Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

RIO GRANDE: ORIGENS



           A Barra do Rio Grande foi descoberta em 1532 por Pero Lopes de Souza que navegou próximo a costa na busca de vestígios de uma embarcação que se perdeu da frota de Martin Afonso de Souza que rumara ao Prata. O desconhecido e caudaloso volume de água que desembocava no Oceano foi chamado de Rio de São Pedro, devido ao calendário eclesiástico dedicar a São Pedro o dia desta primeira observação. Na cartografia foi citado no mapa de Gaspar Viegas, cartógrafo da expedição, já no ano de 1534. Posteriormente, passou a ser chamado de Rio Grande de São Pedro.
            O “Rio Grande de São Pedro” que aparece assinalado na cartografia desde 1534 nada mais é que o afunilamento da Lagoa dos Patos quando do seu escoamento no Oceano Atlântico. Esta denominação dada a um “suposto rio”, acabou por ser o nome geográfico que caracteriza todo o Rio Grande do Sul e não apenas ao atual Município do Rio Grande. Fundamentalmente, as fontes historiográficas evidenciam que somente nas primeiras décadas do século XVIII é que se busca investigar o interior do Continente cujo acesso se dá pela Lagoa dos Patos. Olhares ambiciosos estavam voltados à ocupação da Barra em 1732: os comerciantes judeus Antônio da Costa (que aqui esteve em 1726) e João da Costa tentam vender o projeto de ocupação para os russos e também para os ingleses. Porém, nada da certo nestas tratativas! Os espanhóis também almejavam a ocupação, mas os portugueses é que efetivam o povoamento. Com a chegada do Brigadeiro Silva Paes e o povoamento sistemático luso-brasileiro é que começam a ser criadas as condições para a integração geopolítica do Rio Grande do Sul a Portugal: através da ocupação militar e do povoamento civil.
           A atual cidade do Rio Grande foi o primeiro referencial urbanístico luso-brasileiro nas terras meridionais do Brasil. A fundação de um povoado português no espaço platino fez parte de um planejamento do Conselho Ultramarino Português. Segundo Carta Régia datada de 24 de março de 1736, uma frota comandada por José da Silva Paes deveria partir do Rio de Janeiro para o Rio da Prata, buscando três objetivos: desalojar os espanhóis de Montevidéu; levantar o bloqueio espanhol à Colônia do Sacramento e fundar uma colônia na margem sul do Rio Grande de São Pedro. Somente este último objetivo foi realizado com sucesso, pois no dia 19 de fevereiro de 1737, ao desembarcarem num inóspito sítio formado por areia, pântano e dunas, teve início um processo militar e colonizatório que se consolidou, entre avanços e recuos, ao longo do século XVIII.
           Devido à formação geológica arenosa, o controle deste espaço da Restinga foi um desafio constante aos militares e civis desde os primórdios. A areia hostil foi presença persistente ao longo do tempo! Os desafios para o estabelecimento de uma civilização na Barra do Rio Grande foi sintetizada pelo historiador lusitano Simão Pereira de Sá: “na costa arenosa e hostil, a tenacidade dos homens venceu a inconstância e a agressividade dos elementos” (meados do século XVIII).

Vista superior da cidade do Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. 

Vista superior da cidade do Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. 

Vista superior da cidade do Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. 


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