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Anúncio publicado no Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1903.
João Simões Lopes Neto, referência na construção literária do regionalismo Sul-Rio-Grandense, era proprietário de uma fábrica de fumos na cidade de Pelotas.
Em 1901 lançou a marca fumos e de cigarros DIABO (DIAVOLUS) que deixou de ser produzida em 1906. O estoque de tabaco que restou foi utilizado para produzir o carrapaticida TABACINA marca DIABO que perdurou até 1912.
A criatividade de Lopes Neto se evidencia na escolha deste nome que ia na contramão da tradição dos cigarros que recebiam, muitas vezes, nomes de santos. O arrojo do empresário/escritor custou caro pois mexeu com a Igreja Católica e a sociedade tradicional pelotense que passou a ver negativamente tanto diabo circulando pela Princesa do Sul. Ser visto com o símbolo passou a atrair maus olhares e quem sabe malefícios. A ficção no cotidiano das pessoas é diferente da ficção literária onde o diabo circula livremente. Na vida real pode levar uma empresa a falência.
A Marca foi caindo rapidamente no esquecimento e pode ter sido a origem da referência que perdura até o presente: este produto é uma marca diabo!
Acervo: Biblioteca Pública Pelotense. |
Neste anúncio a marca Diabo é exaltada por sua qualidade e o comentário é "Quem usar melhora em Tudo", ou seja, sugere um pacto com o Diabo?
O olhar irônico de Simões Lopes também está nesta passagem: "muito mais barato seriam, se não fosse o DESGRAÇADO DO IMPOSTO, que chega a ser muito maior que o valor do fumo!".
Aqui nasceu a afamada marca Diabo que se difundiu e cada vez mais tem tomado conta do mercado de consumo...
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