Dois espaços públicos da atualidade,
localizados na área central da cidade, buscaram preservar a memória de dois
personagens muito relevantes na história local no século XIX: a rua Zallony e o
Largo Dr. Pio.
Edouard
Timoléon Zallony estava no Rio de Janeiro em 1840 como capitão do Estado-Maior
da França. Já anunciava suas lições de desenho e a confecção de retrato de
pessoas. Em 1844 se transfere para Rio Grande para ocupar o cargo de professor
público de francês, desenho etc. Em 1846, com autorização do Conde de Caxias,
foi criada em Rio Grande a primeira escola de desenho da Província. Zallony
atuou como professor nesta escola. Além de retratista, Zallony foi um dos
pioneiros da fotografia. Ele esteve em Rio Grande em 24 de fevereiro de 1851,
vindo de Marselha, trouxe quatro volumes de material daguerreotípico para
fotografias amadoras.Posteriormente, instalou estúdio fotográfico em Porto
Alegre a rua do Rosario, no ano de 1861, após estudos realizados nos Estados
Unidos. Em 1854, fundou a Sociedade Instrução e Recreio, que além dos bailes
também ofertava aulas de diferentes conteúdos para os associados. Sua destacada
atuação durante a epidemia de cólera foi reconhecida pela Câmara dos Vereadores
e o nome da Rua do Corpo da Guarda, foi modificada em dezembro de 1858 por
iniciativa do vereador Antonio Bonone Martins. Passou a se chamar rua Zallony,
uma das mais importantes do centro da cidade. Ele retornou para a França no ano
de 1864 e décadas mais tarde um jornal francês de 1897 anunciava os seus services: “Zallony
Timoléon, rentier, 86 ans, rue de l'Aigle d'Or.
Docteur. A&il. 1T. Médecin Spécialiste. Pour les maladies des Yeux, du
Larynx, de la ...”.
No ano de 1904, uma Comissão de Aix (Departamento de Marselha), divulgava que o
testamento de Zallony contemplava o seu ex-escravo João Otelo (terá sido
localizado ou já falecera?). Mesmo tendo passado tantas décadas, Zallony não
havia esquecido de alguns vínculos afetivos construídos em Rio Grande.
Outro
médico de destaque em Rio Grande foi Pio Ângelo da Silva que nasceu na então
Vila do Rio Grande de São Pedro a 3 de maio de 1818. Quando eclodiu a Revolução
Farroupilha (1835-1845), cursava enfermagem, e auxiliou no tratamento dos
feridos. Em 1841, antes do término do conflito, iniciou seus estudos superiores
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, concluindo-os na Universidade
Sorbonne de Paris. Depois de formado, retornou à sua cidade natal dedicando-se
ao combate do chólera-morbus, que
entre 1855-1856 começara a espalhar óbitos na população rio-grandina. Por conta
dos serviços prestados à população durante tal epidemia, foi agraciado com uma
medalha pelo Governo Imperial. Segundo Neves (1989), ele estudou com seus
mestres da Sorbonne o vírus, facilitando assim diversas curas que promoveu
entre os enfermos, o que veio a contribuir com sua fama de médico competente.
Tornou-se diretor da Enfermaria Militar do Rio Grande por ocasião da Guerra do
Paraguai (1864-1870).
Pio da Silva foi um dos líderes do Partido Liberal do Rio Grande, sendo amigo de Bento Gonçalves da Silva e Gaspar Silveira Martins.
Faleceu a 14 de abril de 1897, após uma cirurgia na cidade de Montevidéu, Uruguai. Dr. Pio teve uma longa trajetória como médico e obteve o apelido carinhoso em Rio Grande de “pai dos pobres” por atender gratuitamente os despossuídos de recursos financeiros.
Pio da Silva foi um dos líderes do Partido Liberal do Rio Grande, sendo amigo de Bento Gonçalves da Silva e Gaspar Silveira Martins.
Faleceu a 14 de abril de 1897, após uma cirurgia na cidade de Montevidéu, Uruguai. Dr. Pio teve uma longa trajetória como médico e obteve o apelido carinhoso em Rio Grande de “pai dos pobres” por atender gratuitamente os despossuídos de recursos financeiros.
O
francês Timoléon Zallony publicou em 1884 o livro Le
Choléra et la manière d'en réduire la mortalité. Em 1886, publica
uma edição em português do mesmo livro com o título O Cholera e a Maneira de Reduzir a sua Mortalidade. Este livro é
dedicado ao Dr. Pio e evidencia a amizade estabelecida entre os dois
profissionais da medicina: “Caro Amigo. Estamos aí juntos... juntos também
assistimos a muitos sofrimentos e lutos. Mais do que ninguém cumpristes com o
vosso dever. As circunstâncias e perto de trinta anos, separaram-nos depois. A
idade e distância não permitirão que nos tornemos a ver. Como recordação de nossa
amizade dedico-vos as páginas que se seguem. Oxalá não sejam elas as últimas,
Vosso afeiçoado, adeus! T. Zallony. Anix, 1° de Outubro de 1884”.
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