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Catálogo da Exposição Estadual de 1901. |
Um panorama da Fábrica Rheingantz (União Fabril) no início do século XX é reproduzida a seguir. A fonte é o Catálogo da Exposição Estadual de 1901.
"Fundada em
1873 pelo operoso
industrial, sr, Carlos
Guilherme Rheingantz, na
cidade do Rio
Grande, principiou a funcionar em
1874, em pequena escala.
Em 1876
foi aumentada, e de1882
até 1899 tem
tido sucessivos aumentos de
capital e de
material.
Em 1891
foi transformada em
sociedade anônima, sob
a firma de «Companhia
União Fabril», com o capital
de 3.500:000$000 réis
integralizados, sendo os
seus diretores os
srs. Carlos G.
Rheingantz, coronel Antônio Chaves
Campello e George
W. Lawson, e
gerente o sr.
Alfredo Jacob Rheingantz.
Esta companhia
possui três fabricas,
sendo:
1 — Fábrica de
tecidos de lã,
que produz uma
média de 300.000 cobertores diversos
por ano, 200.000
metros de outras
fazendas, como panos, casemiras,
baetas, baetilhas, flanelas,
sarjas, cassinetas, etc, e
20.000 ponchos e
chalés de diversas
qualidades, tudo no
valor de Rs. 2.000:000$000.
2 — Fábrica de
tecidos de algodão,
que produz, mais
ou menos, 2.200.000 metros
de algodões brancos
e riscados, grossos
e finos, no
valor de Rs. 1.250:0001000.
3 — Fábrica de
aniagens, que produz
a média anual
de 3.000.000 de metros
de diversas marcas
de aniagem, no
valor de Rs.
1.250:000$000.
Os produtos
da fábrica de
lãs são consumidos
principalmente nos mercados deste
Estado e nos
do Rio de
Janeiro, S, Paulo,
Minas, Bahia e Pernambuco;
os de algodão
e de aniagem
quase exclusivamente neste Estado,
exportando-se pouco para
os Estados do
Paraná, Santa Catarina e
Rio de Janeiro.
Na fábrica
de lãs empregam-se
anualmente cerca de
800.000 quilos de lãs
finas, mestiças e
grossas, sendo todas
produzidas neste Estado, exceção feita
de uma classe
de lãs grossas,
cuja produção no
Estado tem diminuído, devido
aos cruzamentos com
classes mais finas.
Na de
algodões, empregam-se cerca
de 540.000 quilos de algodão em rama,
importados de Pernambuco;
e na de
aniagens consome-se fio de
jata, importado da Escócia, gastando-se
960 toneladas anualmente.
A companhia
dá trabalho nas
suas oficinas a
cerca de 900
operários, entre homens, mulheres
e crianças. Possui 70 casas de
moradia de operários, bem
como um edifício
para aulas, consultório
médico, bibliotheca e salas
de recreio para
os operários.
Existe, patrocinada
por esta empresa,
uma sociedade beneficente
que fornece tratamento médico,
remédios, dinheiro aos
sócios doentes, despesas com
enterros e um
armazém cooperativo, que,
além de vender
por preços resumidos, distribui
ainda os seus
lucros em partes
iguais, entre a sociedade
beneficente e os
sócios compradores.
Há também
um fundo de
pensões que auxilia
pecuniariamente os operários em ocasião de
urgente necessidade; dá uma pensão
durante três meses às viúvas de
operários e concorre
com um modesto
dote para as moças
operarias que se
casam com o
consentimento de seus pais.
Criou também esta
empresa um montepio
para pensões a
operários inválidos ou que
tenham completado 25 anos de
serviço da companhia. Este montepio
tem um capital
de Rs. 100:000$000
e já conta
diversos pensionistas.
Uma caixa
econômica no estabelecimento facilita
aos operários previdentes um meio
de formarem um
pecúlio para um
caso de adversidade. Esta caixa aceita
qualquer quantia de mil réis
para cima e
dá um juro de
6%, capitalizado de
6 em 6 meses.
Há também
uma aula para
os meninos operários,
os quais só trabalham
meio dia
na fábrica e
estudam o resto
do tempo. Nessa aula são admitidos igualmente os filhos
pequenos dos operários,
menores de 12 anos.
Sustentados pela
companhia, há uma
banda musical e
um corpo de bombeiros,
ambos compostos de
operários.
Os maquinismos
são, em sua
quase totalidade, importados
da Inglaterra, tendo, porém,
também algumas máquinas
alemãs.
Na fábrica
de lã, que
é movida por
dois motores de
força de 300 cavalos
e mais um
auxiliar de 25
cavalos, trabalham 120
teares, 5.000 fuzos e
mais 244 máquinas
acessórias para lavar
lã, abri-la, limpa-la, tirar-lhe os
carrapichos, carda-la e
fazer os fios,
enrolar e dobra-los,
urdir e enrolar teias;
machinas de apisoar
ou fular, levantar
pelo nos tecidos, lavar as
peças e enxuga-las,
de carbonisar partículas
vegetais, de tingir, de
todas as cores,
inclusive índigo, de
aparar o pelo,
de lustrar, de escovar,
de decatar, de
prensar, de medir
e enfardar; por
conseguinte todos os aparelhos
necessários para, de
lã suja e
em bruto, produzir
fazendas as mais variadas
e perfeitamente acabadas, como
as das melhores fábricas da
Europa. Também dispõe
de máquinas para
preparar carapuças de
lã (cloches), para
suprir as fabricas
de chapéus.
A fábrica
de algodões é
movida por um
motor de 200
cavalos de força e
além de 164
teares e 3.700
fuzos, tem mais
114 máquinas para preparar
os fios e
as fazendas.
Dois motores
tem a fábrica
de aniagem com
a força de
100 cavalos que põem
em movimento 118 máquinas, compreendendo
97 teares. Seis caldeiras funcionam
para as fábricas
de lã e
algodão, consumindo 11 toneladas
de carvão Cardiff
por dia; a fábrica de
aniagem tem duas caldeiras que
consomem diariamente 2,5
toneladas de carvão.
A companhia
dispõe também de oficinas completas
de carpintaria, serralheria, fundição
de ferro e
metal, funilaria, montadas
com os mais aperfeiçoados maquinismos
e com pessoal
competente para realizar
quaisquer concertos, fabricar
quase todos os
pertences de máquinas
e mesmo construir algumas
novas.
Tem também uma
saboaria que fornece
todo o sabão
consumido nos estabelecimentos.
Um aperfeiçoado
e suficiente material,
para extinção de
incêndios, completa os maquinismo
destas fábricas".