A primeira região vitícola regulamentada é o Alto Douro no
norte de Portugal. A paisagem do Vale do Rio Douro é constituído por encostas
íngremes e solos pobres e acidentados. O trabalho humano para desenvolver
atividades agrícolas do tipo mediterrâneo permitiu o desenvolvimento de um ecossistema
onde as características do terreno são aproveitadas de forma exemplar, com a
modelação da paisagem em socalcos, preservando-a da erosão e permitindo o
cultivo da vinha.
Nesta região é produzido o renomado vinho do Porto e
outros vinhos de qualidade apreciada pelos consumidores em inúmeros países. O
vinho do Porto é um vinho natural e fortificado, produzido exclusivamente a partir
de uvas provenientes da Região Demarcada do Douro, a
cerca de 100 km a leste da cidade do Porto, espaço portuário onde ocorria a
exportação do produto.
A fixação das populações que modelaram a paisagem recua a
ocupação romana, e dele resultou uma realidade viva e em evolução, ao mesmo
tempo testemunho do passado e motor do futuro, solidamente ancorado na
otimização dos recursos naturais e na preservação das ambiências.
Historicamente o Douro teve
ocupação humana desde o Paleolítico Superior a cerca de 20 mil anos, inclusive
com expressões artísticas: as pinturas rupestres. A presença da uva na região
remonta há pelo menos quatro mil anos, pois foram escavadas grainhas
carbonizadas (pequenas sementes). Os romanos ocupam a região no século I d.C.
ocorrendo à intensificação da agricultura devido à construção de uma rede de
estradas e pelas numerosas pontes que o Império construiu. O plantio da uva passa
a ter destaque econômico que promove o surgimento de vilas agrárias especializadas
no cultivo. A partir do século V, com a decadência da ocupação romana, as
terras do Vale do Duro foram ocupadas por suevos e visigodos, povos bárbaros
que são cristianizados. No século XVIII ocorre a ocupação muçulmana que marcará
profundamente a Península Ibérica. Com as guerras movidas contra a ocupação
árabe e a conseqüente independência, o reino português é criado em cinco de
outubro de 1143, tendo por primeiro D. Afonso Henriques (1109-1185). Portugal
começava a se projetar como um Estado Nacional que nos séculos seguintes se
lançaria as aventuras marítimas e desenvolveria as tecnologias náuticas mais
avanças daquela época.
Na região do Douro, durante
a Baixa Idade Média, nos séculos XII e XIII, a Ordem de Cister construiu
mosteiros como o de São Pedro das Águias que edificou granjas nas encostas do
Rio Douro e fortaleceu a presença da cristandade. A produção do vinho continuou a desenvolver-se,
graças ao seu transporte para o Porto, através do rio Douro. As descobertas
marítimas (séculos XV e XVI) promoveram o aumento da circulação no rio, uma vez
que as viagens requeriam grandes quantidades de vinhos fortes para saciar os
marinheiros. Avançando no tempo, entre os séculos XVII e XIX a Inglaterra
passou a ser o principal consumidor dos vinhos produzidos no Douro, o que
resultou na assinatura do Tratado de Methuen, em 1703, no qual o Reino Unido
concedia direitos preferenciais aos vinhos portugueses, com a contrapartida de
Portugal permitir a entrada livre dos tecidos britânicos em Portugal. O Marquês
de Pombal criou a primeira região vitícola regulamentada do mundo, demarcando o
Douro Vinhateiro (1757-1761), através da colocação de grandes marcos de
granito, no terreno, com a palavra “Feitoria”.
Entre crises e inovações
biológicas e químicas, a região Douro recebeu na década de 1970, novas técnicas
de plantio da vinha, em patamares, com muros de xisto delimitando os níveis. Em
2001, a UNESCO considerou o Alto Douro Vinhateiro fosse considerado Patrimônio
Mundial da Humanidade (https://www.unescoportugal.mne.pt/pt/temas/proteger-o-nosso-patrimonio-e-promover-a-criatividade/patrimonio-mundial-em-portugal/alto-douro-vinhateiro).
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