitiva. 

Mas um dos melhores relatos foi deixado pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, no ano de 1820: “Ao nascer do dia, começamos a descarregar a carroça, e minhas bagagens passaram para uma piroga improvisada, tão em uso na Capitania de Montevidéu e de Rio Grande, onde não há ponte. A pelota, nome dado a estas pirogas, é simplesmente um couro cru ligado nas quatro pontas e que, desse modo, forma um barco que se pode confundir, pela aparência, com as sacolas de papel onde se põem biscoitos. Enche-se a pelota de objetos, ata-se nela uma corda ou tira de couro; um homem, a nado, prende a corda entre os dentes e faz passar assim a piroga. Para facilitar o trabalho, meus homens estenderam uma corda de um lado a outro do rio, com a intenção de ajudá-los na travessia a nado. Eu mesmo atravessei o rio sentado numa pelota e cheguei felizmente à outra margem, bem como as minhas bagagens e a carroça"

H. Wendroth, Bugres na travessia de rio em couro de boi ou de tapir (anta). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário