Cartão com a pintura de José de Francesco com representação do desembarque de Silva Paes. Acervo: https://www.bvcolecionismo.lel.br/ |
O historiador Abeillard Barreto, publicou no jornal Rio Grande no período de 17 a 21 de novembro de 1978 “Aspectos políticos da Fundação do Rio Grande”.
Barreto traça um panorama da importância de José da Silva Paes na idealização, execução e administração portuguesa na Barra do Rio Grande de São Pedro.
Este dia 19 de fevereiro assinala o desembarque de Silva Paes no sul da Barra no ano de 1737. Se passaram 285 anos dos acontecimentos relatados abaixo:
“Substituto eventual de Gomes Freire de Novas e abalizadas opiniões defendem Silva Paes como fundador do Rio Grande Andrada no governo do Rio de Janeiro, cujo plano de fortificações refundira totalmente depois de sua chegada ao Brasil, com o parecer aprobativo do engenheiro-mor do reino, Manuel de Azevedo Fortes, Silva Paes propusera várias medidas quando interinamente à testa da administração, e tomara providências que não seriam do agrado de Gomes Freire. Entre as primeiras figuravam, justamente, as propostas para a ocupação do Rio Grande, cujo projeto não seduzia maiormente o Governador efetivo que, aliás, não se entusiasmara com a iniciativa de seu substituto ao manter entendimentos “para fazer esse estabelecimento” com o capitão Francisco dos Santos, valente chefe de tropas auxiliares, e com Gaspar de Caldas Barbosa, acaudalado morador do Rio de Janeiro, onde era, então o contratador dos dízimos reais...” “A última incumbência dada a Silva Paes – a ocupação do Rio Grande – era o projeto com que se encaminhara desde sua chegada ao Brasil, dois anos antes. E foi através de sua correspondência com a côrte, como Governador interino do Rio de Janeiro, que o interesse do monarca e as atenções do Conselho Ultramarino se viram despertos. Até Gomes Freire de Andrada, que se opusera à ideia, com ela terminara por acomodar-se. Mesmo o Governador da Colônia, Antonio Pedro de Vasconcelos, amigo que era de Silva Paes, tudo facilitava para o melhor êxito do cometimento: e, mais, até o pessoal embarcado nos navios da esquadra vislumbrava o resultado da campanha: “Como o principal objetivo das reais ordens, dizem era povoar o Rio de São Pedro...”, consigna o diário de bordo da nau de Abreu Prego!” “O primeiro desembarque foi feito ainda na costa pelo ajudante Pedro de Matos, que com sua gente à procura de Cristóvão Pereira de Abreu, numa distância de três léguas. Mas não esperou o Brigadeiro pela volta dessa gente ou pela chegada de notícias: com alguns oficiais, foi ele próprio fazer uma inspeção da zona, embarcado no escaler da nave principal e com ele sobrepassou o banco da barra, indo dar, já ao anoitecer, na estacada que levantara o Coronel Cristóvão Pereira, aí sendo recebido com a descarga de três peças de artilharia e de 36 armas. Na manhã seguinte, ainda cedo, foi a cavalo examinar as defesas construídas nos passos da Mangueira e do Arroio e, aprovando todas as disposições do Coronel, fez o Brigadeiro reforçar as guardas, uma com 30 infantes e outra com 20, “entrincheirando-se com cavalinhos de frisa, enquanto se não levantassem os parapeitos de faxinas. Coube, depois, a vez ao porto, que tratou de amparar com uma fortaleza regular, com fossos, pontes levadiças e quartéis para a guarnição. Levantou, como já vimos, redutos na Mangueira e no Arroio e estendeu a defesa até o Taim, para onde igualmente enviou tropa com artilharia e, pouco mais tarde, após haver explorado pessoalmente toda a Lagoa Mirim, estendeu o domínio português até São Miguel, ponto que fortificou igualmente com artilharia, fazendo construir ali outra pequena fortaleza, que dotou da tropa a seu ver indispensável. No terreno espiritual, não contente de dar à ermida da fortaleza do porto a invocação de Jesus-Maria-José, fez a capela de Santana, onde os devotos passaram a receber os sacramentos ministrados pelos padres capuchinhos frei Antônio de Monte Veterano e frei Antônio da Prússia, pouco mais tarde substituídos pelo primeiro vigário do Rio Grande, padre José Carlos da Silva, designado pelo Bispo do Rio de Janeiro, frei D. Antônio de Guadalupe. Na mesma ânsia de socorrer à gente em suas necessidades e em afrontar seus problemas, Silva Paes mandou levantar nos pontais da barra dois mastros de boa altura, com cataventos em cima, destinados a orientar os navegantes, quer com a sinalização, quer com a indicação dos ventos reinantes, para conhecimento dos rumos. Sem descurar da segurança, pouco mais tarde iria indicar para primeiro pratico-mor dessa barra a Gaspar dos Santos, vindo de Santa Catarina, assim como já havia provido o licenciado Sebastião Gomes de Carvalho como o primeiro cirurgião-mor do presídio e que passaria a funcionar no hospital criado pela portaria de 10 de novembro de 1737”.
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