Em 1968, foi
lançado um filme que se tornaria um dos maiores clássicos do western. Cinqüenta
anos depois, assistir “Era uma Vez no Oeste” continua impactante! A música de
Ennio Moricone com sua sonoridade neo-romântica transporta a percepção para
algum lugar onde o tempo parou e os personagens se tornam atemporais.
Expressões faciais, sol escaldante, transpiração, sons da natureza, brilho do
metal dos revólveres, movimentos rápidos que significam manter a vida ou
encontrar a morte. Uma tensão implícita no silêncio ou no leve som do vento
transportando à areia confronta a antiga barbárie com a nova barbárie que chega
pelos caminhos de ferro. O catavento na estação de trem é como um relógio que
lenta e preguiçosamente se movimenta ao gosto do ar em movimento.
Duzentos mil
anos de caminhada do homo sapiens
ficam congelados esperando o próximo saque das armas: é latente a tensão da fronteira
tênue entre a barbárie e a sobrevivência no confronto. Filme visceralmente poético,
nas poucas palavras, nas muitas imagens e na sonoridade angustiante de Ennio Moricone,
especialmente, na música Once Upon a Time in the West (ouvir interpretação de 2012
de Patricia Janeckova).
A beleza da
fealdade poucas vezes foi expressa com uma assinatura de obra-prima como neste
filme de Sergio Leone, o mestre do spaghetti western.
Contribuíram para compor a história os cineastas Dario Argento e Bernardo Bertolucci
O filme, um
longa metragem, busca captar um momento de transição entre o tradicional e o
moderno: a modernidade das ferrovias e do avanço do capitalismo começa a
dissolver o mundo mítico do velho oeste. Retrata, em parte, a morte da
sociedade americana do estilo desbravador e a racionalização da violência
primitiva direcionada para a violência instrumental do sistema.
O enredo apresenta
narrativas que confluem para compor a obra: o conflito resultante da chegada
dos trens, a presença de assassinos de aluguel, disputa por terras, vinganças
pessoais ou familiares. A interpretação de Claudia Cardinale, Henry
Fonda, Jason Robards e Charles Bronson são marcantes na expressão
facial e gestual.
A estética
criada por Leone transita entre as paisagens desconcertantes do vazio e da aridez
com os closes demorados na representação dos personagens que tornam o tempo
quase imóvel. Os sons da natureza, da civilização, do arcaico e do moderno se
fundem neste filme repleto de cenas antológicas, personagens marcantes e
inspiração artística que se projeta perene nestes últimos 50 anos.
Ilustrações: material de divulgação do filme “Era uma Vez no Oeste” (“C’era
una Volta il West”, EUA/Itália/Espanha – 1968, versão italiana de 165 minutos. Produtoras: Rafran Cinematrografia; Finanzia San Marco; Paramount Pictures.
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Henry Fonda e Charles Bronson. |
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Claudia Cardinale. |
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Claudia Cardinale. |
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Jason Robards. |
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Pistoleiros em ação e o menino. |
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Chegada da modernidade. |
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A imagem tradicional dos westers: Monument Valley Najavo Tribal Park, Arizona -Utah. |
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Ao centro o diretor Sérgio Leone. |
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Charles Bronson (acima) e Henry Fonda. O uso das expressões faciais caracteriza Leone. |
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