Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 12 de novembro de 2019

A ONDA DE FRIO DE 1955

Jornal do Brasil, 1 e 2 de agosto de 1955.

No rigoroso inverno de 1955 o cenário era muito diferente do atual com neve cobrindo parte do Rio Grande do Sul. Sessenta anos depois, os verões tem sido cada vez mais escaldantes e o inverno desfigurado com temperaturas amenas e com a cobertura florestal confusa, antecipando sua floração de primavera, estação que só inicia em setembro. Na primeira semana de agosto de 2015, a temperatura em algumas localidades do Rio Grande do Sul (como Porto Alegre), chegou a 35°C. No dia 1 de agosto de 1955, Bom Jesus registrou a menor temperatura já medida no Rio Grande do Sul: 9,8°C negativos.
Possivelmente esta foi à maior onda de frio que atingiu o Brasil, tendo início no dia 27 de julho de 1955 e estendeu-se com temperaturas negativas até 3 de agosto. A massa polar foi tão intensa que atingiu mais de 60% do território brasileiro e ultrapassou a Linha do Equador. Difundiu-se por uma área tão abrangente que não registros anteriores. A geada atingiu 90% da Região Sul. A neve caiu em várias cidades e chegou a acumular até 70 cm de altura. Na Serra Gaúcha ocorreram quatro dias seguidos com nevascas. 
Conforme dados do INMET (pesquisados no site “abaixodezero.com”), a forte onda polar avançou do sul do Chile e sudoeste da Argentina atingindo o Rio Grande do Sul no dia 27 de julho. A queda da temperatura foi brutal e em Bom Jesus (RS) ocorreu o fenômeno da neve. No dia 28 a massa polar chega a São Paulo, alcança Cuiabá e avança para a Amazônia. No dia 29, a massa avança com ainda maior intensidade da Argentina e provoca intensa neve na Serra Gaúcha e Catarinense. Bom Jesus registrou um cenário raro de 24 horas contínuas de queda de neve. Ainda neste dia a neve chegou ao Paraná. Em Porto Alegre, a temperatura máxima do dia foi de 8,5°C.
No dia 30 de julho, as baixas temperaturas alcançavam do Rio Grande do Sul até o Amazonas. Cuiabá registrou a temperatura mínima de 4,3°C. A neve continua no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas começa a perder a intensidade. Até em Curitiba nevou. A imprensa divulgou queda de neve também em Porto Alegre. Felizmente o fenômeno perdia intensidade, pois a acumulação de gelo nos telhados, pode levar ao colapso das estruturas e o desabamento. As árvores congeladas e sobrecarregadas pelo peso do gelo podem partir-se. Além disso, a perda das lavouras pode ser total pelo congelamento dos vegetais. Em São Joaquim (SC) a temperatura máxima foi de -2,0°C e a massa polar chegou a Manaus. O dia 31 foi gélido no Rio Grande do Sul com a formação de fortes geadas e o famoso ditado “frio de renguear cusco” era o assunto do dia. Enquanto isto, cidades de Santa Catarina e Paraná, registravam até 8°C abaixo de zero. Neste dia, a onda polar ultrapassou a linha do Equador, um fato muito raro.
No dia 1 de agosto, Bom Jesus bateu o recorde histórico de frio com -9,8°C. E incrivelmente, Pelotas registrou 3,4°C negativos! O Mato Grosso do Sul registrou temperaturas negativas. O dia 2 de agosto, ainda registrou baixas temperatura mas a onda começa a perder intensidade ao longo do dia. Camboriú, no litoral de Santa Catarina, registrou 1,2°C negativos e a cidade de São Paulo 2,1°C negativos. Algumas temperaturas negativas ainda são registradas no Sul do Brasil no dia 3 mas a massa se dissipou no dia 4.
A poderosa onda de frio deu um susto e deixou um rastro de prejuízos para a agricultura. Percorreu do pampa gaúcho até as aldeias indígenas da Amazônia. Foi um dos inúmeros invernos gelados para os habitantes do Rio Grande do Sul como ocorreu em 1918, 1925, 1933 etc. Mas parece que o quente inverno de 2015, se apresenta muito mais assustador e temeroso do que a onda de frio de 1955! O curso da natureza que previa que inverno é gelado e verão é quente, é muito mais tranquilizador para uma projeção do futuro do que a apreensão sobre a confirmação do “aquecimento global” no planeta.

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