Jurogin. Deus da longevidade e sabedoria no Xintoísmo. Acervo: buddhamuseum.com |
Sendo verdadeira as investigações
encaminhadas no tempo do historiador Alfredo Ferreira Rodrigues, o Rio Grande
do Sul tinha alguns centenários moradores. O que torna mais interessante a
longevidade é que estas pessoas teriam vivido em períodos recuados da História
Colonial e Imperial do Brasil e também da cidade do Rio Grande. Informações
preservadas na memória poderiam trazer alguns esclarecimentos sobre a vida
cotidiana naqueles tempos. Diga-se que o que somos enquanto seres históricos e
produtores de cultura, está preservado em nossa memória. Uma longevidade em que
o cérebro manteve-se sadio está repleta de informações e experiências culturais
com várias décadas de duração. Pelo menos a nossa história está ali depositada
e muitas vezes ela se torna fonte, para entender a trajetória histórica humana
no planeta. A metodologia utilizada para a leitura da memória é a História Oral.
O Almanak
refere-se a um negro vindo da África que tinha pelo menos 157 anos de idade.
Será possível?
As matérias:
Disse o Diário
do Rio Grande ter morrido há dias em Porto Alegre com 115
anos, o preto José Andrade Neves, bahiano e que fora ferido na revolução da
Sabinada.
Noticiou o Diário
do Rio Grande ter falecido na fazenda do Serro Azul, uma mulher com 140
anos de idade. Era uma crônica viva de todos os acontecimentos que se
desenrolaram na região missioneira, na época gloriosa da conquista das missões.
Foi companheira do herói, José Borges do Canto e assistiu a capitulação de
Rodrigues tenente-governador de S. Miguel, fato este que se deu em 1800 ou
1801. Um seu filho, Bernardo, que faleceu ha muitos anos, quase centenário,
serviu nas fileiras republicanas durante toda a revolução de 1835. Sua única
filha sobrevivente, Maria, conta mais de 90 anos de idade. A finada deixou
testamento, instituindo seu herdeiro da terça, seu neto Valério, de 65 anos.
No Rio Grande faleceu Luiz Manoel de Souza,
com 100 anos.
Na Santa Casa de Porto Alegre deu entrada um
preto africano com 157 anos. Como
declarasse ele ter 193 anos de idade, um dos repórteres que ali se achava,
dirigiu-lhe algumas perguntas, as quais ele respondeu da seguinte forma: Veio
da África aos 14 anos numa leva de escravos que foram vendidos em Pernambuco. Seu
primeiro senhor chamava-se Manoel Carlos e era capitão do 1° Batalhão de
Caçadores. A compra foi feita por 14 dobras, ou seja, 40 patacas, segundo as
contas do velho africano. Em Pernambuco esteve ele 12 anos, após os quais foi
vendido novamente por 400$000. Esteve um 1 no Pará, 6 no Rio de Janeiro, 1 em Santa Catarina , 18
no Porto dos Casaes (hoje Porto Alegre) e 32 em Taquari, isto é, 32 anos até a
época em que rebentou a guerra dos farrapos. Feitas as contas, vê-se que Manoel
Vitorino, tem segundo a sua exposição, 157 anos, o que já é uma respeitável
idade. Isto mesmo foi-lhe observado, insistindo ele, porém, em afirmar que tem
193 anos, fazendo, a propósito, novas somas e contagens com que não se pode
atinar de pronto, devido à confusão de datas por ele expostas. Tomando-se por
base a idade de 157 anos, vê-se que esse macróbio (pessoa de vida longa) nasceu em 1749.
Tivemos ocasião de confabular, ontem, no
Asilo de Pobres, com o preto Damião J. Mendes Soares, que conta a invejável
idade de 116 anos. Esse macróbio, goza ainda de certo vigor físico, fala com
toda a lucidez e responde acertadamente as perguntas que se lhe faz. Lembra-se
perfeitamente de fatos passados, inclusive da guerra dos Farrapos, durante a
qual serviu. Damião Soares, é africano e veio da sua pátria em um navio
negreiro, tendo sido capturado pelos próprios irmãos de raça, arvorados em
agentes dos traficantes de escravos. Disse-nos que ao ser preso deram-lhe um
coronhaço no ombro esquerdo que o derreou, sendo então amarrado e conduzido a
bordo. Conduzido para o Brasil, esteve algum tempo na Bahia, de lá vindo para
servir as forças legalistas durante a revolução de 1835. Damião Soares deixou,
ao vir da África, mulher e filhos. Apesar dos anos, não se mostra abatido,
sendo dotado de gênio expansivo e alegre. Possui apenas um único dente.
Mostra-se satisfeito no Asilo e vive bem disposto.
Na Santa Casa de Porto Alegre, faleceram
Andresa Silva com 102 anos e Clemente Conceição com 120.
No Asilo de Pobres do Rio Grande faleceu a
preta Helena Maria da Conceição, com 102 anos.
Noticiou o Echo do Sul do Rio Grande, ter falecido no município do Herval,
perpétua Maria de Ávila, contando 125 anos. Falava na conquista das Missões, na
chega de D. João VI e lembrava-se de quando o Brasil fora elevado a categoria
de reino, tendo já nessa época 34 anos de idade.
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