Porto do Rio Grande em 1908

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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

TERRA DE GIGANTES


         

       No dia 22 de setembro de 1968 foi exibido nos Estados Unidos (pela Rede ABC) o primeiro episódio da série Terra de Gigantes (produção da 20th Century Fox Television e Irwin Allen Production). Até 22 de março de 1970 foram 51 episódios de 60 minutos cada ao longo de duas temporadas. Foi à série mais cara até então produzida custando duzentos e cinquenta mil dólares cada episódio.
O criador era Irwin Allen que já havia produzido clássicos da ficção que animavam as tardes juvenis: Viagem ao Fundo do Mar, Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço. Viagens espaciais, no tempo e nas profundezas do Oceano, permeadas por muita criatividade, era a filosofia de trabalho de Allen. Em Terra de Gigantes (Land of the Giants) a viagem se faz numa dobra do tempo para outro planeta e recorrendo ao efeito Gulliver: a contraposição gigantes e pequeninos. A “Liliput” não tem o ar aristocrático do Antigo Regime, mas é uma grande metrópole com um arrastar de gigantes tomados de uma curiosidade mórbida de agarrar ou conhecer os pequenos invasores.
Para contextualizar o enredo, a série tem início em 12 de junho de 1983 (15 anos à frente de 1968 num otimismo excessivo de que a tecnologia astronáutica avançaria muito em curto período!) e uma nave espacial de propulsão atômica (a Spindrift) faz o voo entre Los Angeles e Londres entrando numa misteriosa névoa que transporta a nave para um “planeta Terra” alternativo povoado por gigantes que viviam na tecnologia dos anos 1960 (inferior ao Spindrift de 1983).  Após a queda, se descobre que a cidade não é Londres e que os animais e os gigantes podem ser muito perigosos ou até fatais. A fuga é constante e as tentativas em arrumar a nave se repetem nos episódios que trazem detalhes das casas, móveis, aparelhos e artefatos usados pelos gigantes. A produção de objetos e cenários de grande porte, buscando um efeito visual de realidade. elevou os custos da produção a valores impensáveis para a época. As cenas com estes objetos (como uma máquina fotográfica) ou com animais (como a memorável cena com um gato) foram pioneiras em efeitos especiais sofisticados sem o artificialismo do excesso de computação gráfica.

O pequeno grupo que se une para sobreviver era constituído pelo piloto, copiloto e pela comissária de bordo. Os passageiros são poucos: um engenheiro milionário, uma atriz decadente, um menino com o seu inseparável cachorro e um suposto militar (uma espécie de Dr. Smith de Perdidos no Espaço) que de fato é um vigarista que utiliza todos os golpes baixos para tentar fugir ou salvar-se. A maioria dos gigantes são anônimos com exceção ao inspetor Kobick (chefe de uma polícia política) ao qual é dado um grande destaque pela perseguição que ele move aos pequeninos que poderiam ser uma ameaça a ordem autoritária constituída. É feito referencia a gigantes dissidentes que tentam desestabilizar o governo e que são perseguidos pela polícia política em possível referencia ao bloco soviético.

Em 1969 a série foi transmitida no Brasil pela TV Record sendo a partir de 1974 exibida na Rede Globo. 50 anos após o seu lançamento, a qualidade do projeto Terra de Gigantes merece ser revisitado ou conhecido. Em especial, a nostalgia remete aos anos 1960 permeados de contracultura de um lado e de crenças no progresso científico que remeteria o homo sapiens para viagens interplanetárias: a série identifica a rápida expansão da fronteira dos conhecimentos das ciências exatas, mas, identifica os Gigantes com a repressão e a curiosidade mórbida/sadismo projetando neles o “humano demasiado humano” dos pequeninos.


Publicação da EBAL de 1972 com adaptação para os Quadrinhos da série Terra de Gigantes. 

Na série hiper da EBAL (publicava HQ de Jornada nas Estrelas, dos 16 números, 4 foram dedicados a Terra de Gigantes. Acervo: guiadosquadrinhos.com 

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