A
coluna “Corujando” do jornal “Rio Grande” se dedicava a fazer críticas,
solicitações ou elogios ao governo municipal em relação à prestação de serviços
aos munícipes. Para conhecermos o passado este tipo de coluna é muito relevante
pelo detalhismo dos comentários e das reinvindicações que possibilita visitar
alguns aspectos do cotidiano urbano. No caso, são algumas matérias do ano de
1956 as quais, possivelmente, os assuntos serão recordados por alguns leitores.
Uma
das matérias se refere aos problemas de limpeza pública daquele período.
Ironicamente, o jornal destaca que uma “coisa sensacional ocorreu ontem na rua
Riachuelo. Os ‘comandos’ da Limpeza Pública atacaram as primeiras horas da
manhã e varreram (isto mesmo, varreram) a velha rua de ponta a ponta”. No
elogio está à crítica ao “fato estranho” da limpeza ter sido feita e que agora
a Riachuelo “ficou uma rua da Boa Vista” numa referência ao nome antigo desta
rua até o ano de 1865.
O “Corujando”
também afirma que, em tom irreverente, recebeu uma denúncia de que na rua
Primeiro de Maio, em plena zona urbana, em certa residência havia um legítimo “zoo”
constituído por “3 vacas, 3 terneiros, 1 cavalo, 5 ovelhas, 20 galinhas e 6
cachorros”.
Referência
foi feita a Rodoviária que estava instalada em “ótimo local” na esquina das
ruas 24 de Maio e 19 de Fevereiro (isto mesmo!), porém, às reclamações é de que
não “existem bancos” para os passageiros que ficam de pé esperando o ônibus.
Como a Rodoviária era “uma sala de visita da cidade”, o jornal pedia
providências para a instalação de bancos.
Na
rua General Netto proximidades da Cia. Fiação e Tecelagem (na atual Senador
Corrêa) “o barral que forma em virtude do acúmulo das águas é enorme
estimulando rápida vegetação”. Hoje, uma das vias de maior fluxo de veículos da
cidade ficava quase interditada.
Nos
períodos de chuva, os transtornos eram grandes. Quando chovia volumosamente a
cidade mostrava “o estado em que esse achava os boeiros e encanamentos, quase
que completamente obstruídos pela areia, folhagens e outros detritos”. A
cidade, basicamente no nível do mar, teve problemas desde o século XVIII com o
escoamento das águas em períodos chuvosos. Na década de 1950, a região mais
atingida era o sudeste da cidade.
Em
1956, a população era de 70 mil habitantes. Um dos problemas era o do
funcionamento das farmácias aos sábados à tarde e aos domingos: “penetrar numa
farmácia que está de plantão exige coragem homérica. Dezenas de pessoas
aglomeram-se em torno do balcão e, mesmo na calçada do estabelecimento,
aguardando o momento de ser atendidas. E as horas voam. É difícil comprar numa
farmácia de plantão”. A proposta do “Corujando” é de que duas farmácias
abrissem para plantão. No presente, 63 anos depois, a questão das farmácias
está bem resolvida, pois, estas proliferaram num ritmo avassalador.
Ilustrações: Jornal Rio Grande, abril de 1956. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário