Porto do Rio Grande em 1908

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domingo, 20 de outubro de 2019

DUQUE DE CAXIAS E O RIO GRANDE DO SUL

Duque de Caxias em 1877. 
    

No dia do nascimento de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, é comemorado o Dia do Soldado no Brasil. Caxias nasceu no atual Estado do Rio de Janeiro no dia 25 de agosto de 1803. Era filho do brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Com somente 5 anos de idade ele ingressou para o Exército chegando ao posto de Marechal de Campo aos 39 anos de idade. Uma carreira extraordinária que conciliou a vida militar com o homem público ocupando funções ligadas ao Partido Conservador de D. Pedro II. Na vida política do Império ocupou importantes cargos como o de Senador vitalício, presidente das províncias do Maranhão e Rio Grande do Sul. Foi Ministro da Guerra e presidente do Conselho.
Na vida militar participou das lutas pela Independência do Brasil, no controle da ordem pública no Rio de Janeiro, na pacificação dos movimentos provinciais no período regencial, especialmente, da Balaiada (neste movimento recebeu o título de Barão de Caxias, em analogia a cidade maranhence onde as tropas rebeledes estavam agrupadas), além de revoltas em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Conciliando ação militar com negociações pela pacificação, ele contribuiu para consolidar a unidade nacional brasileira. Nas ações externas, ele participou das campanhas platinas do Brasil independente, como a Campanha da Cisplatina. Em 1866 foi o Comandante-geral das forças brasileiras e, pouco depois, comandante-geral dos exércitos da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai (1864-70). Nesta guerra foi um brilhante estrategista obtendo fundamentais vitórias em Avaí e Lomas Valentinas. Sua destacada atuação foi reconhecida por D. Pedro II que o agraciou com os títulos de Barão, Conde, Marquês e Duque de Caxias, sendo o único brasileiro a obter o título de Duque.
A atuação de Caxias no Rio Grande do Sul foi decisiva para o final da Revolução Farroupilha (1835-45). A chegada do Barão de Caxias ao Rio Grande do Sul será um divisor de águas no processo revolucionário. Coordenando as ações de aproximadamente 22 mil homens, equipamentos e recursos financeiros, Caxias dispunha de boas condições para desgastar e levar os farroupilhas à assinatura da paz. Porém a pacificação só foi obtida após mais de dois anos de enfrentamentos e negociações.
Caxias tomou posse da presidência da província e do comando militar do Rio Grande do Sul em 9 de novembro de 1842. Desde 1835, o Rio Grande do Sul já tivera 12 presidentes da Província mostrando as dificuldades do cargo. Por suas experiências anteriores ele já era chamado de O Pacificador. Em seu discurso de posse na presidência da Província ele afirmou: “Rio-grandenses! Sua Majestade, o Imperador, confiando-me a Presidência e o Comando em Chefe do bravo exército brasileiro, recomendou-me que restabelecesse a paz nesta parte do Império, como restabeleci no Maranhão, em São Paulo e em Minas; a divina Providência, que de mim tem feito um instrumento de paz para a terra em que nasci, fará com que eu possa satisfazer os ardentes desejos do magnânimo monarca e do Brasil todo. Rio-grandenses! Segui-me, ajudai-me, e a paz coroará os nossos esforços”.
Caxias utilizou estratégias para o enfraquecimento da resistência farroupilha como privá-los do auxílio ou refúgio nas repúblicas do Prata, plantar a semente da pacificação e obter cavalhadas para garantir a mobilidade de seu exército, comprando cavalos no Paraguai. O comandante contava com quase 12.000 praças e 10.000 homens da Guarda Nacional, enquanto os farroupilhas dispunham de pouco mais de mil homens no ano de 1843. Com uma força e meios muito superiores ele buscou assegurar o controle de três pontos estratégicos: as margens do São Gonçalo; as redondezas de Porto Alegre e Rio Pardo e à margem esquerda do Rio Jacuí.  Voltou a usar uma tática que aplicara durante a Guerra da Cisplatina, em que formava uma coluna de aproximadamente 1.200 homens. Cerca de 600 homens, montados a cavalo, avançavam sobre o inimigo e as demais divisões desta coluna lutavam em função do grupo principal.  
      Para bloquear os recursos que viesse de Montevidéu para os farrapos, o governo brasileiro buscou um acordo com Rosas na Argentina e com Oribe no Uruguai. Como o uso dos cavalos era vital para a guerra na província, não só por sua topografia, mas também porque essa era a principal força dos farroupilhas, Caxias juntou o máximo possível destes animais e atacou as cavalhadas dos revolucionários.
      Também atraiu o general da República Rio-grandense Bento Manoel para a causa legalista. Paralelamente, procurou dividir o inimigo, provocando intrigas entre os farrapos. Procurou desgastar e cortas as fontes de abastecimento dos republicanos.
      Também restabeleceu as relações comerciais do interior da província com a capital, visando obter a simpatia da população e facilitar o abastecimento do exército. Paralelamente às medidas de Caxias, na Corte o governo decretou um imposto de 25% sobre o charque estrangeiro, como medida de proteção ao charque gaúcho.
      Caxias manteve negociações com os líderes farrapos, para estabelecer um acordo de paz. Em agosto de 1844, Bento Gonçalves acatava a pacificação desde que o Rio Grande do Sul fosse aceito como um estado federado ao Brasil, o que foi rechaçado por Caxias. Posteriormente, Bento Gonçalves apresentou novos pontos para a negociação: reconhecimento da dívida interna e externa do Rio Grande; garantia de liberdade para os escravos que haviam lutado nas tropas farrapas; e reconhecimento dos oficiais farroupilhas em seus respectivos postos no Exército Imperial.
As disputas internas na República Rio-grandense fizeram com que Bento Gonçalves se retirasse do cenário revolucionário ainda em 1844. O armistício se veio em 1 de março de 1845 com o Tratado de Ponche Verde assinado entre o Barão de Caxias e o general Canabarro. O tumultuado cenário platino novamente tinha os rio-grandenses ao lado do Império Brasileiro, em parte, graças aos esforços de Caxias. Um de seus escritos dirigido aos rio-grandenses durante a Revolução Farroupilha, já definia as preocupações com os confrontos platinos: “Lembrai-vos que a poucos passos de vós está o inimigo de todos nós - o inimigo de nossa raça e de tradição. Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Oribe e Rosas; guardemos para então as nossas espadas e o nosso sangue. Abracemo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é a nossa mãe comum".
Com o fim da Revolução Farroupilha, Caxias continuou na presidência da Província do Rio Grande do Sul. Em 1851 foi comandante do Exército do Sul, dirigindo a campanha contra Oribe no Uruguai e Rosas na Argentina (1852), recebendo então o título de marquês. Nos anos de 1855 e 1856 foi ministro da Guerra, posto que voltou a ocupar em 1861-1862, quando chegou a marechal de exército.
      No final de 1866, na Guerra do Paraguai, recebeu o comando geral das forças brasileiras em operação, e três meses depois o comando geral dos exércitos da Tríplice Aliança. Retirou-se desta guerra em março de 1869.
Em 1869 foi condecorado com o título de Duque de Caxias. Faleceu no Rio de Janeiro em 1880. Atualmente os restos mortais do Duque de Caxias, de sua esposa e de seu filho repousam no Panteão a Caxias, construído em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, na cidade do Rio de Janeiro.

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