“Em 1850, no período Vitoriano, uma tragédia se abate sobre
a família de Clara, lançando-a em uma sucessão de graves acontecimentos. Para
não fenecer, ela terá que ser um ponto de luz em meio à escuridão”.
Esta é a proposta da ilustradora e colorista italiana
Barbara Baldi no graphic novel “Luz
que Fenece” (Editora Pipoca e Nanquim, capa dura, formato 21 x 30 cm, 124
páginas, 2019). As ilustrações já valeriam uma viagem visual gratificante pelos
cenários impressionistas criados por Baldi, mas o romance gráfico foi muito
além: insere o tempo da narrativa no século XIX e nos limites do lugar da
mulher na sociedade Vitoriana. O texto e as ilustrações estão repletos dos
anseios perpetuados na literatura das irmãs Brontë, especialmente a trajetória
de vida retratadas em Jane Eyre. Os lugares sociais e os oportunismos de certos
personagens, especialmente da irmã da principal personagem “Clara”, lembra os
conflitos sociais e familiares retratados por Jane Austen.
Inglaterra Vitoriana, enredos inseridos nos olhares destes
grandes clássicos literários escritos por mulheres oitocentistas, retratos
impressionistas belíssimos e cativantes que motivam a participação do leitor na
construção da obra: isto já é uma forte motivação para a leitura de “Luz que
Fenece”.
E não esqueçamos que a boa literatura nunca deixa o leitor
de fora: a obra literária ou quadrinhos necessitam das leituras e releituras do
leitor, que precisa ser seduzido pela trama para dialogar com os possíveis
destinos dos personagens e indignar-se com os desfechos, pois, pode ter
imaginado outros finais possíveis. Seja literatura ou graphic novel, quanto mais se trouxer o leitor para a construção do
texto mais a obra permitirá ser difundida, relida e perpetuar-se no tempo
enquanto referencial cultural. Não será por estes valores inerentes a
construção textual que até hoje se revisita as irmãs Brontë e Jane Austen?
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