Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

VISÕES DO RIO GRANDE


 *Capítulo do livro de Francisco das Neves Alves e Luiz Henrique Torres, "Visões do Rio Grande: a cidade sob o prisma europeu no século XIX". Rio Grande: FURG, 1995. 



Aspectos Brasileiros em meados do século XIX. Publicação da Biblioteca Rio-Grandense, 1937.

          As citações a seguir fazem parte do material produzido pelos viajantes estrangeiros oitocentistas em Rio Grande. São as "Visões do Rio Grande":

A proximidade do oceano, porém, garante-lhe uma preeminência permanente (...) de tal maneira que ela pode ser considerada como o maior mercado do Brasil Meridional.
John Luccock, 1809


Nada mais triste que a posição do Rio Grande, pois, de todos os lados, só se avistam areais, pântanos e água, em todos os arredores não há nada que possa recrear a vista, nem mesmo uma árvore.
Auguste Saint-Hilaire, 1820


No meio das areias estéreis que a circundam e invadem continuamente, ela se apresenta como uma criação excepcional da política e do comércio: indiferente e como estrangeira ao território que ocupa, não deve nada senão ao caráter altivo, industrioso e empreendedor.
                                      Nicolau Dreys, 1825

A areia que envolve Rio Grande como um grande manto de pó, triste e sombrio, estende-se quatro léguas para o interior, onde então repentinamente a Província quase toda se transforma numa única e enorme pastagem.
Carl Seidler, 1827


A areia e a água são os dois flagelos de Rio Grande: do lado do mar a água invade as casas e a areia sem cessar ameaça sepultá-las.
Alexander Baguet, 1845.


Estamos a três léguas e meia da embocadura do Rio Grande e a sessenta de Porto Alegre, quer dizer que chegamos à principal porta da Província, conhecida com o nome de Rio Grande.
Arsène Isabelle, 1834


Rio Grande do Sul, situada na ponta de uma península, no meio dos areais, é de construção bastante bonita e pode ter 12 a 14.000 habitantes.
Joseph Hörmeyer, 1852


... pode ser que em meu regresso para ali, ao reconhecer tudo o que experimentara, me faltassem sentidos e olhos abertos para os encantos daquela rainha das areias do mar.
Robert Avé-Lallemant, 1858


... na costa do Rio Grande, a máxima atenção deve ser dada para o acerto da posição do navio em latitude e longitude, pois há poucas partes do mundo em que o navegador deva ter tanta certeza de seus cálculos.
Henry Prendergast Vereker, 1860


Enfim, por detrás de uma saliência da margem do sul, depara-se-nos a cidade do Rio Grande do Sul, precedida de uma floresta de mastros.
Conde D’Eu, 1865


Comercialmente a cidade do Rio Grande deve ser, como é considerada, o interposto geral, sendo o ponto no qual convergem tanto o comércio exterior como o interior.

Enrico Ambauer, 1887

VISÕES DO RIO GRANDE - SAINT-HILAIRE I


*Capítulo do livro de Francisco das Neves Alves e Luiz Henrique Torres, "Visões do Rio Grande: a cidade sob o prisma europeu no século XIX". Rio Grande: FURG, 1995. 

 
Mapa dos itinerários de Saint-Hilaire. In: http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/portalnovomedia/2015/06/1-mapa_saint_hilaire.png
Saint-Hilaire
             Auguste François César Provensal de Saint-Hilaire (nasceu em Órleans 1779 e faleceu em Turpinière 1853) é o responsável pela primeira expedição botânica ao Rio Grande do Sul. “Autodidata por excelência, sem maiores fontes de estudo, valeu-lhe mais que tudo um inato espírito científico, aprimorado nas observações meticulosas que realizava”.[1]
            Em junho de 1816, chegou ao Brasil em companhia do ministro francês no Rio de Janeiro, Duque de Luxemburgo, iniciando sua excursão por Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo, e, posteriormente, excursionou aos Rio Uruguai e Prata. O naturalista coletou milhares de exemplares minerais, zoológicos e botânicos, parte dos quais, atualmente, encontram-se no Museu de Paris. Segundo Abeillard Barreto, Viagem ao Rio Grande do Sul somente foi publicada em 1887 em Órleans com o título francês Voyage à Rio-Grande do Sul - Brésil, sendo a mais “ordenada de suas descrições de viagem e ainda hoje, sob o ponto de vista do leitor, o manancial mais sadio e mais profundo para o estudo dos homens e das coisas rio-grandenses”.[2]
            O itinerário de Saint-Hilaire no Rio Grande do Sul iniciou no Rio manpituba em Torres, seguindo para Tramandaí, Viamão até chegar em Porto Alegre a 21 de junho de 1820. Permaneceu em Porto Alegre por mais de um mês, seguindo para Viamão e posteriormente para Rio Grande, onde realizou descrições geográficas, botânicas e da vida econômica e social da cidade. Parte para Pelotas e depois Taim e Chuí, percorrendo por quatro meses a então Província Cisplatina. Retorna ao Rio Grande do Sul em 26 de janeiro de 1821 pelo rio Quaraí, percorrendo as Missões Jesuíticas e depois Tupanciretã, Santiago, Santa Maria, Cachoeira, Rio Pardo e novamente Porto Alegre. Em 18 de junho de 1821 embarca, via Rio Grande, para o Rio de Janeiro, passando o restante de sua vida organizando o material coletado no Brasil e redigindo dezenas de livros e memórias. Em 1822, apresentou uma exposição Aperçu d'un voyage dans l'interieur du Brésil, la Province Cisplatine et les Missions dites du Paraguay, a qual tornou o autor membro da Acadêmia de Ciências de Paris.
            O estilo irreverente utilizado por Saint-Hilaire ao descrever o cotidiano dos habitantes, sua visão européia baseada no racionalismo científico e na valorização da intelectualidade, a caracterização das pessoas e lugares sociais ocupados, demonstram a projeção de valores europeus dos primórdios do século passado. Nesse sentido, não é somente os negros e índios que sofreram leituras depreciativas, mas as próprias elites são muitas vezes associadas a falta de preparo intelectual, exatamente pelo restrito acesso ao universo literário e científico.
            Após uma breve passagem pelo Norte (São José do Norte), Saint-Hilaire acompanhando o Conde de Figueiras, fez a travessia para o Rio Grande do Sul (Rio Grande) no dia 06 de agosto de 1820. Ele relata que navegou numa barca conduzida por vários remadores vestidos de branco que, a intervalos, bradavam vivas ao Conde de Figueiras, sendo este grito repetido pela tripulação das embarcações que se achavam no porto. Já era noite quando chegaram ao Rio Grande. “O conde foi recebido no cais da cidade pelos membros da Câmara, todos de traje completo, de bengala à mão. Tanto quanto pude verificar a noite, o cais tinha sido muito bem ornamentado. No meio da ponte de desembarque, construíram um pequeno arco do triunfo e à extremidade da mesma ponte ergueram dois imensos pedestais, encimados cada um por uma estátua. Esses diferentes trabalhos eram feitos de madeira e pano pintado, tendo sido executados por um francês”.[3]
           Saint-Hilaire e o Conde são conduzidos à Igreja que “se achava enfeitada com faixas de damasco vermelho, como nos maiores dias de festa e os degraus do altar-mor completamente cheios de velas acesas”. O Te-Deum foi cantado e após um “pregador subir ao púlpito” tecendo elogios e “mil outras lisonjas vulgares e mal expressadas” ao Conde. “Durante todo esse tempo ficara exposto o Santíssimo Sacramento, mas a assistência nem por isso guardava respeito, portando-se quase como se estivesse num mercado”.[4]
           Após a cerimônia religiosa, o padre conduziu os visitantes à casa do Tenente-General Marques para um esplêndido jantar pois “a mesa estava coberta de uma quantidade de travessas, guisados e ensopados de toda qualidade”. Num segundo momento foram servidos “assados, saladas e massas”. Após o jantar “levantamo-nos da mesa e fizeram-nos passar a uma outra sala, onde encontramos uma sobremesa magnífica, composta de uma variedade de bombons e doces”. Saint-Hilaire ainda fez referência  a uma fruta deliciosa chamada laranja-de-umbigo ou laranja-da-Bahia. Após a sobremesa foram servidos café e licores. A reunião prolongou-se pela madrugada estando a maioria dos convidados embriagados. “Os portugueses e os brasileiros costumam beber o vinho puro, e nos grandes banquetes, o nocivo hábito de erguer brindes excita-os a tomarem em excesso”. Em decorrência deste hábito, no dia seguinte todos estavam tristes e fatigados.[5]


[1] BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro, Conselho Federal de Cultura, vol. II, 1976, p. 1181.
[2] BARRETO. 1976, p. 1182.
[3] SAINT-HILAIRE. Auguste. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre, ERUS/Martins Livreiro, 1987, p. 57.
[4] SAINT-HILAIRE. p.58.
[5] SAINT-HILAIRE. p. 58.

VISÕES DO RIO GRANDE - SAINT-HILAIRE II


*Capítulo do livro de Francisco das Neves Alves e Luiz Henrique Torres, "Visões do Rio Grande: a cidade sob o prisma europeu no século XIX". Rio Grande: FURG, 1995. 
  
Edição francesa de 1887. 
Saint-Hilaire
            O naturalista Auguste de Saint-Hilaire[1] fez alguns comentários sobre o regime de ventos na cidade. Segundo informações em conversas com o padre e outras pessoas ocorria ventania durante todo o ano. Os ventos de oeste e sudoeste são os mais freqüentes no inverno e “levantam redemoinhos de uma areia fina que penetra nos móveis mais bem fechados, enche ruas e já encobriu grande número de casas”. Durante o verão, predomina o vento nordeste "que varre pequena parte das areias amontoadas pelos ventos do inverno". No dia 9 de agosto, o naturalista foi passear na parte leste da cidade, entre esta povoação, a lagoa, o Rio Grande, e a Lagoa da Mangueira.  Segundo ele, “os terrenos são muito baixos, pantanosos, um pouco banhados pelas águas salgadas, constituídos de areia e de uma terra muito preta”. Observou que não havia manancial nem fontes nos arredores da cidade, porém “a alguns palmos do solo acha-se água muito boa, da qual se utilizam os habitantes da região”. Ao abrirem um poço ou cacimba, há um grande cuidado em protegê-lo para impedir a entrada da areia. “Para tirar água, os negros usam um chifre de boi preso pelo meio a uma vara comprida”.
            O Saco da Mangueira é descrito como uma enseada que se encontra a meio quarto de légua a sudoeste da cidade. Recentemente “construíram, através do banhado, uma larga estrada que vai da cidade à Mangueira”. Seria necessário arborizar esta estrada pois nos arredores não há sombra, estendendo-se, a leste e sudeste, banhados lamacentos. Na cidade, o maior problema é a areia associada ao vento, pois a oeste e a sudoeste, “um areal de finura extrema que fatiga a vista pela sua cor esbranquiçada, forma montículos que avançam até as casas situadas atrás da cidade, elevando-se tanto que ameaçam aterrá-las a cada instante”. Saint-Hilaire observou “negros ocupados em desentulhar os arredores das casas de seus donos, que me informaram serem obrigados a repetir, sem descanso, esse trabalho”.
            Em relação ao porto, o naturalista é pessimista, pois em frente à cidade não haveria profundidade bastante para outras embarcações além de pequenos iates. Os navios maiores “ancoram diante da Aldeia do Norte, que pode ser considerada como porto de São Pedro”. Rio Grande “situada em terreno estéril, no meio de pântanos e areais, ameaçada constantemente de ser aterrada pelas areias” seria provável “que esta cidade fosse em breve abandonada, se não tivessem colocado a alfândega e não fossem obrigados a transportar para aí todas as mercadorias que chega ao Norte”.
            No dia 12 de agosto “soprou um vento violentíssimo, nuvens de areia extremamente fina enchiam o ar; saí por alguns instantes, sendo muito importunado pela areia que me entrava nos olhos e me cobria as vestes”. A tempestade de areia fez com que todas as lojas e vendas fechassem. No dia seguinte, foi oferecido um baile aos visitantes, que chegaram ao local marcado às dezenove horas, “onde encontramos cerca de sessenta senhoras reunidas em um salão forrado de papel francês”. As senhoras estavam “todas muito bem trajadas; usavam vestidos de seda branca, sapatos e meias de seda; jovens e velhas, traziam à cabeça descoberta, os cabelos armados por uma travessa e enfeitados com flores artificiais”. As mulheres estavam “sentadas ao redor do salão, em cadeiras colocadas uma diante das outras” enquanto os homens “em muito menor número, conservavam-se de pé”. Observando as vestimentas masculinas, o naturalista destacou alguns detalhes. Os oficiais apresentam-se rigorosamente fardados; os civis trajavam “fraque, camisa com jabô de renda, colete branco, geralmente de seda, meias de seda brancas, sapatos com fivela, finalmente calça branca de seda ou de casemira”.
            O baile foi considerado monótono pelo francês que assim o descreveu:
Os oficiais traziam a cintura esses espadins, de um pé a um pé e meio de comprimento, usados pelos portugueses e pelos oficiais da marinha inglesa, tendo a mão um chapéu de três bicos. Vários padres, entre eles o cura da paróquia assistiram o baile, e um deles fazia parte da orquestra; todos estavam de batina. O baile começou poucos instantes após a chegada do conde, mas nunca vi coisa tão monótona. Era preciso, por assim dizer, obrigar os homens a tirar as senhoras para dançar e, a exceção do conde, nenhum cavalheiro lhes dirigia a palavra. Dançaram 'inglesas' e valsas (...) Uma jovem dançou um solo, mas, embora reconhecendo sua graciosidade, não pude deixar de lamentar que uma mãe honesta expusesse sua filha aos olhares de todos. Não tendo com quem conversar e achando-me francamente aborrecido, resolvi retirar-me logo que começou a ceia.
            No dia 16 de agosto, a realização de outro baile permitiu destacar elementos sobre a vida social da elite local. O Conde de Figueiras foi convidado para um baile em casa de um dos mais ricos comerciantes da cidade. Nessa casa “encontramos grande número de senhoras bem trajadas, reunidas num belo salão; na maior parte, as mesmas que haviam comparecido ao baile anterior”. E observou: “possuem olhos e cabelos negros, bela tez e boa cor mas, em geral, sem graça, sem atrativos, dados pela educação social que as mulheres desta região não recebem”. Os motivos para a falta de atrativo intelectual, está relacionado à ausência de escolas e pensionatos para as moças que eram “criadas no meio dos escravos” e desde a “mais tenra idade, tem elas diante de si o exemplo de todos os vícios, adquirindo, via de regra, o hábito do orgulho e da baixeza”. A maioria delas “não sabem ler nem escrever: aprendem algumas costuras, a recitar orações que elas próprias não entendem, e é tudo”. As brasileiras, em geral, “ignoram os encantos da sociedade e prazeres da boa conversação” porém, “nesta região as mulheres se ocultam menos do que as das Capitanias do interior”. Nesse sentido, possuem “melhores noções de vida; são desembaraçadas, conversam um pouco mais, porém ainda estão a uma infinita distância das mulheres européias”. 
           Mas se as mulheres deixam a desejar em relação à educação européia, os homens também estão distantes daquele universo “Entre os homens do Rio Grande, todos negociantes, talvez a mesma indiferença e os mesmos modos desdenhosos dos habitantes do Rio de Janeiro”. Esses homens são, em parte, “europeus, nascidos em um meio inferior e que não receberam educação alguma”, iniciando suas atividades como caixeiros de lojas e acabam fazendo negócios por conta própria. Os lucros do comércio eram consideráveis e estes negociantes não “tardam a fazer fortuna que jamais conseguiriam em sua pátria”, chegando ao “cúmulo de comprar à Secretaria do Estado, a Comenda da Ordem de Cristo, hoje, considerada como símbolo da riqueza e fruto da corrupção”. O naturalista observa que fora do Rio de Janeiro ele não vira um número tão grande de homens condecorados, “isso nada mais é do que uma das provas da riqueza do lugar”.


[1] SAINT-HILAIRE. Auguste. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre, ERUS/Martins Livreiro, 1987.

VISÕES DO RIO GRANDE - SAINT-HILAIRE III


*Capítulo do livro de Francisco das Neves Alves e Luiz Henrique Torres, "Visões do Rio Grande: a cidade sob o prisma europeu no século XIX". Rio Grande: FURG, 1995. 
 
Pintura de Saint-Hilaire por Henrique Manzo. Museu Paulista da USP.
Saint-Hilaire
            Saint-Hilaire[1] aponta a insensibilidade que ele captara na Capitania, destacando “o hábito de castigar os escravos que lhes entorpece a sensibilidade”. Outra modalidade cruel estava relacionada à facilidade dos habitantes em renovar seus cavalos o que impedia de se afeiçoarem a eles, podendo impunemente tratá-los sem piedade alguma, vivendo “por assim dizer, em matadouros”. É um comentário que o naturalista generaliza para a Capitania. No caso específico da população da cidade “não é, pois, de estranhar se eles forem ainda, mais insensíveis que o resto de seus compatriotas” pois “fala-se aqui das desgraças alheias com o mais inalterável sangue-frio”. E exemplifica: “conta-se que um navio naufragou e a tripulação pereceu afogada, como se relatassem fatos os mais desinteressantes”.
            No dia 18 de agosto, ele registrou que foi passear na “aldeia aldeia Norte, situada, na extremidade da península que separa a Lagoa dos Patos do mar”. A travessia entre Rio Grande e São José do Norte era feita por embarcações chamadas de catraias, movidas tanto a remo como a vela. Ele esclarece que os habitantes da região distinguem esses dois lugares simplesmente pelos nomes de Sul e Norte; mas a aldeia do Norte se chama, propriamente, São José do Norte e faz parte da paróquia que tem o nome de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Estreito do Norte do Rio Grande de São Pedro.
            As embarcações aportam na aldeia do Norte e as mercadorias são transportadas para a alfândega de São Pedro. Como o centro do comércio do sul da Capitania se acha, de há muito, localizado em São Pedro, pois os “negociantes mais ricos da região tem aí suas residências e seus armazéns” não seria conveniente privar Rio Grande dos privilégios usufruídos com a localização da alfândega embora esta localização seja contrária  “a ordem natural das coisas”.
            A barra do Rio Grande é visitada por Saint-Hilaire na companhia do Conde, embarcados numa galera pertencente ao Rei. O canal de navegação é indicado por balizas “que tem o inconveniente de serem muito frágeis e que podem facilmente ser arrastadas pela correnteza”. Relata que na ponta sul da Barra o terreno é completamente arenoso existindo uma casa bastante grande na qual se estabeleceu uma guarda de ordenanças, encarregada de visitar as embarcações que saem com o objetivo de impedir a fuga de algum desertor. Peças de artilharia sem reparo destinada a defender a entrada da barra estão junto desta casa, estando também presentes na ponta norte. “Junto às baterias há uma casa coberta de telhas, destinada a alojar um destacamento de soldados”, avistando-se uma “torre quadrada que serve de sinalização aos navegadores”. Segundo ele “nada se iguala à tristeza desses lugares. De um lado, o bramir do oceano; e do outro, o rio”. O terreno é extremamente plano e quase ao nível do mar, é todo areal esbranquiçado, onde crescem plantas esparsas, especialmente o senecio. “As choupanas, mal conservadas, só anunciam miséria: destroços de embarcações semi-enterradas na areia recordam pungentes desgraças e nossa alma se enche, pouco a pouco, de melancolia e terror”. 
           Os naufrágios eram fator de apreensão no acesso à barra. Além da torre de sinalização, o papel do prático era indispensável para a entrada e saída das embarcações. “O prático da barra, num pequeno barco denominado catraia, vai mostrando, por meio de uma bandeira, que ele inclina de um lado ou de outro, o caminho a seguir”.
           O naturalista associa o crescimento do Rio Grande com a luta na Cisplatina, “só depois da insurreição das Colônias Espanholas, foi que esta cidade começou a florescer e que se construiu a maioria das casas importantes”. Até então, como a barra é muito perigosa e a carne seca dos arredores é de qualidade inferior a de Buenos Aires e de Montevidéu era nesses portos “que se ia buscá-la antigamente”. O desenvolvimento econômico estaria associado aos conflitos no Prata, pois depois da guerra, Rio Grande tornou-se centro desse comércio e um importante porto para o Brasil.
           No dia 30 de agosto, o diário do naturalista francês, traz descrições do plano urbano da cidade que era composto por seis ruas muito desiguais, atravessadas por outras excessivamente estreitas, denominadas becos. A rua mais comprida chamava-se Rua da Praia localizando-se à margem do canal; nessa rua estavam situadas quase todas as lojas e a maioria das vendas, umas e outras igualmente sortidas. Várias casas com janelas envidraçadas, cobertas de telhas e com sacadas de ferro, estão situadas na Rua da Praia, enquanto no resto da cidade não se contam pouco mais de seis a oito casas assobradadas. As quatro últimas ruas são constituídas “quase unicamente de miseráveis casebres de teto bastante alto, porém mal conservados, pequenos, construídos de pau-a-pique e onde moram pessoas pobres, operários e pescadores”. Portanto, 2/3 da faixa urbana estaria ocupada pela categoria habitacional pau-a-pique e não pela categoria dos assobradados. Porém, há um elemento unificador à vivência cotidiana: “nas duas ruas principais vêem-se lajes na frente das casas, entretanto nenhuma delas é calçada; enterram-se aí os pés na areia, o que dificulta o caminhar”. Somente a partir da década de 1860 é que teria início os calçamentos na cidade.
           O excesso de areia e a falta de árvores impressionam o botânico que ao ficar observando de uma área não construída de aproximadamente seiscentos passos (atual praça Xavier Ferreira) em direção a Lagoa, não conseguiu encontrar maiores atrativos: “Dessa praça avistam-se, além, das águas as ilhas dos Cavalos e dos Marinheiros; e ao nordeste percebe-se o Norte distante, bem como as embarcações ancoradas defronte à aldeia”. Essa visão de espaço vazio obtido por Saint-Hilaire, hoje apresenta outra espacialidade com a presença da Biblioteca Rio-Grandense, entreposto pesqueiro, mercado público, alfândega e demais prédios. O naturalista considerava a paisagem pouco agradável, não oferecendo nenhum ponto onde os olhos possam deter-se prazerosamente. “As ilhas são, como disse, muito chatas e tudo na paisagem parece nivelado (...) Nada mais triste que a posição do Rio Grande, pois, de todos os lados, só se avistam areais, pântanos e água, em todos os arredores não há nada que possa recrear a vista, nem mesmo uma árvore”.
           O futuro do Rio Grande é pintado com cores pessimistas. A instalação da alfândega no sul e não no norte foi uma “proteção oficial, inteiramente contrária a ordem natural das coisas”. Sem essa proteção a cidade “entrará em decadência”. Conforme o naturalista, outro fator do crescimento teria ocorrido ha oito anos, após a insurreição das colônias espanholas, pois antes dessa época, só existiam choupanas. O comércio de couro e de carne seca trouxera o enriquecimento em detrimento da decadência de Montevidéu. “A Capitania do Rio Grande do Sul tornou-se, pois, riquíssima em gado, à custa da pilhagem, ao mesmo tempo que desfrutava, pelo menos no interior, uma paz favorável ao seu comércio e do qual os mesmos vizinhos estavam privados”.
            A capitalização estaria associada à decadência da economia charqueadora de Montevidéu e a localização da alfândega. A natureza era o fator de comprometimento para o futuro do Rio Grande: vento, areia e melancolia da paisagem. No dia 5 de setembro de 1820, após uma  estadia de aproximadamente um mês na cidade, Saint-Hilaire partiu pela Lagoa dos Patos em direção a Pelotas, deixando em seu diário, os lamentos pelo pequeno número de casas com jardins; os poucos pessegueiros, figueiras e laranjeiras observados; os escassos legumes que negros acocorados vendiam no mercadinho, como couves, cebolas e alfaces. Aos olhos do botânico, que  passaria o resto de  sua vida na França, escrevendo suas vivências e classificando o material recolhido, o que mais marcou sua passagem por Rio Grande foi a paisagem monótona da interminável areia onde seus pés afundavam ao caminhar.


[1] SAINT-HILAIRE. Auguste. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre, ERUS/Martins Livreiro, 1987. 

VISÕES DO RIO GRANDE - CONDE D'EU


*Capítulo do livro de Francisco das Neves Alves e Luiz Henrique Torres, "Visões do Rio Grande: a cidade sob o prisma europeu no século XIX". Rio Grande: FURG, 1995. 

 
Edição de 1936 In: www.letravivaleiloes.com.br
Conde D’Eu
          Luís Filipe Maria Fernando Gastão d’Orleans (1842-1922), o Conde D’Eu, nobre francês e esposo da Princesa Isabel, encontrava-se com a mesma na Europa, em 1865, quando, por ocasião da Guerra do Paraguai, o Imperador D. Pedro II tivera de deslocar-se para o Rio Grande do Sul. Ao chegar ao Rio de Janeiro, o conde decidiu seguir o sogro, embarcando para o sul do país, em agosto daquele ano. A sua partida para o sul, segundo alguns autores, viria ao encontra de suas ambições político-militares que seriam confirmadas no desenrolar da
Guerra da Tríplice Aliança, na qual ele intentou participar até atingir seu objetivo. Já outros escritores buscaram enaltecer e identificar na atitude do nobre um ato de heroicidade.
         Ao vir para o Rio Grande do Sul, Gastão d’Orleans passaria por Rio Grande, Porto Alegre, Rio Pardo, Cachoeira, Caçapava, São Gabriel, Alegrete, chegando à Uruguaiana a tempo de assistir a rendição paraguaia, visitando a essa, bem como a Itaqui e São Borja. Seu retorno teria por rota as localidades de Alegrete, Livramento, Bagé, Jagurão, Pelotas, São José do Norte e Rio Grande, de onde embarcaria de volta para o Rio de Janeiro. Durante esse trajeto, o nobre francês escreveu um diário de viagem, no qual descreveu as regiões pelas quais passou e que foi publicado, bem mais tarde, em 1919, junto a outras correspondências e anotações do autor.
         Na introdução de sua obra, D’Eu fez algumas ressalvas quanto ao conteúdo e à natureza da mesma. Destacava, desta maneira que deveria ficar evidenciado que as observações consignadas nas páginas que escrevera referiam-se a fatos ocorridos há cinqüenta e quatro anos passados e não tinham pois aplicação à situação contemporânea das regiões que então percorrera e já haviam chegado a adiantado estado de civilização. Esclarecia também que suas “imperfeitas impressões” de viagem eram destinadas principalmente à sua família na Europa, para quem a Princesa cuidadosamente as recopiava, uma vez que, recém-chegado ao Brasil, não estava ainda familiarizado com muitos dos usos especiais da terra, dando esta circunstância lugar a algumas considerações que já não ofereceriam interesses, mas, ao mesmo tempo, declarava que preferira não as suprimir para não tirar ao “modesto escrito” o cunho de originalidade, que seria seu único mérito[1].
         O conde chegou à cidade do Rio Grande a 5 de agosto de 1865 e sua primeira imagem do local foi que, por detrás de uma saliência da margem do sul, deparava-se com a cidade do Rio Grande do Sul, precedida de uma floresta de mastros, sendo necessário para atingi-la seguir um canal sinuoso e estreito, mas bem balizado com uma série de bóias. Foi ele recebido com um pequeno discurso proferido pelo Presidente da Câmara Municipal, havendo ainda a presença de outras autoridades e grande multidão, que soltavam os “vivas” do estilo e foguetes em todas as direções[2].
         O autor apontava a cidade como a primeira que se fundou na Província e que contava, segundo o que lhe disseram, com quatorze mil habitantes. Segundo ele, havia muitas casas de comércio européias, na maior parte alemãs, sendo os mais relevantes objetos de comércio, os couros e a carne seca. O nobre descreveu as três ruas principais, todas paralelas à praia, nas quais se via lojas elegantes e a rua mais importante apresentava muitas bandeiras de consulados, como a do “famoso” consulado inglês, donde saíram as “diatribes tão injustas” do sr. Prendergast Vereker. Ainda quanto às ruas, descrevia-as como calçadas, mas antes que passassem as últimas casas da cidade, já se estava num mar de areia, no qual se tornava muito custoso andar. Destacou também a construção de um hospital por uma Santa Casa, com o auxílio do governo, do qual, naquele momento, só havia uma das quatro fachadas, mas considerava que iria ficar um edifício muito bonito, ou pelo menos muito grande[3].
         Tratando-se de um relato com relevância ao aspecto militar, o diário de viagem deu ênfase às fortificações, guarnições e preocupações com a defesa do município, como ao referir-se à Guarda Nacional, caracterizando-a, de certo modo, como improvisada. Relatava Gastão d’Orleans que parecia que a Guarda Nacional só fora chamada ao serviço depois da passagem do Imperador, por ter sido mandada para o interior a guarnição de linha que até então ocupava a cidade, compondo-se a mesma unicamente de habitantes da cidade, na maior parte empregados do comércio. Sobre a força em questão, descrevia que nela não se via um só homem de cor, e o tipo geral indicava um grau de educação superior ao dos guardas nacionais do norte, entretanto, em compensação, os oficiais mostravam bem no aspecto que havia saído naquele instante de seus escritórios e dos seus estabelecimentos de venda, estando prontos a voltar rapidamente a seus afazeres. Complementava a informação, destacando que a guarda era composta por pouco mais de 400 homens que usavam quepe de couro, farda azul e calça branca[4].
         D’Eu descreveu ainda o quartel da Guarda Nacional, onde estava instalado um hospital militar que parecia em suma estar funcionando perfeitamente. Apontou também a construção de uma fortificação no extremo da cidade, a qual davam o nome de trincheira, caracterizando-a como uma simples linha de redentes que devia fechar uma a outra praia, a ponta de terra em que estava edificada a cidade. Nessa construção, destacou ele, levanto-se em toda sua extensão um muro vertical de alvenaria, indispensável para sustentar as areias, que se tornavam verdadeiro obstáculo à obra, visto que, a falta de coerência das mesmas dificultava muito os trabalhos, pois que, ao mais pequeno vento, logo se acumulava areia do lado exterior do muro. Explicava ainda que trabalhavam na nova trincheira cento e vinte operários sob as ordens de um major de engenharia[5].
         Segundo o nobre francês, as providências defensivas provinham do fato que as autoridades e os habitantes da cidade temiam que, se os paraguaios entrassem na parte oeste do Estado Oriental, ocorresse uma sublevação geral dos blancos uruguaios e que, nesse caso, os orientais, transpondo a fronteira do Chuí, viessem a atacar a cidade. Destacava ainda que foi com a mesma idéia que se armou a cavalo a Guarda Nacional de todas as povoações que se estendiam do Rio Grande até o Chuí e das que ficavam próximas ao Jaguarão[6].
         Esse temor levou à mobilização de todos os contingentes possíveis, como narrava o conde, que viu num largo um magote de homens em trajo civil, quase todos de mais de cinqüenta anos, que pareciam ter vindo submeter-se a uma inspeção. Relatou, a respeito desses indivíduos que lhe disseram que os mesmos eram da Guarda Nacional, isentos do serviço por motivos de saúde, mas que começaram voluntariamente a organizar-se para fazer o serviço da cidade, no caso de dever a Guarda Nacional ativa marchar para outra parte[7].
         Na narrativa de Gastão d’Orleans também podem ser observados aspectos sociais da comuna rio-grandina, como ao escrever sobre os hábitos de seus anfitriões, revelando a abundância na qual vivia a família que lhe recepcionou, servindo-se o jantar em grande mesa luxuosamente posta com cozinha francesa delicada e abundante. Destacou que um dos filhos havia sido educado na Europa, mas, na sua impressão, concluiu que o mesmo não passara do Porto e que a própria família já havia viajado aquele continente, permanecendo dois meses em Paris e mês e meio em Londres, além da existência de uma filha mais nova que tocava piano, estudando com um mestre alemão. Também chamou-lhe atenção a qualidade do vinho e das manteigas presentes no almoço do dia seguinte. De seus anfitriões, ao que tudo indica uma abastada família ligada ao comércio, o conde só fez uma queixa, pois apesar da elegância do quarto de dormir que estava em harmonia com a da sala de jantar, o leito deixava a desejar, visto que para agasalho só havia um lençol quase transparente e uma coberta de seda, tudo cortado à alemã, isto é, de menor dimensão que o leito, diante disso e tendo de enfrentar o rigoroso inverno rio-grandino do mês de agosto, o nobre lamentou-se, afirmando que teve muito frio[8].
         Mesmo à noite, o Conde D’Eu continuou a receber homenagens, como a de uma comissão de sis negociantes franceses que fez pequeno discurso de felicitação em nome dos franceses residentes no Rio Grande, que seriam em torno de quarenta, ou ainda de uma sociedade musical que vinha dar uma serenata, precedida de archotes e bandeiras, cantando o hino nacional[9].
         Após percorrer diversas regiões do território rio-grandense, Gastão d’Orleans retornou à cidade do Rio Grande, a 3 de novembro de 1865, para daí voltar à Corte. Nessa nova visita, ele descreveu outros detalhes sobre a comunidade rio-grandina, como uma “regata de remos”, na qual os barcos e os remadores lembravam o Tâmisa ao autor, pois eram as mesmas camisolas de flanela e os mesmos chapéus de palha redondos com fitas azuis, além do que, dentre os vencedores, pode reconhecer a origem britânica da maior parte pelos cabelos louros e sobretudo pelo sotaque como que exclamavam: “Viva a Nação Brasileira! Viva Sua Majestade o Imperador!”[10].
         Outro detalhe observado pelo nobre francês foi um certo entusiasmo patriótico por parte da população, afirmando ser, decididamente o Rio Grande, de todas as povoações da Província a que fez mais demonstrações, através de constantes “vivas” ao Imperador e, segundo ele, na cidade, a Tríplice Aliança parecia ser mais popular pois, em quase todos os edifícios se viam, ao lado da bandeira brasileira, os estandartes, mais pequenos das duas repúblicas aliadas e, às vezes até o escudo era sustentado pelas bandeiras republicanas. Além disso, fazia referência a um “belo impulso de patriotismo”, a Municipalidade resolvera substituir os nomes de algumas ruas, por outros ilustrativos aos feitos no Paraguai, como Rua do Imperador, Rua dos Príncipes, Rua Dezesseis de Julho, Rua Riachuelo, Rua de Uruguaiana, entre outras. Destacou também um baile organizado em homenagem aos membros da Família Real que na cidade se faziam presentes, embora o conde não tenha ficado com opinião positiva a respeito do mesmo, afirmando que, durante as duas horas que lá esteve, se não dançou e pouco se falou, estando trinta ou quarenta senhoras, solenemente sentadas à roda da sala, estando as janelas todas fechadas[11].
         A saída do Conde D’Eu da cidade do Rio Grande, a 4 de novembro de 1865, representou também a sua despedida da Província e o último tópico de seu diário sobre as viagens empreendidas em terras rio-grandenses. Sobre a publicação, Câmara Cascudo afirmou que todas as questões de acomodação, deslocamento de pessoal, instalação de casernas, cozinhas militares, fardamentos, pousos de remonta para a cavalhada, instrução de recrutas, tudo, enfim, está analisado às pressas no livro em questão, mas com segurança, precisão e conhecimento de um técnico, graças aos “dotes de observador” do francês, considerados como “agudos e felizes”, de modo que, recém chegado ao Brasil, podia notar-se em sua narrativa o “cuidado extremo” de informar-se de tudo, bem como de tudo detalhadamente estudar. Nesse quadro, ainda de acordo com Cascudo, as análises do conde sobre o tipo do gaúcho, os costumes, a família, a hospitalidade, desde o chimarrão até o churrasco, a valentia cavalheiresca, o arrojo das bolheadeiras, as disparadas doídas pela vastidão do pampa, passavam a constituir quadros de movimento e de cor, narrados em estilo simples, claro, preciso, nítido, sem arabesco, sem artificialidade e sem retórica[12]. Assim, a obra do nobre francês tem considerável valor militar e informativo, sendo avaliada por Abeillard Barreto como um livro interessantíssimo, que pode ser colocado entre os melhores de viagens ao Rio Grande do Sul[13].


[1] EU, Luís Filipe Maria Fernando Gastão d’Orleans, Conde D’. Viagem militar ao Rio Grande do Sul. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1981. p. 13-14.
[2] EU. p. 23.
[3] EU. p. 24. Sobre o cônsul britânico Henry Prendergast Vereker ao qual o autor fez referência, ver o capítulo deste livre referente ao citado personagem.
[4] EU. p. 23.
[5] EU. p. 23-24.
[6] EU. p. 24.
[7] EU. p. 25.
[8] EU. p. 25 e 27.
[9] EU. p. 27.
[10] EU. p. 140.
[11] EU. p. 140-141.
[12] CASCUDO, Luís da Câmara. Conde D’Eu. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1933. p. 69-70.
[13] BARRETO, Abeillard. Bibliografia sul-rio-grandense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. v. 1. p. 480.