No dia 22 de setembro de 1968 foi
exibido nos Estados Unidos (pela Rede ABC) o primeiro episódio da série Terra
de Gigantes (produção da 20th Century Fox Television e Irwin Allen Production).
Até 22 de março de 1970 foram 51 episódios de 60 minutos cada ao longo de duas
temporadas. Foi à série mais cara até então produzida custando duzentos e
cinquenta mil dólares cada episódio.
O
criador era Irwin Allen que já havia produzido clássicos da ficção que animavam
as tardes juvenis: Viagem ao Fundo do Mar, Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço.
Viagens espaciais, no tempo e nas profundezas do Oceano, permeadas por muita
criatividade, era a filosofia de trabalho de Allen. Em Terra de Gigantes (Land
of the Giants) a viagem se faz numa dobra do tempo para outro planeta e
recorrendo ao efeito Gulliver: a contraposição gigantes e pequeninos. A “Liliput”
não tem o ar aristocrático do Antigo Regime, mas é uma grande metrópole com um
arrastar de gigantes tomados de uma curiosidade mórbida de agarrar ou conhecer os
pequenos invasores.
Para
contextualizar o enredo, a série tem início em 12 de junho de 1983 (15 anos à
frente de 1968 num otimismo excessivo de que a tecnologia astronáutica
avançaria muito em curto período!) e uma nave espacial de propulsão atômica (a
Spindrift) faz o voo entre Los Angeles e Londres entrando numa misteriosa névoa
que transporta a nave para um “planeta Terra” alternativo povoado por gigantes
que viviam na tecnologia dos anos 1960 (inferior ao Spindrift de 1983). Após a queda, se descobre que a cidade não é
Londres e que os animais e os gigantes podem ser muito perigosos ou até fatais.
A fuga é constante e as tentativas em arrumar a nave se repetem nos episódios
que trazem detalhes das casas, móveis, aparelhos e artefatos usados pelos
gigantes. A produção de objetos e cenários de grande porte, buscando um efeito
visual de realidade. elevou os custos da produção a valores impensáveis para a
época. As cenas com estes objetos (como uma máquina fotográfica) ou com animais
(como a memorável cena com um gato) foram pioneiras em efeitos especiais
sofisticados sem o artificialismo do excesso de computação gráfica.
O
pequeno grupo que se une para sobreviver era constituído pelo piloto, copiloto
e pela comissária de bordo. Os passageiros são poucos: um engenheiro milionário,
uma atriz decadente, um menino com o seu inseparável cachorro e um suposto militar
(uma espécie de Dr. Smith de Perdidos no Espaço) que de fato é um vigarista que
utiliza todos os golpes baixos para tentar fugir ou salvar-se. A maioria dos
gigantes são anônimos com exceção ao inspetor Kobick (chefe de uma polícia
política) ao qual é dado um grande destaque pela perseguição que ele move aos
pequeninos que poderiam ser uma ameaça a ordem autoritária constituída. É feito
referencia a gigantes dissidentes que tentam desestabilizar o governo e que são
perseguidos pela polícia política em possível referencia ao bloco soviético.
Em
1969 a série foi transmitida no Brasil pela TV Record sendo a partir de 1974
exibida na Rede Globo. 50 anos após o seu lançamento, a qualidade do projeto
Terra de Gigantes merece ser revisitado ou conhecido. Em especial, a nostalgia
remete aos anos 1960 permeados de contracultura de um lado e de crenças no progresso
científico que remeteria o homo sapiens para viagens interplanetárias: a série
identifica a rápida expansão da fronteira dos conhecimentos das ciências exatas,
mas, identifica os Gigantes com a repressão e a curiosidade mórbida/sadismo projetando
neles o “humano demasiado humano” dos pequeninos.
Publicação da EBAL de 1972 com adaptação para os Quadrinhos da série Terra de Gigantes. |
Na série hiper da EBAL (publicava HQ de Jornada nas Estrelas, dos 16 números, 4 foram dedicados a Terra de Gigantes. Acervo: guiadosquadrinhos.com |
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