Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

domingo, 10 de novembro de 2019

O MONUMENTO-TÚMULO DE BENTO GONÇALVES DA SILVA


Inauguração do monumento-túmulo em 20 de setembro de 1909. Acervo: Fototeca Municipal Ricardo Giovaninni. 
A fundação do Partido Republicano Rio-grandense em 1882 projetou o nome de Bento Gonçalves da Silva como uma referência republicana pioneira no Rio Grande do Sul e o seu legado passa a ser incansavelmente divulgado. Com a chegada dos republicanos ao poder em 1889, a ideia da construção de um monumento em homenagem ao general farroupilha foi prevista no art. 8º das disposições transitórias da Constituição do Rio Grande do Sul (1891).     
Fator que mobilizaria a cidade do Rio Grande para sediar o monumento ocorreu a partir de agosto de 1900, quando chegam os restos mortais de Bento Gonçalves da Silva a Rio Grande, os quais foram doados pelo filho, Coronel Joaquim Gonçalves da Silva, sendo retirados de cemitério no Cristal. O coronel Ignácio Xavier Azambuja tornou-se o responsável pela guarda dos ossos até a remoção para o prédio da Intendência Municipal em setembro de 1900. Os despojos foram colocados em uma urna de mármore com a inscrição: “Aos heróis de 1835 o Rio Grande agradecido”. A urna ficou durante longos anos no salão nobre da Intendência para visitação.
         A República no Brasil e no Rio Grande do Sul ainda estava em fase de afirmação e a Revolução Farroupilha é ressaltada enquanto um projeto republicano, mesmo que prematuro pois o Brasil continuou monarquista após 1845, daí o destaque ao General Bento Gonçalves como o nome máximo da República Rio-Grandense.
O historiador nascido no Povo Novo, Alfredo Ferreira Rodrigues, já vinha resgatando a Revolução Farroupilha e enfatizava que a memória da “Geração de 35” estava sendo perdida com o falecimento destas pessoas sendo necessário preservar a documentação, publicar sobre o tema, manter para as novas gerações a memória daqueles acontecimentos que teriam formado o homem sul-rio-grandense. Daí todo o esforço de Alfredo Ferreira Rodrigues para edificar o monumento nesta cidade. O monumento representaria um combate ao esquecimento e a preservação daquela memória farroupilha.
         Ampla campanha de subscrições para arrecadar fundos para a construção foi executada no Rio Grande do Sul, recebendo a Comissão responsável, valores consideráveis na cidade e em outras localidades da zona da campanha que tinham um vínculo de identidade com a epopeia farroupilha como Bagé, Jaguarão, Alegrete, Piratini entre outras.  
Em Rio Grande, personalidades influentes como Conrado Miller de Campos e Juvenal Octaviano Miller, influentes no Governo de Júlio de Castilhos, defendiam a construção.
No final do ano de 1903 a Comissão responsável pela edificação do monumento precisou escolher o escultor da obra. Foi indicado o escultor português Antônio Teixeira Lopes numa “comunhão entre a alma portuguesa e o patriotismo brasileiro” conforme o jornal Echo do Sul de 19 de março de 1904.
Alfredo Ferreira Rodrigues, fascinado pela cultura e arte europeia, será o maior responsável pela escolha do português Teixeira Lopes. Discussões e discordâncias ocorreram junto a Comissão e Rodrigues se desliga em 1904. Outra dificuldade para inauguração do monumento a Bento Gonçalves foi com o prazo de entrega que estava fixado para março de 1905, prolongando-se até 1909. O acréscimo dos dois leões, não previstos no projeto original, encareceu o preço final da obra. Hoje, é difícil pensar o monumento sem a presença dos leões! A estátua foi assentada em 2 de junho, ficando proibida a circulação pública em seus arredores sendo inaugurada em 20 de setembro de 1909 data do início da Revolução Farroupilha em 1835.

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