H. P. Lovecraft (1914). |
“A emoção
mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais
antiga de medo é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão esses
fatos, e a sua verdade admitida deve firmar para sempre a autenticidade e
dignidade das narrações fantásticas de horror como forma literária. Contra ela
são desferidos os dardos de uma sofisticação materialista que se apega a
emoções frequentemente sentidas e a eventos externos, e de um idealismo
ingenuamente inspirado que reprova o motivo estético e reclama uma literatura
didática que "eleve'' o leitor a um grau apropriado de otimismo alvar. Mas
em que pese toda a oposição, o conto de horror sobreviveu, evoluiu e alcançou
notáveis culminâncias de aperfeiçoamento, fundado como é num princípio profundo
e elementar cujo apelo, se nem sempre universal, deve necessariamente
ser-pungente e permanente para espíritos da sensibilidade requerida.
A atração
do espectral e do macabro é de modo geral limitada porque exigem do leitor uma
certa dose de imaginação e uma capacidade de desligamento da vida do dia-a-dia.
Relativamente poucos são suficientemente livres das cadeias da rotina do
cotidiano para reagir às batidas do lado de fora da porta, e as descrições de
emoções e incidentes ordinários, ou de vulgares desfigurações sentimentais
desses incidentes e emoções, terão sempre precedência no gosto da maioria; com
razão, talvez, já que o curso desses temas ordinários forma a parte maior da
experiência humana”. LOVECRAFT, H. P. O Horror Sobrenatural na Literatura. Rio
de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1987.
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