Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 31 de julho de 2023

PRAÇA XAVIER FERREIRA E CÂMARA DO COMÉRCIO

 

Acervo: Autor. 

Este cartão-postal fotográfico remete a uma temporalidade hipotética de 1945. 

Cenário da Praça Xavier Ferreira tendo ao fundo o prédio da Câmara do Comércio, a torre da Alfândega, a Coluna da Liberdade e a cúpula da Alfândega. 

sábado, 29 de julho de 2023

CARTÃO DO CASSINO (1909)

Acervo: https://www.avenidalivros.com.br/

Este cartão-postal que estava à venda num leilão no ano de 2022 é muito especial. Feliz de quem o adquiriu. É datado do Cassino em 1 de março de 1909 e faz parte de uma coleção editada em 1908. 

A fotografia mostra à beira-mar do balneário Cassino (chamado de Villa Sequeira) com as casinhas de aluguel para troca de roupa pelos banhistas. Em 1890 estas casinhas de troca de roupa e a presença de salva-vidas, além da estrutura de um balneário planificado para o banho de mar medicinal (ferrovia, restaurante, hotel, casas de aluguel, espaço para bailes e apresentações artísticas, comércio de venda de produtos europeus para o banho de mar, casas de veraneio etc), fazia surgir o primeiro balneário pensado e planificado -a partir de 1885-, para fins específicos de veraneio e banho de mar em nível de Brasil. 

Manuscrito no anverso do cartão (o verso não foi disponibilizado para identificação da cidade do destinatário) está a seguinte mensagem: "Nininha. Muito grata pelo seu atencioso cartão, envio a todos muitas saudades. Lucilia".  "Nora com prazer, recebeu o beijo de seu noivo e pede-me que daqui lhe envie muitos". A finalização é ótima no convite para partilhar "em pensamento" o banho de mar de Lucilia e Nora: "Vamos para o banho. Não querem acompanhar-nos?". 

A troca de cartões-postais permitia a globalização de imagens de inúmeros locais do planeta. Uma forma popular (pelo baixo custo) de conhecer imagens de outros povos, cenários geográficos, estruturas materiais, urbanidade e ruralidade etc. Especialmente, permitia manter os laços afetivos ou profissionais. 

Para os historiadores, ainda mais no campo da história cultural e patrimonial, são objetos preciosos que registram momentos, por vezes, lúdicos do passado. 
 


sexta-feira, 28 de julho de 2023

BROMBERG E CRISTALPALAST

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 Fotografia obtida do interior da Praça Xavier Ferreira. 

Com a fachada voltada para a Rua Marechal Floriano está a "Secção de Machinas" da Bromberg. 

Ao fundo, na Rua Duque de Caxias esquina com a General Bacelar, a confeitaria e café "CristalPalast". 

Datação aproximada 1925-1930.  

quinta-feira, 27 de julho de 2023

AVENIDA RHEINGANTZ COM 24 DE MAIO

 

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

O bonde elétrico que circulava pela Avenida Rheingantz (observa-se a chaminé e o prédio da administração da União Fabril ao fundo) fazia uma curva acentuada para ingressar na Rua 24 de Maio. O trânsito, os prédios, a pavimentação e a espacialidade se modificaram muito desde que esta fotografia foi realizada a cerca de um século. Datação hipotética: 1920. 


https://www.google.com.br/maps/

quarta-feira, 26 de julho de 2023

CHAFARIZ DAS TRÊS GRAÇAS EM 1959

 

Acervo: Autor. 

Este cartão-fotográfico do Foto-Postal Colombo faz parte de uma série de dezenas de imagens obtidas em Rio Grande no ano de 1959. A materialidade patrimonial daquele momento ficou registrada em fotos aéreas e terrestres.

Um dos patrimônios materiais de arte pública que chamava a atenção é o chafariz das Três Graças que demarca a centralidade da praça Xavier Ferreira. 

Os prédios ao fundo do chafariz estão na Rua Marechal Floriano e as duas torres da Igreja do Carmo despontam entre a árvore e o prédio (CEF) na parte central do cartão. 

A Coluna da Liberdade tem ao fundo a face do prédio da Alfândega pela Rua dos Andradas. 

Esta imagem é um momento congelado do tempo que recua a 64 anos. 

terça-feira, 25 de julho de 2023

SENHORAS DA BELLE ÉPOQUE

 

Acervo: Autor. 

Detalhe de um cartão editado por R. Strauch/Livraria Rio-Grandense e datado de 1912. Esta é a rua Marechal Floriano na altura do prédio da Alfândega. 

Ao analisar notícias e anúncios da imprensa do Rio Grande neste período, a cidade vivia (para segmentos mais privilegiados) uma belle époque com expectativas de avanços econômicos. 

O comércio de exportação e importação mantinha um ritmo promissor e a cidade era um entreposto de produtos atuais do que havia de mais desenvolvido na tecnologia mundial (europeia e norte-americana). Um exemplo era a empresa Bromberg. O ritmo das indústrias locais as projetavam na esfera nacional como o caso da Leal Santos, Rheingantz, Poock e Ítalo-Brasileira. As expectativas da construção do Porto Novo e dos Molhes da Barra pela Companhia Francesa se efetivaram em 1915. 

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e as crises no comércio internacional decorrentes fez com que o cenário se torna-se diferente entre às décadas de 1920-1930. 

Em 1912, frente aos inúmeros eventos sociais e atrações públicas como teatro, cinema, clubes, confeitarias etc, a imagem destas senhoras caminhando com os clássicos vestidos longos e chapéus emplumados da belle époque (roupas do ano do afundamento do Titanic) é coerente com o estágio promissor da cidade portuária mais ao sul do Brasil.  

segunda-feira, 24 de julho de 2023

MONUMENTO DA LIBERDADE

 


No cartão-postal do editor José Regina a centralidade está no monumento da Liberdade (1889) na Praça Xavier Ferreira na época chamada de Praça General Telles. 

Datação por volta de 1925. Os prédios ao fundo estão na rua Marechal Floriano, pois a estátua, que representa a abolição  da escravidão no Brasil, está voltada para a Lagoa do Patos e para às embarcações ancoradas no Porto Velho. 

domingo, 23 de julho de 2023

LEITARIA MARIENSE

 

O Intransigente, 09-01-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.

A Leitaria Mariense era bem mais do que uma leitaria. Vendia sorvetes, gelados, chocolates e bombons em caixinhas, café, coalhada bulgara, bolinho de leite, café moka, taça de chocolate etc. 

Para quem viveu em 1912 seria um local tentador para conhecer na Rua Marechal Floriano.  

No presente fiquei curioso em provar o sorvete de maça e o bolinho de leite. 

sábado, 22 de julho de 2023

AÇOUGUE SALIES NA VILA DA QUINTA

 

O Intransigente 11-11-1911. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Com a construção da Estação Ferroviária na Vila da Quinta no ano de 1884, parte da Linha Rio Grande-Bagé, a localidade passa a se urbanizar como um entreposto da produção agrícola nas Ilhas e na produção pecuária na direção do Taim. 

A influência política do setor pecuarista inclusive se fazia presente na Intendência Municipal do Rio Grande, pois, o Intendente em 1911 era o odontólogo Trajano Lopes com suas raízes na Quinta. 

A nota publicada no jornal republicano O Intransigente do dia 11 de novembro de 1911 informa que estava em funcionamento um açougue na Vila da Quinta que se enquadrava nas normas rigorosas de higiene para o período. O seu proprietário era o capitão Abdon Salies. 

Em diferentes campos do comércio e da prestação de serviços, o sobrenome francês Salies a mais de um século acompanha a historicidade da cidade do Rio Grande e de seus distritos. 

sexta-feira, 21 de julho de 2023

MOINHOS DE VENTO WESTENGHAUSE

 

O Intransigente, 23-07-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

O mercado de motores e moinhos de vento estava aquecido nas primeiras décadas do século XX. 
Neste caso é o produto importado dos Estados Unidos "Faurbanks Morse". O uso da energia eólica, num período ainda incipiente de fornecimento de energia elétrica, especialmente nas áreas rurais, garantia um mercado promissor. 
Em Rio Grande a Casa Byrington & C. importava de New York este e outros produtos, inclusive, eram agentes da fábrica Westenghause. 
Para recordar, Rio Grande teve algumas experiências públicas do uso de cata-ventos ou moinhos de vento: dois estavam instalados na Praça Tamandaré desde o final do século XIX e um foi instalado no Balneário Cassino na década de 1890. 
Para uso residencial urbano e especialmente rural, a utilização era comum com modelos menores. 

quinta-feira, 20 de julho de 2023

FAÇA-SE A LUZ

 Ontem, quarta-feira, 14h30 retornou a luz. Não sei por quanto tempo durará mas aproveitei para utilizar sem parcimônia o notebook. Afinal, um grande volume de material da universidade estava se arrastando pela ausência de internet e reduzidíssimo tempo de utilização pela falta de energia. 

Na postagem de ontem evoquei o deus egípcio Rá, o Deus Sol que conduz a Terra por um caminho seguro e que garante a sobrevivência da espécie humana. Valeu o pensamento. 

Foram 157 horas sem energia elétrica. Uma novela gótica de sete dias com direito a catacumbas sombrias e luzes tênues de velas ou lanternas que teimavam em se esvair rumo à escuridão. Fósforos, pilhas, leds vacilantes faziam o conjunto espectral das formas projetadas nas paredes. 

Os escritores anteriores as últimas décadas do século XIX deviam catar letras que escorriam em suas canetas tinteiro: é difícil escrever ou digitar com o mínimo de luz! Claro, eles deveriam estar tecnologicamente melhor preparados com velas encorpadas, lampiões, lareiras... Nos iludimos com a tecnologia da iluminação elétrica e nos desabilitamos a estes sentidos mais aguçados dos movimentos noturnos. A íris se tornou preguiçosa frente a tanta abundância de luzes e cores. Porém, para realizar a fantasia da abundância é preciso dispor da competência no fornecimento e aí podemos nos iludir e até deprimir. 

Se realmente normalizar a energia, o pé continua atrás, precisamos lançar nossas vibrações e pressões para que todos aqueles que ainda estão passando por este momento difícil recebam a luz que está faltando em suas vidas. Parece que um grande esforço precisa ser redobrado para que isto aconteça. Estou na torcida pela normalização total do abastecimento.   

terça-feira, 18 de julho de 2023

CEEE - 144 HORAS

 Aqui no escurinho da madrugada permanecemos na espera de dias melhores. 

A carga do smartphone que está  se exaurindo é carregada diariamente,  a 10 km de casa, graças a gentileza de um ser que em sua residência está sendo iluminado pela luz elétrica. 

Escrevo para lembrar a "Companhia Ciclone Equatorial": ENTRAMOS NO SÉTIMO DIA DAS TREVAS. SÃO 144 HORAS SEM LUZ. 

Tenho de postar rápido pois a bateria está em 12%. 

Amanhã será outro dia e que medito para que o Deus Rá cruze a eclíptica radiante e aquecendo os ossos congelados da noite invernal. 


CEEE 120 HORAS

 

Av. Presidente Vargas.


Dependendo da mídia não existiu esta interrupção na Av. Presidente Vargas na tarde do dia 17 de julho. Nem uma nova obstrução nas imediações da Ponte dos Francesas. 

São histórias que vão se perder como se a população estivesse apática e não fazendo protestos frente as 120 horas sem energia elétrica. 

Perderam os alimentos refrigerados, estão passando frio e no escuro, estão sem acesso a Internet tantas vezes utilizada para o trabalho. Talvez e com razão temam serem assaltados na escuridão apesar de vivermos numa das cidades de menor criminalidade do país. 

O que está acontecendo exigirá no mínimo uma audiência pública para questionar e saber de um plano de contingenciamento realista e honesto para os próximos eventos climáticos. 

É preciso que não se repita de receber durante cinco dias está mensagem esdrúxula. 


5 dias esperando a equipe fantasma que já está trabalhando. Foram dezenas de vezes enviada está mensagem. 

Continuamos no frio polar esperando o nascer do sexto dia. 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

CEEE

 108 horas sem energia!

Encontrar uma das "500 equipes" de manutenção pós ciclone só num roteiro de ficção científica que vai desbancar Avatar. 

O silêncio da mídia e do poder público é mais aterrador do que o ciclone. Nos canais de comunicação públicos não está faltando energia elétrica. Na mídia oficial uma aceitação completa da lentidão creditada ao ciclone. Nenhum questionamento a falta de qualidade do serviço. 

As equipes que estão prestando o atendimento na minha região podem ser observadas nesta fotografia onde reside o "complexo" problema da falta de luz. 

Nas fotos se observa a atuação exaustiva das equipes.


Dica para não se perderem:


Temos o número do transformador. Tem um fio com uma bucha caída no chão e uma bucha  queimada junto ao transformador. Infelizmente não fiz um curso de eletrotécnico para poder ajudar na troca. 

MONTE PENEDO E O PETRÓLEO

O Intransigente, 19-10-1912, Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 O empresário George Wachtel responsável por linhas de navegação com Hamburgo fez um discurso que traz elementos relevantes sobre o transporte marítimo. Era o ano de 1912 e ele estava apresentando um moderno paquete chamado Monte Penedo que ligou o Porto de Hamburgo na Alemanha com o Sul do Brasil e "escolheram como ponto de destino final do primeiro do paquete motor", o Porto do Rio Grande. Esta "nova classe de navios talvez seja destinada a alterar profundamente o sistema de navegação do mundo todo, passando do carvão para outros combustíveis com grande economia de pessoal e despesas". A inovação é que o motor do Monte Penedo era movido a petróleo e não mais a carvão. 

domingo, 16 de julho de 2023

CEEE

 

Roberto Socowski, 15-07-2023, 15h.

Não estamos preparados para o El Niño ou para mudanças climáticas!

A infraestrutura pífia não pode responder minimamente a eventos médios climáticos. 

Com o ciclone desta semana se evidenciou a fragilidade ou incompetencia na resposta a um evento que poderá se tornar mais persistente em curto espaço de tempo. Os eventos extremos estão acelerando. Esperava minimamente uma resposta incisiva de uma força tarefa estruturada e numerosa  atuando em Rio Grande para religamento da energia elétrica. Muitas equipes atuando num esforço de prioridade estadual. É desolador. É patético. Já temos uma duplicação estadual abandonada e muito perigosa  para a circulação em área urbana (trechos estão sem acostamento) e agora se soma o abandono da escuridão.

De fato o Ciclone Extra- Tropical Equatorial (CEEE) tem sido mais devastador que o evento climático desta quarta e quinta-feira. 

Já são mais de 80 horas sem energia. Numa tentativa de religar a luz na madrugada passada devem ter invertido os polos e a fiação pegou fogo num show pirotécnico de festa junina fora de época. Está garantida a escuridão e a perda total de alimentos de geladeira e freezer. A água da caixa também acabou. Talvez seja o treinamento para um estado de guerra e a cidade Rio Grande foi escolhida para cobaia. Garanto que se depender da CEEE não podemos em hipótese alguma entrar numa guerra. Fomos reprovados. Fomos derrotados. Hospital, comércio e prestação de serviços tiveram  paralisações ou  prejuízos que vão infinitamente além desta minha preocupação domiciliar. 

Desolador a fragilidade deste sistema elétrico.  Mais desolador foi a capacidade de resposta. Esdrúxulo o serviço de atendimento ao cliente que só enrola e nada diz. Estamos na mão da natureza para que a cauda do próximo ciclone não pouse em nossas cabeças e teste nossa infraestrutura incompetente.  


Neste sábado a população da localidade da Mangueira e da imediações da Roberto Socowski obstruiu a pista queimando pneus em protesto. Revoltados com o abandono e com suas seguranças na escuridão da noite eterna que se abateu. 

Por enquanto é passar a noite no frio da noite polar e olhando o movimento da vela na mesa. A Idade das Trevas medievais voltou. 

INCÊNDIO NA EMBARCAÇÃO

O Intransigente, 23 de outubro de 1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

No dia 22 de outubro de 1912 ocorreu um grave incêndio a bordo do Lanchão Bolívia pertencente a empresa Bromberg que tinha várias casas estabelecidas em Rio Grande. 

A embarcação estava atracada em frente ao trapiche da firma J.L. Vianna & Cia. e partiria pela amanhã para Pelotas carregada com arame, petróleo e gasolina. 
 
Centenas de pessoas ficaram assistindo o espetáculo pirotécnico na Rua Riachuelo havendo apreensão que o fogo não atingisse outras embarcações. "De momento em momento ouvia-se estrondos: eram as latas de petróleo e gasolina que rebentavam, dando maior incremento ao fogo". O lanchão acabou se partindo ao meio e afundou uma parte enquanto outra seguiu em chamas até a altura do Hospital da Santa Casa.  

Foram 100 caixas de querosene e 300 caixas de gasolina que queimaram até que o combustível esgotou a uma hora da madrugada do dia seguinte. 

sábado, 15 de julho de 2023

SPORT-BAR EM 1912

O Intransigente, Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 Podia faltar dinheiro no bolso mas opções para gastar é que não faltava em Rio Grande do distante ano de1912. 
Era teatro, cinema, cafeterias, confeitarias, apresentações culturais variadas, restaurantes, clubes noturnos, de futebol etc. 

E surge mais uma casa comercial o "Sport-Bar" que servia de cafés até a la minuta. Localizada no ponto mais badalado que era a Marechal Floriano esquina com a Andradas - tendo por referência a praça mais glamorosa:  a Xavier Ferreira que na época se chamava Praça General Telles. 

A "dignissima freguezia" poderia virar a madrugada no estabelecimento que era dotado até de "telephone". Mas que certamente não era para tele-entrega. 

sexta-feira, 14 de julho de 2023

VINHO PORTUGUÊS

 

O Intransigente, 23-06-1912. Acervo Biblioteca Rio-Grandense. 

A indústria vinícola portuguesa basicamente abasteceu o Brasil desde o período Colonial. 

Ao lado do azeite de oliva eram os produtos de maior incremento nas importações brasileiras com a ex-metrópole.

 No ano de 1912, a disputa de mercado dos vinhos portugueses continuava acirrada e sendo os preferidos no mercado consumidor. Isto que neste período, já se esboçava a concorrência com a produção vinícola realizada no Rio Grande do Sul: inicialmente com a uva Isabel na Ilha dos Marinheiros (e outras cepas) e com a produção vinícola de ítalo-brasileiros na Serra Gaúcha. Porém, um longo caminho secular foi trilhado para o surgimento dos chamados vinhos finos gaúchos cujas técnicas Portugal já dominava. 

quinta-feira, 13 de julho de 2023

MANTEIGA DA VILA DA QUINTA

 

O Intransigente, 23-07-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Estamos no ano de 1912!

No depósito da empresa de exportação e importação Cunha, Freitas & C. estava disponível para venda a vareja a "Manteiga da Quinta" de pura nata. A manteiga foi premiada com medalha de ouro na Exposição Estadual de 1901 e era fabricada por Abdon Salies & Filho. Conforme o anúncio "é a melhor manteiga nacional que há no mercado". 

Os campos na região da Vila da Quinta e em direção ao sul eram propícios para a criação de gado leiteiro. No caso, para o aproveitamento do leite para a produção de manteiga. 

quarta-feira, 12 de julho de 2023

O CINE GLÓRIA

 

Cine Glória cerca do final dos anos 1950. Esquina das ruas Benjamin Constant com Dr. Nascimento. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

“Ir ao cinema era quase uma obrigação, a gente nos fins de semana já sabia que o programa era aquele, era ir ao cinema não é? É porque vinham filmes muito bons, tanto europeus como americanos. Então a gente gostava de assistir a esses filmes. Antes da sessão, ficávamos reunidos na ante-sala conversando e trocando ideias, contando as novidades, fazendo as fofocas (risos)”. Walter Albrecht

 

             O Cine Glória ainda faz parte da memória de grande parte da população da cidade do Rio Grande. Milhares de filmes foram projetados nesta que era uma das salas mais modernas construídas até os anos dourados (anos 1950) no Brasil. 

Como participei recentemente da banca de monografia de conclusão do Curso de História Bacharelado (FURG) defendida por Fernando Marrera com o tema “Circuito Cinematográfico Glória”, farei uma breve abordagem das informações trazidas por esta monografia em relação, especificamente, ao Cine Glória.

O surgimento da Empresa Francisco Cupello & Cia. Ltda que passou a ser mais conhecida como Circuito Cinematográfico Glória, estendeu sua atuação por várias cidades do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros. Em Rio Grande, as duas principais salas de cinema que formaram este Circuito foram o Cine Sete de Setembro (inaugurado em 1949 no local do antigo Teatro Sete de Setembro) e o Cine Glória. A empresa defendia a ‘modernização’ no setor cinematográfico, construindo salas de projeção com o que havia de maior avanço técnico para a época.   

O Cine Glória foi inaugurado no mesmo ano em que o Cine-Teatro Politeama foi demolido: 1955. O antigo prédio do Politeama localizado na rua Duque de Caxias esquina com General Câmara, marcou a cultura local durante décadas mas não correspondia mais a nova visão ‘modernizadora’ que o Circuito Glória implementava. O jornal Rio Grande de 26 de outubro de 1955 deixou este registro: “Silencioso e vazio, o velho Politeama-Riograndense, de tantas glórias passadas, aguarda, agora, que os demolidores ponham abaixo as suas paredes. Grandes atores do passado, cantores que brilharam sob as luzes da sua ribalta, jovens e velhos artistas que no seu palco vislumbraram a gloria e conheceram as urzes do fracasso, levantam-se hoje, como fantasmas redivivos, e sacudindo a poeira do tempo, dão a velha casa de espetáculos o seu adeus, que é o adeus de todos nós a uma época perdida no cemitério da história”. 

No Cine Sete de Setembro e no Glória, o padrão arquitetônico art-déco foi utilizado para atender as exigências modernas das construções, trazendo um aspecto limpo e sóbrio. As principais alterações da Empresa no aspecto estrutural se faziam no âmbito da fachada do edifício, na instalação de luzes indiretas, na aquisição de poltronas anatômicas e na instalação de acessórios de decoração que garantissem elegância às novas salas.

 Em 5 de julho de 1955, o jornal Rio Grande noticiava: “O povo riograndino terá, dentro em breve, a maior sala de espetáculos cinematográficos à sua disposição. Empresa progressista, Cinema Cupello S.A., tomando a si o comércio da projeção cinematográfica em nossa cidade, não estacionou sobre as salas existentes e, poucos anos depois do início de sua atividade entre nós, já apresentava o novo 7 de setembro, dotado com todos os requisitos de um cinema moderno. Surgiu então, o projeto do Cine Teatro Glória, a ser erguido na rua Dr. Nascimento, defronte ao C.E. Lemos Junior. E, daí a execução, um curto período”.

Nascia a maior sala de cinema que a cidade já teve! A inauguração do Glória, apesar do prédio não estar completamente pronto, ocorreu em 3 de dezembro de 1955 com a exibição do filme ‘Um Fio de Esperança’. A sala também era chamada de Palácio do Cinemascope, um sistema de projeção criado em 1953 e que proporcionava maior fidelidade na imagem e no som. O Cine Glória comportava 2.500 lugares e contava com um amplo hall de entrada. As poltronas eram anatômicas e distribuídas em plateia alta e plateia baixa, sendo o cinema com maior capacidade na zona sul do Estado. Conforme a revista Cinelândia (circulava nos cinemas a partir de 1950), o Cine Glória possuía projetores que custavam 600 mil cruzeiros cada um, além de ‘som estereofônico perspecta, direcional, de alta fidelidade e que é servido por 17 alto falantes’ (Cinelândia, 04-12-1955).

O croqui para a construção do Cine Glória exibe a fachada com a presença de vitrines e lojas nas laterais, com ênfase na aglomeração do público ao redor desses espaços. As vitrines eram destinadas principalmente a confeitarias, cafés, lojas de vestuário, evidenciando as atividades comerciais associadas a sétima arte e também a articulação entre consumo e sociabilidade. Na sala de espera também estava a bomboniere como mais um espaço de sociabilidade. É preciso ressaltar, como fez Fernando Marrera que “num momento em que a televisão ainda não existia ou ainda era um privilégio de poucos, o cinema era um ponto difusor das notícias ao redor do mundo e o local de encontro para o público assistir aos primeiros seriados semanais, aos últimos filmes do momento e prestigiar a vida social ativa que se criava no entorno das salas”.

Diga-se que esta forte relação entre a população da cidade e a arte cinematográfica foi sendo construída na primeira metade do século XX. Este espaço de sociabilidade e cultura já estava amadurecido quando da inauguração do Cine Glória em 1955.

*Esta matéria foi publicada no dia 23 de abril de 2013 no caderno cultural O Peixeiro do Jornal Agora

segunda-feira, 10 de julho de 2023

PLANO INCLINADO

 

Echo do Sul, 7-7-1922. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Este anúncio foi publicado no jornal Echo do Sul em 7 de setembro de 1922. 

A empresa Plano Inclinado atuava com reparos em embarcações com o peso de até 1 milhão e duzentos mil quilos. Estava localizada na Rua Marechal Andréa na região da Macega (áreas alagadiças na Ilha do Ladino). Este processo de integração espacial da área ao núcleo urbano se intensificou com a construção do Porto Novo.  

Anteriormente os proprietários da empresa eram da família Touginha de origem italiana. A presença do capital francês ampliou a partir da criação da Companhia Francesa que construiu o Porto Novo e os Molhes da Barra entre 1908-1915. O Plano Inclinado Rio-Grandense era propriedade da Société Française d'Entreprises de Dragages et de Travaux Publics

domingo, 9 de julho de 2023

WACHTEL

Echo do Sul, 3-7-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 Um dos maiores empresários atuantes em Rio Grande nas primeiras décadas do século XX foi Georg Wachtel. 

Este anúncio publicado no Echo do Sul em 3 de julho de 1912 trata da viagem marítima a bordo dos navios da Hamburg-Sudamerikanische e Hamburg-Amerika Line. O agente para o Rio Grande do Sul era Wachtel. 

Uma viagem marítima da cidade do Rio Grande para a Europa na III Classe custava Rs 80$000 e mais os impostos. 

Lembrando que nesta época a única forma de comunicação com a Europa era por navio. Viagem área com partida da Europa só surgiria com o dirigível Zeppelin a partir de 1930. Mas os valores das passagens eram absurdamente altos. 

A primeira linha aérea transatlântica foi realizada pela Panair do Brasil em 1946. Ligou Recife com Lisboa, Londres e Paris. 

sábado, 8 de julho de 2023

RARIDADES DO CONTO GÓTICO

 


Aos leitores que curtem uma leitura gótica em suas primeiras décadas de existência estou disponibilizando um material que pode ser instigador. 

Fiz a leitura e análise dos 24 volumes da Coleção Raridades do Conto Gótico publicadas pela Editora Sebo Clepsidra e por seu editor Cid Vale Ferreira. 

Foi uma viagem literária até os anos de 1790-1840 e os imaginários que amedrontavam os leitores desta época. 

O livro foi escrito para ser um guia na disciplina de História e Terror (FURG) quando se investigará as raízes góticas e suas readaptações para a linguagem do cinema da Universal Films e Hammer Films entre as décadas de 1930-70. 

Ampla bibliografia foi levantada e um glossário contribui para a compreensão de temas, espacialidades e personagens. 

Foi um trabalho de folego que deu uma grande satisfação por poder realizar a leitura de narrativas góticas não publicadas no Brasil mas que fizeram parte do imaginário britânico, alemão, francês etc. 

Link para acesso: https://drive.google.com/file/d/1K9gmkd0StExVGhFllpZ4KzwJ8xPZdoQm/view


Ou clicar na imagem do livro no canto direito superior da página do blog (no smartphone, na parte inferior, colocar "ver versão para a web". 

Boa leitura!

TIPOGRAFIA DO ECHO DO SUL


Echo do Sul, 6-7-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 
 

Além da edição do jornal, o Echo do Sul também atuava como oficina tipográfica à vapor. 

Num período que ainda não havia a tecnologia digital, a publicação ou editoração em papel era essencial para difusão das notícias, legislação ou documentação oficial das instituições ou dos cidadãos. 

Este mercado promissor era disputado acirradamente na cidade portuária. 

sexta-feira, 7 de julho de 2023

ASSOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO

Acervo: Walter Albrecht. 
 

Cartão de Feliz Ano Novo datado de 1 de janeiro de 1910. 

A Associação dos Empregados no Comércio do Rio Grande construiu este portentoso prédio. 

O comércio de importação e exportação que recuava a década de 1820, propiciou um crescimento econômico que não se restringiu ao setor patronal. 

Atividades lúdicas, administrativas e mutualistas eram realizadas neste prédio. 

quinta-feira, 6 de julho de 2023

MATTEO TONIETTI


Echo do Sul, 19-7-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 O escultor clássico Matteo Tonietti, no ano de 1912, tinha a sua oficina de marmorista na Rua Marquês de Caxias esquina com a Conde de Porto Alegre. Foram muitas décadas atuando no campo artístico e deixando um legado criativo que é parcialmente inventariado. Algumas produções em que é lembrado: Napoleão, na Praça Tamandaré; os meninos da Praça Xavier Ferreira; monumento ao Tiro de Guerra; General Artigas etc. 

Tonietti nasceu em Nice, Itália, em 1882 e faleceu em Rio Grande em 1960. Trabalhou com escultura, pintura, desenho e relevo. 

quarta-feira, 5 de julho de 2023

CINEMA IDEAL

Echo do Sul, 3-7-1912. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Em 1912, a melhor sala de projeções da cidade do Rio Grande era o Cinema Ideal. 

Ostentava um confortável salão de luxo para receber as exmas. famílias. 

A programação iniciava às 18h30 e se estendia até às 23h. 

terça-feira, 4 de julho de 2023

BANNER - RIO GRANDE 280 ANOS

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

 

Um dos banner elaborados em 2017 para a exposição dos 280 anos de fundação do Rio Grande. O enfoque imagético se voltou ao acervo fotográfico e de cartões postais da cidade do Rio Grande.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

BANNER - RIO GRANDE 280 ANOS

 

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

Um dos banners elaborados em 2017 para a exposição dos 280 anos de fundação do Rio Grande. O enfoque imagético se voltou ao acervo fotográfico e de cartões postais da cidade do Rio Grande.


domingo, 2 de julho de 2023

BANNER - RIO GRANDE 280 ANOS

 

Acervo: Luiz Henrique Torres. 

Um dos banners elaborados em 2017 para a exposição dos 280 anos de fundação do Rio Grande. O enfoque imagético se voltou ao acervo fotográfico e de cartões postais da cidade do Rio Grande.

sábado, 1 de julho de 2023

BANNER - RIO GRANDE 280 ANOS

Acervo: Luiz Henrique Torres.


Um dos banners elaborados em 2017 para a exposição dos 280 anos de fundação do Rio Grande. O enfoque imagético se voltou ao acervo fotográfico e de cartões postais da cidade do Rio Grande.