Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

VEÍCULOS EM 1922

 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 


O Relatório da Intendência Municipal do Rio Grande referente ao ano de 1922 traz muitas informações para entender o funcionamento da cidade. 

Observamos na página do Relatório dedicada a "Estatística dos Veículos" que havia na cidade incríveis 50 automóveis e 15 carros de praça (táxi). Caminhões eram 11. 

O que mais tinha eram carroças e carretas que totalizavam 471 entre particulares e dos setores públicos. 

Parece inacreditável tão pouco nesta época e tanto no presente... 

Cem anos depois da pasmaceira, hoje, convivemos com mais de 132 mil veículos (IBGE 2020) e inúmeras carroças. Motocicletas são 29 mil e automóveis 74 mil. Progresso...   

domingo, 27 de fevereiro de 2022

TENSÃO EXTREMA

 Hoje estamos chegando ao limite de tensão no conflito na Ucrânia. 

O limite poderá ser superado dia após dia se tornando ainda mais nervoso. 

Estamos no pior momento do planeta, em termos globais-, desde a Segunda Guerra Mundial.

Nem na crise dos mísseis de 1962 o perigo era tão acentuado.  

Faço esta referência e devido a declaração do Presidente Putin, neste dia 27 de fevereiro: ordenou o Ministério da Defesa Russo para colocar as forças de dissuasão nuclear em alerta máximo. Literalmente, isto contempla unidades responsáveis pelo lançamento de mísseis com ogivas nucleares. Este tom é uma continuidade de seu discurso inicial de que retalharia aqueles que buscassem impedir os plano russos de ocupação da Ucrânia com "consequências nunca antes vista". Discursivamente, ele afirma - censurando a mídia na Rússia- que  é apenas uma defesa contra seus agressores ou difamadores. 

Esta é a postura mais grave que se pode chegar: ameaçar com o uso de armamento nuclear é um tabu inquestionável pelos resultados da destruição em massa que provocaria no planeta.  

O maior perigo no momento é a tensão sofrida pelos militares/técnicos envolvidos no lançamento de mísseis balísticos nos silos, plataformas de lançamento, submarinos nucleares etc. Nos países com esta tecnologia em especial na Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, França e China, a movimentação dos responsáveis por estes controles deve ser máxima. 

 Erros no sistema de identificação de um suposto ataque por mísseis - fato já ocorrido no passado-, poderia trazer uma informação falsa e provocar a retaliação com outro ataque num momento em que se está em exaustão psíquica. 

Este tom é perigoso demais e precisa ser atenuado o mais rápido possível. O problema é que sem a Ucrânia cair Putin não deseja uma redução das pressões contra os países contrários a invasão. As ameaças podem até aumentar. Para ele, a celeridade da ocupação russa é fundamental para não precisar ceder numa mesa de negociações, mas, a  resistência ucraniana está tornando o controle mais difícil do que o previsto.

    Dias difíceis teremos pela frente. 

Ainda não chegamos ao auge da escalada dos eventos. 

 

EXCURSÃO AO CASSINO

 

Anúncio de O Artista, 23-02-1897. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

O anúncio publicado no jornal O Artista de 23 de fevereiro de 1897 divulgava a partida, no dia seguinte, de um trem que sairia da Estação Marítima com destino ao Cassino. 

É um trem de excursão com partida ao meio dia e chegada no Cassino a uma hora da tarde. 

O divertimento era curto e a exposição solar era baixa, afinal, uma hora e meio de praia garantia que o ultravioleta recebido não fosse excessivo. Ainda mais com os amplos trajes de banho utilizados na época.

Às três da tarde todos já deveriam se movimentar pois tinham de caminhar ou pegar um bonde puxado a burros que levava pela Avenida Rio Grande até o trem nas proximidades da atual Estação Ferroviária. 

A rapidez da excursão deveria deixar um  ar de frustração ou de "quero mais". 

Uma certeza: o passeio excursionista deveria romper por algumas horas o cotidiano moroso do ano de 1897. 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

A BATALHA DE KIEV

Explosão em Kiev em 24-02-2022. https://www.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2022/02/Explosao-Kiev.jpg?w=732&h=412&crop=1 

 Situações dramáticas estão ocorrendo em mais uma madrugada que acompanho a invasão da Ucrânia.

Imagens da linha de frente dos combates não estão aparecendo na mídia e os clarões das bombas e mísseis no horizonte possibilitam imaginar a violência dos enfrentamentos. A cada confronto de grandes proporções quantos estão perecendo?

A capacidade militar russa é icônica e imaginar tentar barrar um avanço de blindados e tropas de elite é surreal. 

Aparentemente, a resistência ucraniana está reduzindo a velocidade de ocupação militar de Kiev. Literalmente, resistência quase suicida é a palavra para buscar forças para fazer este enfrentamento. 

O dia está amanhecendo e a Batalha de Kiev ainda não foi decidida para os russos. 

Será que Kiev poderá se tornar a nova Stalingrado? A cidade russa cercada pelos nazistas e que resistiu heroicamente entre 1942-1943.       

O dia começa a amanhecer em Kiev! 

A cidade não caiu! 

E a cada dia que não tombar se tornará uma montanha simbólica de resistência. E quando cair, e deve acontecer, o espírito de Kiev será transferido para outras cidades onde a batalha terá continuidade. 

Esperemos que a sanidade regresse e tenhamos notícias menos amargas nos próximos dias.  

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

NUVENS DE ALGODÃO

Fotografias: Luiz Henrique Torres. 



 

"Um dia me disseram 

Que as nuvens não eram de algodão

Um dia me disseram 

Que os ventos às vezes eram a direção". 

(Humberto Gessinger, Engenheiros do Hawai).


As nuvens de algodão existem? Fotografei estas no céu da cidade do Rio Grande no entardecer de hoje. 

Quem olhar o noticiário acreditará que as nuvens de algodão não existem e as fotografias são montagens. 


No dia 19 de fevereiro fiz uma matéria no blog e utilizava como hipótese que uma guerra na Ucrânia ocorreria nos próximos dias: infelizmente acertei. 

Analisar os discursos dois lados já evidenciava que a intervenção militar fazia parte de um planejamento estratégico que não nasceu nas últimas semanas. O tom incisivo de fontes ocidentais indicavam que o setor de inteligência trazia fortes evidências de um ataque russo. O tom de desprezo argumentativo e a postura defensiva referente a "histeria ocidental" fazia parte de uma peça teatral numa guerra já arquitetada. 

Em pouco menos de 24 horas da invasão muita coisa aconteceu e as dúvidas pairam sobre os próximos capítulos. As informações são vagas e num primeiro momento falhei numa hipótese: que a Rússia apenas mirava destruir a infraestrutura militar da Ucrânia e se manter no controle em áreas do sul, além da ocupação de Odessa. Uma linha militarizada de anexações que quebrariam a economia ucraniana e com calma, esperar as crises econômicas e instabilidades políticas decorrentes, para colocar governantes pró-Moscou no poder. Mas pode não ser assim... 

Continuei relutante em aceitar que o projeto é a ocupação total, inclusive, com o avanço sobre a capital Kiev e utilizando a parceria territorial de Belarus. Foi preciso muita negociação e previsão destas ações para obter o apoio de um país relativamente neutro para conceder o seu território para a invasão da fronteira na região que dá acesso mais curto a Kiev.  

Confirmando este cenário de uma guerra em todo território, a decorrência será um grande esforço russo  para quebrar nacionalmente a resistência dos ucranianos, numa guerra ou instabilidade que pode se estender por longos anos.  

Este cenário sanguinolento exigiria a passividade dos países ocidentais que observariam o desproporcional poder de fogo entre os dois exércitos e o grande número de baixas sem interceder de forma efetiva para não virar uma III Guerra Mundial. Este conflito representará uma grande tensão internacional, em especial na Europa, no caso de uma ampliação dos agentes envolvidos nos combates. 

Fugir dos cenários de ampliação do conflito seria fundamental. 

Hoje, o aspecto mais importante a ser observado são as reações do presidente Putin. Sua frieza e racionalidade conduziram a Rússia para outro patamar de desenvolvimento após as grandes crises da dissolução da União Soviética. Depois de 23 anos no comando da Rússia ele pode estar dando um primeiro passo na redefinição de uma geopolítica do poder na Europa com reflexos para o planeta. Este exercício de poder militar e de hegemonia política não vai deixar os líderes ocidentais da Europa e além-mar dormirem tranquilos por um longo tempo. 

Aos mortais resta torcer por passos muito cautelosos dos que estiverem mexendo neste tabuleiro convencional/nuclear. 

Enquanto escrevo no início da madrugada do dia 25 no Brasil, o céu de Kiev está iluminado pelos clarões das explosões do ataque russo. Cena assustadora, trágica, triste. Ao amanhecer veremos imagens de incêndios, ruínas, aviões derrubados e corpos. 

Setenta e sete anos depois, a barbárie da Segunda Guerra Mundial está de volta na Europa. 


"Quem ocupa o trono tem culpa

Quem oculta o crime também

Quem dúvida da vida tem culpa

Quem evita a dúvida também tem". 

(Humberto Gessinger, Engenheiros do Hawai).

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

BILHETE POSTAL

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

 

Este é um modelo de bilhete postal que circulou por volta de 1880. 

O bilhete já vinha impresso com 20 réis (com a efígie de D. Pedro II) e recebeu mais um selo de 20 réis para completar a tarifa. 

Os bilhetes postais eram uma modalidade oficial (controlado pelo governo Imperial) do que se tornou conhecido como cartão-postal na última década do século XIX no Brasil. Saindo da esfera do monopólio estatal, no final dos 1800, muitas empresas privadas ingressaram neste mercado de emissão de postais. As vantagens foi a grande diversidade de imagens produzidas e intensa concorrência de qualidade e temas para alcançar um público consumidor exigente. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

CEM CRUZEIROS

 


Acervo: Luiz Henrique Torres. 

Famosa cédula de cem cruzeiros originalmente lançada em maio de 1970 com efígie de Floriano Peixoto no anverso e no verso o Congresso Nacional em Brasília. 

As primeiras séries foram impressas na Inglaterra por De La Rue Giore S.A.

Posteriormente, foram fábricas pela Casa da Moeda do Brasil.

Esta nota foi lançada entre 1974 a 1979 quando o Presidente do Banco Central era Paulo Lira e o Presidente do Conselho Monetário era Mário Henrique Simonsen.  

Na novela Pecado Capital (1975) a abertura remetia a esta nota que era o sonho de consumo da época. Até o LP (long play) tinha na capa o desenho desta cédula. 

A música do Paulinho da Viola dizia "dinheiro na mão é vendaval, dinheiro na mão é ilusão...". 

Capa do LP com a trilha sonora da novel Pecado Capital de 1975. 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

BEIJA-FLOR

Acervo: Luiz Henrique Torres.

Esta imagem do Beija-Flor da Cia. Fiat Luz é de uma caixa de fósforo que circulou no final dos anos 1960. 

Recordo que quando criança, era esta marca de fósforo que acendia o fogão a lenha na casa de minha avó materna. E a alma da casa girava em torno do fogão! 

Acreditava que aquele Beija-Flor deveria ter alguma magia relacionada a confecção das cucas e bolachas caseiras que afloravam daquele forno. Ou das comidas saborosas feitas nas panelas de ferro. 

Entre a química e a magia, nada como ficar com a parte da degustação dos sabores sem buscar as origens epistemológicas daqueles encantos gastronômicos.  

Antes da era do isqueiro, magiclik, acendimento automático no fogão etc, o fósforo era um artigo essencial nas casas e nos bolsos. 

Rio Grande chegou a ter uma fábrica de fósforos nos primórdios de 1900.  Foi uma das primeiras empresas do Brasil, pois, Vittorio Migliora e José Scarsi fundaram no Rio de Janeiro a primeira fábrica deste segmento em 1893 e que passou a se chamar Cia. Fiat Lux em 1904.  

A fábrica em Rio Grande, conforme anúncio de 1908, era propriedade de Pedro Perez & Cia. e empregava 65 operários.  Os fósforos eram da marca "Luz". 

Ainda não encontrei alguma caixa ou imagem com esta marca dos fósforos produzidos em Rio Grande.  

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

FÓSFOROS PARANÁ

 


Acervo: https://www.jotaerreleiloes.com.br

Nos anos 1970, um fósforo muito utilizado no Rio Grande do Sul era o "Paraná" da Cia. de Fósforos Irati (que iniciou a produção em 1954). 

Entre as diversas temáticas estava cenários da vida rural do gaúcho: dança, lides campeiras e o chimarrão.  

O design era simples e atraente visualmente: a temática em seleção de cores num balão à esquerda e as informações do produto à direita, enfatizando as cores amarelo e vermelho.

Este conjunto estético é tão convincente que quase cinco décadas depois de ter conhecido, foi só olhar e a memória instantaneamente trouxe lembranças do produto e da época. 

Estas caixas vazias serviam como um "lego popular" ou um "engenheiro/construtor popular". Casas, muros e edifícios podiam ser construídos. O problema do arranha-céu é que com 15 ou 18 andares desabava e aniquilava com grande parte do quarteirão. Quem construiu com caixas de fósforo sabe muito bem o que estou falando... 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

SANTA MARIA

 

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

Esta folhinha filatélica (da A.F.N.S. - Associação Filatélica e Numismática Santamariense)  é um documento que demarca o centenário de instalação do município de Santa Maria. 

A folhinha é de 17 de maio de 1958 e foi lançada na data em que Santa Maria completava 100 anos.

Dois componentes valorização a história local: a reprodução do sinete (impresso e carimbo) da Câmara Municipal de Vereadores  da Vila de Santa Maria no ano de 1858 e a reprodução do "Termo de Juramento dos Vereadores da Câmara Municipal da Nova Villa de Santa Maria da Boca-do-Monte". O sinete traz a simbologia do Império Brasileiro.  

Este é o número 115 dos 700 exemplares emitidos no ano de 1958.   


Verso da folhinha filatélica. Acervo: Luiz Henrique Torres. 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

RIO DE JANEIRO

Acervo: https://www.flickr.com

 Card emitido pelo Chocolat D'Aiguebelle no ano de 1910. Faz parte da coleção "portos do mundo".

Artisticamente recorda uma aquarela de meados do século XIX mostrando o Porto do Rio de Janeiro, a capital federal do Brasil.  Em primeiro plano, dois escravos estão conversando remetendo o enredo visual para o Império. 

 Esta imagem - que recorda um cenário colonial -, não condiz com o Rio de Janeiro de 1910 em que a população alcançava 1 milhão de habitantes e radicais reformas urbanas haviam sido recentemente realizadas. 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

ESTÂNCIA BALNEAR

Acervo: https://www.flickr.com/

 Card alemão da empresa Liebig mostrando a praia de Scheveningen na Holanda. Esta é uma estância balnear que recua a 1818 e que atrai muitos europeus, especialmente, alemães. O balneário é um distrito administrativamente ligado a Haia. 

O prédio com a bandeira é o tradicional hotel Kurhaus inaugurado em 1886.  

SILVA PAES

Cartão com a pintura de José de Francesco com representação do desembarque de Silva Paes. Acervo: https://www.bvcolecionismo.lel.br/

O historiador Abeillard Barreto, publicou no jornal Rio Grande no período de 17 a 21 de novembro de 1978 “Aspectos políticos da Fundação do Rio Grande”.

Barreto traça um panorama da importância de José da Silva Paes na idealização, execução e administração portuguesa na Barra do Rio Grande de São Pedro.

Este dia 19 de fevereiro assinala o desembarque de Silva Paes no sul da Barra no ano de 1737. Se passaram 285 anos dos acontecimentos relatados abaixo:

“Substituto eventual de Gomes Freire de Novas e abalizadas opiniões defendem Silva Paes como fundador do Rio Grande Andrada no governo do Rio de Janeiro, cujo plano de fortificações refundira totalmente depois de sua chegada ao Brasil, com o parecer aprobativo do engenheiro-mor do reino, Manuel de Azevedo Fortes, Silva Paes propusera várias medidas quando interinamente à testa da administração, e tomara providências que não seriam do agrado de Gomes Freire. Entre as primeiras figuravam, justamente, as propostas para a ocupação do Rio Grande, cujo projeto não seduzia maiormente o Governador efetivo que, aliás, não se entusiasmara com a iniciativa de seu substituto ao manter entendimentos “para fazer esse estabelecimento” com o capitão Francisco dos Santos, valente chefe de tropas auxiliares, e com Gaspar de Caldas Barbosa, acaudalado morador do Rio de Janeiro, onde era, então o contratador dos dízimos reais...” “A última incumbência dada a Silva Paes – a ocupação do Rio Grande – era o projeto com que se encaminhara desde sua chegada ao Brasil, dois anos antes. E foi através de sua correspondência com a côrte, como Governador interino do Rio de Janeiro, que o interesse do monarca e as atenções do Conselho Ultramarino se viram despertos. Até Gomes Freire de Andrada, que se opusera à ideia, com ela terminara por acomodar-se. Mesmo o Governador da Colônia, Antonio Pedro de Vasconcelos, amigo que era de Silva Paes, tudo facilitava para o melhor êxito do cometimento: e, mais, até o pessoal embarcado nos navios da esquadra vislumbrava o resultado da campanha: “Como o principal objetivo das reais ordens, dizem era povoar o Rio de São Pedro...”, consigna o diário de bordo da nau de Abreu Prego!” “O primeiro desembarque foi feito ainda na costa pelo ajudante Pedro de Matos, que com sua gente à procura de Cristóvão Pereira de Abreu, numa distância de três léguas. Mas não esperou o Brigadeiro pela volta dessa gente ou pela chegada de notícias: com alguns oficiais, foi ele próprio fazer uma inspeção da zona, embarcado no escaler da nave principal e com ele sobrepassou o banco da barra, indo dar, já ao anoitecer, na estacada que levantara o Coronel Cristóvão Pereira, aí sendo recebido com a descarga de três peças de artilharia e de 36 armas. Na manhã seguinte, ainda cedo, foi a cavalo examinar as defesas construídas nos passos da Mangueira e do Arroio e, aprovando todas as disposições do Coronel, fez o Brigadeiro reforçar as guardas, uma com 30 infantes e outra com 20, “entrincheirando-se com cavalinhos de frisa, enquanto se não levantassem os parapeitos de faxinas. Coube, depois, a vez ao porto, que tratou de amparar com uma fortaleza regular, com fossos, pontes levadiças e quartéis para a guarnição. Levantou, como já vimos, redutos na Mangueira e no Arroio e estendeu a defesa até o Taim, para onde igualmente enviou tropa com artilharia e, pouco mais tarde, após haver explorado pessoalmente toda a Lagoa Mirim, estendeu o domínio português até São Miguel, ponto que fortificou igualmente com artilharia, fazendo construir ali outra pequena fortaleza, que dotou da tropa a seu ver indispensável. No terreno espiritual, não contente de dar à ermida da fortaleza do porto a invocação de Jesus-Maria-José, fez a capela de Santana, onde os devotos passaram a receber os sacramentos ministrados pelos padres capuchinhos frei Antônio de Monte Veterano e frei Antônio da Prússia, pouco mais tarde substituídos pelo primeiro vigário do Rio Grande, padre José Carlos da Silva, designado pelo Bispo do Rio de Janeiro, frei D. Antônio de Guadalupe. Na mesma ânsia de socorrer à gente em suas necessidades e em afrontar seus problemas, Silva Paes mandou levantar nos pontais da barra dois mastros de boa altura, com cataventos em cima, destinados a orientar os navegantes, quer com a sinalização, quer com a indicação dos ventos reinantes, para conhecimento dos rumos. Sem descurar da segurança, pouco mais tarde iria indicar para primeiro pratico-mor dessa barra a Gaspar dos Santos, vindo de Santa Catarina, assim como já havia provido o licenciado Sebastião Gomes de Carvalho como o primeiro cirurgião-mor do presídio e que passaria a funcionar no hospital criado pela portaria de 10 de novembro de 1737”.

RÚSSIA E UCRÂNIA

 

https://www.guiageo-europa.com/mapas/ucrania.htm

Toda previsão é fadada ao fracasso. Senão, bola de cristal funcionaria. 

Não lanço uma previsão e sim uma hipótese. 

Tenho acompanhado e analisado o cenário do possível conflito militar entre Rússia e Ucrânia. 

Acredito que o início das ações militares por parte da Rússia podem começar a qualquer momento o que pode significar em poucos dias. 

Numa guerra o pretexto é o recurso mais forte para legitimar a ação. Quando não se tem um pretexto é preciso criá-lo. Três  pretextos que surgiram foi o bombardeamento de uma escola "supostamente" por forças ucranianas. Outra, é a explosão, há poucas horas, de um gasoduto em território controlado pelos separatistas russos. Outro é a população civil estar sendo retirada por separatistas russos de Donetsk com o argumento de que a Ucrânia vai invadir a região. É uma soma de elementos que buscam legitimar a necessidade de "contra-atacar".  

O equilíbrio do terror é que os dois lados tem motivos de segurança nacional para um confronto: avanço da Rússia na Europa frente a OTAN (ao conquistar a Ucrânia) ou a militarização ocidental nas fronteiras da Rússia a partir do território da Ucrânia. 

Se ninguém ceder um pouco a corda vai arrebentar. 

Começar uma guerra é um passo inicial. Saber como ela termina é outro totalmente diferente. Ainda mais com o absurdo poder militar sofisticado envolvido...  

Não basta a pandemia  e teremos de enfrentar um conflito militar de dimensões inéditas e muito perigoso por envolver potências com arsenal convencional e nuclear?

 Enfrentaremos uma disparada no preço dos combustíveis, do gás e da energia elétrica? Inflação que gera empobrecimento... 

Em minha percepção de análise de discurso Biden já reconhece que a Rússia vai invadir a Ucrânia. Os comentários de Putin são evasivos sem nunca negar enquanto fato inquestionável que não vai ordenar a invasão. 

A expectativa é o cenário tenso arrefecer. Torço para que minha hipótese, do conflito, se dilua, pois, não quero conhecer o resultado de eventos desta dimensão. 

Esperemos melhores notícias.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

URUGUAI

 

https://www.flickr.com

O extrato de carne Liebig, com fábrica em Fray Bentos - Uruguai, lançou em 1914 este card com uma atividade tão conhecida no Rio Grande do Sul: reunir o gado e usar o laço para capturar os desgarrados. 

O cenário é o pampa uruguaio e o ano de emissão do card é 1914.  

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

PRINCESA ISABEL


Jornal da SOAMAR-RG, n. 19, 1996.  
 

Em 1884 a Princesa Isabel e o Conde D'Eu estiveram em Rio Grande. 

Visitaram a Biblioteca Rio-Grandense e deixaram registrada a sua passagem no livro de autógrafos e impressões. 

A data de 31 de dezembro de 1884 é manuscrito da Princesa Isabel numa caligrafia mais leve na pressão da tinta da pena. Conde D'Eu assinou com uma caligrafia mais arrastada na tinta e menos aformoseada. Dois filhos do casal também assinaram o álbum.  

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

O FONOGRAMA E A ENCHENTE

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 

Dia 15 de maio de 1941. 

Mais um dia muito tenso no Rio Grande do Sul. 

A Grande Enchente estava deixando as autoridade de muitas localidades do Estado em sobressalto.

 As águas continuavam a subir e produzir milhares de flagelados entre Porto Alegre a Rio Grande, além de enchentes em várias cidades do centro, do oeste e do norte gaúcho. 

Foi a maior enchente registrada nos anais da climatologia Rio-Grandense. 

O Governo do Estado mantinha contato com os governos municipais. 

Neste caso, está o registro de um fonograma (Companhia Telefônica Rio-Grandense) emitido de Porto Alegre para Rio Grande. 

O Interventor Federal Cel. Cordeiro de Farias ordenou o envio de um detalhado relatório do impacto da enchente. O  intendente municipal Roque Aita mandou elaborar o relatório com informações gerais, os danos e prejuízos causados pela enchente. 

Este relatório foi realizado por Carlos da Silva Santos (destacado Deputado), com detalhadas informações e amplo material fotográfico.   

Esta preciosa fonte documental assinada por Carlos Santos estava nascendo neste fonograma. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

BARÃO DE VILA ISABEL

 

Jornal da SOAMAR-RG, n. 19, julho/agosto de 1996. 


O jornal da SOAMAR-RG publicou uma matéria sobre o Barão de Vila Isabel que foi presidente da Biblioteca Rio-Grandense num período crítico da instituição. 
Num período de dívidas e de necessidade de reorganização, o Barão injetou recursos garantindo a manutenção financeira e contribuiu para a administração desta Instituição cultural/intelectual civil que se tornou a mais o longeva na história da cidade. 

MEMÓRIAS DO CAIS

 


Durante os festejos da 12ª Festa do Mar, no dia 4 de abril de 2009, ocorreu o lançamento do livro e a abertura da exposição "Memórias do Cais". 

A proposta era divulgar temáticas relacionadas a história do Porto Velho. 

A Festa do Mar, estava sendo realizada nos armazéns junto ao cais do Porto Velho.  

O apoio foi de um antigo parceiro: o Museu Histórico da Cidade do Rio Grande.  

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

TESE DE DOUTORADO

 

Ata de defesa da Tese de Doutorado na PUCRS. 

No dia 14 de janeiro de 1997, ainda no século XX, defendi a minha Tese de Doutorado na PUCRS. 

Foi a Tese número seis deste Programa de Pós-Graduação em História que hoje soma centenas de defesas. 

Parece que foi ontem, mas, se passaram 25 anos.

O tempo passa, nós passamos ou ocorre as duas coisas?  

CARNAVAL EM 1922

Imagens dos preparativos para o Carnaval de 1922 na revista A Cigarra (São Paulo: 15-02-1922). Acervo: http://www.arquivoestado.sp.gov.br 





Há 100 anos o carnaval era levado muito a sério!

Desde os blocos de rua com diferentes perfis sócio-econômicos até os bailes em clubes elitizados. 

Os tempos do entrudo estavam sendo domesticados com um perfil requintado para normatizar o carnaval. 

A revista paulista A Cigarra apresenta vários anúncios com sugestão de vestimentas para  os festejos de 1922.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

LUZ ELÉTRICA II

 

Chafariz das Três Graças iluminado, 1941.
Acervo: https://www.bvcolecionismo.lel.br/

O fornecimento de luz elétrica agitou a cidade. Na edição do dia 10 de fevereiro de 1908, o jornal Echo do Sul forneceu mais algumas informações sobre o andamento inicial do fornecimento de energia elétrica em Rio Grande.  

"Luz elétrica - Prosseguem os trabalhos para o estabelecimento de luz elétrica nos domicílios particulares. Várias instalações foram ultimadas entre elas a do Club Saca-Rolhas, Café América, Loja do Pegas, residências... Segundo ouvimos dar-se-á em breve a substituição dos atuais postes de madeira, por outros, de ferro, o que tornará mais agradável a vista dos mesmos postes, contribuindo para o embelezamento das ruas. A instalação é de corrente elétrica alternativa, trifásica, 60 ciclos, composto de 2 unidades de 70 quilowatts cada uma e 2.300 volts (...). Todo material elétrica empregado na instalação é de procedência norte-americana e da Companhia General Electric, de que são exclusivos representantes na capital os srs. Guinle & Cia". 

sábado, 12 de fevereiro de 2022

LUZ ELÉTRICA


Iluminação do Club Saca Rolhas em 1922. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.

Das maiores dificuldades para as municipalidades era iluminar as ruas e praças das cidades durante a noite. A insegurança para o deslocamento dos moradores era um fator real devido a escuridão que envolvia mesmo os centros urbanos mais destacados. 

A luz à gás trouxe grandes avanços, mas, a energia elétrica propiciou um salto técnico muito maior pela ampliação da iluminação nas ruas e nos cômodos das casas e pelo grande números de aparelhos que passam a ser produzidos para uso doméstico e industrial. 

O jornal Echo do Sul do dia 3 de fevereiro de 1908, informa que a luz elétrica começou a ser fornecida em Rio Grande no dia 1 de fevereiro.  A matéria mostra a exaltação pelo acontecimento: 

"Luz elétrica - Inauguração Oficial - O Banquete. Às 7 e meia horas de ante-ontem começou na usina de eletricidade local a cerimônia de inauguração oficial da iluminação pública a luz elétrica. Ao ato compareceram representantes de várias classes sociais, inclusive da imprensa, autoridades civis e banda musical do 13 Batalhão de Infantaria. (...) fez-se a iluminação das ruas Marechal Floriano e Riachuelo, bem como das praças General Telles, Tamandaré, da Caridade e 7 de Setembro. Isso se deu as 8 e meia da noite, quando todos esses pontos estavam repletos de povo, inclusive de exmas. famílias. As bandas musicais do 13 Batalhão, Gioachino Rossini, Duas Coroas e União Musical tocaram alternadamente na praça General Telles, percorrendo também as principais ruas da cidade. Ao fazer-se a luz elétrica e de espaço a espaço subiram ao ar fartas girândolas de foguetes. Até cerca de meia-noite foi grande o movimento pelas ruas, reinando absoluta ordem e muita alegria (...) Às 9 horas da noite, no Hotel Paris, teve princípio o banquete oferecido pela Casa Guinle & Cia, para comemorar o auspicioso fato da entrega das instalações de que se incumbiram a Companhia Rio-Grandense de Iluminação à Luz Elétrica". 

Conforme o Echo do Sul este "acontecimento é digno de nota na vida evolutiva do Rio Grande". 

 115 anos depois, posso afirmar que o jornal estava plenamente correto em sua avaliação. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

ILUMINAÇÃO PÚBLICA

 

Gasômetro Municipal do Rio Grande em 1913. Livro Impressões do Brasil no século XX

A iluminação pública foi um dos maiores desafios enfrentados pela Câmara Municipal do Rio Grande. O Relatório à Assembléia Legislativa Provincial datado de 5 de fevereiro de 1879 explicita estas dificuldades: 

"Em diversos relatórios desta Câmara tem ela reclamado o aumento de lampiões necessários às ruas que foram abertas ao trânsito público, outras aumentadas pelas novas edificações, e algumas finalmente que por escusas facilitam, com a falta de luz, a perpetração de furtos que se tem dado em casas e quintais. 

Pelo antigo contrato de iluminação tinha esta cidade 350 lampiões, e posteriormente, pela lei n. 988 de 27 de abril de 1875, foi-lhe concedido mais 20, prefasendo um total de 370 que, bem a seu pesar, viu esta Câmara terem ficado reduzidos à 330 no contrato celebrado com Carlos Thomas Pinto. 

Não pode, pois, esta Câmara, deixar de insistir pelo pedido de aumento do número de lampiões marcados para esta cidade, os quais elevados a 400 que vos foi pedido em seu último relatório, ainda assim, não ficará ela de todo bem iluminada, mas, ao menos, remediará os males apontados nos lugares reclamados." 

Nesta época, a iluminação dos lampiões deveria ser, pelo menos em parte, feita à gás que começou a ser instalado na cidade em 1871. Ruas que a rede de gás ainda não havia chegado deveriam recorrer a azeite ou hidrogênio líquido.   

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

BONO - ANO UM

Há um ano atrás muitas andorinhas sentaram nos fios de luz em frente a casa. 

Sabemos que uma andorinha só não faz verão... 

Mas nunca tínhamos observado estes pássaros naquele local. 

No dia seguinte Bono começou a ficar doente e rapidamente partiu. 

Hoje, quando andorinhas sentam na fiação, mesmo que em pequeno número, estamos em alerta para prestar socorro aos pets e tentar inverter a ordem da natureza. 

Um ano passou.  

Bono partiu com as andorinhas. 

As indesejadas andorinhas que hoje assustam quando pousam. 


 Matéria de um ano atrás. E o silêncio ainda persiste. 


Um grande amigo partiu!

De forma patética, ontem, ele morreu nos meus braços.

O seu silêncio está ecoando pela casa e é asfixiante.

Em dez anos de convívio ele foi leal e fiel: um perfeito cão.

Nunca mais os seus latidos e gestos de alegria se farão.

Com ele também morrem histórias que não vão mais se repetir.

Aquele depositório de vivências foi lançado na terra.

Never more...

O encantamento da presença se restringe a sua ausência.

 

A alma canina preenche os espaços e lugares.

A alma canina produz memórias a serem preservadas.

É difícil aceitar o passamento e não se pode aceitar o esquecimento.

Bono partiu, mas, será lembrado em cada doação a cães de rua que não tiveram a oportunidade de uma boa vida como ele.

Ele mostrou que de um esquálido e franzino cãozinho abandonado se formou um lindo cão vira-lata de pura cepa.  

Cada doação em nome do Bono será um reforço a sua memória.

Por hora, o resto é silêncio.   



HODARA

 









Em 1982 comecei a cursar História e neste ano fiz dois cursos de Astronomia e Exobiologia organizados pelo "Clube de Astronomia Boca do Monte" de Santa Maria. 

Experiência deveras fascinante só explicável pelo momento psíquico produzido na juventude. Era bom demais tirar os pés da terra e transcender o cotidiano terráqueo para viajar para muito além da imaginação. Havia algo muito maior a ser desvendado e minhas leituras da década de 1970 sobre buracos negros ganhavam outra dimensão e aprofundamento. 

Um dos palestrantes era de Porto Alegre e se chamava Ricardo Holmer Hodara. A figura perfeita para quem procurava um gênio: inteligente ao extremo, com linguagem técnica de físico e químico, delírios de fenomenologista husserliano, expressão facial de gênio matemático. Era o cara... 

 E era um ótimo palestrante que falava com extrema simplicidade dando explicações fundamentadas em que ao final não decifrava uma palavra. Era tudo o que se esperava! Ele entendia e dialogava sobre objetos e fenômenos que os leigos da platéia (olha eu aí) não tinha a minha noção de existir... Mas delirar era bom demais para tirar a cabeça da mesmice. 

No mesmo ano de 1982 fiz amizade com um estagiário responsável pelo Observatório Astronômico da UFSM. Na época ele cursava Geografia e na sequência fez Mestrado em Sensoriamento Remoto no INPE. Grandes descobertas e conhecimentos despontaram a partir da Astrometria. Passei a dormir com o Atlas de Astronomia do Ronaldo de Freitas Mouras na cabeceira e o frenesi foi crescendo. Quando crescer quero ser astrônomo! 

Ou seja, com os pensamentos "no mundo da Lua" fiz concurso para Física no Vestibular de 1983. O incrível é que passei: das 30 vagas fiquei em décimo oitavo, mesmo sem ter estudado nada. Beleza seria correr para o abraço juntando História e Física. Realmente, em apenas um ano, corri... só que na direção do trancamento do Curso tamanha a surra que levei das disciplinas de Física, Matemática e Química. 

O meu Tico e Teco não foi feito para a linguagem matemática. O resultado do esforço concentrado foi acabar no hospital com uma junta médica querendo colocar um marcapasso no lado esquerdo do peito. Felizmente, desistiram da ideia... Mas o "boletim" com as notas das disciplinas do Curso de Física foi trágico, para não dizer, congelante. Reconheci que "quando Deus me desenhou ele não estava pensando nos segredos químicos, físicos e cosmológicos do Universo...".   

Enquanto estou esticando a história até o esgotamento, está na hora de trazer o personagem principal para este relato/lembrança: o brilhante palestrante Ricardo Hodara veio para Santa Maria e começou a cursar Física. Era colega na minha turma. Já imaginava um diploma na parede da posteridade: a turma histórica que se formou com o Hodara. Imaginem, o que aprenderia neste convívio até o final do Curso... A "Escola Cosmológica do Hodara e a Inteligência Artificial no Terceiro Milênio". Palestras em Harvard e Cambridge. Pappers publicados no MIT.

Diga-me com quem andas e saberás o nível da tua ignorância. Estaria iluminando minhas fraquezas intelectuais com a fonte inesgotável da sapiência. 

E a lenda só aumentou durante uma aula de Química Orgânica. A professora havia colocado uma questão no quadro e estava respondendo a equação que já ocupava quase todo o gigantesco quadro. Atentamente Hodara olhou para o quadro e disse: a senhora poderia inverter os fatores tais e tais e poderá chegar ao resultado economizando 80% das equações (do seu tempo e da nossa paciência, pensei eu)? Ela parou de psicografar e achou que era uma pegadinha e pediu que ele repetisse. Sem sair do lugar, apenas esticando sua barba alguns centímetros para a frente, pediu que ela apagasse tal equação, aplicasse outra fórmula, invertesse os fatores tal e tal (desse 3 pulinhos, pensei eu): o resultado foi chegar ao resultado correto enquanto a docente retomava o cálculo dizendo que era inviável aplicar aquelas fórmulas. Relutou, mas, teve que aceitar os fatos matemáticos são os inúmeros inquestionáveis na face do planeta. Naquele momento no fã clube do Hodara haviam ingressado mais uns 60 alunos da Física e das Engenharias que  cursavam a disciplina e lotavam o recinto. Por educação à docente, ele não foi carregado nos ombros dos ululantes acadêmicos das ciências exatas. Mas o desejo era esse como se fosse o prólogo de um filme slasher dos anos 1980. 

O problema se tornou a lotação em volta do objeto do desejo, pois, alugavam o gênio 24 horas por dia e as aproximações se tornaram muito difíceis para escutar as palestras espontâneas do novo "Platão com pitadas de Kant" enquanto caminhava pelos corredores e os pensamentos eclodiam enfaticamente. 

O texto reproduzido do Boletim da Sociedade Astronômica Rio-Grandense foi escrito pelo Ricardo Hodara no mesmo ano, 1982, em que ele palestrou em Santa Maria. A forma da escrita permite uma ideia do estilo e temáticas de suas palestras.  

Agora o mais inusitado: o potencial formando em Física desistiu do Curso. Pesquisando no Currículo Lattes a sua área de formação foi a "Psicologia - Licenciatura" (UFRGS), o Mestrado foi em "Linguística e Letras" (PUCRS) e o Doutorado em "Ciências Cognitivas" (UFRGS). Ele também tem formação como "Psicólogo Clínico" e Especialização "Clínica em Genética e Psicologia". 

Literalmente, era alguém diferenciado e completamente surpreendente que migrou das ciências exatas para as ciências da mente. Para ser mais preciso e não distorcer, acredito que ele dialeticamente não migrou mas viaja entre as fronteiras dos saberes das diferentes áreas do conhecimento. 

  Personagem lendário que continua na ativa produzindo e criando. Grande satisfação ter feito esta descoberta da riqueza da caminhada deste breve colega da UFSM cuja memória não ficou perdida. 

Quem necessita de um psicólogo clínico especializado em transtornos de aprendizagem de base genética e de como o conhecimento se organiza no cérebro humano pode contactar o especialista: psicologohodara@yahoo.com.br