Cartão-Postal de 1940. Acervo: Walter Albrecht. |
Conforme Fortunato Pimentel (Aspectos do Município do Rio Grande.
Porto Alegre: Oficina Gráfica Imprensa Oficial, 1944), a iluminação elétrica
contava com 6.600 ligações domiciliares. As ruas possuíam 919 lâmpadas e os
logradouros públicos 88. Em 1940, o transporte realizado por bondes apresentava
24.500 metros
de linhas e transportaram 5.386.841 passageiros. [1]
Em outubro de 1939 foi inaugurado o tráfego de ônibus. Em dezembro de 1940, 5
ônibus Ford e Chevrolet já circulavam pela cidade. Em 1940 foi inaugurada uma
linha de ônibus entre a cidade e o Taim. Em 1941 havia quatro cinemas e a média
de freqüência era de 42 mil espectadores por trimestre. “Em conjunto as praças
são das melhores que conhecemos no território gaúcho, notadamente a Francisco
Xavier. As praças e os jardins públicos de Rio Grande estão todos eles muito
bem cuidados e constituem notadamente aos olhos do forasteiro, um honroso
atestado da atenção dispensada pelo poder público municipal à parte referente
ao embelezamento urbano”. Em 1939, com grandes festejos, havia sido inaugurado
um monumento em homenagem ao fundador da cidade, José da Silva Paes na praça
Xavier Ferreira. O monumento também ficou isolado quando do avanço da enchente
sobre a praça.
Desde 1908 começa a ser instalada a energia
elétrica na cidade. Em 1935 passa a funcionar a Central Elétrica (no local da atual
CEEE) neste prédio que foi parcialmente alagado pela Grande Enchente. O
primeiro prédio com elevador da cidade foi o da Câmara de Comércio, prédio em
estilo art-déco que estava em
construção ficando isolado pelas águas durante a enchente. No início dos anos
1940 outro avanço tecnológico: estava surgindo à primeira estrada asfaltada do
Rio Grande do Sul ligando o Parque Rio-Grandense (na altura do atual pórtico)
até o Cassino. Dos 8 mil prédios da cidade, 4.500 dispunham de recolhimento de
esgoto e 5.500 de abastecimento de água encanada fornecido pela Companhia
Hidráulica Rio-Grandense. Em 1940,
a média de pessoal empregado na indústria era de 7.052
pessoas.
Apesar de um cenário relativamente promissor,
é preciso ressaltar que a baixa remuneração da mão-de-obra caracterizava o
processo industrial, com má distribuição de renda e proliferação de cortiços. A
industrialização dispersa, que caracterizou a economia da cidade até esta
década, entrará em decadência provocando falências de empresas na década de
1950, com o fechamento de grande parte do parque industrial tradicional. A
integração da economia nacional, encabeçada por São Paulo, processo iniciado na
década de 1930, trará graves conseqüências para Rio Grande.
O capital
de exportação e importação, atividade que recuava a primeira metade do século
19, vivia um momento de expectativa frente à Segunda Guerra Mundial que se
intensificara na Europa e que chegaria aos Estados Unidos até o final de 1941. A indústria estava
ligada especialmente aos ramos têxtil, de carne frigorificada e de alimentos
enlatados. Desde 1937, a
Refinaria Ipiranga fazia parte do cenário econômico da cidade. No segmento
industrial, empresas como a Rheingantz (União Fabril), Charutos Poock,
Ítalo-Brasileira, Swift, Leal Santos e as empresas do empresário Luiz Loréa,
projetavam Rio Grande no cenário estadual e nacional. No mês de agosto de 1942,
frente ao afundamento de navios mercantes brasileiros, ocorreu em varias
cidades brasileiras quebra-quebra de propriedades de imigrantes alemães,
italianos e japoneses. Em
Rio Grande , cuja economia tinha forte presença alemã, as
atividades de comércio e indústria sofreram uma forte retração em decorrência
das perseguições aos teuto-brasileiros e ítalo-brasileiros. Durante a enchente,
uma das principais empresas aqui radicadas e com sede em Hamburgo-Alemanha, a
Bromberg, colocou o seu palacete à disposição da Comissão Central para
atendimento dos flagelados. Com a entrada do Brasil na Guerra, a empresa foi
obrigada a encerrar as atividades.
A primeira
metade da década de 1940 foi de grandes desafios para a cidade: dois anos de
intensa chuva (1940-41) seguido de dois anos de seca (1942-43), somado a
entrada do Brasil na Guerra (1942) e as expectativas do desdobramento do
conflito na luta contra o nazi-fascismo que perdurou até 1945. E os
sobressaltos de uma década difícil para a cidade começaram em maio de 1941,
quando da Grande Enchente que assolou a cidade.
[1] PIMENTEL, Fortunato., p. 56 a 78.
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