Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

BENTO GONÇALVES E TEIXEIRA LOPES


Teixeira Lopes In: http://memoriasgaiensesbibliotecadegaia.blogspot.com


O artigo “Teixeira Lopes e a Construção de um Herói Brasileiro” publicado por José Francisco Alves na revista “Convocarte – Revista de Ciências da Arte” (Lisboa-n.3, 2016) tem por foco um monumento que há 109 anos se destaca na paisagem urbana de Rio Grande. Trechos do artigo foram reproduzidos, sendo enfatizado especialmente, alguns aspectos da importância de Bento Gonçalves, do escultor português e da monumentalidade da obra. 

O escultor António Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia, 1866-1942), foi um dos mais destacados artistas portugueses. Manteve ateliê na França, mas, atuou especialmente em sua cidade natal Vila Nova de Gaia: este ateliê foi uma verdadeira escola artística portuguesa. Em relação ao Brasil, Teixeira Lopes é o autor das portas da igreja da Candelária (RJ, 1901) e do monumento ao General Bento Gonçalves da Silva em Rio Grande. O monumento buscou perpetuar a memória da Revolução Farroupilha e do primeiro presidente da República Rio-Grandense. Esta experiência pioneira republicana foi resgatada pelo Partido Republicano Rio-Grandense (fundado em 1882) e com a chegada ao poder em 1889, foi inserido um artigo na Constituição republicana de 1891 com o seguinte teor: “Art. 8° - Será elevado, em uma das praças públicas do Estado, um monumento à memória de Bento Gonçalves e de seus gloriosos companheiros da cruzada de 1835, logo que os cofres públicos o permitam, se antes a iniciativa particular não houver satisfeito esse patriótico tributo”. 
Em 1900, Rio Grande recebe a doação, por parte da família, dos restos mortais de Bento Gonçalves os quais ficam em exposição no prédio da Intendência Municipal. É criada uma Comissão que arrecada fundos para a construção do monumento-túmulo e organiza um concurso internacional para escolha do projeto. Conforme Alves “concursos internacionais para monumentos são bem raros no Brasil, principalmente por volta de 1900, devido aos custos e dimensão institucional do processo. O que se dirá quando realizado numa cidade como Rio Grande, longe inclusive da capital do estado, por si só um estado distante do “centro do país”. O secretário da Comissão era Alfredo Ferreira Rodrigues o primeiro intelectual a preservar e divulgar na imprensa e em seu Almanaque a memória documental dos farroupilhas.
Após atrasos significativos no andamento da obra, “os bronzes foram fundidos em 1908, em Vila Nova de Gaia, na Fundição de Bronzes Adelino de Sá Lemos. Enquanto aguardava o embarque para o Brasil, a estátua de Bento Gonçalves foi admirada pela família real. Em visita ao ateliê do artista, em Gaia, a Rainha Mãe D. Amélia, Teixeira Lopes, seu pai o escultor José Joaquim Teixeira Lopes, além de uma extensa comitiva, posaram para uma fotografia junto à “estátua épica do general Bento Gonçalves, admirável pela poderosa expressão, pela atitude, pela vida que tumultuosamente palpita, estremece nesse corpo”. Dois dias depois, o Rei D. Manuel II também esteve no ateliê. Em “frente a monumental estátua do general”, teria ele observado: “Gloriosa atitude!”
A estátua do general “é o cume, o centro de convergência do monumento, modelada e fundida em bronze, com cerca de três metros de altura. Mostra o General Bento Gonçalves em atitude de quem comanda um encarecido combate. Com a mão esquerda segura a bandeira da República Rio-Grandense. Com a direita, a espada em riste. As suas feições o mostram a bradar um grito de guerra, um aspecto (boca aberta) que muito incomodou a comissão do monumento, chegando ao ponto de solicitar a modificação da estátua pelo artista, o qual tomou a sugestão como uma censura. Na parte inferior frontal, assentados sobre o embasamento e o chanfrado, estão dois vigorosos leões de bronze em combate, um dominando o outro. Representam o Império Brasileiro e os revolucionários farroupilhas. Abaixo dos leões, no embasamento, um pequeno elemento em bronze: uma palma e uma coroa de folhas”.
José Francisco Alves conclui que o monumento, foi inaugurado no centro da Praça Tamandaré somente em “20 de setembro de 1909, exatos 74 anos após o início da Guerra dos Farrapos. A cidade de Rio Grande também passou a contar com o mais grandioso monumento do Rio Grande do Sul, superando a estátua de mármore do Conde de Porto Alegre (1883), na capital Porto Alegre, a qual havia sido erigida justamente ao destacado militar que combateu, entre outros, os próprios farroupilhas”. 

Rainha de Portugal D. Amélia em visita ao ateliê de Teixeira Lopes (1908). Acervo: Biblioteca de Gaia.



Um comentário:

  1. Boa Tarde Prof Torres solicito informar quais as lojas Maconicas que contribuiram com fundos para a construção do monumento. Obrigafo

    ResponderExcluir