O
primeiro historiador a escrever sobre a fundação do Rio Grande foi Simão
Pereira de Sá, que vivenciou o confronto entre as duas Coroas Ibéricas em volta
da Colônia do Sacramento. A obra de Sá constitui-se, originalmente, num parecer
jurídico encomendado por Gomes Freire de Andrade, Governador do Rio de Janeiro,
estando o autor voltado a demonstrar que os interesses lusitanos no rio da
Prata são legítimos e correspondem a um projeto civilizatório.
O ideário
luso-brasileiro fundamentado no expansionismo em direção ao Prata enquanto um
curso natural do desenrolar histórico, o papel civilizador dos bandeirantes,
tropeiros e militares na luta contra os índios e espanhóis. Na obra de Simão
Pereira de Sá, destacam-se os elementos da lusitanidade traduzidos nas ações de
reconhecimento do terreno por Cristóvão Pereira de Abreu e na expedição de
Silva Paes. A narrativa dos
acontecimentos ligados ao surgimento do Rio Grande enquanto referencial luso
para a incorporação do Rio Grande do Sul está contextualizado no confronto
militar e diplomático entre Portugal e Espanha.
Uma
das primeiras referências a Rio Grande é feita por Simão Pereira de Sá, quando
este transcreve uma carta de Gomes Freire de Andrade com instruções para a
construção de um presídio militar em lugar situado atualmente no centro da
cidade. A carta foi escrita no Rio de Janeiro, em junho de 1736, e documenta a
fundação do presídio enquanto desdobramento da campanha de 1735-37 dos
espanhóis contra Sacramento.[1]
[1]
SÁ, Simão Pereira de. Historia
Topografica e Belica Danoua Colonia do Sacramento do Rio da Prata, repartida
emtres liuros e que se contem as tres uezes que se pouo-ou, e excidio, e as
heroicas acçoens, que ali obraraõ os Americanos Portugueses Escrita por Ordem
do Illmo. Eexmo. Governador e Capitaõ General do Rio de Janro. Gomes Freire de
Andrade Conde de Bobadella pello Doutor Simaõ Pereira de Sá no anno de 1737.
Porto Alegre: Arcano 17, 1993, p. 108-109.
Nenhum comentário:
Postar um comentário