Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

CARTOGRAFIA E FORMAÇÃO LUSO-BRASILEIRA


                
           O cartógrafo português João Teixeira Albernaz é o autor da coleção de mapas que compõem a “Descripção de todo o marítimo da Terra de Santa Cruz chamado vulgarmente, o Brazil”. Lisboa: Arquivos Nacionais/ Torre do Tombo, 1640. O litoral do Rio Grande do Sul até a entrada do Rio da Prata foi de forma vaga desenhada, evidenciando o desconhecimento da hinterland. A Lagoa dos Patos corre paralela ao litoral médio e norte e a Lagoa Mirim não existe. Albernaz descreve que a Barra do Rio Grande era chamada de Alagoa com oito palmos de água. Rio de Martin Afonso de Souza é o Arroio Chuy.
        Neste ano de 1640 o litoral está vazio de edificações. Nos anos seguintes começará a formação da Vacaria Del Mar, com o abandono das reduções e os movimentos de tropeiros após a fundação da Colônia do Sacramento (1680).
        O Rio Grande do Sul começou a ser identificado na cartografia a partir da década de 1530, mas experiências civilizatórias europeias começam a se processar a partir de 1605. Com a fundação da Colônia do Sacramento em 1680 e a criação do Bispado do Rio de Janeiro que se estendia até o Rio da Prata, inicia um movimento lento e gradual de tropeiros que buscavam o gado chimarrão disperso entre o Rio Grande do Sul e o atual Uruguai.
       O caminho da praia passava junto à zona costeira rio-grandense sem o reconhecimento do interland da Lagoa dos Patos e Mirim. Uma ocupação sistemática que será a cabeça de ponte para ocupação do interior do território se deu a partir das orientações do Conselho Ultramarino português na década de 1730 que foi efetivado em 1737 com a fundação lusitana junto a Barra do Rio Grande.
      O objetivo inicial era estabelecer a ocupação militar que propiciaria o controle de um vasto território que poderia receber o povoamento civil com condições mínimas de segurança. Povoadores de capitanias brasileiras, militares e a partir de 1752, os açorianos, comporão os troncos seculares que balizarão o desenvolvimento histórico posterior.
       O fundamento da colonização está voltado à sesmaria, a estância de criação de gado e a posterior charqueada, a escravidão negra, a vida militarizada fundada nas disputas de fronteira/laços de complementaridade com os espanhóis. O perfil da identidade rio-grandense no século XIX, quando da Revolução Farroupilha, só pode ser explicado por esta genética luso-brasileira e pampeana/platina. E o início do processo decisivo está na fundação da Colônia do Sacramento do Rio da Prata.

Litoral do Rio Grande do Sul (sul e médio) e Litoral do Uruguai (norte). ALBERNAZ, 1640. 




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