Segundo o pesquisador Allen Morrison que tem
desenvolvido um minucioso estudo ligado ao transporte ferroviário, Rio Grande
teve experiências com os bondes urbanos antes da inauguração da Linha
Ferroviária ligando Rio Grande a Bagé. Eram os bondes que tiveram um longo
convívio com a cidade por período de quase um século. Conforme Allen Morrison,
o empresário Antônio Cândido Sequeira queria desenvolver meios de transporte na
região e fundou a Companhia de Carris Urbanos do Rio Grande em 23 de maio de
1876. Esta iniciativa passou a ter impacto com a inauguração de uma linha de
bondes puxados por mulas a partir de 2 de novembro de 1884. A linha fazia tinha
início na Praça Xavier Ferreira e finalizava na Estação Central inaugurada
também em 1884.
Com o crescimento do sistema de bondes, no
ano de 1885, Sequeira formou uma empresa subsidiária a Companhia de Bonds
Suburbanos da Mangueira, que construiu e operou uma linha de bonde a vapor
ligando o Parque até a praia da Mangueira (também chamada de Costa do Mar,
Costa da Mangueira, Vila Siqueira ou o atual Cassino). O termo bonds suburbanos
foi usado devido a falta de autorização para operar os trens convencionais.
Esta autorização chegou em 1888 e a linha foi inaugurada em janeiro de 1890. A primeira locomotiva
foi denominada de Andorinha e foi construída pela empresa HK Porter Co. de
Pittsburgh, EUA. A locomotiva número 2 foi chamada de Formiga e também é da
Porter. A linha que ligava Rio Grande a
praia do Cassino passou ao controle da Railway em 1900. Os 800 metros finais que
iam da imediação do Hotel Cassino até a praia era feita por um bonde puxado a
cavalos.
Para além dos bondes puxados por tração
animal ou trem a vapor, um salto tecnológico foi dado com os bondes movidos à
eletricidade. Tivemos uma iniciativa empresarial francesa e uma tecnologia
norte-americana neste processo. A Companhia Francesa do Porto do Rio Grande
além de construir o Porto Novo, os Molhes da Barra e a remodelagem do Porto
Velho, empenhou-se na estruturação de um sistema de bondes movidos à
eletricidade. Este serviço foi implantado pela primeira vez no Brasil, no Rio
de Janeiro em 1892. Em Rio
Grande , o serviço teve início em 15 de novembro de 1912. A norte-americana
Westinghouse fez a colocação dos trilhos e os carros de passageiros eram da
Companhia JG Brill da Filadélfia. Uma das áreas principais cobertas pela
Companhia Francesa era a área do Porto Novo, em especial, a Companhia
norte-americana Swift onde chegaram a trabalhar até 2.000 operários, o maior
número já empregado por uma empresa na cidade do Rio Grande. O grande
investimento nesta modalidade de transporte, é compreensível pela condição da
cidadão enquanto pólo industrial que empregava milhares de operários nos
setores têxtil e de alimentação enlatada.
Com a encampação da Companhia Francesa pelo
Estado do Rio Grande do Sul, os bondes
passam a propriedade da Viação e Iluminação Elétrica do Rio Grande, empresa que
reconstruiu muitos bondes que eram abertos os tornando fechados. Em 1923, 30
bondes de passageiros eram administrados por esta empresa. Neste mesmo ano, foram
adquiridas duas locomotivas elétricas da Siemens-Schuckertwerke de Berlim, com
os números 1924 e 1925. Ainda é possível conhecer uma destas locomotivas, a
1924, pois ela se encontra na Praça Tamandaré. Uma visita ao site de Morrison (http://www.tramz.com/br/rg/rg.html)
possibilita uma interessante viagem até os tempos dos caminhos de ferro urbano .
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