LEPAGE, Emmanuel (roteiro e arte). Primavera em Tchernóbil. Barueri: Novo Século Editora, 33 x 23cm, capa dura, couchet, p. 168, julho de 2020.
Resenha da Novo Século Editora:
"O mundo seguiu seu curso, mas muitas pessoas ficaram para trás. Descubra o que aconteceu com elas neste documentário em quadrinhos sobre tragédia e morte, pessoas e terra. E sobre o que resta depois de um desastre.
26 de abril de 1986.
Os quadrinhos franceses continuam me surpreendendo!
Tive a satisfação de conhecer Emmanuel Lepage na HQ Primavera em Tchernóbil. Apresentação gráfica e formato que são só elogios. Desenho e roteiro espetaculares!
Os tons sépias vão se colorizando ao longo da história e se faz a inversão: do fantasmagórico e chuvoso do início ocorre uma explosão de cores das naturezas em seu final.
O texto é um relato em primeira pessoa e pontuado por reflexões existenciais: o megaevento de Tchernóbil caminha junto com a busca de sentidos da trajetória humana, de desconstruções e construções.
Lepage trabalha com a ambiguidade dos rostos da morte e da vida frente a um mal não visível a olho nu e que a natureza reciclou mas não anulou a letalidade. Mas onde está este mal se a paisagem se recria constantemente?
A máscara utilizada para o defesa contra o "mal invisível da radiação" faz lembrar da nossa situação atual em que o "mal invisível do vírus" nos envolve e traz a apreensão frente ao potencial de perigo.
Numa passagem o roteirista reflete: "A beleza radiante do lugar? A expressão não seria inapropriada, inconveniente, indecente até, para falar de Tchernóbil? Beleza radiante? Mas... eu fui encarregado por uma associação de testemunhar a catástrofe... Beleza radiante? Achei que vinha roçar o perigo, a morte... e a vida se impõe sobre mim!
Publicado na França em 2012 e no Brasil em 2020, considero que estamos diante de um clássico das HQs.
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