A Barra do Rio Grande foi
descoberta em 1532 por Pero Lopes de Souza que navegou próximo a costa na busca
de vestígios de uma embarcação que se perdeu da frota de Martin Afonso de Souza
que rumara ao Prata. O desconhecido e caudaloso volume de água que desembocava
no Oceano foi chamado de Rio de São Pedro, devido ao calendário eclesiástico
dedicar a São Pedro o dia desta primeira observação. Na cartografia foi citado
no mapa de Gaspar Viegas, cartógrafo da expedição, já no ano de 1534.
Posteriormente, passou a ser chamado de Rio Grande de São Pedro.
O “Rio Grande de São Pedro” que
aparece assinalado na cartografia desde 1534 nada mais é que o afunilamento da
Lagoa dos Patos quando do seu escoamento no Oceano Atlântico. Esta denominação
dada a um “suposto rio”, acabou por ser o nome geográfico que caracteriza todo
o Rio Grande do Sul e não apenas ao atual Município do Rio Grande.
Fundamentalmente, as fontes historiográficas evidenciam que somente nas
primeiras décadas do século XVIII é que se busca investigar o interior do
Continente cujo acesso se dá pela Lagoa dos Patos. Olhares ambiciosos estavam
voltados à ocupação da Barra em 1732: os comerciantes judeus Antônio da Costa
(que aqui esteve em 1726) e João da Costa tentam vender o projeto de ocupação
para os russos e também para os ingleses. Porém, nada da certo nestas
tratativas! Os espanhóis também almejavam a ocupação, mas os portugueses é que
efetivam o povoamento. Com a chegada do Brigadeiro Silva Paes e o povoamento
sistemático luso-brasileiro é que começam a ser criadas as condições para a
integração geopolítica do Rio Grande do Sul a Portugal: através da ocupação
militar e do povoamento civil.
A atual cidade do Rio Grande foi o
primeiro referencial urbanístico luso-brasileiro nas terras meridionais do
Brasil. A fundação de um povoado português no espaço platino fez parte de um
planejamento do Conselho Ultramarino Português. Segundo Carta Régia datada de 24
de março de 1736, uma frota comandada por José da Silva Paes deveria partir do
Rio de Janeiro para o Rio da Prata, buscando três objetivos: desalojar os
espanhóis de Montevidéu; levantar o bloqueio espanhol à Colônia do Sacramento e
fundar uma colônia na margem sul do Rio Grande de São Pedro. Somente este
último objetivo foi realizado com sucesso, pois no dia 19 de fevereiro de 1737,
ao desembarcarem num inóspito sítio formado por areia, pântano e dunas, teve
início um processo militar e colonizatório que se consolidou, entre avanços e
recuos, ao longo do século XVIII.
Devido à formação geológica arenosa,
o controle deste espaço da Restinga foi um desafio constante aos militares e
civis desde os primórdios. A areia hostil foi presença persistente ao longo do
tempo! Os desafios para o estabelecimento de uma civilização na Barra do Rio
Grande foi sintetizada pelo historiador lusitano Simão Pereira de Sá: “na costa
arenosa e hostil, a tenacidade dos homens venceu a inconstância e a
agressividade dos elementos” (meados do século XVIII).
Vista superior da cidade do Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. |
Vista superior da cidade do Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. |
Vista superior da cidade do Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. |
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