Projetos para a instalação de tráfego de
bondes em Rio Grande
remontam a 1871. Porém, somente em 1884 é que se efetivou esta modalidade de
transporte urbano. Inicialmente movido à tração animal e posteriormente por
eletricidade, os bondes promoveram uma grande transformação no perfil da
cidade. O tempo da utilização do cavalo ou das carroças que transportavam seus
proprietários ou passageiros, estava chegando ao fim. Na transição dos séculos
19 para 20 a
cidade apresentou um acentuado incremento populacional e uma acelerada expansão
econômica no setor industrial. Os bondes tornam-se essenciais para a manutenção
das atividades capitalistas.
Na Assembléia da Companhia Carris Urbanos do
Rio Grande realizada no dia 26 de março de 1886, o capital foi aumentado para
250 contos de réis, com o objetivo de construção do ramal da Costa do Mar. Em
sessão da Câmara em 6 de dezembro de 1887, a Carris apresentou uma representação
demonstrando a importância de “estender os trilhos da mesma Companhia até a
praia do distrito da Mangueira, tendo por fim a fundação de um estabelecimento
balnear e a condução de passageiros, de forragens, leite e outros produtos”. A
Câmara pediu a Assembléia Provincial “a necessária autorização para poder tomar
sobre si a garantia dos juros do capital de que carece a Companhia, isto é, 250
contos ao juro de 7% durante dez anos e no caso de ser possível, a Província
garantir a metade do capital, ou consignar no orçamento provincial uma verba de
dez contos, como auxílio a esta Câmara, para o pagamento dos juros, concorrendo
assim para levantar este município do abatimento em que se acha”. As obras até
a atual praia do Cassino tiveram início em 20 de janeiro de 1889, sendo
deslocado um primeiro trem de teste no dia 22 de dezembro. A inauguração do
tráfego da linha de bondes a vapor da Companhia Bonds suburbanos da
Mangueira ocorreu no dia 26 de janeiro de 1890. A extensão da linha a
partir da cidade era de 18.600m. A linha também fazia nascer o Balneário. Para
ir à praia de banhos, os passageiros seguiam de bonde até o Parque e ali
embarcavam no trem. A linha corria paralela a da Estrada de Ferro Rio
Grande-Bagé até a Junção, a partir dali seguiam rumos distintos.
Em 1887,
a extensão das linhas urbanas em Rio Grande era a
seguinte: da estação da rua Barroso até a Estação de Ferro 2.650m; até o
Matadouro 4.700m e até o Parque 5.350m. Projetava-se uma linha de 3km pelas
ruas General Osório e Aquidaban até uma rua paralela a Estação Férrea numa
extensão de 7km. Uma nova linha foi inaugurada em 24 de abril de 1898 a qual partia da
Alfândega no lado da rua dos Andradas, passando pela General Osório, Aquidaban
e Boulevar Carlos Pinto até encontrar a Linha do Cemitério.
A Companhia Carris Urbanos foi
incorporada a Estrada de Ferro Costa do Mar em dezembro de 1891 passando
em fevereiro de 1894, a
denominar-se Companhia de Viação Rio-Grandense. Em 28 de maio de 1900
foi vendida à Companhia Southern Brasilian o trecho da linha Costa do
Mar. A Viação Rio-grandense ficou responsável pelos serviços urbanos de cargas
e passageiros. O Relatório do Vice-Intendente Municipal coronel Rosalvo Azevedo
datado de primeiro de setembro de 1909 assinala que a tração animal ainda era
utilizada: “Com o fim de transformar o atual sistema de tração animal pela de
eletricidade as companhias Viação Rio-grandense e a de Eletricidade, firmaram
contrato com esta Municipalidade a 10 de dezembro de 1908” . O relatório do
Intendente Dr. Trajano Lopes em 1 de setembro de 1914 esclarece sobre a
lentidão destas tentativas: “a Compagnie Française du Port de Rio Grande du
Sul, iniciou a 7 de dezembro próximo findo, o assentamento das linhas de bonds
elétricos. Tal serviço está em andamento tendo porém, tido repetidas e lentas
interrupções que por sem dúvida retardarão esse importante melhoramento local”.
Anteriormente, no relatório de 2 de setembro de 1912, o Intendente coronel
Augusto Álvaro de Carvalho afirmara: “De julho até dezembro o serviço foi feito
com tração animal, estando à linha férrea e o material rodante em péssimas
condições de conservação, porque nenhuma
providência foi tomada pela Compagnie Française, por estar em vista de
fazer a substituição da tração animal pela elétrica. A 15 de novembro de 1911
foi oficialmente inaugurada à tração elétrica...”.
O tráfego elétrico até a linha do Parque
partia da praça da Caridade e seguia pelas Ruas Aquidaban e Marechal Deodoro.
Com a inauguração em 15 de novembro de 1922 das linhas do Poester e Matadouro,
desapareceu o último bonde de tração animal, sendo utilizado os animais apenas
para o transporte de carnes do Matadouro e posteriormente sendo substituídos
por trator elétrico. O Governo Estadual (Diretoria de Obras do Porto e Barra do
Rio Grande) adquiriu, em 1920, os serviços de bondes e luz. Em primeiro de
julho de 1932, estes serviços passaram ao controle do Município sendo
responsabilidade da Diretoria dos Serviços Industriais (DSI).
No ano de 1940, as linhas de bondes elétricos
tinham uma extensão de 24.500m, consumindo 758.205 K.W., existindo 42 carros
que transportaram naquele ano 5.386.841 passageiros.
Conforme Fortunato Pimentel (Aspectos do
Município do Rio Grande) ocorreu em primeiro de outubro de 1939 a inauguração do
trafego regular de ônibus. Em setembro daquele ano foram adquiridos os
primeiros dois ônibus com chassis Ford e carroceria Grassi, de lotação para
trinta passageiros. Em dezembro de 1940 o número de carros foi aumentado para
cinco com o fornecimento feito pela General Motors do Brasil, de três ônibus do
mesmo tipo montados em chassis Chevrolet-Rex. “Com este material, de
ótimo aspecto e grande conforto para o passageiro, tem o D.S.I., atendido com
regularidade os horários estabelecidos para o serviço urbano e para a Vila
Sequeira (Cassino)”.
Pimentel também afirma que em 20 de maio de 1917 foi
suprimida nas vias públicas a iluminação a gás. Aí foi contratado o serviço de
iluminação com a Companhia Française, concessionária dos contratos de
iluminação e viação das extintas companhias Viação Rio-grandense e Companhia
Rio-grandense de Iluminação a Gás. Em 1941, foi projetada a construção da linha
para fornecimento de energia elétrica ao Cassino.
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