Um século e
meio nos separa da publicação de Viagem ao Centro da Terra (1864). Este
clássico do francês Julio Verne (1828-1905) foi um dos vários livros que
buscavam ligar a ficção científica com os avanços do conhecimento no século 19.
O século da crença na ciência e na razão como ferramentas para domesticar a
natureza e modelar o planeta às necessidades do crescimento capitalista,
tiveram em Verne um dos nomes mais proeminentes na divulgação da ciência na
perspectiva da narrativa literária.
Julio Verne
teve uma produção literária intensa com a publicação de cerca de 100 livros,
entre os quais Vinte Mil Léguas Submarinas (o Nautilus e o capitão Nemo) e A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias. Sua imaginação o levou a cenários de viagens a
lua, ao fundo do oceano com submarinos, a invenção de máquinas voadoras etc.
Críticas políticas e ao comportamento social belicoso das sociedades está
presente em sua obra. É a perspectiva de que o crescente otimismo burguês do
controle da natureza através da técnica pudesse desenvolver uma perspectiva
diferente entre os homens. O esgotamento desta matriz parece ter chegado ao autor
que em seus últimos livros preocupasse com o uso da tecnologia e o
desequilíbrio ambiental.
Viagem ao
Centro da Terra conta a história do professor de geologia alemão Otto Lidenbrock, que encontra um manuscrito rúnico
escrito pelo irlandês Arne Saknussemm. Ao decifrar o documento o geólogo
descobre que Saknussem encontrou uma passagem para o centro da Terra na
Islândia. A história transcorre com uma expedição liderada por Lidenbrock e
outros personagens que colaboram ou sabotam a iniciativa. A jornada pelo
interior da Terra é repleta de surpresas e obstáculos, com referências ao
conhecimento científico da época para construir um enredo de veracidade. A
saída do interior do planeta é feita com uma erupção do vulcão Stromboli
localizado ao norte da Sicília, cerca de cinco mil quilômetros de distância do
local de entrada na Islândia. O roteiro do livro é retratado em filme de 1959
que muitas vezes foi reprisado na Sessão da Tarde.
Verne, um dos fundadores da ficção científica baseou seu enredo em John
Symes e a teoria da Terra Oca, que previa uma passagem para o interior no polo
sul ou no polo norte. A viagem ao centro da Terra é também uma viagem ao
passado, pois vestígios de acontecimentos e formas de vida ficaram preservadas
nestes lugares em que os personagens cruzam, nestas fases geológicas da
evolução das formas de vida. E o centro da Terra está repleto de vida animal e
vegetal, além de fenômenos atmosféricos.
A região na Islândia que inspirou Verne a escrever este clássico, tem
apresentado, recentemente, formidáveis erupções vulcânicas. O local da passagem
para as profundezas do planeta continua não localizado e as chances de adentrar
em seu interior continua como um exercício de ficção.
Ilustrações: Livro Viagem ao Centro da Terra edição de 1864 com ilustrações de Édouard Riou. Fotografia de Julio Verne por Félix Nadar.
Ilustrações: Livro Viagem ao Centro da Terra edição de 1864 com ilustrações de Édouard Riou. Fotografia de Julio Verne por Félix Nadar.
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