Porto do Rio Grande em 1908

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

GRAPHIC NOVEL - CALIGARI


Caligari de Alexandre Teles. 

Caligari de Alexandre Teles. 

        O filme “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) é um dos maiores clássicos do expressionismo alemão. Este filme mudo alemão de horror foi dirigido por Robert Wiene e escrito por Hans Janowitz e Carl Mayer. O filme é considerado o primeiro verdadeiro filme de horror (Roger Ebert), o primeiro cult movie (Danny Peary) e a primeira obra de arte da história do cinema (Siegfried Kracauer).
       O “Gabinete...” é uma metáfora da deformação visual, recorrendo a imagens de ruas estreitas e distorcidas, telhados góticos e cubistas e prédios e objetos deformados. Reflexo de uma alma torturada pelas experiências da Primeira Guerra Mundial e a derrota alemã.  

        No expressionismo alemão a cenografia caótica e a distorção dos cenários nebulizam a realidade e criam uma narrativa intimista e potencialmente ansiosa. “O expressionismo, nascido na Alemanha no final do século XIX, é maior que a ideia de um movimento de arte, e antes de tudo, uma negação ao mundo burguês. Seu surgimento contribuiu para refletir posições contrárias ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através de obras que combatiam a razão com a fantasia. Influenciados pela filosofia de Nietzsche e pela teoria do inconsciente de Freud, os artistas alemães do início do século fizeram a arte ultrapassar os limites da realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional” (Pedro MONTEIRO, “O Expressionismo Recriando conceitos e valores”).
           O artista plástico e quadrinista Alexandre Teles buscou contar à história que transcorre no filme, alterando apenas o prólogo e o epílogo. Em uma placa de metal ele reproduziu frames do filme produzindo um resultado estético coerente com o clássico alemão. Ele utilizou o monotipo que é um tipo de gravura feita por desenho ou pintura sobre uma superfície lisa, não absorvente. Monotipia é a técnica para transferir a imagem para uma folha de papel, produzindo uma gravura única, pois, a maior parte da tinta é removida na prensagem inicial. O processo foi inventado pelo pintor italiano Giovanni Benedetto Castiglione na década de 1640. No caso de Teles, ele utilizou à técnica de monotipia a maneira negra e o resultado foi trazer ao leitor a morbidez do Gabinete do Dr. Caligari e com uma vantagem: o olhar pode se prender aos detalhes das cenas o que nem sempre é possível frente à rapidez da imagem em movimento do cinema.  
      O autor produziu 649 monótipos para reproduzir o filme buscando a veracidade das imagens resultando num produto diferenciado em relação aos modelos de graphic novel usuais.
        Uma experiência para os sentidos que merece ser conhecida.   

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