Obras de construção dos Molhes da Barra. In: Lloyd. |
Há
110 anos a Companhia Francesa do Porto do Rio Grande estava assumindo o
contrato para construção dos Molhes e do Porto Novo. A volumosa publicação do
inglês Reginald Lloyd “Impressões do Brasil no século vinte: sua história, seu
povo, comércio, indústrias e recursos” (Londres: Lloyds Greater Britain
Publishing Company Ltd, 1913) dedica um capítulo ao Rio Grande do Sul e um dos
destaques é a cidade do Rio Grande. O comércio de exportação e importação e o
crescimento industrial estão interligados com o espaço portuário (do Porto
Velho) em meio às expectativas pelo desenrolar das obras de construção do Porto
Novo e dos Molhes da Barra. As obras da Companhia Francesa estavam em andamento
e as perspectivas eram de que o acalentado sonho de segurança ao canal de
acesso da Barra do Rio Grande finalmente seria realizado.
Para
Reginald Lloyd a “Compagnie Française du Port de Rio Grande do Sul. O contrato
para a construção do porto do Rio Grande do Sul foi primitivamente dado ao
engenheiro americano E. Corthel, a 12 de setembro de 1906. A 9 de julho de
1908, foi pelo Governo Federal transferido este contrato a Compagnie Française
du Port de Rio Grande. O capital desta empresa é constituído por 20 milhões de
francos em ações ordinárias e 10 milhões de francos em ações preferenciais. A
Companhia, devido à importância dos trabalhos a realizar, emitiu também uma
série de obrigações, sendo que, devido a condições especiais do contrato, o
juro e amortização desse empréstimo está garantido pelo poderoso grupo
financeiro Sociéte Générale de Construction que é, ao mesmo tempo a principal
empreiteira das obras: esta última, por sua vez, sub-empreitou os trabalhos a
firma Enterprise Daydé et Pillé, Fougerolles Fréres et J. Groselier. Os
trabalhos cuja responsabilidade por contrato assumiu a Compagnie du Port de Rio
Grande, consistem em trabalhos na barra e trabalhos no porto propriamente dito.
Os trabalhos a executar na barra consistem na construção de dois quebra-mares,
revestimento dos bordos do Canal do Norte, de modo a terem eles estabilidade, e
retenção, por meio de plantações de árvores, das areias, na costa leste do
Canal do Norte. Os trabalhos a executar no porto consistem na dragagem dum
canal de acesso entre o Canal do Norte e o porto, e dragagem do último;
terraplanagem a noroeste e a este do porto, com material proveniente das
dragagens; construção em alvenaria duma muralha a oeste do porto, de modo a aí
poderem atracar navios do calado de 10 metros; aparelhamento deste cais com
armazéns, linhas férreas, guindastes, etc; construção duma muralha a leste do
canal de acesso, para proteger o porto contra a invasão das areias; outros
trabalhos anexos, tais como balizagens, iluminação, abastecimento de água,
calçamento do cais e anexos, construção de depósito frigorífico, depósito para
inflamáveis, edifício para correio e telégrafo, doca fixa ou flutuante,
conservação do canal da barra, etc. As obras vão já bem adiantadas e para a sua
rápida execução dispõe a Companhia de instalações completas. A pedra é
fornecida por duas pedreiras, Monte Bonito e Capão do Leão. Os processos
empregados para a extração da pedra são dos mais modernos. Possui a Companhia,
em torno de cada pedreira, verdadeiras vilas operárias, com uma população de
3.000 almas”.
Vista da cidade do Rio Grande: Praça Tamandaré, Prédio da Câmara do Comércio e Porto Velho do Rio Grande. In: Lloyd, 1913. |
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