Fotografia da rua da Praia (rua Marechal Floriano), altura da rua da Cadeia (rua dos Andradas) em 1865. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
“O
Clube do Comércio se estabelece na rua Riachuelo no local da Sociedade
Euterpina”. Diário do Rio Grande, 4 de janeiro de 1867.
Em alguns
casos, a rua Riachuelo (assim denominada a partir de 1865) continua a ser
chamada pelo nome antigo de rua da Boa Vista: “A Caixa Filial do London e
Brazilian Bank Limited está localizada na rua da Boa Vista n.29”. Diário do Rio
Grande, 4 de janeiro de 1867.
O
coração de Napoleão Bonaparte: “Quando morreu Bonaparte em Santa Helena , foi-lhe
tirado o coração para ser embalsamado. O médico inglês a quem foi confiado este
órgão extraordinário, tinha-o depositado em um vaso de prata com água, e
deitou-se tendo acendido duas luzes no pé dele. Depois contava muitas vezes aos
seus amigos que estava inquieta, e não poderá dormir porque conheceu a
importância do depósito que lhe confiaram. Estando meio acordado na cama, ouviu
no silêncio da noite um leve rumor, depois o movimento como de coisa que se
mexia na água e por fim o ruído de coisa caída no chão. Saltou fora da cama e
imediatamente conheceu a causa daquele ruído. Era um rato que arrastava para a
sua toca o coração de Bonaparte. Se tarda mais alguns instantes aquele coração
que nunca se poderá satisfazer com a soberania da Europa continental, teria
sido roído pelos ratos. O general Montholon confirmou este fato.” Diário do Rio
Grande, 11 de janeiro de 1867.
Altas
horas: “Foram presos e recolhidos à cadeia os pretos Manuel, escravo de José
dos Santos Lontra, à requisição de seu senhor; Francisco, escravo de José
Martins; Leonardo, escravo de Virgolino Barteloti; Adão, escravo de D. Joaquina
Vieira; Martinho, escravo de Joaquim das Saudades; Antonio, escravo de Manuel
Ferreira; todos por andarem na rua fora de horas”. Diário do Rio Grande, 22 de
janeiro de 1867.
“Quem
precisar de uma ama de leite, muito carinhosa para crianças, dirija-se a loja
de Zifirino e Cia, rua 16 de Julho, que se lhe darão as informações
necessárias”. Diário do Rio Grande, 22 de janeiro de 1867.
O
álcool e a Revolução Industrial: “A embriaguez é a grande e principal causa da
loucura das enfermidades e dos crimes de toda espécie (...) O consumo de
licores fortes era nos Estados Unidos em 1828 de 300 milhões de litros (...) Em
Manchester, Glasgow e Londres a miséria que se vê nos quarteirões e distrito
onde reside a pobreza destas cidades é realmente horrorosa e medonha. É, na
verdade, necessário ter visitado aqueles lugares, para formar-se uma idéia do
espetáculo que apresenta a população embrutecida pelo gim, daqueles homens,
daquelas mulheres de rosto lívido, de andar titubeante, cobertos de ignóbeis
trapos, que dormem promiscuamente em subterrâneos úmidos, onde só penetra luz
pela porta, que dá para becos nauseabundos, sem a menor noção de religião ou
mesmo de pudor. E, no entanto, os salários são de trinta, quarenta e mesmo cinqüenta
francos por semana. Mas a embriaguez e o vício tudo absorvem. Na Suécia o país
que ocupa o mais alto grau nesta vergonhosa escala, o consumo atinge a 200
milhões de litros, cerca de 100
litros por pessoa (...) Em França, de 1828 a 1846, a produção do veneno
mortífero denominado aguardente teve um aumento de mais de metade (...) há
distritos nas cidades fabris francesas em que existem quase tantas tavernas
quanto casas. E que tavernas!”. Diário do Rio Grande, 1 de fevereiro de 1867.
Quase
filantrópico: “Na Praça Sete de Setembro foram achadas seis colheres de prata
para sopa, por um preto escravo; a quem pertencerem queira dirigir-se à rua
Pedro II moradia do finado João Dias Viana, que dando os sinais certos os
receberá pagando este anúncio”. Diário do Rio Grande, 2 de fevereiro de 1867.
Imigração
norte-americana para o Rio Grande do Sul: “há nos Estados do Sul uma grande
massa de habitantes que desejam ardentemente abandonar a mãe pátria por uma
pátria nova onde se lhe ofereçam boas terras, boas leis e boa hospedagem.
Voltam dali os olhos para o Império, mormente agora que por uma lei do
congresso foram os Estados Unidos submetidos a regime militar”. Diário do Rio
Grande, 25 de abril de 1867.
Dicas
de higiene na Era dos Urinóis: “Nas casas particulares onde por falta de
cômodos as evacuações se praticam em urinóis, usando de água e caparosa não se
precisaria queimar alfazema ou pastilhas, fumaças que obscurecem o mau cheiro
mas não o neutralizam. Dr. Afonso Gassier, Piratini.” Diário do Rio Grande, 9
de abril de 1867.
Filantropia:
“No dia 21 a
noite, neste antro de miséria onde jazia a infeliz viúva e órfão, penetrou
ainda o flagelo da época (cólera). Essa pobre senhora cercada de 4 inocentes, o
mais velho dos quais não conta mais de 7 anos e o mais moço 10 meses, foi
encontrada deitada no chão de sua humilde casa violentamente atacada e quiçá
prestes a morrer. Um cavalheiro filantropo dirigiu-se a essa sinistra
habitação, acompanhado de um médico para socorrer a esses desvalidos: todos os
obstáculos ali existiam reunidos para impossibilitar que a enferma recebesse o
menor socorro, assim o dizia o médico, e era uma verdade evangélica. Todos os
obstáculos, porém, foram vencidos pelo grande coração do filantropo que
imediatamente levou para sua casa, para o seio de sua família a inditosa,
prestes a morrer e seus quatro filinhos, e hoje, devido aos extremos do médico,
do filantropo e de sua estimável família, a infeliz está salva, a mãe está entregue
aos seus filhos... O grande coração, o homem bemfazejo, foi o sr. Dr. José
Joaquim Cândido de Macedo”. Diário do Rio Grande, 24 de março de 1867.
A construção do paiol na Ilha da
Pólvora: “Pela inspetoria da Alfândega se faz público que, além das madeiras
para construção da casa da pólvora, na Ilha do Gonçalinho, cuja compra foi
anunciada pelo edital desta inspetoria impresso nos periódicos desta cidade com
data de 24 de janeiro último, compra-se mais os seguintes materiais: 860
toneladas de pedra alvenaria, 143.000 tijolos, 7.500 telhas, 3.446 alqueires de
cal, 6.793 ditas de areia grossa. Inspetor Antonio de Sá Brito”. Diário do Rio
Grande 26 de fevereiro de 1856.
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