Obviamente, toda a publicação (jornal, revista ou quadrinhos) está
repleta de significados e de visões de mundo que traduzem uma forma de
construir a realidade. Mas a primeira relevância dos quadrinhos é desenvolver a
criatividade e permitir viagens em histórias que são inconcebíveis no plano da
realidade. É o direito em ser criança ou adolescente antes do peso do cárcere
do trabalho e do mundo concreto lançar a âncora do centramento nas relações
sociais/familiares do mundo adulto.
Sempre colecionei quadrinhos e, mesmo antes de ser alfabetizado, lia “tudo
o que aparecia pela frente”: a leitura pode ser feita nas próprias imagens que
levam a construção de um suposto sentido e pseudo-enredos fantasiosos. Das
leituras prediletas, nos primeiros anos, estava o “Almanaque Tio Patinhas”
surgido no Brasil em dezembro de 1963. O famoso número 1 do Almanaque é quase
tão difícil de ser adquirido do que a própria moeda número 1 do Tio Patinhas.
Este pato “sovina” foi criado pelo brilhante artista Carl Barks em 1947. A
primeira história do Tio Patinhas foi uma adaptação ao “Conto de Natal” de
Charles Dickens onde o avarento Ebenezer Scrooge é interpretado pelo pato.
A revista foi um fenômeno brasileiro de vendas, não diferente em Rio
Grande, onde muitas crianças esperavam a chegada da próxima edição que era vendida
nas bancas de jornais/revistas da cidade. Por vezes, estas bancas colocavam um
carimbo nas capas, acrescentando uma valorização histórica às revistas.
Reproduzo a capa de quatro revistas do Tio Patinhas: os números 47 de junho de
1969 (a querme$$e) e o n.63 de outubro de 1970 (a pesca de dinheiro) com o
carimbo da banca “A Noiva do Mar – Rua Benjamin Constant 189; o número 82 de
maio de 1972 (o gaúcho e a boleadeira) com o carimbo da banca “Ponto Certo” –
Rua Silva Paes 253; o número 11 de junho de 1966 (montando o javali) com o
carimbo da tradicional “Tabacaria Lages” – Rua Floriano Peixoto 371. O carimbo
da “Tabacaria Lages” informa que ela já existia a 63 anos, o que recuaria o seu
surgimento a 1903, nos tempos que ocupava um quiosque da Praça Xavier Ferreira.
Ilustrações:
acervo do autor.
Tio Patinhas n. 11. |
Tio Patinhas n. 47. |
Tio Patinhas n. 63. |
Tio Patinhas n. 82. |
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