Inauguração da Subprefeitura do Povo Novo em 1904. Acervo: Papareia. |
A postagem anterior foi a história da Vila da Quinta. Nesta postagem, indico novamente a leitura do historiador Cledenir Vergara Mendonça e remeto ao texto que trata da Igreja do Povo Novo. Este e outros artigos organizados por Cledenir, estão disponíveis para leitura no endereço http://estacaoquinta.blogspot.com.
O Povo Novo surgiu em 1763 sendo um
povoamento constituído por lavradores luso-açorianos formado durante a invasão
espanhola no Rio Grande de São Pedro entre 1763 a 1776. O assentamento
estava localizado à margem da Estrada Real da Palma, onde os espanhóis
colocaram parte dos colonos luso-açorianos que não conseguiram retirar-se ante
a invasão. Carreiros, Paulista e Mangueira foram os outros núcleos para
assentarem colonizadores sem condições de fuga ou que por escolha, decidiram
permanecer em Rio
Grande. O historiador João Borges Fortes realça essa
possibilidade, afirmando “[...] que em conseqüência da invasão alguns teriam
ficado em suas terras na Vila do Rio Grande; outros fugiram para Santa Catarina
e que a maior parte teria acompanhado o governador Elói de Madureira em seu
êxodo para Viamão”
Assim sendo o núcleo da Torutama, que já existia anteriormente (a Fazenda Real na ilha da Torutama), recebeu a maior parte das
famílias portuguesas, formando o Pueblo
Nuevo del Torutama nas terras pertencentes a Manoel Fernandes Vieira, que
se retirou durante o domínio espanhol.
Quando da restauração das terras portuguesas,
o antigo proprietário retoma a área, originárias estas das primeiras doações de
sesmarias na região, as 112 famílias de lavradores e criadores são transferidos
para o Rincão d’El Rey, a área hoje compreendida pelo atual distrito.
Desenhava-se assim um novo processo de firmação fundiária e social quanto ao
domínio português pós- tratado de Santo Idelfonso de 1777, ao menos nesta
região.
Com a mudança, no ano de 1777, “[...] alguns
destes portugueses e outras famílias foram habitar o novo lugar duas léguas
distantes, e aí edificaram uma casa para celebrar missa [...]”. Regularizou-se
a posse da terra a moradores que possuíam títulos e animais – eram 91 – e
também os que não tinham a posse de terra durante a invasão, somando 47
proprietários, mas não fora uma ação imediata este processo de estabilização.
Miséria, caos e indefinições marcaram o período de estruturação do povoado,
quando somente em 1785 os proprietários regularizaram suas propriedades com
doações de terras pela Coroa Portuguesa. As datas de terra prometidas (1
data=272hectares) viraram para a maioria pequenas áreas que raramente
ultrapassavam os 10
hectares , verdadeiros minifúndios com assentamentos
demorados. Porém, quando instalados, ocorreram pressões por parte dos
latifundiários que possuíam sesmarias (equivalente a 13.000 hectares ).
Conforme um morador do período, “fizeram-nos e, não por exceção, abandonar
terras ou pagar pelas que legalmente lhe pertenciam por doação governamental.”
Por Provisão Eclesiástica de 07/02/1785,
cria-se a Capela Curada de Nossa Senhora das Necessidades do Povo Novo, tendo
como capelão o Padre Manoel dos Santos Rezende, nomeado em 05/12/1785. Os
Livros de assento de Batismo, livres ou de escravos, de Casamento e Óbitos,
começam em 1792 e estão na Mitra Diocesana em Rio Grande. Em 1795 a Capela foi elevada a
Curato dependente da Matriz do Rio Grande, a Igreja de São Pedro. Por lei da
Assembléia Provincial de 06/05/1846, lei nº 35, Povo Novo é elevado a Paróquia,
criando assim a Freguesia do Povo Novo. Estivera pregando no local o padre
jesuíta Tiago Villarupia e o primeiro pároco Raimundo Tarrago, foi nomeado em
abril de 1847 .
Nesse sentido é importante citar o único
padre colado, o padre Estevão de Semiglia, nomeado em 27/10/1856, sendo
apresentado por decreto do Governo em 25/02/1865 e confirmada canonicamente a
4/3/1865 por D. Sebastião Dias Laranjeira, que criara a Vara Eclesiástica em
junho de 1863.
O desenvolvimento viria em um primeiro ciclo
com a cultura do trigo. Assim ficou demarcada a opulência econômica no final da
década de 1780 com o plantio de 7.472 hectares de trigo no Povo Novo até a
retração da cultura nos campos a partir das primeiras décadas dos anos 1800.
Aos poucos, a produção de bois para as charqueadas em Pelotas e culturas de
subsistência voltadas para o abastecimento da Vila do Rio Grande, identificavam
igualmente o modelo produtivo característico desenvolvido pela Província
desaparecendo a produção em larga escala da cultura do trigo.
A Freguesia ia se desenvolvendo. Os negros
cativos equivaliam a 40% do universo dos moradores, com predominância de açorianos
e seus descendentes, formaram um mosaico cultural e social que aproximava a
localidade com Pelotas.
Em 12/12/1913, a capela deixou de ser a sede
da Paróquia, sendo esta transferida pelo Bispo de Pelotas para a Igreja de
Nossa Senhora da Penha, no nascente distrito de Julio de Castilhos, hoje Vila
da Quinta. Quanto às reformas solicitadas, e isto não significa inserções
arquitetônicas no mesmo período, cita-se na ata da Câmara Municipal do Rio
Grande em 13/02/1856, que a Igreja precisava ser reformada, pois o “telhado
estava arriado, imagens defeituosas e precisando de 5 banquetas completas para
os 5 altares” e a reclamação que os 6 contos de réis decretados pela Assembléia
Provincial ainda não havia chegado. Já no ano de 1878, forma-se uma comissão na
povoação para novos melhoramentos na Igreja
das Necessidades. É bem provável que pequenas obras tenham sido
feitas, porém no ano de 1958, quando ocorre o tombamento lateral e da
cobertura, a Igreja foi reconstruída seguindo o mesmo estilo e tipificação
arquitetônica.
Obrigado pelo texto, sou morador do Povo Novo, há 15 anos e administro um grupo no FaceBook chamado Estação Povo Novo, objetivo melhorar o conhecimento da comunidade de si mesma... Assim peço Autorização para compartilhar sua postagem. Desde já obrigado.
ResponderExcluirBoa noite: Podes reproduzir o que for de seu interesse para divulgação de conhecimento histórico. Postagens ou imagens. Atenciosamente, prof. Torres
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