Porto do Rio Grande em 1908

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quinta-feira, 18 de abril de 2019

SANTA ENGRÁCIA


      A Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, teve sua obra iniciada em 1568 e sua construção perdurou por quatro séculos sendo finalizada na década de 1960 como Panteão Nacional onde repousam figuras destacadas de Portugal.
O longo tempo para sua execução popularizou a expressão “como as obras de Santa Engrácia”, em referência a algo que não chegará a acontecer, ou que demorará muito a acontecer. Versão popular fala de uma maldição lançada pelo cristão-novo Simão Pires Solis que era apaixonado por Violante filha de um fidalgo que não aceitou o relacionamento dos jovens. Solis foi acusado de roubar o relicário de Santa Engrácia e executado na fogueira. Enquanto seu corpo começava a ser envolvido pelo fogo ele teria lançado a maldição: “É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!”. A lenda pode ser parcialmente verdadeira, pois em 1630, os registros paroquiais registram a condenação à morte de Simão Pires Solis por desacatar Santa Engrácia!
No imaginário ficou a relação entre a maldição e a lentidão ou inviabilidade em encerrar uma obra. O interessante é que a lenda portuguesa era lembrada em Rio Grande em matéria do Jornal Rio Grande do dia 24 de fevereiro de 1956.  O tema se refere à construção do “Parque Princesa Isabel” no local atual do Parque do Trabalhador junto ao pórtico da cidade. A crítica é feita a lentidão/inexistência de trabalhos caracterizando segundo o jornal uma “obra de Santa Engrácia” isto é, “toda construção que demora mais do período normal entre o início e o fim”. No caso do Parque Princesa Isabel ocorreu uma dupla maldição de Santa Engrácia: em Portugal a igreja/panteão foi finalizada enquanto o referido Parque, com aquela proposta arquitetônica, nunca foi efetivado.

Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 


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