Porto do Rio Grande em 1908

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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

ESSE LENTÍSSIMO CORREIOS

Recentemente, um presente de aniversário para o meu filho que vinha de Goiânia para Rio Grande, demorou 10 dias para chegar. O não recebimento da encomenda estendeu-se, dia-a-dia (acompanhando o rastreamento na página da ‘firma’), até que a esperança era ser entregue até a tarde do ‘Happy Birthday’, ou seja, aos 46 minutos do segundo tempo. Porém, nem isto aconteceu (na página dizia que não foi entregue por motivos ‘operacionais’) e o Feliz Aniversário ficou na expectativa de que no próximo ano o presente se mantenha longe da dependência da empresa ‘Correios’!
         Nenhuma novidade ou fato atípico e sim uma constatação cotidiana. Os leitores teriam milhares de exemplos a dar sobre a lentidão do deslocamento ou o não recebimento dentro de prazo de contas, mercadorias ou produtos. Apenas no primeiro semestre de 2013 a empresa pagou 4,3 milhões de indenização a 751 mil clientes por atrasos na entrega.
Mas tudo tem uma explicação: estamos no quinto maior país do mundo em área territorial. Tudo é muito longe e ainda não foi inventado o avião! Santos Dumond ainda não teve a iluminação do ‘14 Bis’ e o Correio Aéreo Nacional será criado em futuro incerto (talvez em 1931).
         Somente com irreverência para suportar o deprimente serviço prestado pelo ‘Correios’! As obscenas filas de atendimento, o prédio em ruínas onde funciona em Rio Grande, a cobrança de valores incompatíveis com o serviço prestado, a indignação de seus servidores com a relação trabalhista, a auto-promoção narcísica (como é um monopólio não precisava nem se auto divulgar na mídia pois as pessoas não tem opção de escolha) são algumas variáveis deste cenário. 
         Vamos fazer um exercício voltado apenas à lentidão do deslocamento das correspondências/encomendas. Que alternativas poderíamos contemplar? Tenho algumas propostas! Vou usar como exemplo um destino que pode ser ajustado para outros milhares de destinos no Brasil. O destino é Goiânia a Rio Grande (linha reta 1.500 km ou por estradas 2.000km) e algumas alternativas são as seguintes: 1) o Expresso Canela; 2) o Expresso Bike; 3) o Expresso Matungo e 4) o Expresso Jabureco.
O Expresso Canela! Isto mesmo. Desde que o homem aprendeu a caminhar para frente, este tem sido o meio de locomoção mais usado no planeta. Desde os tempos de nossos antepassados Australopithecus - a quatro milhões de anos atrás - esta modalidade é usada para ‘fugir dos vizinhos’ ou de situações múltiplas colocando um pé na frente do outro. Nos Flintstones, os pés são usados, inclusive, como energia para mover os carros... Uma caminhada em ritmo forte, propicia até 5 km/h. Nosso destino poderia ser percorrido em 16 dias. Porém, se o deslocamento for em linha reta - pulando cercas e cruzando córregos -, a entrega chegaria em 12 dias. A vantagem é que o Brasil seria a grande surpresa das próximas Olimpíadas com os superatletas produzidos.
  Expresso Bike. Uma bicicleta (com trocas regulares), tendo por base 20km/h levaria 4 dias para percorrer o percurso. O custo benefício, por não poluir o meio ambiente, parece indicar uma ótima opção ou a escolha certa! ‘Pequeno’ inconveniente é que no Brasil as ciclovias são raras e os atropelamentos estão aumentando...
         O Expresso Matungo é uma vertente Tupiniquim para o Pony Express norte-americano. O Pony foi um serviço de correspondência criado em 1860 que cruzava territórios ainda não desbravados dos EUA entre o Missouri e a Califórnia. Em locais pré-determinados havia a troca de cavalos e cavaleiros seguindo a correspondência ao seu destino. 400 quilômetros eram percorridos por dia. Significa que utilizando a empresa Expresso Matungo (é preciso uma longa discussão se será uma empresa estatal ou privada...) seriam necessários cinco dias para percorrer a distância.
Expresso Jabureco. Desde que inventaram o caminhão este é um meio muito utilizado para o deslocamento de mercadorias e cargas que é tão íntimo de nossa cidade (se fosse criada uma taxa municipal para a circulação de caminhões no complexo portuário do Rio Grande viveríamos numa cidade rica!). Um jabureco equipado com ‘amortecedores e guidon’ poderia fazer o percurso em incríveis 36 horas! Argumentos sobre o aumento da poluição atmosférica não são decisivos: alguns jaburecos a mais não fariam diferença frente aos milhares que diariamente lançam poluentes na cidade... 
Explicitadas as opções, os leitores poderão votar no meio que julgar mais eficiente. Uma quinta opção seria o transporte aéreo. Assim que ele for inventado poderá se tornar uma opção interessante. 
Em síntese, se a matéria não acrescentou muito para contribuir com o tema, pelo menos fez uma constatação matemática: a velocidade de um caramujo é de 0,045 km/h; de uma preguiça 0,12 (só de olhar para ela já dá um cansaço...); de um jabuti 0,27 km/h; a dos ‘Correios’, no destino referido (poderá ser mais curta ou mais longa) é de cerca de 8 km/h.  Ou seja, nem tudo ainda está perdido, pois enquanto não ocorrer uma mutação e surgirem os ‘jabutis turbinados’, a empresa ainda ocupa uma posição bastante satisfatória!  Ilustração: Pony Express (Library of Congress).



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