O cartógrafo português João Teixeira
Albernaz é o autor da coleção de mapas que compõem a “Descripção de todo o
marítimo da Terra de Santa Cruz chamado vulgarmente, o Brazil”. Lisboa: Arquivos
Nacionais/ Torre do Tombo, 1640. O litoral do Rio Grande do Sul até a entrada
do Rio da Prata foi de forma vaga desenhada, evidenciando o desconhecimento da
hinterland. A Lagoa dos Patos corre paralela ao litoral médio e norte e a Lagoa
Mirim não existe. Albernaz descreve que a Barra do Rio Grande era chamada de
Alagoa com oito palmos de água. Rio de Martin Afonso de Souza é o Arroio Chuy.
Neste ano de 1640 o litoral está vazio
de edificações. Nos anos seguintes começará a formação da Vacaria Del Mar, com
o abandono das reduções e os movimentos de tropeiros após a fundação da Colônia
do Sacramento (1680).
O Rio Grande do Sul começou a ser
identificado na cartografia a partir da década de 1530, mas experiências
civilizatórias europeias começam a se processar a partir de 1605. Com a
fundação da Colônia do Sacramento em 1680 e a criação do Bispado do Rio de
Janeiro que se estendia até o Rio da Prata, inicia um movimento lento e gradual
de tropeiros que buscavam o gado chimarrão disperso entre o Rio Grande do Sul e
o atual Uruguai.
O caminho da praia passava junto à
zona costeira rio-grandense sem o reconhecimento do interland da Lagoa
dos Patos e Mirim. Uma ocupação sistemática que será a cabeça de ponte para
ocupação do interior do território se deu a partir das orientações do Conselho
Ultramarino português na década de 1730 que foi efetivado em 1737 com a
fundação lusitana junto a Barra do Rio Grande.
O objetivo inicial era estabelecer a
ocupação militar que propiciaria o controle de um vasto território que poderia
receber o povoamento civil com condições mínimas de segurança. Povoadores de
capitanias brasileiras, militares e a partir de 1752, os açorianos, comporão os
troncos seculares que balizarão o desenvolvimento histórico posterior.
O fundamento da colonização está
voltado à sesmaria, a estância de criação de gado e a posterior charqueada, a
escravidão negra, a vida militarizada fundada nas disputas de fronteira/laços
de complementaridade com os espanhóis. O perfil da identidade rio-grandense no
século XIX, quando da Revolução Farroupilha, só pode ser explicado por esta
genética luso-brasileira e pampeana/platina. E o início do processo decisivo
está na fundação da Colônia do Sacramento do Rio da Prata.
Litoral do Rio Grande do Sul (sul e médio) e Litoral do Uruguai (norte). ALBERNAZ, 1640. |
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