Saint-Hilaire por F. Bouazzat, MNHN. |
Em 1820 Auguste de Saint-Hilaire deixou uma
descrição do centro urbano. Observou que a Vila do Rio Grande de São Pedro
estendia-se paralelamente ao canal, de leste para oeste, compondo-se de “seis
ruas muito desiguais, atravessadas por outras excessivamente estreitas,
denominadas becos”. A mais longa, chamada rua da Praia (atual Marechal
Floriano), se localiza a margem do canal; a que se segue é um pouco menor, as
outras quatro vão decrescendo em tamanho, à medida que se afastam desta última,
a mais comprida dentre elas, e que não excede a metade da Rua da Praia. Como
todas essas ruas começam no mesmo ponto, resulta pelos seus comprimentos e
respectivas posições, que a cidade apresenta, em seu conjunto, a forma aproximada
de um triângulo alongado com base a leste.
Ele ainda destaca que a Rua da Praia
é larga, mas não perfeitamente reta; edificada de casas cobertas de telhas,
construídas com tijolo, possuindo janelas envidraçadas; a maior parte delas era
de um andar, várias com sacadas de ferro. Nessa rua que estavam situadas quase
“todas as lojas e a maioria das vendas, umas e outras igualmente bem sortidas.
No resto da cidade, não se contam pouco mais de seis a oito casas assobradadas,
e as quatro últimas ruas compõem-se quase unicamente de miseráveis casebres de
teto bastante alto, porém conservados, pequenos, construídos de pau-a-pique e
onde moram pessoas pobres, operários e pescadores. Nas duas ruas principais, veem-se
lajes na frente das casas, entretanto nenhuma delas é calçada; enterram-se aí
os pés na areia, o que dificulta o caminhar”.
Saint-Hilaire espantou-se com o soterramento de casas... “A oeste e a sudoeste,
um areal de finura extrema que fatiga a vista pela sua cor esbranquiçada, forma
montículos que avançam até as casas situadas atrás da cidade, elevando-se tanto
que ameaçam aterrá-las a cada instante. Vi negros ocupados em desentulhar os
arredores das casas de seus donos, que me informaram serem obrigados a repetir
sem descanso esse trabalho”.[1]
[1]
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Martins Livreiro, 1987, p. 60.
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