O município do Rio Grande é retratado em
imagens visuais desde o século XVIII. Desde 1737, plantas ou mapas geográficos,
plantas de fortificações ou iconografias aquareladas, retratam a Barra do Rio
Grande e o Estuário da Lagoa dos Patos. Esta documentação visual foi produzida
por portugueses e por espanhóis, estando no acervo de várias instituições como
a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a Biblioteca Nacional de Portugal, a
Biblioteca Nacional de España, Biblioteca Rio-Grandense entre vários outros
centros de pesquisa.
No século XIX, com o
crescimento econômico advindo das atividades portuárias de exportação e
importação, viajantes estrangeiros circularam pela cidade e deixaram relatos
escritos e por vezes iconografias, sendo a de maior destaque a do brummer
Hermann Wendroth que retratou o Porto e outros cenários da cidade no ano de
1852.
Os primeiros fotógrafos se
estabeleceram na cidade desde 1848 e passaram a produzir imagens familiares. O
daguerriótipo, ferrótipo e especialmente as “carte de visite”, ajudaram a
difundir a fotografia enquanto fenômeno de perpetuação da memória pessoal
através da imagem congelada.
As primeiras fotografias
de panoramas urbanos que possuem uma datação segura são as de 1865, com uma
visão geral do centro urbano obtida de um prédio de três andares e as vistas da
chegada de D. Pedro II no mês de julho de 1865. O Imperador seguia para a
frente de combate em Uruguaiana, no contexto da Guerra do Paraguai.
Especialmente a partir de
1876, as fotografias do urbano passam a se ampliar e retratar as ruas, praças,
prédios e personagens que percorrem os espaços públicos. A imprensa caricata,
intensificada a partir da década de 1880, em especial no jornal O Bisturi,
passa a retratar em bico de pena inúmeros personagens e cenários que são
extremamente relevantes para entender o processo histórico local oitocentista.
Já nos primórdios do
século XX, se destacam os registros fotográficoS do estúdio Fontana criado em
1882. O estúdio deixou um legado de dezenas de cenários urbanos e ainda
compilou em publicação de 1912, antigas fotografias que remetem a década de
1860-70.
Entre o final do século
XIX e as primeiras décadas do século XX, apesar da proliferação de fotógrafos
devido às obras no Porto Novo e Molhes da Barra, de vistas da cidade inclusive
na perspectiva da Intendência Municipal que busca divulgar obras urbanas, o
cartão-postal vai ter um papel fundamental na preservação visual dos espaços urbanos.
Afinal, com a necessidade em obter novas imagens para um crescente público
colecionador ou que utiliza um sistema de correspondência barato e
descomplicado, a cidade será visitada e revisitada, retocada na prancheta com
cores mais vivas ou em preto e branco.
O cartão-postal acaba por
fazer aquilo que a fotografia fez uma marcha muito mais lenta: globalizar
imagens e emoções, encurtar as distâncias do planeta e aproximar as culturas,
mesmo que enquanto deleite das civilizações, de fascínio o distante ou de
comodidade em viajar sem nunca ter saído de seu espaço nativo.
Cartão-postal editado por R. Strauch/Livraria Rio-Grandense. Centro da cidade por volta de 1910. |
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