Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

LEÕES BRANCOS EM SANTA CRUZ (1910)

 


Este relato do Correio do Povo foi publicado na edição de 4 de maio de 1910. 

Na região serrana de Santa Cruz do Sul apareceram dois "leões brancos" que atacaram "gado miúdo e cães".

 Estes felinos teriam entrado numa caverna próxima ao Cerro da Mula que se localizada no município de Sinimbu (Distrito de Santa Cruz desde 1905 e que se emancipou e se tornou município em 1992). A distância entre Santa Cruz do Sul e Sinimbu é de 25 quilômetros. O Cerro da Mula fica a 8 quilômetros do centro de Sinimbu. 

Contextualizada a geografia restou uma dúvida biológica: o que são leões brancos? 

No Brasil e no Rio Grande do Sul não havia leões. Na África são raros, mas existem alguns leões brancos. A referência mais provável é que se trate de dois pumas ou onças-parda  (Puma concolor) também chamados de leão-baio, leão da montanha, suçuarana ou onça. Pode medir até 1,70 metros e 100 kg. Muitos relatos de ataques a gado, desde o século XVIII, foram registrados por tropeiros/militares entre a zona costeira e o pampa do Rio Grande do Sul. O puma é um predador oportunista de cervídeos ou de outros animais que estão em seu território de caça. 

Porém, ele possui um competente predador: o homo sapiens e suas múltiplas habilidades. 

A BATALHA DO PASSO DO ROSÁRIO E O MARECHAL ABREU

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1913. https://memoria.bn.gov.br

O jornal Echo do Sul da cidade do Rio Grande publicou em 21 de fevereiro de 1910 uma descoberta de relevância histórica. 

Numa coxilha no município de Rosário na proximidade do rio Santa Maria foram encontrados dois projéteis de artilharia enterrados a 34 centímetros de profundidade. 

Neste local ocorreu a Batalha de Ituzaingó ou Batalha do Passo do Rosário no dia 20 de fevereiro de 1827. Esta foi a maior batalha campal ocorrida em território brasileiro. 

De um lado estava o Império do Brasil que controlava a Província Cisplatina (atual Uruguai) e do outro as Províncias Unidas do Rio da Prata (províncias que formaram a República Argentina e a Província Oriental - posterior, República Oriental do Uruguai).  

Alguns dados: Império do Brasil tinha 6.000 soldados, teve 200 mortos e 150 feridos; Províncias Unidas do Rio da Prata tinha 8.000 soldados, teve 148 mortos e 256 feridos. A batalha durou onze horas e o comandante brasileiro Marques de Barbacena ordenou a retirada das tropas. Apesar da vitória, o recuo não significou vitória dos argentinos e uruguaios frente ao objetivo do controle da Província Cisplatina. O Brasil controlava Montevidéo, Sacramento e o controle marítimo. A assinatura da paz, a retirada brasileira e a independência do Uruguai em 1828, estavam ligados à pressão inglesa pelo fim do conflito e o desgaste político e financeiro de D. Pedro I. 

A referência na matéria do Echo do Sul ao Marechal Abreu ou Barão de Cerro Largo é relevante para localização do sítio em que ocorreu a Batalha do Passo do Rosário. No Almanak do RS de 1911, havia sido publicado o auto de exumação dos restos mortais do Marechal Abreu ocorrido em 1909. Ele foi morto durante a batalha e foi enterrado numa vala coletiva onde foram colocados os brasileiros mortos.  


No dia 20 de fevereiro de 2027 completará 200 anos da Batalha do Passo do Rosário. Os restos mortais dos outros 199 brasileiros ainda estão enterrados no local? E os restos mortais de uruguaios e argentinos? Muitos questionamentos para instigar pesquisas. 

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

FURACÃO MELISSA CHEGANDO EM CUBA

 

https://zoom.earth/storms/melissa-2025/29-10-2025, 03h20.


https://zoom.earth/storms/melissa-2025/29-10-2025, 04h00.


Às 4 horas da madrugada (horário de Brasília), o furacão Melissa está chegando em Cuba. Sua categoria é de F3 com ventos sustentáveis de 205 km/h. Santiago de Cuba e outras localidades já começam a sentir os efeitos. 

Quando tocou a costa da Jamaica era um F5 com ventos entre 298-260 km/h. Os danos provocados virão a tona nas próximas horas e dias. Além do vento, os desafios são as inundações, deslizamentos, marés de tempestade etc. 

Conforme o canal zoom.earth a pressão mínima do furacão chegou a 892 mb a terceira mais baixa já registrada no Atlântico. Quanto menor a pressão maior pode ser a velocidade dos ventos. 

Outra imagem mais detalhada da área que poderá ser impactada em Cuba:

https://zoom.earth/storms/melissa-2025/29-10-2025, 04h00.

O VELHO LOPES (1910)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1913. https://memoria.bn.gov.br/

Matéria do jornal União (15 de janeiro de 1910) da cidade de Jaguarão traz informações sobre o "velho Lopes", um senhor de 107 anos que estava vivendo em Artigas (Uruguai) na fronteira com Quaraí. 

Natural do Piauí, foi enviado a Província do Rio Grande do Sul durante a Revolução Farroupilha lutando ao lado das forças Imperiais. 

Suas experiências militares na Revolução Farroupilha (campanha de 35), ocupação das tropas brasileiras no Uruguai (1851-52) e na Guerra do Paraguai, possibilitaram que tivesse conhecimentos dos comandantes Barão de Caxias, Conde de Porto Alegre e General Osório, sendo cabo de ordens do general rio-grandense.  

Entre memórias e estórias, o "velho Lopes" era uma enciclopédia de informações sobre eventos que hoje são capítulos temporalmente distantes nos livros de história.  

terça-feira, 28 de outubro de 2025

BARÃO DO LADÁRIO EM 1891

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1891. https://memoria.bn.gov.br/

Breve biografia do Barão do Ladário que foi o último monarquista a ser Ministro da Marinha. Ele tentou resistir ao levante republicano de 1889 e foi baleado. 

Pesquisei o jornal O Povo quando escrevi um livro sobre a epidemia de Cólera em Rio Grande. O radicalismo liberal dos editoriais me chamou a atenção. E ali fui apresentado ao Tenente José da Costa Azevedo e seu discursivo incisivo. Porém, não sabia tratar-se do Barão do Ladário - título que ele só recebeu em 12 de outubro de 1885. 

Esta matéria destaca algo quase esquecido nas biografias atuais do Barão do Ladário que foi passagem por Rio Grande. Vejamos: "Em 1855 fundou na cidade do Rio Grande, com seu cunhado João Soares Pinto, um jornal denominado O Povo, que foi o verdadeiro precursor do partido liberal rio-grandense, mais tarde levantado por Félix da Cunha e Gaspar Silveira Martins".  

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A MISSÃO DO HISTORIADOR (1889)

 


O professor e escritor Bernardo Taveira Junior (Rio Grande, 1836 - Pelotas, 1892) publicou esta abordagem sobre a missão do historiador. 

Em seu tempo, o trabalho de historiador era exercido por intelectuais dedicados a pesquisa histórica sem formação no campo da História. Advogados, militares, religiosos, médicos etc, assinavam como historiador. 

O elemento central de Taveira Junior era a missão do historiador como "nobre e elevada", apesar de "difícil e espinhosa". A atividade requer "talento e variada ilustração", além de "muita integridade de caráter, muita solidez de raciocínio e um profundíssimo senso crítico". 

Não havia especialização para as pesquisas em História e os posicionamentos pessoais, políticos, partidários e ideológicos poderiam conduzir a investigação para considerações que comprometeriam "a seriedade da ciência". 

Louvável reflexão relativa ao "senso crítico" e ao "espírito científico". Nem todo o arsenal de profissionalização e edificação do saber científico obtido pela Ciência Histórica no último século, parece garantir no presente que não haja intromissão da subjetividade na interpretação dos processos históricos. 

Como ressaltou Taveira Junior, "todo aquele que prezar os foros de historiador deve, por amor a ciência e culto a verdade, abstrair-se de toda a eiva pessoal, doutrina de opinião e preocupação nacional...". 

O texto foi publicado no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1889. Portanto, são 136 anos no passado. E continua uma reflexão atual. 

domingo, 26 de outubro de 2025

FURACÃO MELISSA

 

https://www.accuweather.com/pt/jm/national/satellite

Imagem de satélite do Mar do Caribe às 23 horas deste domingo, dia  26 de outubro de 2025. 

Observem as dimensões do Olho do Furacão!

O furacão Melissa de categoria 4 e possível passagem para 5,  está alinhado com a Jamaica e se observa que já toca no litoral sul e na capital Kingston. A Jamaica tem uma população de 2,7 milhões de habitantes e 651 mil vivem em Kingston.

A movimentação oceânica nas praias já deve estar assustadora. Estruturas suportarem ventos acima de 200 quilômetros ou até 250 sustentados é quase inviável.  

Imagino os momentos de apreensão que devem estar vivendo os jamaicanos neste domingo e nos próximos dias. Cuba e Haiti também estão apreensivos frente a trajetória do Furacão e das chuvas excessivas que acompanham este fenômeno extremo. 

Se a previsão publicada no https://zoom.earth/ for confirmada, Melissa vai chegar a 260 km/h antes de tocar o território da Jamaica na terça-feira. Uma hipótese é que chegaria ao sul de Cuba na categoria 3 e ventos de 195 km/h na quarta-feira. 

A TRAGÉDIA ANUNCIADA DO FURACÃO MELISSA


O cenário atmosférico para a Jamaica é aterrador para as próximas horas desta segunda-feira, 27 de outubro de 2025. 

Melissa passou de tempestade tropical para furacão categoria 4 em cerca de 24 horas. A expectativa é que se transforme num furacão categoria 5 com ventos sustentados de 250 km/h e rajadas de 300 km/h.

Segundo a MetSul: "Colegas meteorologistas nos Estados Unidos especializados em ciclones tropicais são unânimes em indicar que este furacão entrará para a história e que o cenário para a Jamaica é aterrador, o pior possível (...) Melissa ameaça Jamaica e o Sul do Haiti com combinação potencialmente catastrófica de ventos extremos, chuva devastadora e marés de tempestade de magnitude raramente observada no Caribe. Há um consenso o país caribenho famoso pelo reggae pode enfrentar um desastre sem precedentes na sua história moderna, com impactos que poderiam rivalizar, ou até superar, os provocados pelo lendário furacão Gilbert, em 1988"

É mais um evento atmosférico de caráter histórico que está prestes a ocorrer. Na COP-30 poderá ser um assunto a ser tratado junto com a liberação para a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. No futuro, serão mais 1,1 milhão de barris queimados por dia garantindo o aquecimento do planeta e o combustível para formação de furacões e eventos extremos. Atualmente, o Brasil produz cerca de 4 milhões de barris por dia. Mundialmente, são cerca de 97 milhões de barris diariamente. Anualmente são mais de 35 bilhões de barris de petróleo. Como argumentar que este volume não vai impactar o equilíbrio atmosférico? 

Para financiar a transição para energias renováveis é necessário o dinheiro da queima do petróleo, conforme afirmou o presidente brasileiro. Queimaremos, mundialmente, até a última gota de petróleo para então estarmos preparados para as enfrentar as mudanças climáticas. É um raciocínio em que se administra o veneno e, imaginariamente, se acredita que o antídoto fará efeito num momento do futuro. 

A pergunta leiga é: o que os países discutirão na COP-30? Prevenção, retórica ficcional ou apenas medidas de possível mitigação?    

O QUASE NAUFRÁGIO NO ALBARDÃO (1891)

 

https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=829447&id=2957801915509&pagfis=989

No Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1894 foi reproduzida do jornal Diario do Rio Grande uma notícia com final feliz.

Os inúmeros naufrágios ocorridos no litoral médio e sul do estado do Rio Grande do Sul nem sempre acabaram em tragédia em vidas ou perda total das embarcações. A costa do Albardão é famosa por estas ocorrências. 

Notícia publicada em 29 de março de 1891 relata que um vapor inglês naufragou na costa do Albardão, sendo procedente de Liverpool e tendo por destino o porto de Buenos Aires.  A carga era de 1 milhão de quilos de carvão, uma máquina industrial e outros gêneros. Possivelmente, um temporal deve ter lançado o vapor para proximidades da praia. E, conforme o jornal, um temporal foi responsável por elevar o nível da água e soltar da areia a embarcação que pode seguir para o seu destino. 

sábado, 25 de outubro de 2025

NEVASCA EM CAXIAS DO SUL (1907)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910. https://memoria.bn.gov.br/

Na noite de 4 de julho de 1907 caiu em Caxias uma intensa nevasca que cobriu telhados, ruas etc. A matéria afirma que há 30 anos que não ocorria um precipitação tão intensa de neve, o que remete a 1877? Ou foi em agosto de 1879 quando foi registrado dois metros de altura de neve na cidade de Vacaria?

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A BARBA BRANCA DO AUSTRÍACO

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1908. https://memoria.bn.gov.br/

O austríaco Giovanni Borghatto de 25 anos era um trabalhador da fábrica têxtil Ítalo-Brasileira e pensionista num hotel da rua General Netto. 

No sábado foi dormir com barba negra e no domingo acordou com barba branca, atraindo a atenção dos colegas na fábrica. Exatamente, o operário trabalhava no sábado e no domingo...

O que pode ter ocorrido como Giovanni foi a perda súbita de melanina (pigmento que colore os cabelos). Pode ser causado por um vários fatores associados: genética, estresse agudo, deficiência de vitamina B12, problemas na tireoide etc. Fatores não faltam, porém, a rapidez do processo em poucas horas causa estranheza.   

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

GUERRA DO PARAGUAI E JUAN SILVANO DE GODOI

 

https://memoria.bn.gov.br

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1916 traz este anúncio de um livro publicado pela Livraria Americana. 

Trata-se Guerra do Paraguai - monografias históricas, autoria de Juan Silvano de Godoi (1850-1926). Este autor paraguaio se debruçou sobre a Guerra da Tríplice Aliança neste livro publicado em Buenos Aires em 1893 e em outras publicações posteriores.  Desta forma, traz uma visão mais apaixonada da perspectiva da República do Paraguai no conflito. 

José Arthur Montenegro é responsável pela versão e notas, onde procura rebater ataques de Godoi à participação brasileira. Montenegro já havia lançado este livro, originalmente, em 1895. 

Edição argentina de 1893. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A FORCA EM PELOTAS

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1917. https://memoria.bn.gov.br

O escritor João Simões Lopes Netto (1865-1916) escreveu uma matéria sobre a utilização da pena de morte por enforcamento na cidade de Pelotas. 

Este é um tema polêmico e que muitos anos depois do final das execuções, no caso em 1917, continuava a atrair a atenção dos leitores. 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

SINO MISSIONEIRO E SEPÉ TIARAJÚ (1726)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1908. https://memoria.bn.gov.br

Sinos da Igreja de São Miguel foram levados para Cruz Alta em 1845 e ficaram expostos num campanário. 

A matéria publicada originalmente no jornal Democrata (Cruz Alta, 20 de julho de 1906) informava que um destes sinos fora instalado na então Igreja Matriz (construída em 1873) e hoje Catedral do Divino Espírito Santo de Cruz Alta (remodelada entre 1944-1949). 

O sino tinha a inscrição: "S. Michaelis, ora pro nobis - 1726", ou seja, foi fundido um ano antes da chegada de Silva Paes a Rio Grande. 

A sonoridade deste sino devia ser conhecida por Sepé Tiaraju (1723-1756), corregedor e alferes-mor de São Miguel. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

PRIMEIRO HOSPITAL DA SANTA CASA

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1916. https://memoria.bn.gov.br/

Esta matéria (assinada por Menandro Cabral) traz alguns esclarecimentos sobre a cronologia das ocupações do primeiro prédio do hospital da Santa Casa na cidade do Rio Grande. 

O hospital ficava localizado na Rua Coronel Sampaio proximidade da esquina com a Rua Marechal Floriano. Em 1871 é desocupado pela Santa Casa que passa a ocupar o prédio na Rua General Osório. 

Após 1871 foi residência, fábrica de conservas e "valhacouto de vícios" até a sua demolição em setembro de 1909. 

domingo, 19 de outubro de 2025

A FUGA DO TREM (1907)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910. https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=829447&id=2957801915509&pagfis=7061

Uma fuga espetacular ocorreu no dia 11 de junho de 1907 quando um preso de Santana do Livramento era transportada para Porto Alegre. Ele estava em um trem no trecho entre Cacequi a Santa Maria quando pulou do vagão. A fuga foi combinada e pessoas esperavam com cavalo encilhado. 

O alferes e dois soldados da Brigada Militar devem ter ficado desconcertados com a fuga cinematográfica. 

sábado, 18 de outubro de 2025

SENTENÇA DE MORTE A TIRADENTES

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1891. https://memoria.bn.gov.br/

Esta matéria mostra uma gravura de 1822 de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792). O retrato, de autor anônimo, foi realizado 30 anos após a morte do inconfidente mineiro. 

Também foi publicada a sentença de morte por enforcamento proferida pelo Supremo Tribunal de Justiça.   

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O PODER DA MÚSICA (CERCA DE 1890)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1891. https://memoria.bn.gov.br/


Esta é uma história ou estória (?) contada por Eduardo Wilhelmy de Pelotas, possivelmente, por volta de 1890 ou um pouco antes. 

O cenário é o Rio Camaquã no Passo do Mendonça, atual município do Cristal, na altura da ponte da BR-116 (km 130) sobre o Rio Camaquã. O local não é distante do Parque Histórico General Bento Gonçalves. 

Wilhelmy e um companheiro, num dia de outono de vento minuano e ao entardecer, tentou atravessar o Rio Camaquã no Passo do Mendonça onde havia um barqueiro que não observou a chegada dos viajantes. A dupla lançou a carroça puxada por dois cavalos nas águas e avançaram até o meio do rio onde as rodas enterraram na areia. Os animais estagnaram e surgiu a ideia de tocar músicas numa gaita para incentivá-los a continuar até a outra margem. E funcionou com os cavalos quase chegando na outra margem quando uma roda soltou. Continuaram a tocar a gaita quando o barqueiro se aproximou dos viajantes encharcados e os salvou da difícil situação. 

Como o barqueiro percebeu a presença dos "náufragos"? "Meu filho que andava a caça de capivaras, voltou assustado, dizendo que ouvira música ou gemidos das almas do outro mundo, quando passava perto daqui. Eu, que não creio em almas, nem em bois-tatás, montei o cavalo e a pouco e pouco pude distinguir que era música de gaita e bem tocada". 

A música funcionou parcialmente com os cavalos e melhor ainda com o barqueiro. E Wilhelmy refletiu: "Ó música, bela filha do céu, quem não há de adorar-te!".  

Vale a pena ler a história na íntegra. É um fragmento das andanças e desafios pelo interior do Rio Grande do Sul. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O MONSTRO DA ILHA DE SANTANA

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1891. https://memoria.bn.gov.br/

Estamos no mês do Halloween e hoje fiz a leitura desta história cuja matéria reproduzi acima. 

Na noite de 20 para madrugada de 21 de abril de 1890 na Ilha de Santana, a 8 quilômetros da costa de Macaé (Rio de Janeiro), cinco homens estavam acampados pescando e isolados da civilização. Um dos homens observou um vulto monstruoso que vagava junto a fogueira na beira da praia. Se aproximaram e questionaram a figura que parecia um monstro e não obtendo resposta correram para agarrar o que parecia ser o vulto gigante de um homem. O monstro entrou caminhando no mar e desapareceu nas águas. Foi mantida vigilância na beira da praia até o amanhecer do dia seguinte e nada mais foi visto. A matéria ressalta: "este fato é bem extraordinário e verdadeiro". 

Na ilha de Santana, em 1901, foi construído um farol da Marinha. A ilha é um santuário ecológico para migração de aves. Há uma base da Marinha na Ilha que só pode ser visitada com autorização da Capitania dos Portos.  

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

 


https://memoria.bn.gov.br/


O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1891 reproduziu o Hino da Proclamação da República. 

Este hino foi escrito por José Joaquim Medeiros e Albuquerque e música de Leopoldo Miguez. O objetivo era construir uma nova identidade para o país que passou da Monarquia para a República. A letra enfatizava que a liberdade surgiu a partir do dia 15 de novembro de 1889 e a tirania ficou para trás. 

Os graves conflitos ocorridos pelo controle do aparelho de estado deixaram claro que as antigas mazelas e disputas pelo poder se mantinham vivas e com novo fôlego na batuta republicana. Imaginários e práticas cotidianas não se modificam por decreto e o Brasil colonial e imperial permaneciam vivo no Brasil republicano. 

terça-feira, 14 de outubro de 2025

O ASSASSINO BEAUVALLON ESTEVE NO RS?

 

Desafío de MM. de Beauvallon y Dujarier. "Consecuencias del desafío." Annales dramaticos del crimem... Madrid: Imprenta de Fernando Gaspar, 1858-1866. 
https://www.flickr.com/photos/fdctsevilla/6875028837/in/photostream/

Na gravura se observa o resultado de um duelo acontecido em 11 de março de 1845 nas imediações de Paris. O jornalista Alexandre Dujarrier, gerente do jornal La Presse, foi morto com um tiro pelo jornalista Jean-Baptiste Rosemond de Beauvallon. Suspeitas foram levantadas sobre Beauvallon, que era um excelente atirador, de se sentir ofendido e exigir um duelo com Dujarrier que era um péssimo atirador. Quem pagou para a eliminação do gerente do jornal?  

Beauvallon nasceu em Guadalupe em 1803 e era um defensor da escravidão. Foi condenado pelo assassinato de Dujarrier a 10 anos de prisão, porém, em 1848 foi colocado em liberdade e seguiu para a Martinica e depois para Guadalupe onde continuou tentando provar sua suposta inocência. Faleceu em 1903 em Guadalupe tendo sido o diretor do jornal L'Echo de Guadalupe.  

A matéria abaixo (publicada em 1891 no Almanak do RS) é enigmática, pois, o autor conhece a história de Beauvallon na França e afirma que entre os anos 1850-60 ele teria residido entre Pelotas, Canguçu e Piratini. Numa janela de tempo (1852-1869) ele teria estado no Rio Grande do Sul? Ou as testemunhas destas localidades confundiram e conviveram com outro estrangeiro que fugia da justiça francesa?


Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1891. https://memoria.bn.gov.br/


segunda-feira, 13 de outubro de 2025

A LENDA DO FIM DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1891. https://memoria.bn.gov.br

Uma lenda a respeito da Abolição da Escravatura foi registrada por Emilio do Amaral Ribeiro (do Rio de Janeiro) e datada de 14 de novembro de 1889. 

Ribeiro explica, criticamente, que ex-escravos estavam divulgando que "a promulgação da lei de 13 de Maio de 1888" foi assinada pela Princesa Isabel que não estava conseguindo dar a luz e corria risco de morte. Uma preta velha garantiu a princesa que esta daria a luz a um filho que se chamaria João Alfredo se fosse assinada "uma lei que libertasse todos os escravos".  Essa seria a origem da Lei Áurea. 

A Lenda não resiste a todo contexto de discussões parlamentares, pressões de grupos abolicionistas, mudança da mão-de-obra escrava para livre, libertação ou fuga em massa de escravos anterior a 1888 etc. 

Também não resiste ao fato que Isabel teve apenas três filhos e o último nasceu em 1881. Nenhum se chamou João Alfredo. 

Interessante é que, já em 1888-1889, se estabelece uma explicação personalista entre a figura da Princesa Isabel e a libertação dos escravos no Brasil. Nas décadas seguintes, comemorações de ex-escravos no dia 13 de Maio, se caracterizaram pela ênfase em agradecer a atuação de Isabel em prol do fim da escravidão. 

sábado, 11 de outubro de 2025

ACÔNITO E OS LOBISOMENS

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1890. https://memoria.bn.gov.br/

Em 1890, o acônito é relacionado a um poderoso veneno narcótico. Na mitologia grega teve origem na espuma do cão Cérbero (protetor do submundo) em episódio envolvendo Hercules. 

O acônito (aconitum) é uma planta que nasce no outono em áreas montanhosas do Hemisfério Norte. É muito venenosa e se ingerida, pode matar uma pessoa em cerca de 20 minutos. Até tocá-la com as mãos é perigoso.  

Na Grécia Antiga os gregos caçavam lobos com flechas envenenadas com a planta. Na Idade Média, em algumas regiões, o acônito era plantado próximo as casas para afugentar os lobos ou lobisomens. Daí seu apelido de "matalobos". 

A imagem é marcante e se popularizou no clássico filme O Lobisomem de 1941. A cigana recita: "Até mesmo um homem que é puro de coração, e reza suas preces à noite, pode se tornar um lobo quando o acônito floresce e a lua de outono brilha". 

Filme O Lobisomem (1941), Universal Filmes. 

SEPÉ TIARAJU

 

https://memoria.bn.gov.br

No Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1890 foi publicada esta matéria de Thomé Gonçalves Ferreira Mendes da cidade de Passo Fundo. 

O tema me fez recordar minha tese de douramento quando investiguei a historiografia missioneira no Rio Grande do Sul. 

E também analisei polêmicas envolvendo a aceitação e reprovação de Sepé Tiaraju como símbolo mítico na formação histórica rio-grandense. Porém, desconhecia este escrito de Thomé Mendes que defende o herói Sepé Tiaraju no ano de 1890. Simões Lopes Neto, vinte anos depois, em 1910 publicou O Lunar de Sepé que popularizou o tema recorrendo as oralidades, o folclore indígena.  Em 1926, Mansueto Bernardi argumentou que Sepé foi o "primeiro caudilho rio-grandense" e uma referência fundamental da cultura do gaúcho rio-grandense. A polêmica historiográfica se estendeu até a década de 1950. 

Ainda no século XIX, em 1890, a polêmica começou a ser esboçada. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

ARTHUR MONTENEGRO (1901)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1904. https://memoria.bn.gov.br/docreader.

No dia 4 de abril de 1901 faleceu em Rio Grande o cearense José Arthur Montenegro

Reproduzo na íntegra a biografia publicada no Almanak do Rio Grande do Sul

Montenegro deixou um legado documental extraordinário no acervo da Biblioteca Rio-Grandense: documentos escritos, iconografias, fotografias, jornais, mapas etc, relativos a Guerra do Paraguai. Sua paixão pela pesquisa histórica propiciou o levantamento e aquisição de fontes para o estudo deste conflito entre Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

GENERAL BACELLAR (1899)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1902. https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx.

No dia 14 de setembro de 1899 faleceu Antonio Joaquim Bacellar. Portanto, uma semana depois do General Telles. Ambos lutaram na defesa da cidade do Rio Grande durante a Revolução Federalista.  

Uma biografia deste militar, cujo nome foi dado a uma das principais ruas da cidade do Rio Grande foi publicada no Jornal do Comércio (Porto Alegre). 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

GENERAL TELLES (1899)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1902. https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx

No dia 7 de setembro de 1899 faleceu o General Carlos Maria da Silva Telles. 

Por seu papel na defesa da cidade do Rio Grande durante o cerco federalista em 1894, a Intendência Municipal passou a chamar a Praça Municipal de Praça General Telles (atual Praça Xavier Ferreira). 

Esta biografia foi originalmente publicada no jornal Echo do Sul (Rio Grande). 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

ARMAS DO BRASIL (1906)

 

https://www.albertolopesleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=18159812&ctd=597

Cartão Postal da "Coleção Brasiliana de Vulgarização dos Fastos da História Nacional" , Série 1ª, nº 11 - Armas do Brasil (conforme o Decreto n. 4 de 19 de Novembro de 1889).

Este é um dos cartões editados por João Simões Lopes Netto em Pelotas, numa primeira série com 25 modelos lançados em 1906. 

As Armas Nacionais do Brasil ou Brasão da República foi idealizada por Artur Zauer e desenhada por Luís Gruder sendo um dos quatro símbolos oficiais da República Federativa do Brasil: armas, hino, bandeira e selo nacional. 
 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

MANOEL IGNACIO DE LACERDA WERNECK (1899)

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1902. https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=829447&Pesq=%22ilha%20dos%20marinheiros%22&id=2957801915509&pagfis=4080

Em 9 de outubro de 1899 faleceu em Rio Grande Manoel Ignacio de Lacerda Werneck. 

Engenheiro da Estrada de Ferro de Porto Alegre a Uruguaiana e Intendente Municipal do Rio Grande. 

A biografia foi originalmente publicada no jornal O Paiz (Rio de Janeiro). 

domingo, 5 de outubro de 2025

TEMPESTADES NAS PRÓXIMAS HORAS?

 

https://metsul.com/alto-risco-de-tempestades-nas-proximas-horas-apos-calor-de-quase-40oc/

Modelo alta resolução WRF da MetSul "mostra potencial para supercélulas de tempestade na Metade Sul gaúcha com vento (mapa) muito intenso isolado até acima de 100 km/h e granizo de variado tamanho"



Assinalei a posição da cidade do Rio Grande e observamos a possibilidade de formação destas células com ventos muito intensos entre Pelotas, Rio Grande, Arroio Grande, Pedro Osório, Capão do Leão etc. 

Dedos cruzados numa mão e segurando a lanterna na outra. 

ALERTA NA BR 153 AO SUL DE CAÇAPAVA

https://metsul.com/radar/, 05-10-2025, 21h15. 

Núcleo de granizo avançando para a BR-153 um pouco ao sul da cidade de Caçapava do Sul às 21h15 deste domingo tempestuoso. 

Muitas vezes fiz de automóvel este caminho indo entre Rio Grande a Rio Pardo onde moravam os meus pais. Recordo os temporais que peguei nestas viagens. 

Aviso aos motoristas: problemas nos próximos minutos.