Em setembro de 1964 estreou nos Estados Unidos a série Viagem ao Fundo
do Mar. Ao longo dos 110 episódios que se estenderam até setembro de 1968, foi
possível acompanhar as missões do submarino Seaview e do comandante Harriman
Nelson. O contexto histórico do produtor Irwin Allen era a Guerra Fria envolvendo
os norte-americanos e os soviéticos, além da crise dos mísseis nucleares com
Cuba, a Guerra da Coréia e a China Comunista. Enfim, o enfrentamento entre o
capitalismo e o comunismo, com ênfase na espionagem.
A dimensão política nem sempre está presente explicitamente, porém o
avanço científico e técnico dos Estados Unidos no controle dos oceanos já traz
um discurso político de poder naval e supremacia do mundo livre.
O fato é que o seriado desenvolve vários temas de ficção científica
(hoje ingênuos) mas também conhecimento dos oceanos e de formas de vida (reais
ou lendárias) ligadas ao assunto. Para quem gostava das ciências oceanográficas
era um programa que despertava a curiosidade e a imaginação. Em Rio Grande, uma
cidade litorânea, a série deve ter tido uma recepção favorável e formado uma
legião de fãs (a estréia no Brasil foi em 1965 e as reprises estenderam-se até
os anos 1980).
É preciso lembrar que Viagem ao Fundo do Mar foi um filme lançado em
1961 por Irwin Allen e que se tornou, posteriormente, este seriado de quatro
temporadas. Allen também está por trás da produção de Perdidos no Espaço
(1965-1968); O Túnel do Tempo (1966-1967); Terra de Gigantes (1968-1970).
Algumas curiosidades ligadas às aventuras futuristas vividas pela
tripulação do Seaview e do subvoador (comandante Nelson, capitão Lee, primeiro
oficial Chip Morton, Chefe Sharkey, marinheiros Kowalski e Riley etc) é que a
Marinha dos Estados Unidos (por motivos estratégicos) se negou a dar qualquer
informação sobre como construir uma maquete de submarino atômico.
Posteriormente, a Marinha passou a prestar apoio e enviou técnicos para
opinarem sobre os cenários possíveis da vida num submarino. Inclusive militares
brasileiros expressaram interesse pelo tema: o presidente Marechal Artur da Costa
e Silva visitou os bastidores da produção em 1967.
O fato é que passados 50 anos, estas séries contextualizadas num momento
histórico de Guerra Fria, continuam sendo uma fonte de entretenimento para
aquelas gerações que desenvolveram uma tolerância a uma dinâmica lenta nos
enredos (na contramão dos seriados atuais) e com um intenso clima vintage
envolvendo as viagens ao fundo do mar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário