Locomotiva Andorinha e o Balneário Cassino. Acervo: Christopher Walker. |
Carro Brill 10. Acervo Brill Collection da Sociedade Histórica da Pensilvânia. |
Segundo o
pesquisador Allen Morrison que tem desenvolvido um minucioso estudo ligado ao
transporte ferroviário, Rio Grande teve experiências com os bondes urbanos
antes da inauguração da Linha Ferroviária ligando Rio Grande a Bagé. Eram os
bondes que tiveram um longo convívio com a cidade por período de quase um
século. Conforme Allen Morrison, o empresário Antônio Cândido Sequeira queria
desenvolver meios de transporte na região e fundou a Companhia de Carris
Urbanos do Rio Grande em 23 de maio de 1876. Esta iniciativa passou a ter
impacto com a inauguração de uma linha de bondes puxados por mulas a partir de
2 de novembro de 1884. A
linha fazia tinha início na Praça Xavier Ferreira e finalizava na Estação
Central inaugurada também em 1884.
Com o
crescimento do sistema de bondes, no ano de 1885, Sequeira formou uma empresa
subsidiária a Companhia de Bonds Suburbanos da Mangueira, que construiu e
operou uma linha de bonde a vapor ligando o Parque até a praia da Mangueira (também
chamada de Costa do Mar, Costa da Mangueira, Vila Siqueira ou o atual Cassino).
O termo bonds suburbanos foi usado devido a falta de autorização para operar os
trens convencionais. Esta autorização chegou em 1888 e a linha foi inaugurada
em janeiro de 1890. A
primeira locomotiva foi denominada de Andorinha e foi construída pela empresa
HK Porter Co. de Pittsburgh, EUA. A locomotiva número 2 foi chamada de Formiga
e também é da Porter. A linha que ligava
Rio Grande a praia do Cassino passou ao controle da Railway em 1900. Os 800 metros finais que
iam da imediação do Hotel Cassino até a praia era feita por um bonde puxado a
cavalos.
Para além
dos bondes puxados por tração animal ou trem a vapor, um salto tecnológico foi
dado com os bondes movidos à eletricidade. Tivemos uma iniciativa empresarial
francesa e uma tecnologia norte-americana neste processo. A Companhia Francesa
do Porto do Rio Grande além de construir o Porto Novo, os Molhes da Barra e a
remodelagem do Porto Velho, empenhou-se na estruturação de um sistema de bondes
movidos à eletricidade. Este serviço foi implantado pela primeira vez no
Brasil, no Rio de Janeiro em 1892. Em Rio Grande , o serviço teve início em 15 de
novembro de 1912. A
norte-americana Westinghouse fez a colocação dos trilhos e os carros de
passageiros eram da Companhia JG Brill da Filadélfia. Uma das áreas principais
cobertas pela Companhia Francesa era a área do Porto Novo, em especial, a
Companhia norte-americana Swift onde chegaram a trabalhar até 2.000 operários,
o maior número já empregado por uma empresa na cidade do Rio Grande. O grande
investimento nesta modalidade de transporte, é compreensível pela condição da
cidadão enquanto pólo industrial que empregava milhares de operários nos
setores têxtil e de alimentação enlatada.
Com a
encampação da Companhia Francesa pelo Estado do Rio Grande do Sul, os bondes passam a propriedade
da Viação e Iluminação Elétrica do Rio Grande, empresa que reconstruiu muitos
bondes que eram abertos os tornando fechados. Em 1923, 30 bondes de passageiros
eram administrados por esta empresa. Neste mesmo ano, foram adquiridas duas
locomotivas elétricas da Siemens-Schuckertwerke de Berlim, com os números 1924
e 1925. Ainda é possível conhecer uma destas locomotivas, a 1924, pois ela se
encontra na Praça Tamandaré. Uma visita ao site de Morrison (http://www.tramz.com/br/rg/rg.html)
possibilita uma interessante viagem até os tempos dos caminhos de ferro urbano .
Viação e Iluminação Elétrica do Rio Grande. Acervo: DATC. |
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