Mulher doente na varanda, aquarela de Richard Cooper. Fonte: Wellcome Library, London. |
A
tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou
bacilo de Koch nome dado em homenagem ao seu descobridor, o bacteriologista
alemão Robert Koch, no ano de 1882. Os primeiros medicamentos que poderiam
combater a tuberculose surgiram a partir de 1944. O termo tuberculose está
associado à doença pulmonar, entretanto, apesar de a tuberculose pulmonar ser a
mais comum, ela doença pode afetar outros órgãos, como intestino delgado, rins,
órgãos genitais, ossos etc. Em quase 90% dos casos, a doença tem início nos
pulmões. Nos adultos, é mais comum a tuberculose pulmonar, contraída pelo
sistema respiratório através das gotículas de escarro ou através da poeira
contaminada. Os bacilos, medindo apenas dois milésimos de centímetros são
transportados por partículas úmidas que ficam pairando no ar e, podem
permanecer suspensas durante horas prontas para serem inaladas pelo pulmão de
uma pessoa. Cada gotícula carrega de um a três bacilos. Nas crianças, a
contaminação mais comum ocorre pela ingestão de leite de vaca que tenha o
bacilo, podendo aparecer à tuberculose pulmonar, a renal, a óssea, na pele etc.
Infecção e doença são coisas diferentes. A pessoa infectada é aquela que
se contaminou com o bacilo da tuberculose, mas não chegou a desenvolver a
doença. Doente é a pessoa que se contaminou e apresenta os sintomas
gerais da tuberculose: febre, canseira, emagrecimento, tosse e suadeira à
noite. Calcula-se que, em países pobres, 70% da população esteja infectada pelo
bacilo de Koch, enquanto que nos países ricos este número seja menor do que 10
%.
O
período de incubação varia de seis semanas até muitas décadas, na dependência
da resistência orgânica de cada pessoa. Na tuberculose pulmonar, geralmente a
primeira infecção por bacilos se estabelece sem apresentar sintomas ou com
sintomas discretos, como perda do apetite, fadiga, irritação. Os sintomas podem
assemelhar-se aos da gripe ou do resfriado comum. Pode surgir febre, tosse
seca, sudorese noturna e emagrecimento. É comum encontrarem-se nódulos
calcificados em adultos que nunca estiveram doentes: são resíduos de uma
primeira infecção. Na prevenção, principalmente em crianças recém-nascidas,
usa-se a vacina BCG (bacilo de Calmet-Guérin). Deve-se evitar o convívio com
tuberculoso contagiante e só consumir leite pasteurizado ou fervido. A
prevenção mais eficaz seria melhorar as condições de alimentação, de habitação
e de trabalho da população. Através de radiografia (abreugrafia) pode-se
diagnosticar casos ocultos. O tratamento é feito com antibióticos e dura cerca
de seis meses, não podendo ser interrompido. A tuberculose, conforme a
Organização Mundial de Saúde, atinge 32% da população mundial que tem em seu
organismo o bacilo causador da doença que poderá ou não se manifestar. A doença
mata cerca de 2 milhões de pessoas por ano. No Brasil em 1999 provocou quase
6.000 mortes e 116.000 novos casos. Em 2018 foram 72.000 novos casos no Brasil
e no mundo foram 10 milhões de novos casos em 2017 com 1,3 milhões de mortes.
O aumento de tuberculose deve-se a alguns fatores como: a dificuldade em
tomar as drogas por tanto tempo; a falta de moradia, levando um grande número
de pessoas a viverem em abrigos e a pobreza que dificulta a aquisição de
medicamentos. Tudo ocorrendo ao mesmo tempo em que o HIV se dissemina,
enfraquecendo o sistema imunológico e facilitando o desenvolvimento da
tuberculose. Cinco décadas depois de encontrada a cura para a doença, a
tuberculose ainda mata mais pessoas do que qualquer outro germe isolado. Essa
situação evidencia a relação entre condições de saúde e as condições sociais de
uma população. A tuberculose matava muitos artistas, pessoas que se aglomeravam
facilitando a passagem do bacilo de uma pessoa para outra através de gotículas
inaladas na respiração. Tantos artistas e jovens brilhantes, como Chopin,
sofreram de tuberculose que se chegou a pensar que a genialidade tornava o
indivíduo vulnerável à doença. Entre os trabalhadores pobres e subnutridos da
cidade, a tuberculose se alastrou em meados do século 19. Na primeira metade
deste século, os "sanatórios" foram utilizados por pessoas que tinham
boas condições financeiras. Esses sanatórios eram verdadeiras pousadas nas
montanhas. Com o passar do tempo os sanatórios foram utilizados para isolar os
doentes dos saudáveis, tornando-se centros de tratamento para ricos e para
pobres. Como terapêutica para a tuberculose prevaleceu, desde o século XIX, o
tratamento higienodietético. Este tinha como pressuposto a cura espontânea do
doente quando em condições favoráveis, traduzidas por uma boa alimentação e
repouso e incorporando o clima das montanhas como um fator fundamental no
tratamento. Sua indicação envolvia o isolamento dos pacientes, viabilizada por
meio da criação de sanatórios e preventórios.
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