Teixeira
Lopes In: http://memoriasgaiensesbibliotecadegaia.blogspot.com
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O
artigo “Teixeira Lopes e a Construção de um Herói Brasileiro” publicado por
José Francisco Alves na revista “Convocarte – Revista de Ciências da Arte”
(Lisboa-n.3, 2016) tem por foco um monumento que há 109 anos se destaca na
paisagem urbana de Rio Grande. Trechos do artigo foram reproduzidos, sendo
enfatizado especialmente, alguns aspectos da importância de Bento Gonçalves, do
escultor português e da monumentalidade da obra.
O
escultor António Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia, 1866-1942), foi um dos mais
destacados artistas portugueses. Manteve ateliê na França, mas, atuou especialmente
em sua cidade natal Vila Nova de Gaia: este ateliê foi uma verdadeira escola
artística portuguesa. Em relação ao Brasil, Teixeira Lopes é o autor das portas
da igreja da Candelária (RJ, 1901) e do monumento ao General Bento Gonçalves da
Silva em Rio Grande. O monumento buscou perpetuar a memória da Revolução
Farroupilha e do primeiro presidente da República Rio-Grandense. Esta
experiência pioneira republicana foi resgatada pelo Partido Republicano
Rio-Grandense (fundado em 1882) e com a chegada ao poder em 1889, foi inserido um
artigo na Constituição republicana de 1891 com o seguinte teor: “Art. 8° - Será
elevado, em uma das praças públicas do Estado, um monumento à memória de Bento
Gonçalves e de seus gloriosos companheiros da cruzada de 1835, logo que os
cofres públicos o permitam, se antes a iniciativa particular não houver
satisfeito esse patriótico tributo”.
Em
1900, Rio Grande recebe a doação, por parte da família, dos restos mortais de
Bento Gonçalves os quais ficam em exposição no prédio da Intendência Municipal.
É criada uma Comissão que arrecada fundos para a construção do monumento-túmulo
e organiza um concurso internacional para escolha do projeto. Conforme Alves “concursos
internacionais para monumentos são bem raros no Brasil, principalmente por
volta de 1900, devido aos custos e dimensão institucional do processo. O que se
dirá quando realizado numa cidade como Rio Grande, longe inclusive da capital
do estado, por si só um estado distante do “centro do país”. O secretário da
Comissão era Alfredo Ferreira Rodrigues o primeiro intelectual a preservar e
divulgar na imprensa e em seu Almanaque a memória documental dos farroupilhas.
Após
atrasos significativos no andamento da obra, “os bronzes foram fundidos em
1908, em Vila Nova de Gaia, na Fundição de Bronzes Adelino de Sá Lemos.
Enquanto aguardava o embarque para o Brasil, a estátua de Bento Gonçalves foi
admirada pela família real. Em visita ao ateliê do artista, em Gaia, a Rainha
Mãe D. Amélia, Teixeira Lopes, seu pai o escultor José Joaquim Teixeira Lopes,
além de uma extensa comitiva, posaram para uma fotografia junto à “estátua épica
do general Bento Gonçalves, admirável pela poderosa expressão, pela atitude,
pela vida que tumultuosamente palpita, estremece nesse corpo”. Dois dias
depois, o Rei D. Manuel II também esteve no ateliê. Em “frente a monumental
estátua do general”, teria ele observado: “Gloriosa atitude!”
A
estátua do general “é o cume, o centro de convergência do monumento, modelada e
fundida em bronze, com cerca de três metros de altura. Mostra o General Bento
Gonçalves em atitude de quem comanda um encarecido combate. Com a mão esquerda
segura a bandeira da República Rio-Grandense. Com a direita, a espada em riste.
As suas feições o mostram a bradar um grito de guerra, um aspecto (boca aberta)
que muito incomodou a comissão do monumento, chegando ao ponto de solicitar a modificação
da estátua pelo artista, o qual tomou a sugestão como uma censura. Na parte
inferior frontal, assentados sobre o embasamento e o chanfrado, estão dois
vigorosos leões de bronze em combate, um dominando o outro. Representam o
Império Brasileiro e os revolucionários farroupilhas. Abaixo dos leões, no
embasamento, um pequeno elemento em bronze: uma palma e uma coroa de folhas”.
José
Francisco Alves conclui que o monumento, foi inaugurado no centro da Praça
Tamandaré somente em “20 de setembro de 1909, exatos 74 anos após o início da
Guerra dos Farrapos. A cidade de Rio Grande também passou a contar com o mais
grandioso monumento do Rio Grande do Sul, superando a estátua de mármore do
Conde de Porto Alegre (1883), na capital Porto Alegre, a qual havia sido
erigida justamente ao destacado militar que combateu, entre outros, os próprios
farroupilhas”.
Rainha de Portugal D. Amélia em visita ao ateliê de Teixeira Lopes (1908). Acervo: Biblioteca de Gaia. |
Boa Tarde Prof Torres solicito informar quais as lojas Maconicas que contribuiram com fundos para a construção do monumento. Obrigafo
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