Porto do Rio Grande em 1908

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

GRAPHIC NOVEL – LUZ QUE FENECE





         “Em 1850, no período Vitoriano, uma tragédia se abate sobre a família de Clara, lançando-a em uma sucessão de graves acontecimentos. Para não fenecer, ela terá que ser um ponto de luz em meio à escuridão”. 
         Esta é a proposta da ilustradora e colorista italiana Barbara Baldi no graphic novel “Luz que Fenece” (Editora Pipoca e Nanquim, capa dura, formato 21 x 30 cm, 124 páginas, 2019). As ilustrações já valeriam uma viagem visual gratificante pelos cenários impressionistas criados por Baldi, mas o romance gráfico foi muito além: insere o tempo da narrativa no século XIX e nos limites do lugar da mulher na sociedade Vitoriana. O texto e as ilustrações estão repletos dos anseios perpetuados na literatura das irmãs Brontë, especialmente a trajetória de vida retratadas em Jane Eyre. Os lugares sociais e os oportunismos de certos personagens, especialmente da irmã da principal personagem “Clara”, lembra os conflitos sociais e familiares retratados por Jane Austen.
         Inglaterra Vitoriana, enredos inseridos nos olhares destes grandes clássicos literários escritos por mulheres oitocentistas, retratos impressionistas belíssimos e cativantes que motivam a participação do leitor na construção da obra: isto já é uma forte motivação para a leitura de “Luz que Fenece”.
         E não esqueçamos que a boa literatura nunca deixa o leitor de fora: a obra literária ou quadrinhos necessitam das leituras e releituras do leitor, que precisa ser seduzido pela trama para dialogar com os possíveis destinos dos personagens e indignar-se com os desfechos, pois, pode ter imaginado outros finais possíveis. Seja literatura ou graphic novel, quanto mais se trouxer o leitor para a construção do texto mais a obra permitirá ser difundida, relida e perpetuar-se no tempo enquanto referencial cultural. Não será por estes valores inerentes a construção textual que até hoje se revisita as irmãs Brontë e Jane Austen?

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