Estou divulgando
aos leitores o oitavo livro de uma série que tenho dedicado à história da
cidade do Rio Grande. O projeto teve início em 2008 e novos volumes já estão
sendo elaborados.
O livro que está
sendo lançado é “Rio Grande: Patrimônio e Cartões-postais na Belle Époque” o
qual contempla a perspectiva de enfatizar a imagem enquanto fonte para o
conhecimento do passado.
As imagens
escolhidas foram os cartões-postais, os quais são responsáveis pela
popularização de visões multifacetadas das mais diferentes localidades do
planeta. O colecionismo de cartões-postais associado ao seu período áureo
(1900-1930) legaram centenas de milhares de imagens do que hoje chamamos de
‘passado das civilizações humanas’. Em Rio Grande os postais apresentam uma grande
riqueza e potencialidade para a compreensão da urbanidade local e possibilitam,
através das imagens e outros documentos, construir a narrativa histórica destes
lugares. Os cartões-postais editados em Rio Grande estão entre os mais antigos do Brasil.
Foram reproduzidos
28 cartões-postais que retratam espaços públicos que ainda são uma referência
na urbanidade da cidade do Rio Grande: o prédio da Prefeitura Municipal; o
Mercado Público; o Quartel General e o Prédio da Alfândega. São construções do
século XIX que ainda persistem no cenário urbano da mais antiga cidade
luso-brasileira do Rio Grande do Sul.
Os cartões-postais reproduzidos no
livro foram editados entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do
século XX, no período chamado de belle
époque, uma referência às inovações tecnológicas, a indústria do
divertimento (como o cinema), que surgiram ou se intensificaram no período de
1871 até 1914. O início da I Guerra Mundial assinala o início do fim deste
período na Europa. A belle époque foi
caracterizada pelo desenvolvimento científico e artístico, um período de paz e
prosperidade burguesa que o grande conflito mundial colocou em crise. Tendo Paris
como capital cultural deste processo, as cidades de formação ou influência
ocidental buscaram reproduzir estes novos referenciais culturais de tecnologia
e consumo, expressando a modernidade numa sala de cinema, na aquisição de
automóvel ou telefone, nas roupas, na valorização dos prédios públicos ou
particulares.
A Exposição
Universal de Paris de 1900 buscou sintetizar as múltiplas possibilidades
tecnológicas desta crença no ilimitado progresso técnico-científico. Nestes “belos tempos” o desenvolvimento do
capitalismo gerou nas elites brasileiras a disposição em se colocarem em
sintonia com as forças da civilização e do progresso das nações da Europa
Ocidental: a palavra-chave de um mundo agrário e ruralizado passa a ser
‘modernidade urbana’. Para além de uma imagem idealizada, a belle époque se expressou em Rio Grande num contexto
de inúmeros problemas sociais, urbanos, administrativos e de má distribuição da
riqueza gerada pelo comércio de exportação-importação e especialmente pela
industrialização. O principal tema tratado por estes cartões que retratam Rio
Grande a cerca de cem anos atrás foram os cenários que ostentam os avanços para uma vida urbana
moderna.
Que este livro possa instigar nos
leitores o interesse pelo olhar atento as imagens e aos recortes arquitetônicos
da paisagem urbana que faz parte do dia-a-dia (matéria publicada em 30-07-2013).
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