Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sábado, 2 de junho de 2018

A PRAÇA E O ARTISTA

Um dos maiores patrimônios públicos da cidade do Rio Grande é a Praça Xavier Ferreira que possui uma longa história que recua as primeiras décadas dos anos 1800. Privilegiadamente localizada num espaço centralizador das ruas de maior circulação e próxima a Lagoa dos Patos, em seu entorno foram surgindo prédios administrativos, culturais e comerciais, como a Intendência, a Alfândega, a Biblioteca Rio-Grandense e o Mercado Público entre tantos outros.
É um cartão-postal cercado pelo patrimônio edificado que foi sendo aformoseado desde o século XIX e que definiu muitas das visões que Rio Grande recebeu dos visitantes nacionais e estrangeiros, de marinheiros ou de moradores das ilhas/São José do Norte.  Pelo Porto Velho, que é indissociável da praça, singrou a cultura marítima que caracteriza a formação local.
A Praça é um espaço de inspiração não apenas para o lazer cotidiano, mas, também para o historiador que viaja ao tempo passado (nos fragmentos documentais e materiais) e ao artista que perpetua com seus traços (num trânsito indeterminado entre a subjetividade e a objetividade, a realocação imagética dos objetos monumentais) as espacialidades que ficam congeladas na aquarela.  
Há cerca de um mês, recebi um presente que, como forma de agradecimento ao artista, estou socializando com todos os leitores. É uma aquarela monocromática (cor sépia) que me foi oferecida pelo artista plástico Rudnei Pereira Alves, morador do Cassino.
Rudnei é estivador aposentado, ou seja, pura cepa local que é o trabalho portuário. Desde 1998 tem trabalho com desenho, pintura (aquarela, acrílico e óleo) já tendo participado de exposições no Centro Municipal de Cultura Inah Emil Martensen (Secretaria de Município da Cultura-Rio Grande). Obteve primeiro lugar em premiação no Salão de Artes "Imperial Marinheiro” do 5° Distrito Naval.
A obra da praça é uma aquarela monocromática (cor sépia). A motivação para retratar a praça, segundo Rudnei, “são as belas lembranças de sua infância com seus pais e irmão. A arquitetura do entorno da Praça e os seus detalhes estéticos são atrativos para buscar a harmonia e a luminosidade que o espaço oferece”.

Aquarela de Rudnei Alves retratando a Praça Xavier Ferreira. 


O DNA artístico de Rudnei recua há varias gerações: sua tataravó Elena é a autora da pintura que está na família Pereira Alves a cerca de 200 anos.  A imagem retratada na pintura é reconfortante e remete a algum local em que a natureza ainda dita o ritmo do tempo.

Pintura da Tataravó Elena.

Assim como Rudnei mantém viva as “boas memórias” de um tempo passado, certamente, para muitos moradores da cidade, ao recordarem de suas vivências na Praça Xavier Ferreira eles também guardam na memória as lembranças de um tempo de criança ao lado de seus familiares. Diferente de uma aquarela que perpetua um momento e o preserva da mudança, o tempo das vivências/do envelhecimento se projeta inexoravelmente para o futuro e por vezes embaça as visões do passado.  As imagens congeladas, uma pintura ou uma fotografia, pode ajudar a memória a recompor cenários de experiências e trajetórias passada.         
Para conhecer melhor a obra do artista é só acessar o facebook e conversar com Rudnei Alves.

*Convido os leitores para acessarem o livro “Espaços de Memória: a Praça Xavier Ferreira”. Dezenas de cartões-postais da Praça foram reproduzidos no livro.

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