Porto do Rio Grande em 1908

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domingo, 3 de junho de 2018

AREIAS DO ALBARDÃO

       Um livro de referência para conhecer o litoral entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar é o livro “Areias do Albardão – Um guia ecológico ilustrado do litoral no extremo sul do Brasil”. Seus autores são Ulrich Seeliger, César Cordazzo e Lauro Barcellos (Rio Grande: Ecoscientia, 2004).
Os fundamentos preliminares da evolução geológica desta região, da formação das planícies costeiras e do maior complexo lagunar do Mundo, dos biomas, da fauna, flora e da ação antrópica nestes ecossistemas, são alguns dos temas abordados numa linguagem voltada ao público não especializado. A leitura do livro é amplamente recomendada e está disponível gratuitamente para download no site http://www.peld.furg.br/divulgacao-cientifica.
Um breve trecho será reproduzido a seguir e certamente ensejara a vontade em conhecer a obra.  

A História Geológica da Costa Atlântica: “A areia das praias e dunas age como uma barreira flexível que protege a costa contra a violenta erosão causada pelas ondas e ventos de tempestades. O ambiente de praias e dunas destaca-se pela elevada biodiversidade, composta por mais de trezentas diferentes espécies de animais e plantas, algumas raras e até sob perigo de extinção. Atrás das praias desertas e dos vastos campos de dunas esconde-se o maior complexo lagunar do mundo, formado pelas lagoas dos Patos e Mirim. As praias, as dunas, as lagoas e o estuário, como nós os conhecemos hoje, tiveram suas origens em um passado bem distante. Há cerca de 400 mil anos atrás, no período pré-histórico chamado Pleistoceno, a planície costeira do Rio Grande do Sul era inteiramente coberta pelo Oceano Atlântico. Durante um longo tempo, as ondas e as correntes litorâneas depositaram barreiras arenosas que foram lentamente separando as duas lagoas do oceano. Finalmente, cerca de 120 mil anos atrás, cada lagoa se comunicava com o mar através de uma única abertura. Há aproximadamente 17 mil anos, no fim do Pleistoceno, caracterizado pelo clima frio, grande parte da água dos oceanos estava congelada nas calotas de gelo polar. O nível do mar era então 120m abaixo de seu nível atual. Nessa época a planície costeira se estendia cerca de 70km mar adentro, fazendo com que as lagoas dos Patos e Mirim secassem, dando espaço para leitos de rios que conduziram a água da chuva em direção ao mar. Há cerca de 5.500 anos atrás, no período seguinte chamado de Holoceno, devido ao clima mais quente as calotas polares descongelaram, o mar subiu, lentamente, até alcançar de 3 a 5 metros acima do nível atual. Como no passado distante, a água do oceano cobriu novamente extensas áreas da planície costeira. De lá para cá, as águas baixaram e, retrabalharam os sedimentos arenosos da costa, moldando a paisagem de dunas como nós a conhecemos hoje. Também as desembocaduras da Lagoa dos Patos e da Lagoa Mirim se modificaram durante esse período. O fluxo contínuo de água doce da Lagoa dos Patos, ao encontrar as correntes do litoral, movimentou grandes quantidades de sedimentos, formando gradualmente os bancos e esporões arenosos que hoje caracterizam o estuário e a estreita barra da Lagoa. Na barra da Lagoa Mirim, a formação de um comprido pontal arenoso deslocou a desembocadura cada vez mais para o sul, até que, há aproximadamente 4 mil anos atrás, o canal fechou finalmente, formando assim o Banhado do Taim e a Lagoa Mangueira. Hoje, a erosão da costa próxima ao balneário de Hermenegildo está expondo os depósitos desse antigo canal como testemunho do passado geológico. Um pouco mais ao norte, em um trecho apropriadamente denominado “Concheiros”, as ondas cavam grandes quantidades de conchas de moluscos fósseis da plataforma submersa e jogam-nas na praia. Junto com pedaços de conchas são depositados dentes fósseis de tubarões e fósseis de mamíferos terrestres gigantes que viveram até cerca de 10 mil anos atrás na antiga planície costeira, que constitui atualmente a plataforma submersa”.



As três imagens foram reproduzidas do livro Areias do Albardão.


  


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