Porto do Rio Grande em 1908

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sábado, 15 de julho de 2017

VIAGEM AO CENTRO DA TERRA

Um século e meio nos separa da publicação de Viagem ao Centro da Terra (1864). Este clássico do francês Julio Verne (1828-1905) foi um dos vários livros que buscavam ligar a ficção científica com os avanços do conhecimento no século 19. O século da crença na ciência e na razão como ferramentas para domesticar a natureza e modelar o planeta às necessidades do crescimento capitalista, tiveram em Verne um dos nomes mais proeminentes na divulgação da ciência na perspectiva da narrativa literária.  
Julio Verne teve uma produção literária intensa com a publicação de cerca de 100 livros, entre os quais Vinte Mil Léguas Submarinas (o Nautilus e o capitão Nemo) e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias. Sua imaginação o levou a cenários de viagens a lua, ao fundo do oceano com submarinos, a invenção de máquinas voadoras etc. Críticas políticas e ao comportamento social belicoso das sociedades está presente em sua obra. É a perspectiva de que o crescente otimismo burguês do controle da natureza através da técnica pudesse desenvolver uma perspectiva diferente entre os homens. O esgotamento desta matriz parece ter chegado ao autor que em seus últimos livros preocupasse com o uso da tecnologia e o desequilíbrio ambiental.
Viagem ao Centro da Terra conta a história do professor de geologia alemão Otto Lidenbrock, que encontra um manuscrito rúnico escrito pelo irlandês Arne Saknussemm. Ao decifrar o documento o geólogo descobre que Saknussem encontrou uma passagem para o centro da Terra na Islândia. A história transcorre com uma expedição liderada por Lidenbrock e outros personagens que colaboram ou sabotam a iniciativa. A jornada pelo interior da Terra é repleta de surpresas e obstáculos, com referências ao conhecimento científico da época para construir um enredo de veracidade. A saída do interior do planeta é feita com uma erupção do vulcão Stromboli localizado ao norte da Sicília, cerca de cinco mil quilômetros de distância do local de entrada na Islândia. O roteiro do livro é retratado em filme de 1959 que muitas vezes foi reprisado na Sessão da Tarde.
Verne, um dos fundadores da ficção científica baseou seu enredo em John Symes e a teoria da Terra Oca, que previa uma passagem para o interior no polo sul ou no polo norte. A viagem ao centro da Terra é também uma viagem ao passado, pois vestígios de acontecimentos e formas de vida ficaram preservadas nestes lugares em que os personagens cruzam, nestas fases geológicas da evolução das formas de vida. E o centro da Terra está repleto de vida animal e vegetal, além de fenômenos atmosféricos.
A região na Islândia que inspirou Verne a escrever este clássico, tem apresentado, recentemente, formidáveis erupções vulcânicas. O local da passagem para as profundezas do planeta continua não localizado e as chances de adentrar em seu interior continua como um exercício de ficção.
Ilustrações: Livro Viagem ao Centro da Terra edição de 1864 com ilustrações de Édouard Riou. Fotografia de Julio Verne por Félix Nadar.  




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