Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

terça-feira, 31 de outubro de 2023

LIVROS E MATERIAL ESCOLAR EM 1905

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1905. http://memoria.bn.br

O mercado de livros para "instrução primária e secundária" já estava agitado neste ano de 1905 como se constata neste anúncio da Livraria Americana. Era uma conclamação aos "Chefes de Família, aos Diretores de Colégios e aos encarregados de alunos" de que adquiririam o material bibliográfico com "as maiores vantagens". No presente os livros didáticos são dos melhores mercados de vendas de livros no Brasil. Virou política de Estado. 

Outra área de consumo que atualmente se mantém é a de material escolar. Na época era a venda de lousas (quadro portátil feito com pedra polida de ardósia e a escrita era feita com caneta de pedra de ardósia), réguas, penas, canetas etc. 

O ensino básico se tornou obrigatório no Brasil com a Constituição de 1934. Somente a Constituição de 1967 é que explicita a faixa etária destinada ao ensino básico: "dos 7 aos 14 anos sendo obrigatório e gratuito nos estabelecimentos primários oficiais". 
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

MOINHO RIO-GRANDENSE (1903)

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O Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1903 publicou um anúncio de uma empresa de destaque na cidade do Rio Grande dos primórdios do século XX: o Moinho Rio-Grandense de Albino & C. 

Era uma fábrica à vapor de farinha de trigo. A dependência da compra de trigo da Argentina pelo Brasil, realidade da época, se mantém até o presente. A expectativa no início de 2023 é o Brasil colher entre 8,4 a 11 milhões de toneladas de trigo. Porém, o consumo é de 12,75 milhões de toneladas exigindo comprar o que falta no exterior. A Argentina tem sido o principal parceiro secular no fornecimento do trigo, uma cultura que depende de clima temperado (Subtropical nos estados do Sul do Brasil) o que inviabiliza a autossuficiência brasileira (maior parte do país tem um clima Tropical). 

Interessante observar que a empresa de Albino Cunha, fundada em 1894, dependia amplamente do trigo argentino e se instalou nas proximidades do Porto do Rio Grande para o recebimento deste produto por modal marítimo. No grande moinho construído na Rua Dr. Pio era moído o trigo, embalado e distribuído em parte do Rio Grande do Sul. No Censo de 1907 aparece como a trigésima terceira empresa brasileira em valor de produção. Em 1916, em Porto Alegre, surgiu uma filial do Moinho Rio-Grandense.  

Diferentes marcas, referentes as características de moagem e qualidade do produto, marcaram época no Rio Grande do Sul: Flor Extra, Primor, Eclipse, Coqueiro, Centeirina (farinha de centeio?), Rolão, Farelo Fino e Farelo. 

Ainda faz parte do anúncio a conclamação aos Agricultores que compravam qualquer quantidade de trigo após examinada a qualidade das amostras. Também orientavam sobre o plantio de trigo e forneciam sementes. Ou seja, a Albino & C, buscou fomentar o cultura do trigo no Rio Grande do Sul. 

Guia Bemporat para 1908. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

domingo, 29 de outubro de 2023

BROMBERG MÁQUINAS EM 1911

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 A Secção de Máquinas da Bromberg & C., estavam localizadas em Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. A Secção  tinha representantes no Brasil das mais importantes fábricas da Europa e da América. 

Como mostra a imagem, era possível adquirir até uma locomotiva. Porém, seria preciso muito dinheiro. 

O anúncio foi publicado no Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1911

sábado, 28 de outubro de 2023

CARNAVAL NO CASSINO (1897)

 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Diário do Rio Grande do dia 28 de fevereiro de 1897 publicou a programação do Carnaval do Cassino. 

A "Estação Balnear do Casino" elaborou em detalhes a  programação principal que atraiu um grande público ao Carnaval. A cobertura jornalística nos dias seguintes, destacaram o sucesso e a animação dos foliões. 

O evento inicial foi uma Batalha das Flores na Avenida Rio Grande que seguiu uma série de etapas para dar vivas ao carnaval de 1897. 

O detalhamento da "Batalha" torna este documento diferenciado e com uma teatralidade pomposa inclusive utilizando a melodia da ópera de Verdi Aída na marcha. O lema é "o progresso Casinense" em que estariam irmanados "a aliança dos povos porto-alegrense, pelotense, rio-grandense e bolaxista" (do Bolaxa). Veranistas de Porto Alegre e Pelotas prestigiavam a mais elitizada praia do Rio Grande do Sul, sendo a única com infraestrutura para a prática dos banhos de mar medicinal. 

Em relação a Batalha das Flores, sua origem está na cidade francesa de Nice desde 1876 e chegou ao Brasil em 1888 em Petrópolis. Em Pelotas, há registro desde 1895. Talvez esta seja a primeira experiência realizada em Rio Grande. Certamente, a primeira ocorrida numa praia gaúcha. 


sexta-feira, 27 de outubro de 2023

FRAEB,NIECKELE & CIA (1904)

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1904. https://memoria.bn.br

 Fraeb, Nieckele & Cia. atuava com importação de fazendas, molhados, sal, produtos alemães etc. Exportava couros, cabelo, lã, fumo cera, feijão, farinha, erva-mate etc. Este amplo espectro de produtos de importação e exportação a tornaram uma das empresas mais fortes a atuar neste ramo. 

A primeira empresa Fraeb foi fundada em 1820 na cidade do Rio Grande e acompanhou a evolução do comércio de importação e exportação pelo Porto do Rio Grande. Persistiu em funcionamento até o início da II Guerra Mundial. 

FOTÓGRAFO VIRGILIO CALEGARI (1904)

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Atelier Photographico de Virgilio Calegari é um dos mais importantes para a escrita da história da fotografia no Rio Grande do Sul. 

Neste anúncio do Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1904 o Atelier estava estabelecido na Rua dos Andradas, 171, Porto Alegre. 

Na Exposição Estadual de 1901, realizada em Porto Alegre, recebeu Medalha de Ouro em seu campo de atuação. 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

MANUAL DO DR. HUMPHREYS (1899)

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O Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1899 publicou este anúncio da Maravilha Curativa do Dr. Humphreys de Nova Iorque. 

No final da lista das enfermidades que poderiam ser curadas está uma informação sobre o famoso Manual do Dr. Humphreys. Constava a edição portuguesa de 1899 de 144 páginas com conselhos sobre todas as enfermidades. Seria dado gratuitamente e enviado pelo correio também sem precisar enviar o selo.  Hoje seria um documento relevante a ser consultado para estudos de homeopatia. 

O Depósito ficava em Pelotas na empresa Eston & Fagundes.

Abaixo o sumário de um Manual do Dr. Humphreys de 1898 publicado nos Estados Unidos com 98 páginas. 

https://wellcomecollection.org/works/vfsdxgsf/items


Abaixo a capa e contracapa da edição norte-americana de 1899 com 144 páginas. Terá sido mantido o mesmo padrão de edição no Brasil?

https://collections.nlm.nih.gov/bookviewer?PID=nlm:nlmuid-101195932-bk
 
https://collections.nlm.nih.gov/bookviewer?PID=nlm:nlmuid-101195932-bk

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

LEAL, SANTOS E A BOLACHA MARIA (1899)

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Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1899. 

 Leal, Santos & Wald completando dez anos na cidade do Rio Grande. 

Estava localizada na Rua Aquidaban onde construiu sua "Fábrica a vapor de bolachas e biscoutos". Entre as especialidades de bolachas estão: Maria, Alberto, Água e Sal e Cracknell. 

Uma das bolachas mais vendidas era a Maria que foi lançada em 1874 por um padeiro inglês para comemorar o casamento da grã-duquesa Maria Alexandrovna da Rússia com o Duque de Edimburg. A bolacha fez sucesso fora da Inglaterra, inicialmente, em Portugal e na Espanha. 

Como a Leal, Santos era uma empresa de raízes portuguesas esta pode ter sido a inspiração para o lançamento pela empresa. Mas terá a bolacha Maria sido lançada no Brasil pela Leal, Santos ou já era produzida por outras fábricas ou em padarias?

terça-feira, 24 de outubro de 2023

MALEFÍCIOS DO TABACO (1903)

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Anúncios no Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1903

Fábrica de Fumos e Cigarros Aliança disputava o mercado acirrado que tomou um grande impulso no Brasil desde o início de 1900. Proliferaram as fábricas que processavam o tabaco e o cinema será o grande canalizador da cultura de fumar como essencial para afirmação e construção da personalidade. 

Basicamente a propaganda do fumo, ao longo do século XX, enfatizou que fumar fazia bem para a saúde mesmo que as evidências já demonstrassem o contrário. Somente em 1953, cientificamente, se provou os malefícios do fumo pelo seu potencial cancerígeno e promotor de problemas respiratórios. Atualmente, a Organização Mundial de Saúde considera o tabaco como o maior causador de mortes evitáveis no mundo. 

FUMO MARCA S. MIGUEL (1903)

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Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1903 traz o anúncio da Manufatura de Fumos S. Miguel. Fumos em latas e pacotes. Cigarros de papel e palha. 

O endereço é na Rua Dr. Pio, proximidades da Capitania dos Portos, num período em que a área ainda está repleta de alagamentos na Ilha do Ladino, ou, sendo mais específico num recorte espacial, na área da Macega.  

O aterramento de toda área somente ocorreu a partir de 1908 com a criação da Companhia Francesa do Porto do Rio Grande. Com a inauguração do Porto Novo em 1915 da antiga Ilha do Ladina havia aterrada.  
 

FÁBRICA DE FUMOS ALLIANÇA

 

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No Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1907 são anunciadas duas empresas sediadas na cidade do Rio Grande.

Portugal, Mattos & C. atuando com Exportação e Importação com armazém e depósito na Francisco Campello n. 10. 

A Fábrica de Fumos e Cigarros Alliança de Miguel José de Araújo e Comp. estabelecida na Rua Riachuelo n.3. Esta fumageira atuava com as marcas: Mensageiros, Caçadores e Havanezes. 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

RELÓGIO GLADIATOR

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Anúncio no Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1907 traz o relógio de precisão "Gladiator" que conciliava solidez, elegância e regulamento perfeito. 

A empresa Em. & Ed. Aaron era a responsável pela importação com endereços em Porto Alegre e em Rio Grande. 

POOCK E PÊGAS

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 No Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1905 estão presentes na mesma página duas empresas da cidade do Rio Grande que vinham utilizando este espaço publicitário editado pela Livraria Americana cuja tiragem era de 20.000 exemplares por ano. 

É a Fábrica de Charutos Poock que em 1905 já contava com uma filial na cidade de Cachoeira na Bahia. E a Loja do Pêgas, Luso-brasileira de Antonio Pereira Pêgas. 

domingo, 22 de outubro de 2023

TINTA AMERICANA (1904)


Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1904. https://memoria.bn.br



Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1904. https://memoria.bn.br

A Grande Fábrica da Tinta Americana de Lopes & Faral funcionou na cidade do Rio Grande e foi premiada na Exposição do Rio Grande do Sul de 1901. 

Numa época em que a caneta era adaptada ao tinteiro, a Tinta Americana se considerava superior a todas as tintas brasileiras e concorria com as melhores do mundo que eram as inglesas. Porém, eram muito mais baratas. 

Lopes & Faral eram droguistas ou farmacêuticos e além de manipulação de medicamentos, encontraram um ótimo mercado produzindo artesanalmente esta Tinta Americana

LEMBRANÇA DE SANTA CRUZ DO SUL

https://www.levyleiloeiro.com.br/
 

Cartão-postal mostrando o "Estabelecimento hydro-therapeutico Kämpf". 

É um Gruss aus, Lembrança de Santa Cruz (do Sul). 

Possivelmente, seja o cartão-postal mais antigo de Santa Cruz do Sul. Foi editado em Leipzig por Regel & Krug (editores estabelecidos em Leipzig, Kohlgartenstr 57 (1895- 1898), depois mudou-se para Leipzig-Reudnitz, Comeniusstr em 1907. Em 1899 haviam lançado o cartão número 1.025 e o cartão de Santa Cruz é o 2.323. Estes editores estavam lançando cerca novos 500 cartões por ano. 

A seguir um exemplo de cartão Gruss aus dos editores Regel & Krug com data de 12-03-1899 e número 1025. 

https://www.ebay.com/

A datação hipotética é 1902 devido a elementos materiais na paisagem, características dos editores e devido ao estilo de cartão Gruss aus clássico de aparecimento no Brasil entre 1897-1902.  

O médico alemão Carl Hermann Eduard Käempf (nasceu em Leipzig, Alemanha, em 1859) inaugurou o estabelecimento em 15 de novembro de 1889 numa área de 45 hectares na saída de Santa Cruz para Rio Pardinho e Sinimbu. Construiu uma casa de alvenaria para sua família residir e outra casa para atendimento de pacientes no Natur-Heilanstalt Santa Cruz (Hospital de Cura Natural Santa Cruz). O Dr. Käempf realizava  terapia de banhos quentes e frios, banhos de sol e de vapor, assim como massagens e dieta vegetariana. A ampla área natural no entorno do sanatório era utilizada para recuperação dos pacientes.

Em 12 de novembro de 1895 foi inaugurado um novo prédio para atendimento com dois andares.  Este é o cenário que observamos na imagem em que o prédio de dois pisos já está construído garantindo que a imagem não seja anterior ao final de 1895. Em 1910 mais uma construção de dois pisos foi erguida. Não está na paisagem evidenciando que o cartão é anterior a este último ano. Como já havíamos identificado a possível datação do cartão devido a presença de informações dos editores, o georreferenciamento das materialidades do cartão foram confirmadas, ou seja, não ocorreram contradições. 

sábado, 21 de outubro de 2023

LEAL, SANTOS & C. EM 1905

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1905. http://memoria.bn.br
 

No ano de 1905 a Leal, Santos & C. continua em ascensão no mercado nacional se auto-intitulando a maior fábrica do Brasil no ramo de bolachas, biscoitos e conservas. 

BROMBERG & C. ENGENHEIROS

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1911. http://memoria.bn.br


 Bromberg & C. em suas casas em Hamburgo (matriz), Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas, disponibilizava engenheiros, contratantes, empreiteiros e construtores. Além da mão-de-obra estava garantido o recebimento do material para construção industrial, comercial, agrícola ou residencial. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

DR. HUMPHREYS (1899)

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Num momento em que o fumo e o álcool vão se incrementar cada vez mais ao longo do século XX, esta propaganda, no distante ano de 1899, esta voltada a destacar os malefícios do hábito do álcool e do fumo. 

Isto demonstra que já se tinha uma noção dos males físicos do fumo (do álcool já era uma discussão intensa no século XIX), porém, o processo de implantação das fumageiras apenas estavam se estruturando e o seu carro chefe vai se tornar a produção do cigarro. 

Até então picar o tabaco, o cigarro de palheiro e o charuto eram os meios mais utilizados para consumir o tabaco. O cigarro em carteiras acelerou o hábito de fumar e deu uma aparência de praticidade (estão prontos dentro da carteira), leveza (papel fino e pouco fumo) e dar um charme ao consumidor. Especialmente, quando da apropriação e difusão  pelo meio cultural do teatro, cinema e artes. Fumar era tido como chique. Políticos, comerciantes e industriais ostentavam publicamente o hábito. Mas a difusão maior do cigarro ocorreu durante as duas guerras mundiais em que milhões de carteiras foram lançadas nas trincheiras ou nos bornais dos soldados como um calmante frente a tensão dos combates e as visões do horrível produzidas pelas guerras. O hábito se projetou como um prolongamento natural dos dedos e da mente. 

Os vidros com discos modificados e goma para mascar Dr. Humphreys 88 (bane o desejo do álcool) e Dr. Humphreys 66 (bane o desejo do fumo) foram divulgadas no Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1899

Conforme o anúncio, o  alcoolismo e o hábito do fumo "produzem consequências físicas e mentais".

O remédio busca salvar "as vítimas da escravidão" destes "hábitos deploráveis". 

Eston & Fagundes eram os depositários para o Rio Grande do Sul com sede em Pelotas. 
Relação dos medicamentos do 1 ao 35. https://memoria.bn.br


A linha homeopática do Dr. Frederick Humphreys (nasceu no Estado de Nova Iorque, 1816-1900) continha muitos medicamentos que recebiam numeração iniciando em 1. Cada número correspondia a combater determinadas doenças/indisposições ou fornecer suporte para evitar os malefícios que poderiam desencadear. 

Exemplo de um frasco (1880-1920) com medicamento Humphreys n.15. 

Panfleto colecionável da Humphreys. https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=329333

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

ELIXIR ROCHA E AS GULOSEIMAS (1903)

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1903. https://memoria.bn.br

 O assombro de 1903 era o Elixir Vegetal Rocha. Tentava curar até tuberculose pulmonar... 

Para ter uma ideia do que colocavam nos elixires e em outros remédios, é informado que produto não contém Mercúrio, Iodureto, Salicilatos, Ópio e nem Morfina. 

Interessados em ter uma saúde de Rocha dirijam-se a Livraria Americana. 

Fazendo uma reflexão... 

Hoje se observa que numa farmácia se vende até eletrodoméstico e cadeira de praia. Se encontra desde o veneno (chocolates, balas, sorvetes, bolachas e uma parafernália impensável de guloseimas) e ao lado, as prateleiras estão lotadas com o antídoto (os remédios). É só entrar na farmácia e num ombro aparece o diabinho e no outro o anjinho tentando orientar o teu tico e teco sobre o que comprar. Na última ida a farmácia comprei um medicamento para baixar a glicose no sangue e no balcão de pagamento estava em promoção uma linda caixa de bombom. Porém, era preciso levar duas caixas para ter direito a promoção. O diabinho venceu a parada para desespero do anjinho que desapareceu. 

Mas a inovação do multiuso é bem mais antiga: na Livraria se encontrava remédios, sementes, câmeras fotográficas e uma parafernália de opções. Guloseimas, certamente, deveriam se fazer presente... 

SIMÕES LOPES NETO E O DIABO

 

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Anúncio publicado no Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1903

João Simões Lopes Neto, referência na construção literária do regionalismo Sul-Rio-Grandense, era proprietário de uma fábrica de fumos na cidade de Pelotas. 

Em 1901 lançou a marca fumos e de cigarros DIABO (DIAVOLUS) que deixou de ser produzida em 1906. O estoque de tabaco que restou foi utilizado para produzir o carrapaticida TABACINA marca DIABO que perdurou até 1912. 

A criatividade de Lopes Neto se evidencia na escolha deste nome que ia na contramão da tradição dos cigarros que recebiam, muitas vezes, nomes de santos.  O arrojo do empresário/escritor custou caro pois mexeu com a Igreja Católica e a sociedade tradicional pelotense que passou a ver negativamente tanto diabo circulando pela Princesa do Sul. Ser visto com o símbolo passou a atrair maus olhares e quem sabe malefícios. A ficção no cotidiano das pessoas é diferente da ficção literária onde o diabo circula livremente. Na vida real pode levar uma empresa a falência. 



A Marca foi caindo rapidamente no esquecimento e pode ter sido a origem da referência que perdura até o presente: este produto é uma marca diabo! 

Acervo: Biblioteca Pública Pelotense. 

Neste anúncio a marca Diabo é exaltada por sua qualidade e o comentário é "Quem usar melhora em Tudo", ou seja, sugere um pacto com o Diabo? 

O olhar irônico de Simões Lopes também está nesta passagem: "muito mais barato seriam, se não fosse o DESGRAÇADO DO IMPOSTO, que chega a ser muito maior que o valor do fumo!".

Aqui nasceu a afamada marca Diabo que se difundiu e cada vez mais tem tomado conta do mercado de consumo... 

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

MANUFATURA DE FUMO S. MIGUEL

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Ao investigar uma fonte como o Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1905 acaba se descobrindo uma nova fonte. Talvez se esgote apenas neste anúncio ou surjam novos fragmentos materiais de sua existência. 

Das poucas certezas da vida é a "ignorância". Cada vez que tomo conhecimento de uma nova informação, como a que está acima, mais um elemento passa a fazer parte da constelação cerebral se constatando que se "ignorava" aquela existência. Devido a ignorar não se pode questionar o objeto/informação através do procedimento intelectual, afinal, o documento não existia enquanto materialidade inviabilizando a apropriação mental construtora de uma logicidade do objeto no espaço e no tempo.  

Ignorar na esfera do pessoal é desconhecer a existência. Conhecer no nível pessoal significa trazer para a esfera da identificação enquanto acontecer ocorrido em algum momento do passado e que passa a ser "reconstruído" a partir dos referenciais psicossociais do indagante que encaminha sentidos para o acontecer pretérito.

Para um asmático antitabagista eu viajei no fumo S. Miguel... 

Os comentários acima são frutos de uma nova descoberta que preenche mais um mínimo espaço da gigantesca ignorância sobre processos históricos: existiu na cidade do Rio Grande uma "Grande Manufatura de Fumo Marca S. Miguel de Arturo B. Medeiros".  Estava em funcionamento no ano de1905 e se localizava na Rua Dr. Pio (imediações do atual Bairro Getúlio Vargas nas proximidades da portentosa empresa que era o Moinho Rio-Grandense de Albino Cunha). 

Ainda mais interessante, todas "as carteirinhas dos cigarros Paris" vinham com um retrato cujas coleções completas davam um prêmio. Ou seja, havia cards e álbum colecionável ficando algumas questões: quais eram as temáticas desta coleção? foi uma tipografia de Rio Grande que imprimiu a coleção? quando surgiu e quanto tempo durou a empresa e o projeto dos colecionáveis? Restaram algumas peças desta coleção?

Desde o século XIX, recuando a temáticas da Guerra do Paraguai, em carteiras de cigarro começam a ser anexados figurinhas colecionáveis. A sofisticação maior, pelo menos na memória dos colecionadores, está ligado as emissões de cards da empresa de cigarros do Rio de Janeiro de José Francisco Corrêa marca Veado. 

O que continha a imagem dos cards dos cigarros Paris? Abaixo um cartão comercial da Marca Veado editado por volta de 1910. 

https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon1432434/icon1432434.jpg


Exemplos de card colecionável que vinha nos Cigarros Veado. https://www.lilileiloeira.com.br

terça-feira, 17 de outubro de 2023

PHONOGRAPHO EM 1900

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1900.http://memoria.bn.br
 

Uma revolução no campo musical foi a produção em série da "maior maravilha do fim do século" que foi o Phonographo Graphophono. 

A chamada era de que "não se precisa mais ir ao teatro. Cada um em sua casa pode ouvir os grandes artistas". 

Este "toca-disco" é um primeiro projeto de streaming em que se leva o cinema, o show, a animação para dentro de casa. A internet é que possibilitou esta sofisticação impensável no ano de 1900 (não se pensava em quase nada pois nem rádio ou tv existiam...). Imaginem satélites para transmissão de dados... 

Felizmente, o cinema que estava nascendo e o teatro, musicais, shows, orquestras ao vivo etc, não foram impactados tão rápido pela tecnologia propiciando a manutenção de experiências sociais e sonoridades diversificadas que são frutos da interação coletiva humana.  

Pensando no cinema, a evolução com o aparelho VHS foi um impacto inicial relevante, seguido do DVD/Blu-ray, as TVs a cabo, as plataformas de streaming. Cada tecnologia vai tornando obsoleto a anterior. Tudo acompanhado de uma evolução técnica das Tvs em qualidade de imagem e dimensões da tela (infelizmente produtos descartáveis para garantir a aquisição nos novos lançamentos anuais). A perenidade antiga de se viver uma década com um televisor de qualidade se tornou um exercício distópico. As mídias físicas foram caindo em desuso frente as mídias digitais e as nuvens de dados fervilham em informação. 

A propaganda do Phonographo beira a ingenuidade, se olharmos a evolução técnica no último século. A eletricidade ainda estava sendo domada em 1900 e as linhas de transmissão avançavam lentamente para cobrir o uso urbano (em Rio Grande só foi chegando em 1911). Este período anterior ao desenvolvimento da aparelhagem que se sofisticou, foi fundamental para os passos lentos e que se aceleraram de forma desconcertante nas últimas três décadas nos campos da telefonia e da informática.   

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

FOLHINHA PARA 1894

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1894. http://memoria.bn.br

 Seu uso está muito reduzido na atualidade, mas, era uma presença em muitas residências brasileiras até algumas décadas atrás. 

Trata-se da "Folhinha de desfolhar" como está sendo denominada em 1894. Destacava-se a data anterior para acompanhar o dia presente. Informações variadas estavam impressas relativas aquele dia. 

Instrumento simples, barato e muito utilizado na reprodução gráfica pela Igreja Católica até o presente.  

Desconhecia que no ano de 1894 a Livraria Americana já estava produzindo as folhinhas e concorria com outras tipografias como se depreende desta passagem: "peçam sempre o modelo da Livraria Americana, que é o mais aperfeiçoado". Em que ano surgiram estas folhinhas?

Possivelmente, a que se mantém em publicação a mais tempo é a "Folhinha do Sagrado Coração de Jesus" que teve início em 1940 e está avançando para 2024. 

Se a Livraria Americana ainda existisse e mantivesse a produção das folhinhas estaria completando 130 anos!

Imagem da Folhinha para refrescar a memória dos leitores. 


domingo, 15 de outubro de 2023

CARTAS, DINHEIRO E FAZENDAS EM 1900

 

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1900. http://memoria.bn.br

A Livraria Americana vendia uma "balança para pesagem de cartas". Desta forma se colocava o valor em selos correspondente ao peso da postagem evitando a multa do Correio. 

Também comercializava "molhadores de vidro e esponja" para contar dinheiro e molhar selos (a goma do verso do selo). Afinal, "muita gente umedece os selos levando-os à boca e outros, ao contar dinheiro, molham os dedos na boca, o que tem sido causa do contágio de muitas moléstias e é um pouco falta de asseio". 

Constata-se que no ano de 1900 já se tinha noção da transmissão de doenças através do toque dos dedos no dinheiro e depois levar até a boca/língua. Se não era contaminado poderia ser um mensageiro da contaminação. 

sábado, 14 de outubro de 2023

TREM DE RIO GRANDE A BAGÉ EM 1910

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Com a inauguração da Estrada de Ferro Rio Grande a Bagé em 1884, a ligação de várias localidades foi viabilizada. 

A noção de distância na Campanha gaúcha se modificou e o objetivo principal, era garantir o deslocamento os produtos derivados do gado como o couro, sebo, crina e especialmente o charque. Gado em pé também era transportado. A ideia era os caminhos de ferro ligarem com o Porto do Rio Grande e dali se estenderem para portos brasileiros: o gado era nossa mais preciosa commodity. 

Observem que no Almanaque Literário e Estatístico para 1910 informações são dadas relacionando as 21 estações em que o trem passava. Muitos destes locais se tornam uma referência para o adensamento urbano e o crescimento econômico. Entre Rio Grande e Bagé corriam dois trens diários. 

Entre Rio Grande a Bagé a viagem durava cerca de dez horas. 

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

DILIGÊNCIA RIO GRANDE-SANTA VITÓRIA

 

Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1897. http://memoria.bn.br/

É o ano de 1897!
A viagem entre Rio Grande e o quase ao extremo sul do Brasil (cuja última cidade hoje é o Chuí) na sua fronteira com a República Oriental do Uruguai poderia ser feita comprando as passagens da Empresa Commercial. 

Saindo de Rio Grande nos dias 5, 15 e 25 de cada mês eram percorridos cerca de 200 quilômetros até Santa Vitória do Palmar.  

De fato não era do centro de Rio Grande a partida e sim da Quinta (atual Vila da Quinta) que desde 1884 contava com uma Estação ferroviária. Portanto, o trem Rio Grande a Bagé, que tinha seu ponto inicial na Estação Marítima (final da Rua Riachuelo em Rio Grande) levava os passageiros até a Quinta para pegarem a diligência. 

De Santa Vitória o retorno para a Quinta ocorria nos dias 10, 20 e 30 de cada mês. 

Isto é que é aventura: cruzar os antigos Campos Neutrais de diligência! Imaginem as dificuldades das estradas/picadas/campos a serem transpostos. Contratempos muito amplificados no caso de mau tempo. 

Na falta de imagem desta diligência, reproduzo um cartão-postal editado por Hugo Freyler com uma diligência em Porto Alegre por volta de 1902-1905. É hipotético se o estilo da diligência era semelhante, mas temporalmente são quase contemporâneas.  

Acervo: https://www.bvcolecionismo.lel.br

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O CENSO DE 1883 E DE 2022


Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1889. http://memoria.bn.br


Este é o primeiro volume do Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul editado pela Livraria Americana. 

É o ano de 1889 na Província do Rio Grande de São Pedro ainda no período Imperial. Em 15 de novembro de 1889 tem início o período Republicano e a partir de 1891, com a nova constituição, a denominação é Estado do Rio Grande do Sul.

Esta matéria do Almanaque de 1889 se refere a uma estatística ou censo concluído na cidade do Rio Grande em julho de 1883. A população da cidade era de 14.345 habitantes, o Povo Novo 3.202 e o Taim 1.293. O total do município é de 20.277 habitantes. Ou seja, 18,29% da população era estrangeira. E entre os brasileiros (16.567) já estavam incluídos os naturalizados que chegaram ao Brasil como estrangeiros. A população de pardos e pretos era de 27,5%. O analfabetismo era em média 55%. Porém, no Distrito do Taim chegava a 80%. 

A Cidade Nova constava apenas 900 habitantes. Porém, é um número que até superou minha expectativa preliminar. As trincheiras foram demolidas em 1880 e teve início a ocupação do local que de fato passa a se incrementar com a inauguração da Estação Ferroviária no final de 1884 e com o funcionamento da Fábrica Rheingantz entre 1884-1885. São duas variáveis indutoras da valorização e do povoamento da Cidade Nova. Porém, em 1883, já constava 900 moradores! Quantos destes podem estar ligados a mão-de-obra de construção da Estação Ferroviária e da Rheingantz? 

Outro dado levantado mostra a presença estrangeira com 1.743 portugueses, 355 italianos, 288 alemães, 215 franceses e ingleses, 1.109 de outras nacionalidades (quais seriam as procedências?). Ou seja, 3.710 pessoas que representam 

O editor, nascido no Povo Novo, Alfredo Ferreira Rodrigues, ressalta que a população levantada neste censo de 1883 era "mínima" por "faltas cometidas na ocasião do arrolamento" ou pela palavra recenseamento ser interpretada pelo "povo ignorante" como recrutamento militar (provocando a fuga dos recenseadores). Nesta direção, Rodrigues considerava a população do município em 22 a 23 mil habitantes (em 1883). Novo censo em 1900 apontou 29.500 habitantes. 

Este questionamento de Alfredo Ferreira Rodrigues sobre faltas cometidas no levantamento de dados é um tema atual em Rio Grande. Difícil explicar que o levantamento parcial do Censo de 2022 está indicando 191.900 habitantes. A expectativa era de 212.000. 

No Censo de 2010 a população era de 197.253. 

Como explicar a abdução de milhares de pessoas? A natalidade está reduzindo e a mortalidade aumentando em Rio Grande? O êxodo urbano está ocorrendo em Rio Grande? Haviam dados superfaturados ligados ao Polo Naval que derreteu na cidade? Houve competência aceitável na realização do levantamento de informações? 

Certamente, os especialistas, precisam trabalhar estes dados pois num primeiro momento os números não são razoavelmente racionais. 

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

ECHO DO SUL EM 1897

 

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No Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1897 foi publicado um anúncio do Jornal Echo do Sul da cidade do Rio Grande. 

Este jornal é um dos mais procuradores pelos pesquisadores no acervo da Biblioteca Rio-Grandense. É um dos principais mananciais de fontes sobre os acontecimentos políticos, sociais, culturais, econômicos, narrativos e visuais, que possibilitam refletir sobre a construção, num sentido muito amplo da palavra, civilizatória. 

O jornal foi lançado em Rio Grande no ano de 1858 e se manteve em funcionamento até 1934. Foram 76 anos e mais de 20 mil edições. Literalmente, é informação que permite passar uma vida inteira realizando leituras. 

terça-feira, 10 de outubro de 2023

ALMANAK PARA 1897 E O DENTIFRICIO

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O Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul foi editado entre 1889 a 1917. 

Alfredo Ferreira Rodrigues era o editor deste trabalho de referência realizado na cidade do Rio Grande pela Livraria Americana. A tiragem era de 20 mil exemplares. 

Na edição do ano de 1897 foi publicado o anúncio deste dentifricio (pasta dental) chamado Opiatina que era preparada (manipulação homeopática) pela Pharmacia Queiróz na cidade do "Rio Grande do Sul" ou seja, Rio Grande. 

RUA RIACHUELO E O PORTO VELHO

 

Acervo: https://www.leiloeszeppelin.com.br/

Cartão-postal colorido editado por Bijou da Moda M. J. Pereira cerca de 1910. 

A imagem é do Porto Velho do Rio Grande sendo visível um trecho da Rua Riachuelo e dos casarões edificados a partir da década de 1820.  

Esta área recebeu a visita de navios de dezenas de países e manteve por quase um século um intenso comércio de exportação e importação.