Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

terça-feira, 12 de novembro de 2019

AREIAS DO RIO GRANDE - SAINT-HILAIRE

Saint-Hilaire por F. Bouazzat, MNHN. 

Em 1820 Auguste de Saint-Hilaire deixou uma descrição do centro urbano. Observou que a Vila do Rio Grande de São Pedro estendia-se paralelamente ao canal, de leste para oeste, compondo-se de “seis ruas muito desiguais, atravessadas por outras excessivamente estreitas, denominadas becos”. A mais longa, chamada rua da Praia (atual Marechal Floriano), se localiza a margem do canal; a que se segue é um pouco menor, as outras quatro vão decrescendo em tamanho, à medida que se afastam desta última, a mais comprida dentre elas, e que não excede a metade da Rua da Praia. Como todas essas ruas começam no mesmo ponto, resulta pelos seus comprimentos e respectivas posições, que a cidade apresenta, em seu conjunto, a forma aproximada de um triângulo alongado com base a leste. 
Ele ainda destaca que a Rua da Praia é larga, mas não perfeitamente reta; edificada de casas cobertas de telhas, construídas com tijolo, possuindo janelas envidraçadas; a maior parte delas era de um andar, várias com sacadas de ferro. Nessa rua que estavam situadas quase “todas as lojas e a maioria das vendas, umas e outras igualmente bem sortidas. No resto da cidade, não se contam pouco mais de seis a oito casas assobradadas, e as quatro últimas ruas compõem-se quase unicamente de miseráveis casebres de teto bastante alto, porém conservados, pequenos, construídos de pau-a-pique e onde moram pessoas pobres, operários e pescadores. Nas duas ruas principais, veem-se lajes na frente das casas, entretanto nenhuma delas é calçada; enterram-se aí os pés na areia, o que dificulta o caminhar”.
 Saint-Hilaire espantou-se com o soterramento de casas... “A oeste e a sudoeste, um areal de finura extrema que fatiga a vista pela sua cor esbranquiçada, forma montículos que avançam até as casas situadas atrás da cidade, elevando-se tanto que ameaçam aterrá-las a cada instante. Vi negros ocupados em desentulhar os arredores das casas de seus donos, que me informaram serem obrigados a repetir sem descanso esse trabalho”.[1]



[1] SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro,  1987, p. 60.

Nenhum comentário:

Postar um comentário