Inauguração do monumento-túmulo em 20 de setembro de 1909. Acervo: Fototeca Municipal Ricardo Giovaninni. |
A fundação
do Partido Republicano Rio-grandense em 1882 projetou o nome de Bento Gonçalves
da Silva como uma referência republicana pioneira no Rio Grande do Sul e o seu
legado passa a ser incansavelmente divulgado. Com a chegada dos republicanos ao
poder em 1889, a ideia da construção de um monumento em homenagem ao general
farroupilha foi prevista no art. 8º das disposições transitórias da
Constituição do Rio Grande do Sul (1891).
Fator que
mobilizaria a cidade do Rio Grande para sediar o monumento ocorreu a partir de
agosto de 1900, quando chegam os restos mortais de Bento Gonçalves da Silva a
Rio Grande, os quais foram doados pelo filho, Coronel Joaquim Gonçalves da
Silva, sendo retirados de cemitério no Cristal. O coronel Ignácio Xavier
Azambuja tornou-se o responsável pela guarda dos ossos até a remoção para o
prédio da Intendência Municipal em setembro de 1900. Os despojos foram
colocados em uma urna de mármore com a inscrição: “Aos heróis de 1835 o Rio
Grande agradecido”. A urna ficou durante longos anos no salão nobre da
Intendência para visitação.
A
República no Brasil e no Rio Grande do Sul ainda estava em fase de afirmação e
a Revolução Farroupilha é ressaltada enquanto um projeto republicano, mesmo que
prematuro pois o Brasil continuou monarquista após 1845, daí o destaque ao
General Bento Gonçalves como o nome máximo da República Rio-Grandense.
O
historiador nascido no Povo Novo, Alfredo Ferreira Rodrigues, já vinha resgatando
a Revolução Farroupilha e enfatizava que a memória da “Geração de 35” estava
sendo perdida com o falecimento destas pessoas sendo necessário preservar a
documentação, publicar sobre o tema, manter para as novas gerações a memória
daqueles acontecimentos que teriam formado o homem sul-rio-grandense. Daí todo
o esforço de Alfredo Ferreira Rodrigues para edificar o monumento nesta cidade.
O monumento representaria um combate ao esquecimento e a preservação daquela
memória farroupilha.
Ampla
campanha de subscrições para arrecadar fundos para a construção foi executada
no Rio Grande do Sul, recebendo a Comissão responsável, valores consideráveis
na cidade e em outras localidades da zona da campanha que tinham um vínculo de
identidade com a epopeia farroupilha como Bagé, Jaguarão, Alegrete, Piratini
entre outras.
Em Rio
Grande, personalidades influentes como Conrado Miller de Campos e Juvenal
Octaviano Miller, influentes no Governo de Júlio de Castilhos, defendiam a
construção.
No final do
ano de 1903 a
Comissão responsável pela edificação do monumento precisou escolher o escultor
da obra. Foi indicado o escultor português Antônio Teixeira Lopes numa
“comunhão entre a alma portuguesa e o patriotismo brasileiro” conforme o jornal
Echo do Sul de 19 de março de 1904.
Alfredo
Ferreira Rodrigues, fascinado pela cultura e arte europeia, será o maior
responsável pela escolha do português Teixeira Lopes. Discussões e
discordâncias ocorreram junto a Comissão e Rodrigues se desliga em 1904. Outra
dificuldade para inauguração do monumento a Bento Gonçalves foi com o prazo de
entrega que estava fixado para março de 1905, prolongando-se até 1909. O
acréscimo dos dois leões, não previstos no projeto original, encareceu o preço
final da obra. Hoje, é difícil pensar o monumento sem a presença dos leões! A
estátua foi assentada em 2 de junho, ficando proibida a circulação pública em
seus arredores sendo inaugurada em 20 de setembro de 1909 data do início da
Revolução Farroupilha em 1835.
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