Primeiro estádio do Rio-Grandense. Acervo: Papareia. |
Time do Rio-Grandense em 1938. Acervo: Papareia. |
Completando
a trilogia dos clubes de futebol da cidade, depois do Rio Grande e do São
Paulo, destacamos o Football Club
Rio-Grandense, o “guri teimoso”, cujo estádio é o Torquato Pontes, o
Colosso do Trevo, que tem capacidade para 15.000 pessoas.
Nilo Dias
Tavares fez o seguinte relato sobre a história do clube. “Em 11 de julho de
1909, na virada do século, um grupo de alunos do Colégio Rio-Grandense, do
professor Ernest, na época, um dos mais renomados estabelecimentos de ensino de
Rio Grande fundava o FBC Rio-Grandense com o objetivo de expandir e incrementar
a prática do futebol. A nova agremiação teve como primeiro presidente o aluno Amaury
Castello, que embora jovem, não poupou esforços para o desenvolvimento do clube
em seus primeiros passos. Durante dois anos promoveu jogos, não apenas
municipais como também intermunicipais, fato inédito para a época. O segundo
presidente foi Rodolfo Moll. Já em 1921, sob a presidência de José da Rosa
Martins, pai de Dario Torres Martins e avô de Gil Barlém Martins, o FBC
Rio-Grandense conquistou seu primeiro campeonato da cidade. Nesse mesmo ano,
excursionou a cidade de Pelotas, enfrentando e vencendo o campeão pelotense,
E.C. Ideal. Em sua gloriosa trajetória o clube escarlate conquistou vários
títulos, mas o mais importante foi, sem dúvida, o de campeão gaúcho de 1939. A formação
“escarlate”, naquela oportunidade, foi esta: Brandão - Cazuza e Armando -
Pelado - Pacheco e Mariano - Osquinha - Carruíra - Cardeal- Chinês e Plá. Em
seu acervo o F.C. Rio-Grandense conta com cerca de 150 taças, mais de 40
bronzes e centenas de flâmulas. Destaque para a célebre “Taça Caringi”, de
difícil conquista. Para perpetuar a memória de seus benfeitores o clube
organizou a “Galeria de Retratos”, onde figuram nomes históricos...” (http://nilodiasreporter.blogspot.com).
O primeiro
jogo oficial da história do clube foi disputado no dia 24 de junho de 1910
contra uma equipe local, o União, com a vitória do Rio-Grandense por 4 x 1,
sendo o primeiro gol da história do clube marcado pelo jogador Arlindo. A
primeira disputa contra um time pelotense foi em 5 de abril de 1914 contra o G.
E. Brasil, vencendo o Rio-Grandense por 2 x 0. O primeiro jogo em Porto Alegre foi no
dia 11 de julho de 1914 com vitória de 4 x 2 frente ao Fuss-Ball.
A maior
façanha do clube foi tornar-se campeão gaúcho de 1939. Na semi-final disputada
entre Pelotas e Rio Grande ocorreu uma polêmica. Os times disputaram três jogos
tendo o Pelotas vencido em
Rio Grande pelo placar de 2 x 1 e o Rio-Grandense vencido em
Pelotas também por 2 x 1. No campo do São Paulo, em Rio Grande , ocorreu o
terceiro jogo com o placar de 1 x 1.
A quarta e decisiva partida foi marcada para Bagé,
surgindo uma confusão sobre o campo em que a partida seria disputada. O
Rio-Grandense foi ao campo do Ferroviário e o Pelotas ao campo do Guarani.
Frente ao desencontro ocorrido entre os clubes, a Federação de Futebol marcou novo
jogo a ser disputado em
Porto Alegre mas a equipe do Pelotas se negou a continuar na
competição. Seguindo no campeonato o Rio-Grandense enfrentou o Grêmio
Santanense em três jogos, vencendo um e empatando dois. No ano em que completava
30 anos de criação o Rio-Grandense foi aclamado o Campeão Gaúcho de Futebol de 1939. Além deste resultado o clube foi
vice-campeão gaúcho nos anos de 1937,
1938
e 1946.
Em 1965 foi campeão gaúcho da segunda divisão. No campeonato citadino de Rio
Grande foi campeão 11 vezes.
O jornalista
Paulo Acosta, escreveu um texto apaixonado sobre o clube da camiseta vermelha e
amarela, um texto que traz lembrança que foram vicenciadas por muitos
torcedores: “Ali, na Buarque de Macedo, onde hoje se amontoam apartamentos, era
o Torquato Pontes, um estadinho cercado de uma mureta cheia de buracos em
círculos redondões e uma tela em volta dele. Do lado de cá, um pavilhão de
madeira. Do lado de lá, arquibancadas de madeira. No terreno da esquerda, o
vizinho vovô, Sport Clube Rio Grande. No terreno da esquerda, como diziam os
locutores, os próprios da municipalidade.
Ali, pela mão de meu pai, eu comecei a viver o futebol.
É claro que só fui dar o verdadeiro valor ao Rio-Grandense muito tempo depois. Torcer pelo Grêmio ou pelo Internacional é querer ganhar, ser obrigado a ganhar. E não importa se o adversário é o Fortes e Livres, de Muçum, o Hamburgo ou o Ajax.
Torcer pelo Rio-Grandense - e aquele que torce por um time do Interior sabe disso - é comemorar cada gol como se fosse uma vitória e cada vitória como se fosse um título. Quando os grandes nos enfrentam, dizem que fazemos Copa do Mundo contra eles. Para o Rio-Grandense, todo jogo era Copa do Mundo.
Que camiseta! Que garra!”
É claro que só fui dar o verdadeiro valor ao Rio-Grandense muito tempo depois. Torcer pelo Grêmio ou pelo Internacional é querer ganhar, ser obrigado a ganhar. E não importa se o adversário é o Fortes e Livres, de Muçum, o Hamburgo ou o Ajax.
Torcer pelo Rio-Grandense - e aquele que torce por um time do Interior sabe disso - é comemorar cada gol como se fosse uma vitória e cada vitória como se fosse um título. Quando os grandes nos enfrentam, dizem que fazemos Copa do Mundo contra eles. Para o Rio-Grandense, todo jogo era Copa do Mundo.
Que camiseta! Que garra!”
Nos
confrontos com os clubes locais nasceram clássicos e rivalidades com inúmeras
histórias que valorizam a trajetória do futebol na cidade brasileira onde este
esporte tem a maior longevidade do país, possuindo três clubes centenários. O
clássico Rio-Rio (Rio-Grandense versus Rio Grande) e o clássico Rio-Rita
(Rio-Grandense versus São Paulo) fazem parte da memória local.
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