Um dos
maiores patrimônios públicos da cidade do Rio Grande é a Praça Xavier Ferreira que
possui uma longa história que recua as primeiras décadas dos anos 1800. Privilegiadamente
localizada num espaço centralizador das ruas de maior circulação e próxima a
Lagoa dos Patos, em seu entorno foram surgindo prédios administrativos,
culturais e comerciais, como a Intendência, a Alfândega, a Biblioteca
Rio-Grandense e o Mercado Público entre tantos outros.
É um
cartão-postal cercado pelo patrimônio edificado que foi sendo aformoseado desde
o século XIX e que definiu muitas das visões que Rio Grande recebeu dos
visitantes nacionais e estrangeiros, de marinheiros ou de moradores das ilhas/São
José do Norte. Pelo Porto Velho, que é indissociável
da praça, singrou a cultura marítima que caracteriza a formação local.
A Praça é um
espaço de inspiração não apenas para o lazer cotidiano, mas, também para o
historiador que viaja ao tempo passado (nos fragmentos documentais e materiais)
e ao artista que perpetua com seus traços (num trânsito indeterminado entre a
subjetividade e a objetividade, a realocação imagética dos objetos monumentais)
as espacialidades que ficam congeladas na aquarela.
Há cerca de um mês, recebi um presente que, como forma de agradecimento ao artista, estou
socializando com todos os leitores. É uma aquarela monocromática (cor sépia)
que me foi oferecida pelo artista plástico Rudnei Pereira Alves, morador do
Cassino.
Rudnei é
estivador aposentado, ou seja, pura cepa local que é o trabalho portuário. Desde
1998 tem trabalho com desenho, pintura (aquarela, acrílico e óleo) já tendo
participado de exposições no Centro Municipal de Cultura Inah Emil Martensen
(Secretaria de Município da Cultura-Rio Grande). Obteve primeiro lugar em
premiação no Salão de Artes "Imperial Marinheiro” do 5° Distrito Naval.
A obra da
praça é uma aquarela monocromática (cor sépia). A motivação para retratar a
praça, segundo Rudnei, “são as belas lembranças de sua infância com seus pais e
irmão. A arquitetura do entorno da Praça e os seus detalhes estéticos são
atrativos para buscar a harmonia e a luminosidade que o espaço oferece”.
Aquarela de Rudnei Alves retratando a Praça Xavier Ferreira. |
O DNA
artístico de Rudnei recua há varias gerações: sua tataravó Elena é a autora da
pintura que está na família Pereira Alves a cerca de 200 anos. A imagem retratada na pintura é reconfortante
e remete a algum local em que a natureza ainda dita o ritmo do tempo.
Pintura da Tataravó Elena. |
Assim como
Rudnei mantém viva as “boas memórias” de um tempo passado, certamente, para muitos
moradores da cidade, ao recordarem de suas vivências na Praça Xavier Ferreira eles
também guardam na memória as lembranças de um tempo de criança ao lado de seus
familiares. Diferente de uma aquarela que perpetua um momento e o preserva da
mudança, o tempo das vivências/do envelhecimento se projeta inexoravelmente
para o futuro e por vezes embaça as visões do passado. As imagens congeladas, uma pintura ou uma
fotografia, pode ajudar a memória a recompor cenários de experiências e
trajetórias passada.
Para
conhecer melhor a obra do artista é só acessar o facebook e conversar com
Rudnei Alves.
*Convido os leitores para acessarem o livro “Espaços
de Memória: a Praça Xavier Ferreira”. Dezenas de cartões-postais da Praça foram
reproduzidos no livro.
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